• Pular para navegação primária
  • Skip to main content
  • Pular para sidebar primária

Nosso Futuro Roubado

  • Inicial
  • Quem Somos
  • Conexões
  • Contato

Água

A Amazônia é o centro do mundo

2 de agosto de 2019 por Luiz Jacques

Eliane Brum está no Tabuleiro do Embaubal, na Floresta Amazônica, onde as tartarugas vêm fazer seus ninhos. Image by João Luiz Guimarães. Brazil, 2019.

https://pulitzercenter.org/blog/eliane-brum-why-amazon-center-world

Eliane Brum's picture

ELIANE BRUM

Guest contributor

Eliane Brum is a Brazilian writer, journalist, and documentary filmmaker. She has received more than 40 awards and honors at home and abroad, published five nonfiction books and one novel, and…

July 26, 2019

“For us to be capable of resisting, we must become the forest—and resist like the forest,” said Eliane Brum, Brazilian newpaper columnist, reporter, and filmmaker based in the Amazon city of Altamira. She is also a member of the Amazon Advisory Committee of the Rainforest Journalism Fund (RJF), which supports reporting on the Amazon and other tropical rainforests in partnership with the Pulitzer Center. Brum spoke at the first Rainforest Journalism Fund Conference on July 12, 2019,in Manaus, Brazil, during a dinner for journalists and scientists attending the Sciencetelling™ Bootcamp & Explorer Spotlight, co-sponsored by the National Geographic Society. Eighty journalists and 40 scientists from throughout the Amazon basin gathered at the conference.

Read the full text of her speech, in English and in Portuguese, below. The English version is translated from Portuguese by Diane Grosklaus Whitty. 

A Amazônia é o centro do mundo (Portuguese)

Eu quero começar lembrando onde nós estamos.

E quero lembrar que nós estamos no centro do mundo. Essa não é uma frase retórica. Também não é uma tentativa de construir uma frase de efeito. No momento em que o planeta vive o colapso climático, a floresta amazônica é efetivamente o centro do mundo. Ou, pelo menos, é um dos principais centros do mundo. Se não compreendermos isso, não há como enfrentar o desafio do clima.

Esta é justamente a razão de colocarmos o nosso corpo aqui, nessa cidade, Manaus, capital do Amazonas, estado do Brasil, país que abriga cerca de 60% da Amazônia. Manaus é tanto uma floresta em ruínas como as ruínas de uma ideia de país. Manaus pode ser vista como a escultura viva de um conflito iniciado em 1500, com a invasão europeia que causou a morte de centenas de milhares de homens e mulheres indígenas e a extinção de dezenas de povos. Neste momento, em 2019, testemunhamos o início de um novo e desastroso capítulo.

O Brasil é um grande construtor de ruínas. O Brasil constrói ruínas em dimensões continentais desde que começou a ser inventado pelos europeus no século 16. Neste momento, uma forma de vida predatória chamada bolsonarismo assumiu o poder quase total e totalitário no Brasil. O principal projeto do bolsonarismo é justamente construir ruínas com método e com velocidade na floresta amazônica. É por isso que pela primeira vez, desde a redemocratização do país, temos um ministro contra o meio ambiente.

Nenhum ministro do meio ambiente dos últimos mais de 30 anos teve a autonomia que já demonstrou ter Ricardo Salles, o ministro contra o meio ambiente. Ele é o office-boy do agronegócio predatório, este que é responsável pela maioria das mortes no campo e na floresta e é também a maior força de destruição do Brasil. Não é que hoje os ruralistas estão no governo. No governo eles estiveram desde sempre, formalmente ou não. Hoje eles são o governo.

O principal projeto de poder do bolsonarismo é converter as terras públicas que servem a todos, na medida em que garantem a preservação dos biomas naturais e a vida dos povos originários, em terras privadas para lucros de poucos. Estas terras, a maioria delas na floresta amazônica, são as terras públicas de usufruto dos povos indígenas, as terras públicas ocupadas pelos ribeirinhos (população que vive da pesca, da coleta do látex, da castanha e de outros frutos da floresta há mais de um século), e as terras de uso coletivo dos quilombolas (descendentes de escravos rebeldes que conquistaram seu direito aos territórios ocupados pelos antepassados).

As disputas entre os vários grupos que ocupam o governo é constante, inclusive porque o governo Bolsonaro tem como estratégia simular sua própria oposição, ocupando todos os espaços. A abertura das terras protegidas dos povos indígenas e a abertura das áreas de conservação, entretanto, despontam como consenso. Sobre transformar a maior floresta tropical do planeta em boi, soja e mineração não há briga. Algumas das vozes levemente dissonantes já foram deletadas do governo.

O bolsonarismo vai muito além da criatura que lhe dá nome. Eventualmente, em algum momento, o bolsonarismo pode inclusive prescindir de Jair Bolsonaro. O bolsonarismo, intimamente conectado à crise global das democracias, está influenciando toda a região amazônica, fazendo com que figuras que se mantiveram nos esgotos por anos, às vezes décadas, estejam hoje emergindo em outros países da América Latina onde também o destino da maior floresta tropical do mundo está sendo decidido. O bolsonarismo, vale repetir, não é uma ameaça apenas para o Brasil, mas para o planeta. Exatamente porque ele destrói a floresta estratégica para o controle do aquecimento global.

Como resistir a essa enorme força de destruição, a essa competente força de destruição?

Para sermos capazes de resistir nós precisamos nos tornar floresta—e resistir como floresta. Como floresta que sabe que carrega consigo as ruínas, que carrega consigo tanto o que é quanto o que deixou de ser. Me parece que é a esse sentimento político-afetivo que precisamos dar forma para dar sentido à nossa ação. Para isso temos que deslocar algumas placas tectônicas de nosso próprio pensamento. Temos que descolonizar a nós mesmos.

O fato de a Amazônia ainda ser vista como um longe e também—ou principalmente—como uma periferia dá a dimensão da estupidez da cultura ocidental branca, de matriz primeiro europeia e depois norte-americana, essa estupidez que molda e dá forma às elites políticas e econômicas do mundo e também do Brasil. E, em parte, também às elites intelectuais do Brasil e do planeta. Acreditar que a Amazônia é longe e que a Amazônia é periferia, quando qualquer possibilidade de controle do aquecimento global só é possível com a floresta viva, é uma ignorância de proporções continentais. A floresta é o perto mais perto que todos nós aqui temos. E o fato de muitos de nós nos sentirmos longe quando aqui estamos só mostra o quanto o nosso olhar está contaminado, formatado e distorcido. Colonizado.

Dias atrás eu conversava com procuradores e defensores públicos que chegaram há pouco em cidades do interior amazônico. Era o primeiro posto deles. Porque essa é a lógica. A Amazônia é o epicentro dos conflitos, mas, para fiscalizar o Estado e defender os direitos dos mais desamparados, as instituições mandam os sem nenhuma experiência. Alguns deles—não todos—interpretam que estão sendo enviados a uma região amazônica como um teste ou mesmo um castigo, um calvário que precisam passar antes de ter um posto “decente”. Parte deles—não todos—não vê a hora de ter o que é chamado de “remoção” e deixar essa “bad trip” para trás. E não é culpa deles, ou não é só culpa deles, porque essa é a lógica das instituições, este é o olhar para a Amazônia. Felizmente alguns deles percebem a importância do seu papel, aprendem, compreendem, permanecem e se tornam servidores públicos essenciais para a luta pelos direitos em regiões onde os direitos pouco ou nada valem.

