Vitaminas e suplementos são um desperdício de dinheiro

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Vitaminas E Suplementos

Vitaminas e suplementos, de dinheiro?

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COMENTÁRIO

Dr. F. Perry Wilson

18 de julho de 2019

Bem-vindo ao Fator de Impacto, sua dose semanal de comentários sobre novos estudos médicos. Eu sou o Dr. Francis Perry Wilson.

Trinta bilhões de dólares. Esse é o montante que os norte-americanos gastam por ano em vitaminas e suplementos. E, de acordo com as mais abrangentes análises dos seus efeitos, a maior parte desse dinheiro está sendo desperdiçada.

A “revisão guarda-chuva”, publicada no periódico Annals of Internal Medicine[1] é um extenso conjunto de artigos de ensaios clínicos randomizados com vitaminas e suplementos que avaliaram os seus efeitos sobre a doença cardiovascular e a mortalidade geral.

A inclusão exclusiva de ensaios randomizados foi uma excelente escolha. Estudos observacionais sobre o uso de vitaminas e suplementos são importunados pelo que é conhecido como “viés do usuário saudável”: pessoas que optaram por tomar vitaminas, muitas vezes adotam outros comportamentos saudáveis. Mais uma vez, as vitaminas que pareciam promissoras nos estudos observacionais falharam nos grandes ensaios clínicos randomizados. Estou de olho em você, vitamina D.

Atualmente, temos todos os melhores dados sobre vitaminas e suplementos em um só lugar, o que me permite dizer: não há nenhuma evidência de alta qualidade que qualquer vitamina ou suplemento tenha algum efeito benéfico em termos de mortalidade geral.

Mas, ok, eu vou te mostrar os detalhes.

A análise foi feita com estudos de 24 intervenções diferentes – eu listei a maioria deles aqui – composta de 277 ensaios clínicos randomizados, e quase um milhão de pacientes. E, basicamente, nada.

A única intervenção que teve evidências de qualidade moderada para proteção contra a morte por todas as causas foi a redução da ingestão de sal, que, francamente, não me parece em nada com vitaminas ou suplementos.

Para ser justo com os outros achados, houve evidências de baixa qualidade de que os ácidos graxos ômega 3 podem proteger contra infarto agudo do miocárdio (IAM) e doença cardíaca, e que o ácido fólico pode proteger contra acidente vascular cerebral. Houve evidências de qualidade moderada de que a associação de cálcio com a nossa velha amiga, vitamina D, aumentou o risco de acidente vascular cerebral.

Mas todos estes efeitos foram muito pequenos.

Por quê? Bem, vamos lembrar que as vitaminas foram, em geral, identificadas pelas suas síndromes de deficiência. Sabemos que a vitamina C é essencial para a vida, porque sem ela as pessoas têm escorbuto. Mas nunca houve muita fundamentação teórica de que o consumo excessivo de qualquer um destes produtos químicos traga benefícios extraordinários para a saúde.

Para ser justo, isso está avaliando apenas a mortalidade e os desfechos cardiovasculares. Continua a ser possível que vitaminas e suplementos possam melhorar a qualidade de vida subjetiva. Mas você sabe o que mais melhora a qualidade de vida? Dinheiro. E, de acordo com esse estudo, você pode querer poupar o seu quando estiver passando pela seção de vitaminas.

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2 Comentários

  1. Com todo o respeito pelo site NFR, o qual admiro e sigo há anos, recomendo que seja feita uma verdadeira pesquisa sobre o tema. Este artigo, para mim, não tem nenhuma credibilidade, ao contrário da maioria que é publicada, pelo que lamento a sua escolha e inclusão no vosso site.

    1. Oi, Baptista. Agradeço tua colocação e a importância dele. Como sabes, não sou médico, mas um cidadão que está sempre aberto para compartilhar quaisquer informações que nos elucidem em nossas escolhas, destacadamente os consumidores comuns. Este material é apresentado pelo website, Medscape, com penetração em várias línguas, como um ‘comentário’ de um médico e como tal apresento. Penso que ele traz alguns aspectos que podem nos levar a nos perguntarmos sobre o que compramos e de que forma. Sabes que estes produtos são vendidos, como ‘milagrosos’ e sem receita médica, em ‘qualquer boteco’. Por isso considerei importante como forma de despertar em nós, reflexões e buscas de sustentação em quem confiamos sobre o que ingerimos, e deixarmos de ser levados por propagandas de tevê, feitas por um personagem midiático qualquer. Agradeço tuas reflexões e tuas observações. Com respeito, envio meu abraço fraterno, Jacques.