• Pular para navegação primária
  • Skip to main content
  • Pular para sidebar primária

Nosso Futuro Roubado

  • Inicial
  • Quem Somos
  • Conexões
  • Contato

Crime corporativo

Quem é o apoiador de Trump que impulsiona o desmatamento na Amazônia

2 de setembro de 2019 por Luiz Jacques

Caminhões dirigem ao lado de campos queimados na rodovia BR-163, no estado do Mato Grosso, em 23 de agosto de 2019. Foto: Leo Correa/AP

https://theintercept.com/2019/08/28/steve-schwarzman-apoiador-de-donald-trump-impulsiona-o-desmatamento-na-amazonia/

NOTA DO SITE: Esta notícia, como outras que se seguem, interessa ao espírito deste nosso site porque representam informações que levam a entender este outro tipo de roubo do futuro das gerações que nos seguirão. Agora não é a química sintética do dia a dia, mas a destruição das formas de vida que mantêm a Vida planetária.

Ryan Grim
28 de Agosto de 2019, 20h33

READ IN ENGLISH 

DUAS EMPRESAS BRASILEIRAS têm uma parcela significativa de responsabilidade sobre a destruição em curso na floresta amazônica, que se desdobrou em queimadas que chamaram a atenção mundial. Ambas são controladas por um dos principais doadores da campanha de Donald Trump e do líder da maioria no Senado americano, Mitch McConnell.

Essas empresas tomaram posse das terras, promoveram o desmatamento e ajudaram a construir uma controversa estrada até o seu novo terminal portuário, localizado numa área que antes era de mata, com o único objetivo de facilitar o cultivo e a exportação de grãos e de soja. O porto de Mirituba, localizado em meio à floresta amazônica no Pará, permite aos produtores escoar a soja em barcas, que a levam então até portos maiores, de onde é enviada para o resto do mundo.

O terminal amazônico é operado pela Hidrovias do Brasil, uma empresa da qual a Blackstone, um dos maiores grupos de investimento dos EUA, é relevante acionista. Outra empresa da Blackstone, chamada Pátria Investimentos, detém mais de 50% da Hidrovias, e a própria Blackstone possui diretamente mais 10% de participação. O co-fundador e CEO da Blackstone, Stephen Schwarzman, é um aliado bastante próximo de Trump, e doou milhões de dólares para McConnell recentemente.


“A Blackstone está comprometida com o gerenciamento ambiental responsável”, declarou a empresa em um comunicado. “Nosso foco e nossa dedicação estão embutidos em cada uma das decisões de investimento que tomamos e guiam nosso modo de agir como operadores. Neste caso, embora não tenhamos controle operacional, sabemos que a empresa promoveu uma importante redução no total das emissões de carbono por meio da redução dos congestionamentos, e permitiu aos agricultores brasileiros um fluxo mais eficiente de produtos agrícolas.”

O porto e a estrada geraram muita controvérsia no Brasil, e foram alvo de uma investigação pelo The Intercept Brasil em 2016. A Hidrovias anunciou no começo de 2016 que em pouco tempo começaria a exportar soja do Mato Grosso por transporte rodoviário pela BR-163. A estrada, à época, quase não estava pavimentada, mas a empresa disse que pretendia continuar a aprimorá-la e desenvolvê-la. Em meados de 2019, o governo de Jair Bolsonaro, eleito no final de 2018, anunciou uma parceria com a Hidrovias para privatizar e desenvolver centenas de quilômetros da BR-163. A expansão da rodovia, por si só, já causa desmatamento, mas principalmente possibilita uma transformação mais ampla da floresta amazônica em área de cultivo.

A BR-163 teve um efeito perceptível sobre o desmatamento. Depois da devastação que se iniciou na ditadura militar e se intensificou ao longo das décadas de 1970 e 1980, o índice de desmatamento se reduziu à medida que uma aliança entre comunidades indígenas e outros defensores da preservação da floresta começou a lutar contra a ocupação. Esse progresso começou a ser revertido em 2014, quando as tendências políticas convergiram à direita e os preços mundiais das commodities se elevaram. E o desmatamento passou a avançar de verdade depois do golpe branco que removeu do poder a Presidenta Dilma Rousseff, do PT, em 2016. O governo de direita que tomou o poder, liderado por Michel Temer, nomeou Blairo Maggi, magnata da soja e ex-governador do Mato Grosso, como ministro da Agricultura.

No entanto, mesmo durante o período de redução no desmatamento, antes do golpe, a área do entorno da rodovia estava sendo destruída. “Ao longo de todos os anos entre 2004 e 2013, exceto 2005, enquanto o desmatamento total na Amazônia se reduzia, o da região no entorno da BR-163 aumentava”, noticiou o jornal Financial Times em setembro de 2017. Isso desencadeou uma reação dos defensores indígenas da Amazônia. Em março, a Hidrovias admitiu que seus negócios estavam sofrendo com o aumento dos bloqueios na BR-163, em que pessoas colocavam seus corpos no caminho da destruição. Apesar disso, a empresa está avançando. Recentemente, declarou que, graças a um alto investimento, planejava dobrar sua capacidade de movimentação de grãos para 13 milhões de toneladas.

destruicao-amazonia-mapa-1-01-1567038294
Mapa: Soohee Cho/Intercept

A Amazônia, que vem ardendo em um número recorde de queimadas, é a maior floresta tropical do mundo. Ela absorve um volume significativo de dióxido de carbono, um dos principais causadores da crise climática. A Amazônia tem uma vegetação tão densa que produz em torno de um quinto do suprimento mundial de oxigênio. A umidade que evapora da floresta amazônica é importante para a agricultura não apenas da América do Sul, mas também do Meio Oeste americano, onde chega como chuva. A proteção da Amazônia, cujo território está 60% localizado no Brasil, é essencial para a continuidade da existência da civilização como a conhecemos.

A tentativa de transformar a floresta amazônica em fonte de lucro para o agronegócio é o cerne do conflito, e está diretamente ligada às queimadas que hoje fogem do controle. A linha de frente da invasão da floresta é capitaneada pelos grileiros, que atuam ilegalmente com motosserras. Eles então vendem a terra recém-desmatada para os interessados do agronegócio, cuja colheita é levada pela rodovia até o terminal portuário antes de ser exportada. Bolsonaro há muito propõe que a Amazônia seja entregue ao agronegócio, e foi rápido em desmobilizar as agências responsáveis pela proteção da floresta e empoderar os líderes do agronegócio que pretendiam devastá-la. Os grileiros se sentiram encorajados.

“Com Bolsonaro, as invasões pioraram e vão piorar ainda mais”, disse Francisco Umanari, 42, um cacique apurinã, a Alexander Zaitchik, em uma matéria recente do The Intercept. “O projeto dele para a Amazônia é o agronegócio. Se ninguém fizer nada, ele vai atropelar os nossos direitos e permitir uma invasão enorme da floresta. A grilagem não é nenhuma novidade, mas agora virou uma questão de vida ou morte.”

As queimadas na Amazônia, muitas delas provocadas por fazendeiros e outras pessoas que pretendem liberar a terra para cultivo ou pastagem, estão produzindo uma devastação considerada sem precedentes. Bolsonaro inicialmente minimizou as queimadas como algo que não era digno de atenção. Há algumas semanas, o presidente demitiu Ricardo Galvão, um dos principais cientistas do governo, alegando que os números de um relatório do INPE sobre o intenso aumento do desmatamento durante seu mandato teriam sido falsificados.