Lembrei a eles que, como eu, eram privilegiados. Eles estavam justamente no centro do mundo. Eles estavam no melhor lugar para se estar para quem tinha escolhido aquela profissão. Mas teriam que se esforçar muito para superar a sua ignorância, como eu me esforço todos os dias para superar a minha. Era a população local, eram os povos da floresta que teriam de ter enorme paciência para explicar a eles o que precisam saber, já que pouco ou nada sabem quando aqui chegam. O mesmo princípio vale para jornalistas e também para cientistas.

Se nós nos reunirmos aqui acreditando que somos especiais por estarmos preocupados com a floresta, não teremos compreendido nada. Se nós compreendermos a nós mesmos – nós jornalistas, nós cientistas, nós brancos para muito além da cor da pele—, como aqueles que deixam o conforto de suas casas em cidades “desenvolvidas” e supostamente com mais opções de lazer e cultura para se solidarizarem com os povos da floresta, também não teremos entendido nada. Se existe uma verdade ela está nas ruínas. A única verdade são as ruínas.

Durante mais de duas décadas, eu me desloquei para as diferentes regiões da Amazônia e depois voltei para Porto Alegre, primeiro, depois para São Paulo, onde vivia. Em 2017, me mudei para Altamira, para deixar de ser “enviada especial” à Amazônia, mudar o ponto de vista a partir do qual eu olhava para o Brasil e para o planeta e ser coerente com a convicção de que a floresta é o centro do mundo.

Na chegada, tive dificuldades para alugar uma casa. Algumas das que eu gostava pertenciam a grileiros e/ou mandantes de crimes contra povos da floresta e pequenos agricultores. Porque aqui, no centro do mundo, a relação é direta. Não é que os proprietários de casas, apartamentos, hotéis e condomínios de São Paulo sejam mais “limpinhos”, é que a cadeia entre o crime e a ponta é mais longa e tem mais intermediários.

Nas grandes cidades do Brasil e do mundo, somos afastados das mortes das quais nossos pequenos atos cotidianos se fazem cúmplices, temos o privilégio de não sermos obrigados a questionar a origem da roupa que vestimos ou a origem da comida que comemos. Aqui, na Amazônia, se você come boi, tem certeza que é boi de desmatamento. Se você compra madeira, sabe que (quase) não existe madeira efetivamente legal no Brasil. Se você compra uma mesa ou um guarda-roupa vai ficar olhando para esses móveis e pensando que muito provavelmente eles foram feitos com madeira arrancada de terra indígena ou de uma reserva extrativista. Aqui, no centro do mundo, a relação com a morte da floresta e dos povos da floresta, assim como com a morte dos agricultores familiares, é direta. É inescapável. E só podemos viver carregando—conscientemente—tanto nossas contradições quanto nossas ruínas.

Por isso, temos que enfrentar também a contradição de estarmos aqui, financiados neste evento, por recursos da Noruega. A Noruega também sustenta majoritariamente o Fundo Amazônia, hoje sob ataque do governo de Bolsonaro. A continuidade do Fundo Amazônia, principal financiador da proteção da floresta, é essencial para barrar, ainda que minimamente, a destruição acelerada do bioma. Este fato não nos absolve, porém, da necessidade de refletir que o Rainforest Journalism Fund é financiado, em grande parte, por dinheiro proveniente do petróleo, já que a Noruega é o maior produtor de petróleo da Europa. A Noruega tem ainda participação em frentes de destruição da Amazônia, como a empresa Hydro Alunorte, que contaminou os rios de Barcarena, no Pará. Só podemos seguir adiante enfrentando todas essas contradições—e não fugindo delas. E exigindo melhores práticas e mais coerência da Noruega.

Por caminhos diferentes, penso que nós estamos aqui, e não só os que vieram de fora, mas também os que já se colocaram geograficamente aqui neste território, porque sabemos que nossa vida depende disso. Mesmo que este ainda não seja um sentimento—ou mesmo um pensamento—que todos possam nomear. Não estamos aqui para ajudar os povos da floresta, contando o que está acontecendo aqui para o mundo de lá, mas sim estamos aqui para, humildemente, perguntar se eles nos aceitam ao seu lado na luta.

Somos nós que precisamos da ajuda dos povos da floresta. É deles o conhecimento sobre como viver apesar das ruínas. São eles os que têm experiência sobre como resistir às grandes forças de destruição. Para que tenhamos alguma chance de produzir movimento de resistência precisamos compreender que, nesta luta, nós não somos os protagonistas.

Sem compreender nosso lugar nessa luta e estarmos dispostos a compartilhar o pouco poder que temos, ou mesmo ceder esse poder, acredito que será muito difícil produzir movimento real. Desta vez, somos nós que precisamos nos deixar ocupar, permitir que nosso corpo seja afetado por outras experiências de ser e de estar neste planeta. Não como uma violência, como foi a colonização da Amazônia e de seus povos, esta que está em processo até hoje, e em processo cada vez mais acelerado. Mas, desta vez, como troca, como mistura, como relação amorosa, como sexo consentido.

Reproduzo aqui uma fala do filósofo Peter Pál Pelbart, que faz essa síntese de forma brilhante: “Talvez o desafio seja abandonar a dialética do Mesmo e do Outro, da Identidade e da Alteridade, e resgatar a lógica da Multiplicidade. Não se trata mais, apenas, do meu direito de ser diferente do Outro ou do direito do Outro de ser diferente de mim, preservando em todo caso entre nós uma oposição. Nem mesmo se trata de uma relação de apaziguada coexistência entre nós, onde cada um está preso à sua identidade feito um cachorro ao poste, e portanto nela encastelado. Trata-se de algo mais radical, nesses encontros, de também embarcar e assumir traços do outro, e com isso às vezes até diferir de si mesmo, descolar-se de si, desprender-se da identidade própria e construir sua deriva inusitada”.

Durante muito tempo nós, jornalistas e cientistas brancos ocidentais, e quando me refiro a brancos ocidentais me refiro a muito além da cor da pele, me refiro a um modo de pensar e de habitar esse mundo, usamos os povos da floresta apenas como fontes do nosso trabalho. Cientistas de todas as áreas, e também da área de humanas, fizeram sua carreira a partir do conhecimento dos povos da floresta citando-os nos trabalhos acadêmicos apenas como “informantes”, isso quando os citavam.

Embora essa prática ainda seja largamente exercida na produção científica, muitos já começam a compreender que já não é eticamente possível fazer isso. Os povos da floresta precisam ser reconhecidos, no mínimo, como coautores. Os intelectuais, assim como os cientistas, não se restringem à academia. Os intelectuais e os cientistas estão também—e muito—na floresta.

É isso que muitos intelectuais indígenas estão dizendo no mundo inteiro neste momento. No Brasil, a obra mais expressiva de coautoria entre um intelectual acadêmico e um intelectual da floresta é “A Queda do Céu”, resultado de uma parceria efetiva, real, de mútuo respeito e mútuo aprendizado, entre Davi Kopenawa, intelectual yanomami, e Bruce Albert, antropólogo francês.

