Consumo norte-americano seria responsável por até 21% das emissões de alguns poluentes na China.

Em um novo estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, pesquisadores combinaram análises econômicas com as emissões relacionadas ao comércio bilateral entre China e Estados Unidos. Eles também usaram modelagens de transporte de elementos químicos através da atmosfera para rastrear o fluxo dessa poluição.

 

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por Fernanda B. Müller, do CarbonoBrasil

F2 large 300x174 Consumo norte americano seria responsável por até 21% das emissões de alguns poluentes na China

Os resultados mostraram que, não apenas a poluição do ar na China está relacionada à produção de bens e serviços para exportação, como muito dessa poluição acaba se deslocando pela atmosfera até a costa oeste dos Estados Unidos.

Em 2006, 36% do dióxido sulfúrico antropogênico, 27% dos óxidos nitrosos, 22% do monóxido de carbono e 17% do carbono negro emitidos na China foram associados à produção de bens para exportação, aponta o estudo.

Para cada um desses poluentes, cerca de 21% das emissões chinesas relacionadas à exportação foram atribuídas ao comércio entre China e Estados Unidos. Modelagens atmosféricas mostraram que, em média, diariamente, a poluição exportada da China contribuiu para entre 12-24% das concentrações de sulfato no oeste norte-americano.

“Com os Estados Unidos transferindo a produção para a China, a poluição por sulfato em 2006 aumentou no oeste, mas diminuiu no leste do país, refletindo o efeito concorrente entre o incremento da poluição transportada da China e a redução das emissões nos Estados Unidos. Nossas conclusões são relevantes para os esforços internacionais que visam reduzir a poluição transfronteiriça do ar”, concluíram os pesquisadores.

Comércio internacional

O comércio internacional afeta a poluição do ar global, redistribuindo emissões relacionadas à produção de bens e serviços em países em desenvolvimento e alterando a quantidade total de poluentes presentes na atmosfera.

A China, por exemplo, é o maior poluidor mundial, e quantidades mensuráveis dessas emissões são transportadas através da atmosfera para outros locais. Porém, grande parte da poluição é decorrente da produção de bens para consumo no exterior. Isso fica claro, por exemplo, nos Estados Unidos, onde é difícil encontrar nas lojas bens fabricados no país.

A produção para exportação explodiu na China, crescendo 390% entre 2000 e 2007, tornando o país “um grande exportador líquido de produtos industriais intensivos em energia”, aponta o estudo.

“A consideração da cooperação internacional para reduzir o transporte transfroteiriço de poluição do ar deve confrontar a questão de quem é responsável pelas emissões em um país durante a produção de bens para dar suporte ao consumo em outro”, ressaltaram os autores do estudo.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.

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