Desde a ditadura militar, quando o agronegócio se tornou integralmente fortalecido, até meados dos anos 2000, aproximadamente 20% da floresta já havia sido destruído. Se a Amazônia perder mais um quinto de sua massa, existe o risco de que se atinja um ponto sem volta, um ciclo vicioso chamado dieback, em que a floresta se torna tão seca que acaba, como descreve Zaitchick, “além do alcance de qualquer intervenção ou arrependimento humano”.

O CEO do Grupo Blackstone, Steve Schwarman, em entrevista à Fox Business Network em 27 de abril de 2018.
O CEO do Grupo Blackstone, Steve Schwarman, em entrevista à Fox Business Network em 27 de abril de 2018. Foto: Richard Drew/AP

SCHWARZMAN, UM DOS FUNDADORES da Blackstone, detém aproximadamente um quinto da empresa, o que o torna um dos homens mais ricos do mundo. Em 2018, ele recebeu aproximadamente 568 milhões de dólares, o que foi, na verdade, uma redução em relação aos 786 milhões que recebera no ano anterior. Ele tem usado essa riqueza para apoiar generosamente McConnell e Trump. Em 2016, fez uma doação de 2,5milhões de dólares para o Fundo de Liderança do Senado, nome do fundo de campanha de McConnell, e colocou Jim Breyer, o cunhado bilionário de McConnell, no conselho da Blackstone. Dois anos depois, Schwarzman entregou mais 8 milhões de dólares para o fundo de McConnell.

Os funcionários da Blackstone já doaram mais de 10 milhões de dólares para McConnell e seu fundo de campanha ao longo dos anos, o que os tornou a principal fonte de financiamento direto da carreira do senador. A campanha de McConnell ao Senado se recusou a comentar.

Schwarzman é amigo próximo de Trump e seu consultor, e foi membro do conselho do Fórum Estratégico e de Políticas até sua desintegração, na esteira da manifestação neonazista em Charlottesville – o conhecido episódio em que Trump afirmou existirem “ótimas pessoas de ambos os lados”. Em dezembro de 2017, enquanto estavam sendo negociados os últimos detalhes da redução de impostos promovida pelo Partido Republicano, Schwarzman ofereceu um jantar em benefício de Trump, com entradas ao custo de 100 mil dólares por cabeça. Alguns dos companheiros de jantar do presidente reclamaram do projeto de lei tributária, e dias depois Trump cortou a alíquota máxima do pacote final, de 39,6% para 37%.

Nos últimos meses, a família Sackler, cujos membros fundaram a indústria farmacêutica Purdue Pharma e continuam a ser seus proprietários, tornou-se proscrita por seu papel de facilitadora na crise dos opiáceos e na morte de dezenas de milhares de pessoas. As contribuições de Schwarzman para a destruição da Amazônia, uma das últimas fronteiras entre a humanidade e um planeta inabitável, podem ao fim torná-lo um pária tão ostracizado quanto os Sacklers, dada a escala das consequências da destruição da floresta tropical.

EM DEFESA DO projeto, um representante da Blackstone observou que ele havia sido aprovado pela Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), uma afiliada do Banco Mundial, que determinou que o projeto iria, na verdade, reduzir as emissões de carbono. A Blackstone encaminhou ainda um comunicado creditado à Hidrovias, que também enfatizava o apoio da IFC:

A Hidrovias sempre atuou dentro dos mais estritos padrões Ambientais, Sociais e de Governança (“ASG”), continuamente avaliados em auditorias de agências multilaterais internacionais, tais como a IFC (Corporação Financeira Internacional) do Banco Mundial. Além disso, a Hidrovias mantém todas as licenças ambientais exigidas pelas autoridades competentes.

A IFC financiou alguns dos projetos mais ecologicamente destrutivos do mundo, por isso sua aprovação não é especialmente convincente. Mas, mesmo nesse contexto, o estudo do projeto da Blackstone feito pela IFC questiona sua sustentabilidade. De fato, como a IFC observou corretamente em seu relatório, transportar soja e grãos por meios hidroviários é um método de transporte com menos uso de carbono. Ainda segundo o relatório, porém, essa avaliação não leva em conta a realidade de que “a construção do porto de Mirituba, próximo a áreas ainda intactas da floresta amazônica, tende a reduzir os custos de transporte dos produtores, e, dessa forma, a acelerar a conversão de habitats naturais em áreas agrícolas, especialmente voltadas para a produção de soja”.

O banco defendeu que o projeto está aceitável porque é possível confiar que a Hidrovias e seus clientes serão responsáveis, e que “o porto de Mirituba está sendo construído com o propósito de escoar a soja negociada apenas por produtores responsáveis e sensíveis à preservação dos habitats naturais”. O banco assegurou que “100% da capacidade de escoamento do Sistema Norte está contratada por grandes produtores, que atendem a altos níveis de governança e respeitam a Moratória da Soja na região amazônica. A Moratória, que proíbe a compra de soja produzida em terras desmatadas de forma ilegal, foi originalmente negociada em 2006 entre os grandes produtores, a organização Greenpeace e as autoridades brasileiras. Ela vem sendo renovada anualmente desde então.”

A força dessa moratória, porém, depende da capacidade do governo de monitorar seu cumprimento. É extremamente difícil comprovar que a soja foi cultivada em áreas de desmatamento ilegal, uma vez que os grileiros são rápidos em derrubar a floresta e vender a área recém-desmatada para fazendeiros e operadores do agronegócio. Estes logo iniciam o cultivo nas terras, e alegam depois que não tinham como saber que havia sido desmatada ilegalmente. O esquema também presume que o governo esteja interessado em regular o agronegócio; o governo Bolsonaro, porém, tem deixado bastante claro que não está interessado em fazê-lo, ao colocar importantes representantes do agronegócio em posições de autoridade e minguar o financiamento das agências regulatórias.

Ainda que fosse verdade, em alguma medida, que toda a soja transportada pelo porto da Hidrovias cumpre integralmente os requisitos da moratória, os mercados de commodities são fluidos. Um novo porto para os grandes produtores reduz os congestionamentos e os custos de transporte dos pequenos produtores em outros locais, o que encoraja mais desenvolvimento e mais cultivo. (A IFC destacou que a Hidrovias se comprometeu a observar de perto seus clientes de soja: “A HDB irá criar e manter procedimentos internos para revisar o cumprimento pelos clientes de todas as disposições da Moratória da Soja na Amazônia e de quaisquer outros requisitos legais relevantes destinados a prevenir a comercialização de soja produzida em áreas ilegalmente desmatadas. Caso o objetivo do porto ou a carteira de clientes da HDB mude, a IFC será notificada pela empresa dessas mudanças, e poderá requerer que sejam tomadas outras medidas de auditoria e controle para assegurar que disso não decorram impactos indiretos indesejáveis.”)

A justificativa final dada pela IFC para o projeto se resume na ideia de incrementalismo. Outros tipos de desenvolvimento também estão acontecendo, reportou o banco, e por isso esse único porto não tem como causar tanto dano. Eles concluem dizendo que “a contribuição incremental do porto para a redução total dos custos de transporte é considerada marginal, dada a miríade de outros fatores (pavimentação da BR-163, instalação de outros portos no distrito de Mirituba, etc.) que estão contribuindo para o desenvolvimento da região”. Bolsonaro tem planos de pavimentar diversas outras estradas na Amazônia, que atualmente permanecem inutilizáveis boa parte do ano, um projeto viabilizado pelo financiamento internacional.