Talvez o debate mais fundamental que precisamos empreender no jornalismo é como esse desafio ético e também estético pode ocupar a produção jornalística neste momento crucial. Como colaborar com os povos da floresta para invadir e ocupar o jornalismo a partir de suas próprias experiências—e não apenas se deixando formatar pelo nosso modelo de imprensa. Esta, me parece, não deve ser apenas uma ocupação de espaço, com indígenas, ribeirinhos e quilombolas fazendo jornalismo. Deve ser também uma transformação do espaço, do próprio fazer jornalístico.

Uma das maneiras de começar esse movimento no Rainforest Journalism Fund é estimular a coautoria nos projetos de reportagem porque, a maneira mais efetiva de ocupar os espaços de poder é… ocupando os espaços de poder. E, de novo, devemos aceitar esse desafio não porque somos “cool” ou por concessão ou por favor – e nem mesmo porque é o mais correto a se fazer—, mas porque precisamos muito aprender e porque podemos ensinar. Precisamos nos inventar de outro jeito se quisermos ter uma chance de enfrentar este momento em que a espécie humana se tornou ela mesma a catástrofe que temia.

Bolsonaro não é apenas uma ameaça para a Amazônia. É uma ameaça para o planeta exatamente porque é uma ameaça para a Amazônia. Diante desta força acelerada de destruição que é o bolsonarismo nós, de todas as nacionalidades, precisamos fazer como os africanos escravizados que se rebelaram contra o opressor. Precisamos nos aquilombar. E, como não sabemos fazer isso, teremos que ter a humildade de aprender com quem sabe.

O melhor—e o mais potente—do Brasil atual e da Amazônia, em todas as regiões, são as periferias que reivindicam o lugar de centro. Nossa melhor chance é nos somar às forças do real centro do mundo onde a disputa pelo futuro é travada, às vezes a bala. É a esse movimento que nós, jornalistas e cientistas, precisamos humildemente servir. Espero que os povos da floresta possam, depois de tudo o que fizemos contra seus corpos, nos aceitar ao seu lado na luta.    


