Poder econômico (Pág. 21 de 64)

AGRONEGÓCIO-A recolonização de Moçambique pelas mãos do agronegócio. Entrevista especial com Vicente Adriano.

Vejamos esta história. Um país que tem em seu povo uma lógica muito própria de vida. Tribos, que aos olhos estranhos podem ser vistas como primitivas, têm uma relação de subsistência com a terra. No entanto, povos europeus chegam e subvertem essa relação. O homem nativo passa a ser mão de obra, e a terra, espaço para formação de grandes monoculturas. Estamos no início do século XVI. Passam-se anos, o povo serve aos interesses dos colonizadores, surgem conflitos, e cai em miséria.

Grilagem e desmatamento contam a história do Jari.

O cearense José Júlio de Andrade é tido como o latifundiário pioneiro da região do Jari. Chegou à Amazônia no apogeu do ciclo da borracha, final do século XIX, e se apossou de uma extensão de terras maior que o território do Jari. Para subordinar a população local o coronel Andrade usava a prática do aviamento, ou seja, comprava borracha, balata ou a castanha em troca do fornecimento de insumos para as populações extrativistas. Como os preços sempre favoráveis ao comerciante, os coletores estavam sempre ao devendo ao dono do barracão, e eram obrigados a trabalhar de graça para ele. O expediente ainda hoje é usado na Amazônia.

Adeus aos índios e à biodiversidade.

Sai década, entra década e não mudamos. Nosso mundo institucional continua cego e surdo ao que convenções e tratados, além de relatórios de pesquisadores, têm dito: a biodiversidade é um dos bens mais decisivos; sem ela, não só perderíamos a possibilidade de manutenção e reposição das espécies, como afetaríamos tudo o que está ao redor – bens naturais, recursos hídricos, regime do clima. E depois da Convenção da Biodiversidade (ONU), da qual o Brasil é signatário (1992), vários outros documentos têm enfatizado que o caminho mais eficaz para a conservação da biodiversidade está nas reservas indígenas, mais eficazes até que reservas, parques e outras áreas protegidas.

ECOLOGIA-Belo Monte vai engolir muito mais que palafitas em Altamira.

Moradores e comerciantes de região central da cidade ainda não têm ideia quanto receberão por suas casas e estabelecimentos, muito distantes das palafitas que simbolizam os atingidos nas propagandas da Norte Energia. “Até final de fevereiro todas as casas dessa rua serão demolidas”, sentencia o engenheiro Marcelo Silva, ostentando no peito o crachá do Consórcio Norte Energia. Cercado de moradores indignados, Silva, acuado, aponta nervoso rua acima e abaixo a Sete de Setembro, localizada na Área Açaizal, bairro Centro, Altamira, PA.

AGRICULTURA-Agrotóxicos e agroecologia. Uma questão técnica? Não! Paradigmas diferentes em disputa. Entrevista especial com Fernando Carneiro.

A nova composição do Congresso Nacional e a chegada de Kátia Abreu ao Ministério da Agricultura estão deixando alguns pesquisadores da área da saúde e do meio ambiente, “preocupadíssimos”. Entre eles, Fernando Carneiro, da Associação de Saúde Coletiva - Abrasco, que atualmente coordena o GT de Saúde e Meio Ambiente da instituição. Segundo ele, as recentes mudanças no quadro político indicam que “as perspectivas de uma desregulamentação na legislação dos agrotóxicos são enormes”. Entre as alterações prováveis, ele menciona a possibilidade de “que se quebre todo o marco regulatório para favorecer a entrada de agrotóxicos no Brasil” e “de que se retire o papel da Anvisa e do Ibama para concentrá-los no Ministério da Agricultura, que já tem o comando do agronegócio”.

A fragilidade da Anvisa e o uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil. Entrevista especial com Victor Manoel Pelaez Alvarez.

Imagine um órgão que tem responsabilidade de fiscalizar o uso de agrotóxicos. Esse mesmo departamento sofre com a falta de corpo técnico qualificado e infraestrutura. É gerado pouco conhecimento cientifico – e há pouco material – que garanta análises de qualidade que poderiam banir substâncias que causem danos ao ser humano e ao meio ambiente. Do outro lado do balcão, multinacionais produtoras de agrotóxicos que lutam com alta tecnologia e grande corpo técnico qualificado contra esse frágil órgão.

Multinacional alemã Siemens é vinculada a abusos de direitos humanos nas Américas.

Dezenas de manifestantes de uma coalizão de organizações alemãs e internacionais protestaram, nesta terça (27), na reunião de acionistas da empresa alemã Siemens em Munique, na Alemanha, para denunciar a sua participação em graves violações dos direitos humanos no Brasil, Honduras, México e outros países. Os manifestantes ressaltaram a responsabilidade da Siemens como um dos principais fornecedores de equipamentos para grandes empreendimentos que ignoram deliberadamente convenções internacionais sobre os direitos humanos, cometendo abusos como intimidação e assassinato de lideranças comunitárias e ativistas socioambientais.

Comissão entregará sugestões ao governo para resguardar fungicidas.

Diante da preocupação com a perda de eficiência de fungicidas para o combate dos fungos que causam a Ferrugem Asiática em lavouras de soja no Brasil, a Comissão de Defesa Sanitária Vegetal de Mato Grosso realizou reunião no dia 27, em Cuiabá (MT). A finalidade foi construir um documento com sugestões baseadas em constatações de técnicos e pesquisadores sobre a necessidade de preservação dos fungicidas que já existem e apresentá-lo ao governo do estado, demonstrando a preocupação com o cultivo de soja sobre soja ou “soja safrinha” (Nota do site: a maior tragédia não é a 'perda' dos fungicidas, mas sim a falta de percepção dos 'técnicos' é que a monocultura e o o uso dos 'insumos modernos' é que são os grandes vilões e não a 'doença' que é só um bioindicador da 'modernização da agricultura' do pós guerra!).

ENERGIA-Governo federal segue amarrado aos velhos modelos de geração de energia.

Na mesma proporção que cresce o risco de um apagão no Brasil, o governo federal se agarra a velha política energética: se há risco de faltar energia, constrói-se mais hidrelétrica. Na prática, não se percebe um aumento substancial de energia nos sistema para atender a demanda que cresce a cada ano. E os impactos das novas hidrelétricas é negativo, velho e conhecido, pago apenas pelas comunidades vizinhas aos empreendimentos – e que ainda assim também são assombrados pelo fantasma do apagão.