Obviamente, a Hidrovias também está envolvida na pavimentação da BR-163 e nos demais projetos de desenvolvimento da região. Esses projetos, como o asfaltamento da rodovia, têm outras consequências indiretas – embora completamente previsíveis – à medida que estimulam a abertura de estradas vicinais que permitem que a mineração, a exploração madeireira e ainda mais desmatamento atinjam áreas da floresta que permaneciam até então de difícil acesso.

Um representante da Blackstone destacou que o fundo detém apenas 9,3% da Hidrovias. Esse número ignora, porém, que 55,8% da Hidrovias é de propriedade da Pátria Investimentos. No site da Hidrovias, a Pátria é descrita como “parceira da Blackstone”, e é conhecida no setor financeiro como uma empresa do grupo Blackstone. Um artigo de novembro de 2018 na revista Private Equity News sobre a eleição de Bolsonaro trazia a seguinte manchete: “A democracia brasileira não corre perigo, diz a Pátria, da Blackstone.”

A matéria cita o principal economista da empresa, assegurando ao público que “a descida ao autoritarismo é extremamente improvável”. Essa previsão não se mostrou muito confiável, mas a Blackstone aparentemente permanece firme no apoio a Bolsonaro. O presidente brasileiro viajou a Nova York em maio para ser homenageado em um jantar de gala, patrocinado pela Refinitiv – uma empresa de que a Blackstone é acionista majoritária.

Ryan Grim é autor do livro “We’ve Got People: From Jesse Jackson to Alexandria Ocasio-Cortez, the End of Big Money and the Rise of a Movement” (“Nós temos o povo: de Jesse Jackson a Alexandria Ocasio-Cortez, o fim do grande capital e a ascensão de um movimento”, ainda sem tradução no Brasil).

Tradução: Deborah Leão

Arquivado em: Agricultura, Corporações, Mudanças Climáticas Marcados com as tags: Amazônia, Crime corporativo, Devastação ambiental, Poder econômico, Queimadas

Há 40 Anos, a Johnson & Johnson Oculta Relação Talco e Câncer de Ovário

2 de setembro de 2016 por Luiz Jacques

produtos J&J infantis

Resumo da História

  • Mais de 20 pesquisas relacionaram o uso de talco, na zona genital, com câncer de ovário. O amido do milho é um substituto seguro que pode absorver a umidade;
  • Em fevereiro de 2016, um juiz detectou que o talco da Johnson & Johnson contribuiu para o câncer de ovário em uma mulher de 62 anos, a quem lhe concedeu US$ 72 milhões de dólares para compensar os danos;
  • Em maio de 2016, outra mulher foi recompensada com US$ 55 milhões de dólares para ressarcir os danos, assim que se descobriu que o talco incrustado em seus ovários havia contribuído para seu câncer.

 

http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2016/08/17/talcum-powder-cover-up.aspx

By Dr. Mercola

Utiliza-se em cosméticos (cosmetics) quase 13 000 produtos químicos, dos quais se estima que somente 10% foi avaliado sobre as questões de segurança. Muitas pessoas não sabem que os cosméticos podem ser comercializados sem terem necessidade que se submeterem a processos de aprovação.

Os cosméticos são regulamentados pela FDA/Food and Drug Administration dos EUA (nt.: Administração de Alimentos e Medicamentos), mas não são aprovados por ela. Isto significa que só DEPOIS que um produto é considerado prejudicial, adulterado ou mal identificado, é que a FDA tomará medidas regulatórias.1 Os únicos ingredientes de cosméticos que requerem a aprovação da FDA antes de sua comercialização, são os corantes.

E então: quem é responsável por assegurar de que são confiáveis tanto os cosméticos como os produtos de cuidado pessoal?

A resposta é: as próprias empresas que fabricam e comercializam os produtos.

É o exemplo clássico da ‘raposa que cuida do galinheiro’. Ou seja, coloca a todos nós em um elevado risco.

As empresas não estão obrigadas a compartilhar com a FDA toda a informação de segurança que pudessem ter e as regulamentações delas tampouco exigem provas específicas para demonstrarem a segurança de seus produtos. Este fato levanta um evidente conflito de interesses e como demonstram os recentes litígios na Justiça, isso pode ter consequências graves em termos de saúde pública.

O Talco Para Nenê Aumenta o Risco de Câncer de Ovário

A Johnson & Johnson (J&J) é uma marca de confiança e bem conhecida como “amigável com os nenês”, e que produz uma série de produtos tanto para nenês como artigos para a higiene feminina.

Infelizmente, uma vez mais, falhou com a confiança pública. E a falta de regulamentações relativas aos cosméticos é o que tem ajudado a enterrar os perigos de um de seus produtos mais emblemáticos.

Em 2008, adverti às mulheres a deixarem de utilizar o talco (cease using talcum powder). Assinalei que haviam várias pesquisas que demonstravam que ao se aplicar talco na zona genital, as partículas do pó viajam através da vagina e se incrustam nos ovários, podendo elevar o risco de câncer de ovário.2

Como assinalou Robinson Calcagnie, Inc. — uma firma de advogados que representa as vítimas do talco — existem mais de 20 pesquisas deste tipo.3 Algumas remontam a 1971, quando os pesquisadores britânicos encontraram partículas de talco incrustadas na maioria dos tumores de ovário investigados.4

Ainda que o nível de risco varie de uma pesquisa a outra, os resultados sugerem que ao aplicar o talco nesta área,5 as mulheres poderiam aumentar o risco de tipo de câncer em 30 a 90%.

Uma pesquisa realizada em 2008 concluiu que utilizar talco ao menos uma vez por semana, eleva o risco de câncer de ovário em uns 36%. Os usuários habituais enfrentaram risco 4% maior.6

A Johnson & Johnson Enfrenta Desafios Legais Por Seu Talco Cancerígeno

De acordo com a Robinson Calcagnie, Inc.:

“A Agência Internacional para a Investigação do Câncer (nt.: IARC/International Agency for Resarch on Cancer), da Organização Mundial da Saúde designou que “o uso perineal [genitais] de pós corporais a base de talco, possivelmente seja cancerígeno para os seres humanos”.

Sem dúvida que os fabricantes de produtos que contêm talco, como [a J&J] — e seus produtos Shower to Shower e Baby Powder — se negaram a reconhecer o vínculo entre o talco e o câncer de ovário e falham por não advertirem os consumidores acerca destes riscos.

Na atualidade, mais de 1.000 mulheres em todo o país apresentaram ações judiciais contra [a J&J] e seu distribuidor de talco Imerys, clamando de que estas empresas sabiam da relação entre o uso de talco e o câncer de ovário e ainda assim não advertiram adequadamente os consumidores“.

Johnson & Johnson Paga US$ 72 Milhões em Perdas e Danos a Vítimas por Câncer de Ovário

Em fevereiro de 2016, um juiz detectou que o talco da J&J havia contribuído para o câncer de ovário da senhora Jacqueline Fox de 62 anos de idade, e determinou receber US$ 72 milhões como perdas e danos.7

Também concedeu US$10 milhões como compensação pelos danos; e por danos punitivos outros US$ 62 milhões a membros de sua família, quando Fox morreu no outono passado (nt.: primeiro semestre de 2016), ao sucumbir pela enfermidade, depois de haver sido diagnosticada com câncer de ovário há três anos.

O depoimento da sra. Fox foi entregue através de uma declaração pré gravada, na qual dizia que havia utilizado o talco corporal da J&J Shower to Shower durante 35 anos. Acreditava que, nos dias atuais, o resultado é que estes produtos resultaram ser os responsáveis por arrebatar-lhe a vida. Fox foi a primeira pessoa a receber uma compensação econômica.