The Amazon Is the Center of the World

I want to begin by reminding us where we are.I want to remind us that we are in the center of the world. This isn’t a rhetorical statement. Nor is it meant to be a sound bite. Right now, as our planet is experiencing climate collapse, the Amazon Forest is truly the center of the world. Or at least one of its main centers. If we don’t grasp this, there is no way to meet the climate challenge.This is precisely why we have placed our bodies here in the city of Manaus, the capital of the Brazilian state of Amazonas, in the country that holds about 60 percent of the Amazon. Manaus is both a forest in ruins as well as the ruins of the idea of a country. Manaus can be seen as the living sculpture of a conflict begun in 1500, when the European invasion brought the death of hundreds of thousands of Indigenous men and women and the extinction of dozens of peoples. Right now, in 2019, we are witnessing the beginning of a new, disastrous chapter.Brazil is a great builder of ruins. Brazil has built ruins of continental proportions ever since Europeans started inventing it in the sixteenth century. Right now, a predatory form of life called Bolsonarism has assumed nearly total, and totalitarian, power in Brazil. Bolsonarism’s chief project is precisely to build ruins in the Amazon Forest, methodically and swiftly. This is why, for the first time since Brazil’s re-democratization, we have a Minister Against the Environment.For over 30 years, no environment minister has enjoyed the same autonomy as Ricardo Salles, Brazil’s Minister Against the Environment. He is a gofer for predatory agribusiness, in turn responsible for the majority of the deaths in the fields and forests, and also Brazil’s greatest destructive force. The “ruralist” caucus is not in the government today. They have always been part of the government, formally or not. But today, they are the government.Bolsonarism’s number-one power project is to turn the public lands that serve everyone—because they guarantee the preservation of natural biomes and the life of native peoples—into private lands that profit a few. These lands, most of which lie in the Amazon Forest, include the public lands to which Indigenous peoples have the constitutional right of use, the public lands settled by ribeirinhos (people who have for over a century made their living by fishing, tapping rubber, and gathering Brazil nuts and other forest products), and the collective-use lands of quilombolas(descendants of rebel slaves who conquered their right to the territories occupied by their ancestors).Infighting is constant among the various groups occupying the government today, in part because the Bolsonaro administration employs the strategy of simulating its own opposition so it can occupy every possible space. Yet there is a consensus about opening up Indigenous peoples’ protected lands and opening up conservation areas. When it comes to transforming the planet’s largest tropical forest into cattle, soybeans, and mined ore, there is no fighting. A few somewhat dissonant voices have already been deleted from the government.Bolsonarism goes well beyond the creature that lends it its name. At some point, Bolsonarism might even do without Jair Bolsonaro. Deeply entwined with our global democracy crisis, Bolsonarism has been influencing the entire Amazon region, drawing out figures who have been hiding in sewers for years, sometimes decades, in other Latin American countries where the fate of the world’s largest tropical forest is also being decided. Bolsonarism, it bears repeating, is not a threat just to Brazil but to our planet. Exactly because it destroys the forest that is strategic to controlling global heating.How do we resist this tremendous destructive force, this skilled destructive force?For us to be capable of resisting, we must become the forest—and resist like the forest. Like the forest that knows it carries ruins within itself, that carries within itself both what it is and what it no longer is. It seems to me that we must lend shape to this political, affective feeling in order to lend meaning to our actions. This means shifting a few tectonic plates in our own thinking. We have to decolonize ourselves.The fact that the Amazon is still seen as something faraway and also, or mainly, as a periphery shows just how stupid white Western culture is—a culture first of European roots and then of U.S. ones, and a stupidity that molds and shapes the political and economic elites of the world and likewise of Brazil. Also, to some extent, the intellectual elites of Brazil and the planet. Believing the Amazon is faraway and that it is a periphery, when the only chance of controlling global heating is to keep the forest alive, reflects ignorance of continental proportions. The forest is the closest close that all of us here have. And the fact that many of us feel faraway when we are here only shows how much our eyes have been contaminated, formatted, and distorted. Colonized.Some days ago, I was talking to public attorneys and prosecutors who had recently moved to towns in the Amazon interior on their first postings. Because that’s the logic. The Amazon is the epicenter of conflicts, but to oversee the State and defend the rights of the most unprotected, institutions send in those with no experience. Some—not all—interpret their being sent to a region of the Amazon as a test or even punishment, an ordeal they have to pass before they receive a “decent” posting. Part—not all—can’t wait to be re-assigned and leave this “bad trip” behind. It’s not their fault, or it’s not their fault alone, because this is institutional logic, this is how our eyes view the Amazon. Fortunately, some realize the importance of their role, and they learn, comprehend, and stay, becoming public employees vital to the struggle for rights in regions where rights are worth little or nothing.I reminded them that they, like me, are privileged. That they are precisely in the center of the world. That they are in the best place to be for someone who has chosen their profession. But they will have to work hard to overcome their ignorance, as I work hard every day to overcome mine. And the local population, the forest peoples, will have to be tremendously patient in explaining what they need to know, since they know little or nothing when they get here. The same holds true for journalists and also for scientists.If we gather here believing we are special because we are concerned with the forest, we will have understood nothing. If we—we journalists, we scientists, we who are white well beyond skin color—understand ourselves as having left the comfort of our homes in “developed” cities, which supposedly offer more leisure and cultural options, and having come here to express our solidarity with the forest peoples, we likewise will have grasped nothing. If any truth exists, it lies in the ruins. The only truth is the ruins.For more than 20 years, I traveled the Amazon’s different regions and then returned to Porto Alegre and, later, to São Paulo, cities in Brazil’s urban south, where I lived. In 2017, I moved to Altamira, so I would no longer be a “special envoy” to the Amazon and could change the point of view from which I observe Brazil and the planet and also be coherent with my conviction that the forest is the center of the world.When I got here, I had trouble renting a house. Some of the houses I liked were owned by land-grabbers and/or those who order crimes to be committed against forest peoples and sustainable farmers. Because here, in the center of the world, there is a direct relationship. Not that the owners of houses, apartments, hotels, and condominiums in São Paulo are “cleaner,” but there the chain linking the crime to its head is longer and has more intermediaries.In the big cities of Brazil and the world, we are distanced from the deaths in which our small daily acts are accomplices. We have the privilege of not being forced to question the origin of the clothes we wear or the food we eat. But here, in the Amazon, if you eat beef, you know for sure it is beef from deforestation. If you buy wood, you know there is (almost) no truly legal lumber in Brazil. If you purchase a table or a wardrobe, you look at the furniture and think about how it was most likely made with wood torn off Indigenous land or from an extractives reserve. Here, in the center of the world, our relationship with the death of the forest and forest peoples, as well as with the death of family farmers, is direct. It is inescapable. And we can only live by consciously carrying both our contradictions and our ruins.This is why we must also face up to the contradiction that we are here, at this convening, funded by Norway’s resources. Norway is a major backer of the Amazon Fund as well, now under attack by the Bolsonaro administration. The continued existence of the Amazon Fund, the main financier of forest protection, is vital to curbing the accelerated destruction of this biome, even if only minimally. Yet this does not absolve us from the need to reflect on the fact that the Rainforest Journalism Fund is financed largely with oil money, since Norway is Europe’s biggest oil producer. Norway is also present on destructive frontlines in the Amazon—for example, through the company Hydro Alunorte, which contaminated the rivers of Barcarena, in Pará. We can only move ahead if we face up to all these contradictions, instead of running away from them. And if we demand better, more coherent practices from Norway.Along different paths, I think we are here—not only those who have come from outside but also those who have already placed themselves here in this territory geographically—because we know our lives depend on it. Even if this is not yet a feeling, or even a thought, that everyone can name. We aren’t here to help the forest peoples, telling the world out there what is happening here. Rather, we are here to humbly ask if they will accept us alongside them in the fight.We are the ones who need the help of the forest peoples. They are the ones who know how to live despite the ruins. They are the ones who have experience resisting the great forces of destruction. If we are to have any chance of producing a resistance movement, we must understand that in this fight, we are not the protagonists.Unless we understand our place in this fight and are willing to share the little power we have, or even give up this power, I believe it will be very hard to produce any real movement. This time, we are the ones who need to let ourselves be occupied and allow our bodies to be affected by other experiences of being on this planet. But not as a form of violence, like the colonization of the Amazon and its peoples, the colonization still underway today—and underway at an ever faster pace. This time, as a form of exchange, a blending, a relationship of love, as consensual sex.I would like to repeat the words of the philosopher Peter Pál Pelbart, who summed it up brilliantly: “Perhaps the challenge is to abandon the dialectics of Same and Other, of Identity and Alterity, and recover the logic of Multiplicity. It is no longer just a matter of my right to be different from the Other or the Other’s right to be different from me, in both cases preserving an opposition between us. Nor is it a matter of a relationship of peaceful coexistence between us, where each is tethered to his identity like a dog to a post, and thus entrenched in it. It is a matter of something more radical in these encounters, of also embarking on and assuming some of the Other, and thus at times even differing from yourself, detaching from yourself, coming unstuck from your own identity and constructing unprecedented shiftings.”For a long time, we white Western journalists and scientists—and when I say “white Westerners,” I am talking about much more than skin color; I am talking about a way of thinking about this world and inhabiting it—have used the forest peoples merely as sources for our work. Scientists from all fields, including the humanities, have made careers grounded in the knowledge of forest peoples, citing them in academic papers simply as “informants,” if citing them at all.While this practice remains widespread in scientific production, many have begun to understand that it is no longer ethically possible. Forest peoples must be recognized at the very least as co-authors. Intellectuals, like scientists, are not limited to academia. Intellectuals and scientists are also, and very much so, in the forest.This is what many Indigenous intellectuals all over the world are saying right now. In Brazil, the most significant work co-authored by an academic intellectual and a forest intellectual is “The Falling Sky,” the product of a true, real partnership of mutual respect and mutual learning, between Davi Kopenawa, a Yanomami intellectual, and Bruce Albert, a French anthropologist.Perhaps the most fundamental debate we need to pursue within journalism is how this ethical, and aesthetic, challenge can occupy journalistic production at this crucial moment, how we can collaborate with forest peoples in order to invade and occupy journalism through their own experiences—and not just by letting themselves be formatted by our model of the press. It seems to me this shouldn’t be just about occupying space, about Indigenous peoples, ribeirinhos, and quilombolasdoing journalism. It should also be about transforming space, transforming the very act of journalism.One of the ways to initiate this movement within the Rainforest Journalism Fund is to encourage the co-authorship of reporting projects, because the most effective way to occupy spaces of power…is by occupying spaces of power. And again, we must take up this challenge not because we are “cool,” or making a concession, or doing a favor—not even because it’s the most correct thing to do—but because we have much to learn and because we can teach. We need to invent ourselves another way around if we want to have a chance to confront this moment in which the human species has become the catastrophe it feared.Bolsonaro is not just a threat to the Amazon. He is a threat to the planet, exactly because he is a threat to the Amazon. Confronted with Bolsonarism’s accelerated force of destruction, we, of all nationalities, must do as the enslaved Africans who rebelled against their oppressors. We must forge quilombos. And since we don’t know how to do this, we will have to be humble enough to learn with those who do.What is best, and most powerful, about today’s Brazil and the Amazon, in all its regions, are the peripheries that demand to be the center. Our best chance lies in joining forces with the real center of the world where the dispute over the future is being waged, sometimes by bullet. This is the movement that we, journalists and scientists, must humbly serve. I hope the forest peoples can, after everything we have done against their bodies, accept us alongside them in the fight.

Arquivado em: Água, Biodiversidade, Ecologia Marcados com as tags: Amazônia, Elaine Brum

Fármacos, analgésicos, cosméticos e outros permanecem na água tratada

25 de julho de 2019 por Luiz Jacques

Cientistas da USP trabalham para “limpar” água contaminada – Foto: Henrique Fontes/IQSC

https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-ambientais/dificeis-de-remover-farmacos-cosmeticos-e-outros-compostos-contaminam-recursos-hidricos/

Você sabia que a água que você consome em sua casa pode não estar totalmente livre de impurezas? Esse risco existe quando produtos que utilizamos no dia a dia, como remédios, protetores solares e itens de higiene pessoal são encontrados em rios que abastecem municípios. As estações de tratamento de água não conseguem remover completamente esses compostos, já que não possuem equipamentos apropriados para a tarefa. Batizados de contaminantes emergentes, essas substâncias desafiam há anos centenas de cientistas brasileiros a buscarem soluções eficientes e a entenderem os impactos que elas podem causar ao meio ambiente e aos seres vivos.

