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Multipolar, contraditória e beligerante.

Um mundo multipolar será necessariamente um ambiente conflituoso, afirma o cientista político José Luís Fiori. Enquanto os Estados Unidos tentam exercer seu poder de forma mais indireta, as potências regionais buscam firmar sua influência e, em último grau, se unem em estratégias comuns contra o império. Dessa contradição nascem as possibilidades de conflito. “O sistema interestatal capitalista se estabiliza por meio de sua própria expansão contínua e, portanto, em última instância, através das guerras”, afirma. Na entrevista a seguir, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o mais arguto analista de relações internacionais do País, analisa as mudanças globais e o papel do Brasil na nova ordem.

“O colonialismo não pode morrer enquanto subsistir o capitalismo”.

Said Bouamama, sociólogo especializado em questões de imigração, discriminações e processos de dominação, bem como animador do Coletivo Manouchian, acaba de publicar o livro “Figures de la Révolution Africaine (de Kenyata à Sankara)" (Editions La Découverte, 2014). Em entrevista, afirma que “não há capitalismo, por um lado, e colonialismo de outro, mas, sim, são as faces de um mesmo processo. O desaparecimento do colonialismo significa, a curto prazo, uma crise mortal para o capitalismo. Do mesmo modo, o fim do capitalismo significa o desaparecimento do colonialismo”.

Presidente da Nestlé prevê a privatização contra o direito à água.

“Cada vez está mais claro que a água doce é um recurso finito, vulnerável à contaminação - que é excessiva por parte das empresas transnacionais. Esta situação contribuiu para conceber a água como um bem mercantil e não como um direito fundamental, em prejuízo à satisfação das necessidades humanas básicas, das concepções ancestrais das comunidades étnicas, gerando assim maior desigualdade social e afetando, por sua vez, a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas” é o que destaca a analista venezuelana Sylvia Ubal, em artigo publicado por Barometro Internacional, 12-08-2014. A tradução é do Cepat.

Estudo mostra que quatro grandes grupos econômicos brasileiros são subordinados ao capital internacional.

Recentemente ressurgiu a discussão sobre um tema efervescente dos anos 1950 aos 70: que o Brasil, como naquela época, estaria passando por um novo momento desenvolvimentista, buscando uma autonomia relativa e ganhando base material para colocar o capitalismo a serviço de um projeto nacional, mais democrático e socialmente justo. A observação é do economista Artur Monte Cardoso, cuja dissertação de mestrado, porém, aponta para um processo de reversão das bases do desenvolvimento brasileiro ou, mais que isso, de reversão neocolonial. “Burguesia brasileira nos anos 2000 – Um estudo de grupos industriais brasileiros selecionados” é o título do trabalho orientado pelo professor Plínio Soares de Arruda Sampaio Junior e apresentado no Instituto de Economia (IE) da Unicamp.

A evolução para um capitalismo consciente.

Há mais de dez anos venho falando em minhas palestras sobre a importância de termos líderes conscientes e transformadores no mundo, que entendam que somos apenas micro-organismos vivendo num planeta, onde ocupamos apenas 12% do mesmo (isso quando pegamos toda a massa do planeta). Se pararmos para pensar, ocupamos apenas uma casca do planeta. Ao descermos mais de 4 mil metros em qualquer que seja o oceano, encontramos um ambiente tão inóspito para o ser humano quanto o é o ambiente de Marte.

Faltam líderes para enfrentar a crise ecológica e ambiental.

Vivemos um período especial da história. Nos próximos 20 a 30 anos, a humanidade terá de fazer escolhas inéditas sobre o futuro que desejará ter, quais os valores que serão passados para as próximas gerações, como produzir e consumir, e como deixará o planeta para a sobrevivência de seus semelhantes e descendentes.