Outras 1.200 mulheres encontram-se na expectativa de estar nos tribunais, que como foi com a sra Fox, reclamam que a J&J sabia dos riscos e ainda assim não advertiu sobre os perigos de seus produtos com talco.

Um escritório de advogados de Missouri foi contatado por 17.000 pessoas, após terem escutado sobre o caso de Fox, sendo provável que com o tempo o número de demandantes aumente exponencialmente.8

O segundo acusado no caso, Imerys Talc America, não foi considerado culpado. De acordo com a presidente do jurado, Krista Smith, os documentos internos da J&J mostraram claramente que a companhia havia ocultado de que conhecia os riscos dos produtos. “Todo o que tinham que fazer era por uma etiqueta de advertência no produto”, disse Bloomberg.9

Em um comunicado, a J&J respondeu a tal veredicto, dizendo que:10

“Não temos nenhuma responsabilidade exceto sobre a saúde e a segurança dos consumidores e estamos decepcionados com o resultado do julgamento. Solidarizamo-nos com a família do demandante, mas cremos firmemente que a segurança do talco cosmético é sustentada por décadas de evidência científica”.

A J&J Ocultou os Perigos do Talco Durante 40 Anos

Duas ações judiciais adicionais vincularam o talco da J&J com o câncer de ovário. Em 2 de maio de 2016, os membros do jurado outorgaram US$ 55 milhões de dólares à sra. Gloria Ristesund por perdas e danos. A sra. Ristesund, diagnosticada com câncer de ovário em 2011, havia utilizado o talco da J&J durante 40 anos.

Depois de sua histerectomia, os médicos detectaram efetivamente o talco no seu tecido ovariano. De acordo com o periódico Huffington Post, também neste caso, os documentos e notas internas foram decisivas no acordo dos membros do jurado, demonstrando que a companhia “tratou de encobrir e influenciar os órgão que regulamentam os cosméticos”.11

O talco é feito de um mineral trissilicato de magnésio. Nos anos 70, surgiram preocupações quando se percebeu que o talco continha asbesto cancerígeno.

Em 1973, elaborou-se uma lei a respeito de que todos os talcos deveriam estar livres de asbesto/amianto. Sem dúvida, de que a conexão com o câncer de ovário não está relacionada com o asbesto, sendo um fator de risco independente. Segundo informou Huffington Post:

“Em 1993, o Programa Nacional de Toxicologia (NTP/National Toxicology Program) dos Estados Unidos publicou uma pesquisa acerca da toxicidade do talco sem asbestiformes e detectou uma clara evidência de atividade cancerígena. Constatou-se ser o talco cancerígeno, com ou sem a presença de fibras similares ao asbesto.

Em resposta à pesquisa nacional do NTP, a Associação de Cosméticos, Artigos de Tocador e Fragrâncias formou o Talc Interested Party Task Force/TIPTF (Grupo de Trabalho Focada no Talco). A Johnson & Johnson era um membro do lobby comercial e foi o ator principal, além de colaborador do TIPTF. O propósito declarado do TIPTF era juntar os recursos financeiros destas empresas num esforço para defender coletivamente o uso do talco e evitar qualquer tipo de regulamentação sobre esta indústria“.

O Acobertamento do Talco

Curiosamente, a Johnson & Johnson é a proprietária do adoçante da marca Splenda (nt.: nome comercial da substância artificial ‘sucralose’). Antes de escrever meu livro ‘Sweet Deception‘ (nt.: https://www.amazon.com/Sweet-Deception-Splenda-NutraSweet-Hazardous/dp/078529693X), seus advogados, seus representantes legais em New York, escreveram-me uma carta com mais de vinte páginas, advertindo-me para não publicar o livro ou eles iriam me processar requerendo dezenas de milhares de dólares por perdas e danos. É claro que publiquei o livro e eles jamais me acionam porque tudo o que escrevi era verdade.

Da mesma forma de muitas outras indústrias perigosas, a TIPTF contratou pesquisadores para produzirem um estudo tendencioso que posteriormente seria utilizado para proporcionar aos consumidores uma falsa sensação de segurança.

Isso funcionou por várias décadas, mas em 2006 o governo canadense classificou o talco como uma substância D2A de acordo com seu Sistema de Informação Sobre Materiais Perigosos no Trabalho. As substâncias D2A são consideradas “muito tóxicas” e “cancerígenas”.

Neste mesmo ano, o fornecedor de talco da J&J, Imerys Talc, começou a agregar advertências para o talco vendido para a J&J, provendo-lhe com informações de segurança não só da IARC (nt.: International Agency for Resarch on Cancer/ONU), como também do governo canadense. A empresa J&J nunca levou estas advertências aos consumidores e ainda continuam sem fazê-lo, ao alegar que a evidência científica apoia sua segurança.

Ademais, a J&J continua “educando” os consumidores acerca da segurança do talco em seu website, sem mencionar que foi considerada culpável de negligência por dois jurados distintos, ou os 1.200 casos de imputação pendentes, por ter o talco contribuído para o câncer de ovário.

Alguns Talcos Podem Ainda Estar Contaminados com o Asbesto/Amianto

A empresa alemã BASF e seus advogados também enfrentam acusações de fraude relacionadas ao talco — neste caso o talco contaminado com asbesto/amianto. Uma demanda coletiva apresentada contra ela e eles alega que as partes “conspiraram por ocultar e/ou destruir as provas de exposição ao asbesto, com a finalidade de prevenir ações judiciais”.

No entanto resulta que, mesmo que o talco que contenha asbesto esteja proibido desde 1973, uma corporação chamada Engelhard obtinha o talco de uma mina em Vermont/EUA que continha asbesto. Posteriormente, a Engelhard foi adquirida pela BASF, herdando os passivos da empresa. De acordo com o escritório jurídico de Bergman, Draper, Ladenburg:12

“Três funcionários da Engelhard testemunharam nos depoimentos que de fato havia asbesto no talco e que os funcionários da companhia ocultaram este fato“.

A J&J Tem Uma Longa História de Malversação

É possível que se surpreenda ao saber que na realidade a J&J tem uma longa história de malversação corporativa. A empresa de orientação da Califórnia AllBusiness.com identifica a J&J como um dos 100 infratores corporativos principais dos anos 9013, por destruir deliberadamente documentos relacionados com uma investigação criminal de um de seus produtos.

Nos últimos três anos a empresa investiu mais de US$ 5 bilhões de dólares para pagar as ações judiciais relacionadas com seus produtos.

O ano de 2010 foi um ano particularmente negativo para a J&J. Em primeiro lugar, foi descoberto que a empresa ocultou problemas na fabricação de seus medicamentos (drug manufacturing problems) e em vez de retirá-los do mercado suas drágeas defeituosas Motrin, enviou agentes disfarçados de típicos compradores para comprar os produtos restantes.

Neste mesmo ano, o governo da Colúmbia Britânica do Canadá, apresentou um ação judicial contra a J&J, ao alegar que comercializavam agressivamente o emplastro anticoncepcional Ortho Evra, sem revelar os efeitos secundários graves, como coágulos sanguíneos, embolias pulmonares, derrames cerebrais, ataques cardíacos e trombose venosa profunda.

Ademais, o Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos também acusou a empresa de pagar dezenas de milhares de dólares em subornos a Omnicare Inc. para comprar e recomendar os medicamentos da J&J.14

Assim mesmo, as pesquisas revelaram que o shampoo de nenê (baby shampoo) No More Tears da J&J continha dois produtos químicos potencialmente cancerígenos: quaternium-15 que libera formaldeído (conhecido cancerígeno e irritante cutâneo, ocular e do trato respiratório) e o 1,4-dioxano reconhecido por ser um possível cancerígeno.