Segundo o professor Eduardo Bessa Azevedo, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, o Brasil ainda não possui uma legislação que determine quantidades seguras desses contaminantes na água.

“São substâncias encontradas em pequenas concentrações, mas que, se consumidas por anos, podem trazer algum risco”, alerta.

Estudos indicam que o lançamento não controlado de fármacos nos corpos d’água pode, por exemplo, gerar o desenvolvimento de microrganismos resistentes a antibióticos. Caso haja a ingestão dessa água contaminada, seres humanos e animais estão sujeitos a problemas como disfunções no sistema endócrino e reprodutivo, além de distúrbios metabólicos. Diversos compostos químicos são capazes de interferir no metabolismo, entre eles, destacam-se os que estão presentes em hormônios, anti-inflamatórios, antidepressivos, hidrocarbonetos poliaromáticos e pesticidas.

A falta de efetividade no combate aos contaminantes emergentes preocupa os cientistas e acende o sinal de alerta na sociedade. “As estações de tratamento d’água (ETAs), basicamente, trabalham para retirar sua turbidez e torná-la potável. Elas têm uma capacidade limitada de remoção desses contaminantes, pois foram projetadas numa época em que não existia essa demanda”, explica o docente. De acordo com o Instituto Trata Brasil, quase 35 milhões de brasileiros não têm acesso ao abastecimento de água tratada. Em 2016, uma em cada sete mulheres do País não tinha acesso à água, enquanto 7,5% das crianças e dos adolescentes não possuíam água filtrada ou vinda de fonte segura.

Estações de tratamento de água não foram projetadas para detectar presença de contaminantes emergentes – Foto: SAAE São Carlos

A ciência entra em cena

Há algumas décadas, pesquisas têm chamado a atenção sobre os possíveis danos que os contaminantes emergentes podem causar aos recursos hídricos, fato que impulsionou o interesse da comunidade científica em busca de soluções para identificação, monitoramento e remoção dessas substâncias. No IQSC, o Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Ambientais (LDTAmb) está envolvido nesse desafio, criando alternativas promissoras. “Diferentemente das tecnologias tradicionais, as quais amenizam o problema da poluição, mas não o resolvem, as pesquisas desenvolvidas em nosso laboratório se preocupam em realmente destruir os contaminantes. Não basta reduzirmos a concentração de determinada substância se ela ainda continua com sua função biológica ativa, podendo trazer algum perigo”, afirma o professor Eduardo, que coordena o LDTAmb.

Uma das pesquisas desenvolvidas no Laboratório da USP é a de Maykel Marchetti, doutorando do IQSC. Após realizar um levantamento, o pesquisador descobriu quais eram os fármacos mais prescritos e consumidos no Brasil e, a partir dessa relação, determinou as quatro substâncias químicas mais prováveis de serem encontradas na água. São elas: paracetamol (analgésico), cetoprofeno (anti-inflamatório), diclofenaco (anti-inflamatório) e o ácido salicílico (utilizado no tratamento da acne). Com essas informações em mãos, Maykel desenvolveu um método analítico capaz de detectar e quantificar, simultaneamente, todos esses quatro fármacos em água e aplicou uma técnica para degradá-los, que funciona através de uma reação química envolvendo peróxido de hidrogênio (água oxigenada), oxalato de ferro e luz (LED). “Essa técnica nos permitiu fazer o tratamento da água em condições semelhantes às adotadas nas ETAs”, explica.

Após desenvolver um método para identificar, simultaneamente, quatro tipos de fármaco na água, Marchetti degradou as substâncias aplicando uma reação química – Foto: Henrique Fontes/IQSC

No laboratório, o pesquisador testou o procedimento de degradação proposto. Após dissolver os quatro contaminantes em água, adicionou à solução o oxalato de ferro e o peróxido de hidrogênio. Em seguida, a água foi colocada dentro de um reator com LEDs, onde ficou por aproximadamente 25 minutos reagindo. “Nós utilizamos uma concentração de contaminantes até um milhão de vezes maior do que a encontrada nas águas e, mesmo assim, atingimos uma porcentagem de 95% de degradação. No entanto, vale ressaltar que isso não significa que eles foram totalmente removidos, mas sim transformados em outras substâncias que precisam ter sua toxicidade analisada”, afirma o doutorando, que apresentou seu trabalho no 47º Congresso Mundial de Química da União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), que aconteceu em Paris (França) entre os dias 5 e 12 de julho.

Para validar seu método de detecção e quantificação dos fármacos, Marchetti estudou as águas superficiais de São Carlos, responsáveis pela metade do abastecimento do município, por meio do Córrego Espraiado e do Ribeirão Feijão. Durante um ano, o pesquisador coletou amostras mensais de água dos pontos de entrada e saída da estação de tratamento da cidade e, felizmente, não foi identificado nenhum dos quatro fármacos pesquisados. Contudo, um estudo realizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em 2014 revelou, após três anos de análises, a presença de cafeína, paracetamol, atenolol e dos hormônios estrona e 17-β-estradiol no Rio Monjolinho. Embora ele não seja utilizado para abastecimento público, os pesquisadores se preocupam com a conservação dos recursos hídricos e a proteção da vida aquática.

Pesquisador apresentou seu trabalho no 47º Congresso Mundial de Química da IUPAC – Foto: Henrique Fontes/IQSC

Planeta afetado

Os contaminantes emergentes já se tornaram um problema global, tendo sido encontrados em dezenas de países, inclusive no Brasil. Em Campinas (SP), amostras de ácido salicílico, paracetamol e cafeína já foram identificadas no Córrego Anhumas. Além de atuar como um indicador de contaminação por fármacos, a cafeína pode causar, em altas concentrações, problemas aos peixes, como a diminuição da capacidade de locomoção e a morte de embriões. Outra substância encontrada em águas brasileiras foi o diclofenaco, confirmada no Rio Pinheiros, na capital paulista, e no Rio Paraíba, que banha o Estado paraibano. Em âmbito internacional, rios de países como Estados Unidos, Espanha, Suíça e Costa Rica já sofrem com a presença desses contaminantes.

O descuido quanto ao descarte irregular de remédios é uma das principais causas do aparecimento desse tipo de contaminante na água. Despejar produtos vencidos na pia ou em vasos sanitários, por exemplo, faz com que as substâncias cheguem até rios e mananciais. Embora a mudança de alguns hábitos seja essencial para não acentuar ainda mais o problema, causas naturais também contribuem para essa contaminação. Afinal, parte do remédio que tomamos não é metabolizada pelo nosso organismo, sendo eliminada via urina, fezes ou suor. Situação semelhante ocorre quando tomamos banho após a utilização de protetor solar, ocasião em que o produto é eliminado pelo ralo, podendo chegar tanto a águas superficiais como subterrâneas. Por sua vez, fármacos utilizados na agropecuária também são capazes de contaminar os recursos hídricos.

Esquema mostra possíveis rotas dos contaminantes emergentes no meio ambiente – Arte: Maykel Marchetti, adaptado de Thomas Heberer (clique para ampliar)

Segundo a última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realiza pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 71,8% dos municípios brasileiros não apresentavam políticas de saneamento e, em 48,7% deles, não havia órgão fiscalizador da qualidade da água. Já de acordo com o Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas, divulgado em 2017 pela Agência Nacional das Águas (ANA), menos da metade dos esgotos do País é coletado e tratado e apenas 39% da carga orgânica gerada diariamente no Brasil é removida pelas estações de tratamento de esgoto antes dos efluentes serem lançados em rios.

Fazendo o dever de casa

Ações para melhorar a qualidade da água não podem se restringir apenas aos cientistas. Segundo o Instituto Trata Brasil, mais de 3,5 milhões de brasileiros, nas 100 maiores cidades do país, despejam esgoto irregularmente, mesmo tendo acesso a redes coletoras. Pequenas atitudes, se feitas em grande escala, podem ajudar a evitar uma contaminação ainda maior.

Professor Eduardo Bessa Azevedo coordena o Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Ambientais do IQSC – Foto: Henrique Fontes/IQSC

Segundo o professor Eduardo Bessa Azevedo, comportamentos que contribuam para a manutenção dos recursos naturais devem começar dentro de nossas casas. Afinal, não existe o “jogar fora”, pois, na verdade, tudo o que descartamos sempre irá para algum lugar, podendo gerar grandes prejuízos se feito de maneira impensada. Por isso, o docente faz um pedido: “Não descarte produtos em locais incorretos e evite usar água para o que não for necessário, como lavar a calçada. Se puder fazer limpeza a seco, priorize-a. As pessoas pensam que atitudes isoladas não trarão nenhuma melhora, mas imagine se todos resolvessem ajudar.”

Preocupados com o futuro de nossa água, os cientistas da USP continuarão em busca de novas alternativas para combater os contaminantes emergentes e, sem dúvida, motivações não irão faltar. “É uma questão de saúde pública, e trabalhar no desenvolvimento de soluções para o problema nos dá a certeza de que estamos fazendo o nosso papel”, finaliza Marchetti.

Com informações de Henrique Fontes – Assessoria de comunicação do IQSC/USP

Arquivado em: Aditivos / Plastificantes, Agrotóxico, Água, Disruptores Endócrinos, Estrogênios Artificiais, Globalização, Resíduos, Saúde Marcados com as tags: Antibióticos, Cosméticos, Potabilidade da água, Venenos ambientais

ONU Meio Ambiente alerta para riscos globais da poluição por químicos

3 de julho de 2019 por Luiz Jacques

ONU Meio Ambiente alerta para aumento da produção de químicos e riscos de poluição. Foto: Pixabay

https://nacoesunidas.org/onu-meio-ambiente-alerta-para-riscos-globais-da-poluicao-por-quimicos/

  • Publicado em 27/06/2019

Cerca de 400 milhões de toneladas de metais pesados, solventes, lama tóxica e outros dejetos de estabelecimentos industriais são despejados anualmente nas água do mundo. Além disso, fertilizantes nos ecossistemas costais já deixaram mais de 400 zonas oceânicas mortas, totalizando mais de 245 mil quilômetros quadrados – uma área maior que o Reino Unido.

Zonas Mortas
Distribuição de zonas mortas e áreas de risco nas áreas costeiras dos oceanos do planeta. Adaptado por Renata 

A principal abordagem global para promover a segurança química é a Abordagem Estratégica Internacional de Gestão de Químicos, das Nações Unidas, adotada de maneira não vinculativa em 2006. Infelizmente, seu objetivo de boas práticas de gestão de químicos até 2020 não deve ser atingido e ações continuadas serão necessárias. O relato é da ONU Meio Ambiente.

“O segundo Panorama de Químicos Global da ONU Meio Ambiente demonstra que as soluções existem, mas ações mais ambiciosas em todo mundo são urgentes para que possamos reduzir maiores danos para o planeta, a saúde humana e as economias”, disse Jacob Duer, diretor de químicos e saúde da ONU Meio Ambiente.

Químicos são parte integral de nossas vidas e estão presentes nos produtos que utilizamos em nosso cotidiano. No banheiro, por exemplo, o formaldeído integra o shampoo, as microesferas, as pastas de dente, os ftalatos, os esmaltes e os antimicrobianos os sabonetes, enquanto o armário de remédios contém um universo de fármacos sintéticos.

Na cozinha, um morango pode carregar vestígios de até 20 tipos diferentes de pesticidas. Sacos de lixo com cheiro e purificadores de ar contêm compostos orgânicos voláteis que podem causar náusea e dores de cabeça.

E a lista não para aí. Enquanto químicos trazem muitos benefícios, o aumento dramático de sua variedade e número significa que é vital gerir seus ciclos e garantir que não acabem afetando negativamente a saúde humana e o meio ambiente.

Ação global é urgente

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1,6 milhão de pessoas foram expostas a químicos nocivos em 2016. Um estudo de 2015 estimou que o custo de déficits neuro comportamentais causados por químicos tóxicos é superior a 170 bilhões de dólares por ano, apenas levando em conta a União Europeia.

A poluição química também contribui para a mudança climática, destrói a Camada de Ozônio e ameaça nossos ecossistemas.

A poluição plástica aumentou em 10 vezes desde 1980; 300–400 milhões de toneladas de metais pesados, solventes, lama tóxica e outros dejetos de estabelecimentos industriais são despejados anualmente nas água do mundo; e fertilizantes nos ecossistemas costais já causaram mais de 400 zonas oceânicas mortas, totalizando mais de 245 mil quilômetros quadrados – uma área maior que o Reino Unido.

A principal abordagem global para promover a segurança química é a Abordagem Estratégica Internacional de Gestão de Químicos, das Nações Unidas, adotada de maneira não vinculativa em 2006. Infelizmente, seu objetivo de boas práticas de gestão de químicos até 2020 não deve ser atingido e ações continuadas serão necessárias.

“O segundo Panorama de Químicos Global da ONU Meio Ambiente demonstra que as soluções existem, mas ações mais ambiciosas em todo mundo são urgentes para que possamos reduzir maiores danos para o planeta, a saúde humana e as economias,” disse Jacob Duer, diretor de químicos e saúde da ONU Meio Ambiente.

Suécia pede abordagem global mais ambiciosa

A Suécia está promovendo compromissos internacionais ambiciosos em relação a químicos e resíduos a partir de 2020.

Em março de 2018, o governo sueco acolheu o segundo encontro do chamado processo Pós – 2020 e, em julho de 2018, a Suécia e o Uruguai lançaram a ambiciosa aliança de químicos e resíduos, formada por países e atores que desejam fazer mais para enfrentar este desafio.

“Nossa ambição é liderar uma agenda global para químicos e dejetos para 2020 em diante. A aliança altamente ambiciosa está aberta a todos que quiserem liderar este trabalho importante”, disse Isabella Lövin, ministra do Meio Ambiente e do Clima, e vice-primeira ministra da Suécia.

Com a população mundial se aproximando de 8 bilhões, a boa gestão de químicos e resíduos é cada vez mais importante. Até 2025, as cidades do mundo produzirão 2,2 bilhões de toneladas de dejetos a cada ano, mais de três vezes a quantidade produzida em 2009. Em 2018, 48,5 milhões de toneladas de lixo eletrônico foram produzidos — uma quantidade que também deve crescer.

Um número limitado de químicos tem sido regulado a nível global, incluindo as convenções de Basel, Roterdã e Estocolmo; o Protocolo de Montreal; e a Convenção de Minamata.

Na opinião de Isabella, é necessária uma nova abordagem mais ambiciosa que elimine a maior parte dos químicos mais nocivos. Ela também pontua a importância de as pessoas receberem melhores informações sobre os químicos que estão nos produtos.