Depois de vários anos pressionada pelos defensores dos consumidores, finalmente em 2014, a J&J eliminou estes ingredientes perigosos de seu shampoo para nenês.15

A Quantos Produtos Químicos a Rotina de Beleza Expõe a Cada Dia?

As mulheres norte americanas utilizam em média 12 produtos cosméticos e/ou de cuidado pessoal diários que contêm 168 diferentes produtos químicos (168 different chemicals), de acordo com a ONG norte americano EWG.

Mesmo que a maioria dos homens utilizem menos produtos, ainda estão expostos a, mais ou menos, 85 destes produtos químicos por dia, enquanto que os adolescentes, que utilizam uma média de 17 produtos de cuidado pessoal diariamente, estão expostos a uma quantidade ainda maior.16

É evidente que este tipo de exposição a produtos químicos não é insignificante, sobretudo quando é de maneira cotidiana e por toda a vida.

Quando a EWG realizou testes em adolescentes para saber que produtos químicos do grupo de cuidado pessoal encontravam-se presentes em seus corpos, foram detectados 16 diferentes produtos químicos que alteram os hormônios, incluindo parabenos e ftalatos.

Além disso, existem outros riscos químicos; no relatório “Heavy Metal Hazard: The Health Risks of Hidden Heavy Metals in Face Makeup“,17  a ONG canadense Environmental Defense analisou 49 distintos artigos de maquiagem, incluindo bases, corretores, pós, blushes, rímel, delineadores dos olhos, sombras de olhos, batom labial e glosses labiais.

Seus testes revelaram que praticamente todos seus produtos tinham uma severa contaminação por metais pesados:

  • 96 % continha chumbo
  • 90 % continha berílio
  • 61 % continha tálio
  • 51 % continha cádmio
  • 20 % continha arsênico

Como Reduzir a Exposição aos Produtos Químicos

A ONG EWG dispõe de um grande banco de dados para ajudar os interessados a encontrarem os artigos de cuidado pessoal que estejam livres de produtos químicos potencialmente perigosos.18 Se desejar evitar ingredientes potencialmente tóxicos, os artigos que levam o selo norte americano “USDA 100% orgânico” são alguns dos mais seguros.

Considere que, ainda que os produtos exibam nos rótulos os dizeres “totalmente naturais”, ainda assim podem conter produtos químicos nocivos. Daí a importância que se deve dar na verificação da listagem completa de ingredientes.

Melhor ainda, simplificar a rotina e fazer-se seus próprios produtos. Por exemplo, pode-se evitar a utilização de uma grande quantidade de loções, elixires e tratamentos capilares (hair treatments), podendo-se eliminá-los só com um frasco de gordura de coco (coconut oil) ao qual, se assim o desejar, pode agregar um óleo essencial de alta qualidade (high-quality essential oil) para que tenha um perfume natural.

É importante recordar que a pele é o maior e o mais permeável dos órgãos do corpo. Praticamente quaisquer produtos que se ponha sobre ela, terminará na corrente sanguínea e se espalhará por todo o corpo. Uma vez que estes produtos químicos entrem no corpo, com o tempo, tenderão a se acumular, já que, em geral, ele carece das enzimas necessárias para decompô-los.

Em relação ao talco, minha recomendação é evitá-lo por completo. Além disso, recordar que as mulheres adultas não são as pessoas mais comumente expostas ao ele. A maioria dos pais o aplicam generosamente nos bumbum dos nenês a cada troca de fraldas.

O amido de milho é um substituto seguro que pode absorver a umidade. Em 1999, seguindo os informes dos perigos acerca do talco, a Sociedade Americana do Câncer (ACS/American Cancer Society) e a Coalizão Nacional do Câncer de Ovário (NOCC/National Ovarian Cancer Coalition) divulgaram a recomendação de utilizar produtos a base de amido de milho na zona genital, em vez de talco.19

Fontes e Referências

  • 1 U.S. FDA, FDA Authority Over Cosmetics
  • 2 American Cancer Society Talcum Powder and Cancer
  • 3 Robinson Calcagnie, Inc., Talcum Powder Litigation
  • 4 McGowan, Hood & Felder, LLC, Johnson & Johnson Talc Cover-Up
  • 5, 11 Huffington Post May 4, 2016
  • 6 Cancer Epidemiology Biomarkers & Prevention September 1, 2008, 17, 2436-2444
  • 7 PW Parker Waichman LLP July 11, 2016
  • 8 Forbes August 3, 2016
  • 9, 10 Bloomberg February 22, 2016
  • 12 Bergman, Draper, Ladenburg
  • 13 Allbusiness.com Top 100 Corporate Criminals of the Decade
  • 14 Reuters January 15, 2010
  • 15 New York Times January 17, 2014
  • 16 EWG Skin Deep Cosmetics Database, Exposures Add Up
  • 17 EWG, Heavy Metal Hazard: The Health Risks of Hidden Heavy Metals in Face Makeup
  • 18 EWG Skin Deep Cosmetics Database
  • 19 PR Newswire July 7, 1999

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, agosto de 2016.

 

Arquivado em: Corporações, Química Artificial, Saúde Marcados com as tags: Crime corporativo, J&J, Johnson&Johnson, Saúde infantil, Saúde Pública

A Inglaterra é o país mais corrupto na Terra

8 de junho de 2016 por Luiz Jacques

A Inglaterra é o país mais corrupto na Terra. Assim afirma o estudioso da Máfia, jornalista e escritor italiano, Roberto Saviano.

 

http://www.telegraph.co.uk/science/2016/05/29/britain-is-most-corrupt-country-on-earth-says-mafia-expert-rober/

 

 Italian anti-mafia writer Roberto Saviano
Escritor italiano anti-máfia Roberto Saviano.
CREDIT: JAY WILLIAMS

29 MAY 2016 • 11:21AM

Ele despendeu mais de uma década revelando o submundo do crime organizado italiano. Mesmo assim o jornalista Roberto Saviano acredita ser a Grã-Bretanha o país mais corrupto do planeta.

É o autor dos bestsellers internacionais ‘Gomorra‘ e ‘ZeroZeroZero‘, e viveu sob proteção policial desde que denunciou publicamente membros da ‘Camorra’, o poderoso sindicato do crime organizado napolitano, em 2006.

Neste mês de maio ele fez uma histórica aparição no Hay Literary Festival (nt.: feira de literatura e arte anual que ocorre no País de Gales, no Reino Unido, de final de maio a início de junho), protegido por uma série de seguranças.

Advertiu a audiência, em Hay-on-Wye, que as instituições financeiras foram permitindo que o ‘capitalismo criminoso’ prosperasse através de sua participação em offshores (nt.: paraísos fiscais). E alertou que o voto para o Reino Unido se desligar da União Europeia poderá levar a Grã-Bretanha a se tornar ainda mais exposta ao crime organizado.

“Se algum de vocês me perguntar qual o lugar mais corrupto na face da Terra, me dirá que é o  Afeganistão, talvez a Grécia, Nigéria, o sul da Itália, mas eu vou contestá-o, dizendo que é o Reino Unico,” disse ele.

“Não é a burocracia, não é a polícia, nem os políticos, o que é corrupto é o capital financeiro. Em Londres, 90% dos donos do capital têm suas sedes em paraísos fiscais.”