Arquivado em: Aditivos / Plastificantes, Agrotóxico, Água, Biotecnologia, Corporações, Estrogênios Artificiais, Globalização, Química Artificial, Resíduos, Saúde, Toxicologia Marcados com as tags: Contaminação ambiental, Saúde Pública, Venenos ambientais

Oceanos, o mistério do plástico desaparecido

13 de maio de 2019 por Luiz Jacques

[Nota do site: Documentário feito em 2016, mas que mostra o presente e o futuro da nossa geração e das futuras, denunciando nossa irresponsabilidade e negligência em nome de uma praticidade momentânea e estúpida. Mudar? Este é o anúncio à nossa inércia.]

Os 99% do plástico que deveriam estar flutuando nos oceanos desapareceram. Mesmo levando-se em conta aquele que se coleta das praias ou o que está entremeado no gelo ártico, são milhões de toneladas que simplesmente sumiram.

Como a maioria desta resina nunca se decompõe, simplesmente fragmenta-se em partículas cada vez menores que são imperceptíveis ao olho humano. Mas, o que sucede com este plástico do oceano que falta é um mistério. Em suas investigações, os cientistas se direcionam então na busca dos microplásticos. Pequenos, quase invisíveis e tóxicos, são o lar de um novo ecossistema: a plastisfera. Mas, onde estão? Ingeridos por organismos? Enterrados no mais fundo dos oceanos? Degradados pelas bactérias? E qual seu impacto na cadeia alimentar?

Oito milhões de toneladas de resíduos plásticos são lançados ao mar, chegando a formar novos ecossistemas. Alguns são quase imperceptíveis para os humanos. O documentário abaixo trata de resolver onde acabam estas partículas que resultam ser tóxicas.

O documentário “Océans, le mystère plastique” de Vicent Pérazio, do ano de 2016, ilustra o que está acontecendo com o plástico que se encontra nos oceanos do mundo. Para isso conta com uma equipe de pesquisadores internacionais que, há quatro anos, estudam a contaminação produzida pelo plástico ao mesmo tempo que buscam soluções para essa problemática.

O plástico é um material incrível pois ter características de leveza, impermeabilidade, maleabilidade, entre outras, sendo utilizado de maneira integral na atual sociedade de consumo que vivemos. No entanto, quando este material é descartamos torna-se um problema, pois muito dele pode terminar no mar, integrando-se aos ecossistemas oceânicos. Paradoxalmente é aí que se observa uma ínfima parte daquele que foi descartado, gerando o questionamento de onde ele estaria.

Na verdade, está por toda parte, dos polos aos trópicos, mas a maior quantidade não se pode perceber pois medem menos do que 5 mm. Mais da metade se acumula nos ‘giros oceânicos’: dois no Pacífico, dois no Atlântico e um no Índico, também conhecidos como continentes de plástico. Até a pouco se acreditava que ele aumentava nestes pontos, mas se dá o contrário, observa-se que a quantidade dele é estável e se mantém o mesmo com o tempo.

Segundo as investigações demonstradas no documentário, no mar só se pode evidenciar 1% do que foi descartado. Em 1950 se produzia 1,5 milhões de toneladas de plástico, hoje a produção está em torno dos 300 milhões de toneladas. E nos mares se estima que só estão flutuando 236 mil toneladas.

A engenheira Jenna Jambeck investigou por três anos as linhas costeiras de 192 países num perímetro de 50 km desde o qual poderiam estar os resíduos nos oceanos. Logo estimou a percentagem de plástico que foi mal gerido e quantificando, estimou que, em 2010, terminaram, nos mares, 8 milhões de toneladas de plástico. Dos 275 milhões de toneladas de resíduos plásticos, quase 32 milhões estão mal administrados (nem enterrados, reciclados ou incinerados) e 8 desses 32 milhões, acabam nos mares. Segundo Jambeck, se não se fizer algo hoje, em 2025 a quantidade será 10 vezes maior.

As zonas de acumulação que existem nos oceanos não são os pontos finais do plástico existem bastante zonas de fuga, portanto, qualquer partícula pode acabar em quaisquer partes do mundo. O plástico vai se fragmentando, tornando-se microplásticos menores que as aberturas das malhas das redes dos cientistas, o que se torna muito mais difícil de medir, capturar e controlar.

Em 2014 descobriu-se partículas de plástico no gelo do Ártico. Se este gelo se derretesse, poder-se-ia liberar um bilhão de partículas em um prazo de 10 anos. Torna-se assim, um dos maiores depósitos de resíduos plásticos existentes. Outro lugar onde encontraram microplásticos, foi nos corpos de animais marinhos, sobretudo os das zonas abissais. Em 2015, os cientistas descreveram 560 espécies que haviam visto serem afetadas pelo plástico. Esta cifra se multiplicou por 2 em 20 anos.

A pesquisadora Chelsea Rochman comenta que o plástico é como um coquetel de substâncias químicas que ao entrar no mar e interagir com outras partículas as atrai, acumulando e aumentando a toxicidade. Ao entrar em contacto com os animais armazena-se em seus tecidos e órgãos. A passagem dos microplásticos pelo corpo humano pelo consumo de animais marinhos está latente, mas seus efeitos nocivos ainda são desconhecidos.

Segundo os oceanógrafos possivelmente os plásticos também se comportem como dispersores de especies potencialmente perigosas para a biodiversidade marinha. Sua capacidade de dispersão é infinita. Ademais, sua lentidão de deslocamento dá tempo às espécies de se adaptarem.

As partículas de plástico convertem-se em habitats para os microrganismos e bactérias com potencial nocivo para animais e mesmo seres humanos. Ao mesmo tempo algumas destas bactérias aceleram o processo de descomposição do plástico ao metabolizá-los e consumi-los. Possivelmente estas bactérias hajam degradado os 99% do plástico que não se encontrou nos mares.

Concluindo, os dados não são conclusivos e o problema do plástico não desaparecerá magicamente. A natureza não sintetizará todos os resíduos que produz o consumo humano. A única forma de solucionar esta problemática é ser mais inteligente tanto na forma de produzir como utilizar e descartar o plástico.

Referencias
Arte France / Via Découvertes Production (Productor). (2016). Océans, le mystère plastique [Youtube].

Arquivado em: Água, Ecologia, Globalização, Vídeos Marcados com as tags: Oceanos e mares, Poluição dos oceanos

As mudanças climáticas estão reduzindo populações essenciais de peixes

10 de maio de 2019 por Luiz Jacques

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2019/04/mudancas-climaticas-pesca-peixes-reducao-populacao-oceano-aquecimento-global-comercio-industria-cardume

Por Sarah Gibbens

Quarta-feira, 24 Abril, 2019

Ao longo dos últimos 80 anos, o aquecimento global tem afetado populações de peixes em todo o mundo, e muitas foram drasticamente reduzidas. 

Ocean Warming Fisheries

Um cardume de peixes-cirurgiões nada no Parque Natural do Recife de Tubbataha.
FOTO DE DAVID DOUBILET, NAT GEO IMAGE COLLECTION
IMAGEM CEDIDA POR DAVID DOUBILET, NAT GEO IMAGE COLLECTION

Novo estudo publicado na revista científica Science descreve o impacto que oceanos mais quentes têm em espécies de peixes comercialmente importantes.