“As ilhas de Jersey e Cayman são os portões de acesso ao capital criminoso na Europa e o RU é o país que permite isso. É por isso que, para mim, considero crucial estar aqui hoje e compartilhar com esta plateia, dizendo-lhes isso. Esta realidade é sobre vocês mesmos, sobre suas vidas, relaciona-se com suas autoridades.”

“Desligar-se da União Europeia significa permitir que esta realidade se instaure. Significa que sociedades como a de Qatar, os cartéis mexicanos, a máfia russa, ganhem cada vez mais poder e o banco holandês HSBC pague 2 bilhões de euros em multas para o governo norte americano porque confessou que havia ‘lavado dinheiro’ oriundo de cartéis e de companhias iranianas. Temos provas e evidências.”

 

Roberto SavianoRoberto Saviano. CREDIT: JAY WILLIAMS

 

Saviano começou primeiro escrevendo sobre organizações criminosas na Itália no início dos anos 2000, seguindo a morte do padre de sua localidade que havia escrito um ensaio criticando os negócios da ‘Camorra’.

Depois publica ‘Gomorra’, uma novela ficcional onde nomina os membros do clã e expõe as conexões de seus negócios e sua atividade criminosa. Sua vida passa a sofrer ameaças e a máfia se organiza para eliminá-lo, bem como sua escota policial, com um bomba.

As ameaças de morte que teve, despertaram um clamor público também de colegas escritores, incluindo seis prêmios Nobel, como Desmond Tutu, Mikhail Gorbachev e Orphan Pamuk. Alertava de que a Camorra estava se tornando uma ameaça contra a segurança e a ordem pública.

Um abaixo assinado foi feito através do site do jornal italiano ‘La Repubblica‘, clamando pela intervenção governamental para protegê-lo.

Saviano disse: “Tinha 26 anos quando me coloquei nesta situação e não poderia imaginar que teria um final como este já que haviam muitos livros sobre a Máfia, mas foi meu livro que os deixou tão furiosos.”

“Relatei fatos reais, citei pessoas. Mas minha vida é única. Fui perseguido por dois carros à prova de bala e mais de cinco policiais, ficando um sentimento ocasional de culpa porque não me cuidei o suficiente, não fui tão cuidadoso,” continuou.

“Mas a liberdade de expressão que tanto nos encanta não pode ser tomada como garantida e sempre tem alguém que luta por ela, não sendo eu, outro poderá estar em meu lugar.”

“Considero-me uma pessoa de sorte por não ter sido morto. Quando se começa a contar este tipo de história, passamos a saber que nossa vida está em perigo, precisamos saber que poderemos ser mortos, mas o que assusta é a difamação.”

 

Roberto Saviano attends a meeting
Roberto Saviano comparecendo a um evento

O jornalista e autor Ed Vulliamy, que conduziu o evento, acrescentou:  “Queremos que as pessoas busquem e entendam o fenômeno do crime organizado sob diferentes luzes que legitima o sistema.”

“As pessoas sobre a quais Roberto escreve usam e abusam da expressão ‘honra’ quando, é claro, acontece uma completa inversão e a razão do porquê este é um evento histórico é que cada dia o Roberto vive, é o fato de estar aqui e agora, o que já uma ‘desonra’ para eles.”

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, junho de 2016.

Arquivado em: Corporações, Globalização Marcados com as tags: Crime corporativo, Globalização, Máfia, Poder econômico

Será isso um desvio corporativo?

23 de abril de 2016 por Luiz Jacques

Será isso um desvio corporativo? É a questão que nos assalta quando vemos esta menina demonstrando didaticamente seu aprendizado na escola…

 

Este vídeo é definitivo. Parece não haver mais condições de alguém pretender defender quaisquer corporações que produzam quaisquer tipos de produtos que sejam contra a vida, em nome do avanço dos ‘negócios’ e do desenvolvimento!

E este ‘contra a vida’ não é retórica nem estamos tratando de uma defesa da vida ‘selvagem’ ou de quaisquer seres que estejam perambulando pelo planeta: estamos falando de nossos filhos e filhas! Ironicamente como se outras vidas não merecessem todo o respeito dos humanos. Até porque o planeta sendo único e limitado, tudo o que fazemos aqui irá repercutir na costa do Japão. Vede plásticos nos oceanos!

Assim uma empresa como a Bayer CropScience (quem não lembra da propaganda que insistia dizendo que o ‘que é Bayer é bom’ – agora o slogan sendo apresentado como sinônimo de ‘boa’ soja – https://www.youtube.com/watch?v=5ST8XGaRSlY) pode se apresentar ao mundo como uma ‘pessoa’ jurídica com responsabilidade na sociedade? Sim, dirá ela.  A questão é o uso e não o produto em si. É o comerciante, o agricultor, o armazenador, etc… etc…, nunca o produto. Ele é bom quando utilizado ‘corretamente’. Mas hoje sabemos que são as moléculas em si e não a sua quantidade que faz deles o veneno. Não podemos mais seguir o axioma do alquimista Paracelsus de que a dose é que transforma uma substância em veneno. Isso era quando se tratava de moléculas naturais, mas nunca com artificiais!

Para se ter mais detalhes do que relata esta menina, provavelmente americana, lê o que esta jovem de São Paulo escreveu!

 

https://www.youtube.com/watch?v=6QOcEjktuGI

l

https://www.facebook.com/menteabertaofficial/videos/420241408174132/

Arquivado em: Agricultura, Agrotóxico, Corporações, Globalização, Química Artificial, Resíduos, Saúde Marcados com as tags: Agrotóxico, Armazenamento, Corporações, Crime corporativo, Direitos humanos, Irresponsabilidade social, Poder econômico, Primeiro Mundo, Transnacionais, Veneno agrícola, Veneno urbano

Alerta! Exclui da tua vida e de tua prole

23 de abril de 2016 por Luiz Jacques

Alerta! Exclui da tua vida e de tua prole. Amorosamente, a Caule Eco.lógicos Distribuidora, criou uma forma simples e direta de informação. Aproveita!

 

http://www.caule.com.br/

 

A bacharel em turismo, grande mobilizadora ecologista, Janine Schmitz, ao ter as informações de quais ingredientes formavam os produtos finais de consumo feminino – masculino e infantil – e que estavam no mundo informado, sendo identificados como perigosos à saúde de quem consome, não perdeu tempo e logo criou um guia.

Desta maneira, faz andar suas palavras e indignação, cooperando com as mulheres, principalmente, grande devoradoras dos chamados ‘produtos de beleza’, além de todos os consumidores despertos. Assim, lendo o que está abaixo, poderás rejeitar este tipo de crime corporativo que tem passado desapercebido para a maioria de nós.

Agora não poderás alegar de que não tinhas a melhor informação à tua disposição!

 

1 folder

 

folder 2

 

 

 

Arquivado em: Corporações, Ecologia, Estrogênios Artificiais, Globalização, Princípio da Precaução, Química Artificial, Resíduos, Saúde Marcados com as tags: Crime corporativo, Pordutos de higiene pessoal, Produtos de beleza, Produtos de cuidado pessoal, Saúde Pública

Mercúrio preocupa comunidade Yanomami

18 de abril de 2016 por Luiz Jacques

Mercúrio preocupa comunidade Yanomami. Outro crime étnico! Elevados níveis de contaminação atinge comunidade desta população autóctone.

 

 

http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/39388

 

 

                                                                                                                                                           Publicada em 08/04/2016
Além de provocar inúmeros danos ambientais, a presença do garimpo na Terra Indígena Yanomami traz graves consequências à saúde daquela população. Estudo inédito conduzido pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fiocruz, com apoio do Instituto Socioambiental (ISA), do Laboratório de Química da PUC e da Hutukara Associação Yanomami (HAY), divulgado no final do mês de março, constatou elevado nível de mercúrio (Hg) nos povos da TI Yanomami. A contaminação chegou a afetar todos os adultos examinados em uma das regiões analisadas.
O resultado da avaliação das amostras de cabelo de 239 indígenas, de 19 aldeias, gerou o relatório Avaliação da exposição ambiental ao mercúrio proveniente de atividade garimpeira de ouro na Terra Indígena Yanomami, Roraima, Amazônia, Brasil, apresentado em primeira mão à comunidade indígena no dia 3 de março de 2016, e entregue, em seguida, ao poder público, especificamente às Presidências da Funai e do Ibama, ao coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena, ao Ministério Público Federal e à relatora especial sobre Direitos Indígenas da ONU, Victoria Tauli-Corpuz, que estava em visita ao Brasil.
O estudo foi realizado nas regiões de Papiú e Waikás, onde residem as etnias Yanomami e Ye’kwana, e a coleta priorizou os grupos mais vulneráveis à contaminação: crianças, mulheres em idade reprodutiva e adultos com algum histórico de contato direto com a atividade garimpeira. Também foram examinadas 35 amostras de peixes que são parte fundamental da dieta alimentar desses índios.
O garimpo ameaça a vida dos Yanomami e Ye’kwana desde a década de 1980. A invasão dos territórios por garimpeiros cresceu assustadoramente a partir de 2014. Hoje, estima-se que cinco mil garimpeiros atuam ilegalmente na Terra Indígena Yanomami, e os próprios indígenas promoveram uma série de denúncias da ocupação ilegal.
Coordenador da pesquisa, Paulo Basta concedeu entrevista ao Informe ENSP e destacou, além dos principais resultados, a importância do retorno dos dados da pesquisa ao povo Yanomami detalhando a reação deles diante da informação a respeito dos elevados níveis de contaminação. “Realizamos uma pesquisa que foi motivada por demanda da própria comunidade, e nossa principal missão foi devolver resultados conclusivos a eles”, enfatizou o pesquisador. As pesquisadoras Sandra Hacon (vice-coordenadora) e Claudia Vega, da ENSP, também integraram a equipe do estudo. Confira a entrevista.
Informe ENSP: Em outubro de 2015, o Informe ENSP noticiou o desenvolvimento da pesquisa que avaliou a contaminação ambiental e humana por mercúrio nas Terras Indígenas Yanomami. Naquela ocasião, a equipe de pesquisadores afirmou que os resultados do estudo seriam devolvidos à comunidade indígena. Já se sabe que as análises apontaram elevados níveis de contaminação na população daquela região, mas como os próprios indígenas receberam essa informação?
Paulo Basta: Antes da apresentação do relatório às instâncias do poder público, Marcos Wesley de Oliveira (ISA) e Claudia Maribel Vega Ruiz (ENSP) estiveram nas aldeias para apresentar os principais resultados à comunidade. Além de promovermos palestras com o propósito de divulgar os resultados e entregar laudos individuais aos participantes, preparamos banners e materiais informativos que foram traduzidos para a língua nativa deles, Yanomami e Ye’kwana, para total compreensão dos principais achados.
A presença do garimpo na região, lamentavelmente, perpetua-se desde a década de 1980, fato que causa inúmeros transtornos à população. Os indígenas tinham conhecimento acerca do despejo de mercúrio nos rios, da poluição das águas e do ambiente, mas esse assunto era difuso, pois os indígenas não dispunham de informações concretas. Ao chegarmos com os resultados e apresentarmos os laudos individuais que demonstravam elevados níveis de contaminação, pela primeira vez, a comunidade teve evidências da contaminação e despertou para o problema.
Pode-se dizer que foi uma experiência transformadora, porque os Yanomami receberam uma prova concreta de que a contaminação não estava apenas na água e no ambiente, mas sim que havia chegado às pessoas por meio da alimentação, do consumo de peixes contaminados. Houve um movimento de conscientização, e eles mesmos se municiaram de ferramentas para reivindicar a desintrusão da reserva e a retirada do garimpo. E, ainda, manifestaram a seguinte preocupação: E agora, como enfrentaremos o problema? Existe remédio para isso?
Informe ENSP: E há como enfrentar o problema da contaminação?
Paulo Basta: O mercúrio é um metal pesado altamente tóxico, e seus danos costumam ser graves e permanentes: pode causar alterações diretas no sistema nervoso central, gerando problemas de ordem cognitiva e motora, perda de visão; além de implicações renais, cardíacas, no sistema reprodutor – entre outras debilidades. Nas gestantes, os danos são ainda mais graves, pois o mercúrio atinge o feto, podendo causar mal formações, retardo no desenvolvimento, entre outras complicações que podem comprometer toda uma geração de indígenas.
Explicamos que não existe um tratamento padronizado, um medicamento que retire o mercúrio do organismo. Existem alguns quelantes que são agentes utilizados para capturar, transportar e/ou eliminar substâncias (principalmente metais) do organismo. Todavia, essas substâncias são usadaas em situações extremas, quando há contaminação aguda, com altos índices de mercúrio no organismo. Sua indicação principal é em situações de contaminação decorrente de exposição ocupacional. Ou seja, na queima do mercúrio pelos garimpeiros no momento da separação do ouro do amálgama. Na combustão, o mercúrio se volatiza e pode ser inalado e absorvido pelo organismo em altas doses. Não há recomendação de usar essas substâncias nas situações de contaminação crônica e arrastadas ao longo do tempo, assim como as detectadas em nosso estudo. Essas substâncias poderiam provocar efeitos adversos e ocasionar complicações. Isso foi cuidadosamente explicado à comunidade.
Nossas principais recomendações são a interrupção imediata da exposição por meio da retirada do garimpo da área e a avaliação clínico-neurológica dos indígenas que apresentaram os mais elevados níveis de contaminação por mercúrio.
Informe ENSP: Algum órgão regulador estabelece limite seguro para exposição ao Hg?
Paulo Basta: Não há limite seguro para exposição ao Hg. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que níveis acima de 6 microgramas de mercúrio por grama de cabelo (μg.g-1 ) podem trazer sérias consequências à saúde, principalmente a grupos vulneráveis. Por sua vez, a agência de proteção ambiental norte-americana (EPA) assume uma posição mais conservadora e recomenda que não se ultrapasse o limite de 1 micrograma por mercúrio por grama de cabelo (μg.g-1 ). Em nossa pesquisa utilizamos o parâmetro da OMS como referência de contaminação.
Informe ENSP: Quais foram os principais resultados da pesquisa?

Paulo Basta: A equipe visitou 19 aldeias na TI Yanomami, sendo 15 na região de Paapiú e quatro na região de Waikás. Em Waikás, 3 aldeias era da etnia Ye’kwana e apenas uma era Yanomami, a aldeia Aracaça. Essas regiões foram selecionadas por indicação da Hutukara em razão da crescente invasão de garimpeiros. Ao todo, foram avaliados 239 indígenas no período de 16/11/2014 a 03/12/2014, e, após consentimento livre e esclarecido, foram coletadas amostras de cabelo de crianças e adultos, com enfoque em menores de 5 anos e mulheres em idade reprodutiva.