A indústria mundial da pesca depende de populações regionais de peixes que podem ser pescados pelo homem para fins econômicos. E, em média, os pesquisadores descobriram que o número de peixes em importantes populações ao redor do mundo foi reduzido em 4% desde 1930.

Populações localizadas no Mar do Japão e no Mar do Norte foram as mais afetadas. O número de peixes nesses locais foi reduzido em 35%. Entretanto, outros peixes se beneficiaram do aumento da temperatura das águas e suas populações cresceram, uma expansão que, de acordo com os cientistas, pode gerar uma competição não sustentável por recursos.

“Ficamos surpresos com a intensidade do impacto já causado pelo aquecimento nas populações de peixes”, afirma o principal autor do estudo, o ecologista Chris Free, da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara.

Medindo a temperatura do oceano

Para avaliar o efeito do aquecimento e da pesca predatória, Free começou a analisar dados de temperatura dos últimos 80 anos e compará-los à produtividade de uma determinada população de peixes durante os períodos nos quais a temperatura ficou acima da média. A equipe analisou 235 populações de 124 espécies de peixe em 38 regiões.

Águas mais quentes podem deixar alguns peixes menores devido ao estresse metabólico, dificultando a reprodução ou a busca por alimentos. Águas mais quentes também podem reduzir o número de zooplânctons, alimento essencial aos peixes. O impacto em organismos menores gera outros impactos no resto da cadeia alimentar.

No Mar do Norte e no Mar do Japão, onde os cientistas detectaram águas com temperaturas mais altas, foi descoberto que a pesca predatória havia tornado os peixes ainda mais vulneráveis.

“É o equivalente a dois golpes consecutivos”, afirma outro autor do estudo, Malin Pinsky, ecologista da Universidade de Rutgers. “Se a pesca já os prejudica, eles provavelmente têm uma resposta pior quando as temperaturas aumentam”.

“Quando Chris me mostrou esses números, fiquei realmente impressionado”, comenta Pinsky. “Sabíamos que os animais estavam buscando novos locais, mas eu não tinha percebido que já havia afetado a capacidade dessas populações de se reproduzirem”.

Mitigando o impacto do aquecimento

Ecologista de pesca Will White, da Universidade do Estado de Oregon, não participou do estudo de Free e Pinsky, mas diz que as conclusões dos autores destacam a importância de controlar as populações de peixes.

“Com muitos peixes na região da costa oeste, historicamente, temos um controle muito bom das populações, o que nos deu resiliência”, afirma White.

De 2014 a 2016, a costa oeste foi afetada pela presença mortal de uma mancha de água mais quente denominada “blob”. Quando essa mancha aqueceu as águas do Pacífico, ela matou organismos marinhos como os zooplânctons, o alimento dos salmões, prejudicando a saúde das lucrativas populações de salmão do estado de Oregon.

“Não tenho certeza se há uma forma de escaparmos disso”, diz White sobre o aquecimento agudo do oceano. Porém, em uma escala global menos dramática, ele diz que considerar o aquecimento dos oceanos pode ser uma importante ferramenta para o controle das populações de peixes.

Pinsky alerta que o crescimento das populações não deve ser considerado um bom sinal.

“Os peixes são como a história de Cachinhos Dourados”, afirma Pinsky. “Para alguns, é muito frio, mas aumentar a temperatura fará com que fique muito quente”.

O aumento de uma espécie também pode avançar sobre o território de outra espécie. Na região da costa da Nova Inglaterra, nos EUA, as populações de robalo aumentaram.

“O problema é que”, complementa ele, “os robalos gostam de comer lagosta. Conforme se tornam mais abundantes, podem começar a impactar a lagosta-americana. É preciso considerar todos esses efeitos secundários”.

Alimentando o planeta

Se a atual tendência de aumento populacional continuar, o mundo precisará dobrar sua produção de alimentos até 2050. Para compensar, líderes mundiais passaram a considerar o peixe como uma importante fonte de proteína para milhões de pessoas.

Em 2016, 171 milhões de toneladas de peixes foram retiradas do mar e espera-se que esse número aumente para 201 milhões ao longo dos próximos 10 anos.

“A segurança alimentar é uma grande preocupação”, afirma Pinsky. Estima-se que 3 bilhões de pessoas utilizem o peixe como fonte primária de proteína.

“Além disso”, complementa Pinsky, “também sabemos que os impactos são grandes para os que dependem da pesca para sobreviver”.

Ele acredita que um controle mais efetivo pode ajudar a mitigar o impacto do aquecimento. Criar zonas nas quais é proibido pescar, por exemplo, dá aos peixes tempo para se reproduzirem e voltarem a aumentar suas populações.

Por fim, Free diz que seu estudo destaca os impactos da queima de gases de efeito estufa, que não são poucos. Sem nenhuma ação, ele afirma que algumas populações de peixes provavelmente continuarão em declínio.

Ele complementa, “apenas precisaremos nos adaptar”.

Arquivado em: Água, Aquecimento Global, Mudanças Climáticas Marcados com as tags: Extermínio da pesca, Oceanos, Vida marinha

Saara e Amazônia, interação global

19 de novembro de 2018 por Luiz Jacques

Foto: Divulgação / Nasa

 

A poeira percorre um caminho do Saara até a Amazônia de mais de 2 mil quilômetros.

Sem dúvida que assim como o Brasil é um presente da Amazônia com seus rios voadores, a Amazônia vem sendo um presente do Saara.

 

 

Arquivado em: Água, Ecologia, Vídeos Marcados com as tags: Amazônia, Ecologia, Saara

  • Go to page 1
  • Go to page 2
  • Go to page 3
  • Interim pages omitted …
  • Go to page 44
  • Go to Next Page »

Sidebar primária

Busca do Site

Cadastro

Receba atualizações do site.

{captcha}

Categorias

  • Aditivos / Plastificantes
  • Agricultura
  • Agrotóxico
  • Água
  • Aquecimento Global
  • Biodiversidade
  • Biotecnologia
  • Corporações
  • Destaques
  • Disruptores Endócrinos
  • Ecologia
  • Energia
  • Engenharia Genética
  • Estrogênios Artificiais
  • Globalização
  • Meio Ambiente
  • Mudanças Climáticas
  • Notícias
  • Podcasting
  • Princípio da Precaução
  • Química Artificial
  • Relações Humanas
  • Resíduos
  • Revolução Industrial
  • Saúde
  • Sem categoria
  • Soluções / Alternativas
  • Sustentabilidade
  • Tecnologias
  • Toxicologia
  • Tradições
  • Vídeos

Tags

Agricultura Agricultura ecológica Agronegócio Agrotóxicos Alimentos Amazônia Aquecimento global Belo Monte Biodiversidade BPA Capitalismo Comunidades indígenas Corporações Crime corporativo Código Florestal Desmatamento Devastação ambiental Direitos humanos Disruptores endócrinos Ecologia Fome Glifosato Globalização Injustiça Justiça Lixo Mega hidrelétricas Mineradoras Monsanto Mudanças climáticas Plásticos Poder econômico Povos tradicionais Preservação ambiental Rio+20 saúde Saúde infantil Saúde Pública Sustentabilidade Terras ancestrais Transgênicos Transnacionais Venenos agrícolas Água Ética

Copyright © 2019 · Genesis Sample em Genesis Framework · WordPress · Login