Observamos diferentes níveis de exposição ao Hg na comparação entre as duas regiões. Na região do Paapiú, a mediana foi 3,2 μg.g-1, enquanto na região de Waikás, foi 5,0 μg.g-1. Foram registradas concentrações alarmantes de mercúrio na aldeia de Aracaça, na região de Waikás, situada próximo à área de garimpo, onde a mediana foi 15,5 μg.g-1, sendo 6,8 μg.g-1 nas crianças menores de 5 anos e 16,0 μg.g-1 nas mulheres em idade reprodutiva.
Entre crianças menores de 5 anos, foram registradas prevalências de mercúrio no cabelo acima de 6 μg.g-1 de 4,9%, 25,0% e 66,6%, no Paapiú, entre os ye’kuana de Waikás e entre os Yanomami de Aracaça, respectivamente.
Já entre os adultos, a prevalência de níveis de mercúrio no cabelo maiores que nosso ponto de corte foi de 9,3% no Paapiú, 31,6% entre os Ye’kuana de Waikás e chegou a 100% entre os Yanomami de Aracaça. Nessa localidade, praticamente todos os indígenas adultos avaliados apresentaram níveis elevados de mercúrio no cabelo.
Os achados acima demonstram que os mais altos níveis de Hg foram encontrados na aldeia de Aracaça, no Polo Base de Waikás, onde havia grande número de balsas clandestinas de garimpo por ocasião da realização do trabalho de campo. Para ilustrar a situação, num trecho de aproximadamente 15 minutos sobrevoando a região, 47 balsas foram avistadas no entorno de Aracaça, que é uma aldeia isolada do conjunto das aldeias de Waikás e de dimensões geográficas e populacionais menores.
Informe ENSP: Além da interrupção imediata da atividade do garimpo, quais outras recomendações o estudo propõe?
Paulo Basta: O Brasil é um dos países signatários da Convenção de Minamata, e seu principal objetivo é proteger a saúde humana e o meio ambiente de emissões antropogênicas e da liberação de mercúrio e seus componentes na natureza. Diante disso, nossa recomendação é que as autoridades brasileiras cumpram os compromissos internacionais assumidos, assim como a legislação ambiental nacional, e façam a retirada imediata dos invasores da Terra Indígena Yanomami pela ameaça direta à saúde da população. Além disso, o trabalho sugere ações a serem realizadas no âmbito coletivo, individual e ambiental. Em relação a esse último, é necessário estabelecer um plano de monitoramento para identificar as principais fontes de exposição e aprofundar as análises nos corpos d’água a fim de produzir um mapa de risco para orientar a população.
Sob o ponto de vista coletivo, é necessário promover um diagnóstico situacional sobre as condições gerais de saúde da população que vive nas áreas de abrangência dos garimpos, incluindo análise do perfil alimentar e nutricional e avaliação da carga de outras morbidades. Sabemos que os indígenas vivem em condições precárias, com altos índices de mortalidade infantil, desnutrição, malária, tuberculose, parasitoses intestinais, entre outros agravos. Essas doenças que comprometem o sistema imunológico potencializam a absorção do mercúrio no organismo humano e, consequentemente, ampliam seu potencial de toxicidade.
Na perspectiva individual, é necessário realizar avaliação clínico-neurológica para os indígenas que apresentaram os mais altos níveis de contaminação por mercúrio, priorizando as crianças. Somente dessa maneira poderemos avaliar a extensão dos potencias danos e sua gravidade à saúde individual e coletiva aos indígenas investigados e vislumbrar-se-á um cenário mais realista da contaminação por mercúrio na Terra Yanomami.
Informe ENSP: A equipe de pesquisa teve o cuidado de devolver as amostras de cabelo não processadas no laboratório para a comunidade. O que motivou essa ação? Qual balanço é possível fazer da pesquisa?
Paulo Basta: As coletas feitas entre novembro e dezembro de 2014 foram precedidas de consultas aos indígenas, que autorizaram a retirada de amostras de seus cabelos com a condição de devolvê-las após a análise. É importante frisar que, nessa pesquisa, utilizamos termos de consentimento traduzidos para a língua nativa, fato que possibilitou a participação ativa dos indígenas e a manifestação do desejo de receberam as amostras biológicas de volta. Esse pedido se deve à obrigação de que, para os Yanomami, todos os pertences e partes corporais dos indivíduos devem ser cremados com eles após a morte. Foi também uma precaução adotada depois que os Yanomami tiveram conhecimento do caso de roubo de seu sangue por pesquisadores norte-americanos na década de 1970. Esse caso ganhou repercussão internacional e deu protagonismo ao debate sobre a ética em pesquisa com populações indígenas.

Achamos relevante marcar a forma de condução de nossa pesquisa. Diferente de grande parte dos estudos desenvolvidos na Fundação, não abordamos um tema inédito, não desenvolvemos novos testes de diagnóstico, tampouco testamos novos medicamentos, não propusemos inovações tecnológicas, nem visamos á publicação de nossas achados em revistas indexadas com alto fator de impacto, mas trabalhamos em estreita parceria com a comunidade. Realizamos uma pesquisa que surgiu por demanda da própria comunidade e devolvemos a eles resultados conclusivos que podem ser utilizados como ferramenta para cobrar providências das autoridades.

Trata-se de uma pesquisa a favor da comunidade, de cunho eminentemente social e ambiental, originada a partir de uma carta assinada por Davi Kopenawa, na qual esse líder dos povos da floresta nos solicitou auxílio para verificar se os Yanomami estavam contaminados pelo mercúrio utilizado pelos garimpeiros que invadem sua terra. Vale lembrar que a pesquisa foi executada sem qualquer tipo de financiamento ou apoio de agências de fomento.

 

Com informações do ISA

Arquivado em: Água, Corporações, Ecologia, Globalização, Saúde, Tradições Marcados com as tags: Crime corporativo, Crime étnico, Direitos humanos, Garimpo, Mercúrio, Yanomami

  • Go to page 1
  • Go to page 2
  • Go to page 3
  • Interim pages omitted …
  • Go to page 11
  • Go to Next Page »

Sidebar primária

Busca do Site

Cadastro

Receba atualizações do site.

{captcha}

Categorias

  • Aditivos / Plastificantes
  • Agricultura
  • Agrotóxico
  • Água
  • Aquecimento Global
  • Biodiversidade
  • Biotecnologia
  • Corporações
  • Destaques
  • Disruptores Endócrinos
  • Ecologia
  • Energia
  • Engenharia Genética
  • Estrogênios Artificiais
  • Globalização
  • Meio Ambiente
  • Mudanças Climáticas
  • Notícias
  • Podcasting
  • Princípio da Precaução
  • Química Artificial
  • Relações Humanas
  • Resíduos
  • Revolução Industrial
  • Saúde
  • Sem categoria
  • Soluções / Alternativas
  • Sustentabilidade
  • Tecnologias
  • Toxicologia
  • Tradições
  • Vídeos

Tags

Agricultura Agricultura ecológica Agronegócio Agrotóxicos Alimentos Amazônia Aquecimento global Belo Monte Biodiversidade BPA Capitalismo Comunidades indígenas Corporações Crime corporativo Código Florestal Desmatamento Devastação ambiental Direitos humanos Disruptores endócrinos Ecologia Fome Glifosato Globalização Injustiça Justiça Lixo Mega hidrelétricas Mineradoras Monsanto Mudanças climáticas Plásticos Poder econômico Povos tradicionais Preservação ambiental Rio+20 saúde Saúde infantil Saúde Pública Sustentabilidade Terras ancestrais Transgênicos Transnacionais Venenos agrícolas Água Ética

Copyright © 2019 · Genesis Sample em Genesis Framework · WordPress · Login