Amazônia (Pág. 24 de 34)

Operação Tapajós: “Os Munduruku não querem guerra”. Entrevista especial com Roani Valle.

“Os Munduruku não querem guerra. Eles querem ser consultados aberta e coletivamente e querem que sua opinião tenha poder vinculante para a interrupção dessas obras”, diz Roani Valle à IHU On-Line, após visitar os indígenas Munduruku contrários à construção do complexo hidrelétrico do Tapajós, no Pará. O antropólogo esteve na aldeia Sawe Muybu no final de março e pôde visualizar a atuação da Força Nacional de Segurança na região. “Fiquei muito assustado com a situação. Tinha conhecimento da Operação Tapajós e sabia da tensão na área, só não imaginava tanto. Presenciei uma incursão noturna na aldeia perpetrada por homens estranhos, não identificados, fazendo algo semelhante ao que batedores fazem, observação sub-reptícia, sondagem, espionagem furtiva; eles atracaram no porto da aldeia por volta das 22h30 do dia 29 de março”, relata em entrevista concedida por e-mail.

“Não somos bandidos”, afirmam povo Munduruku.

Ignorados como se fossem mera paisagem, o povo munduruku continua denunciando o atropelo a seus direitos, nas margens do rio Tapajós, no Pará. Desde a última semana, o governo enviou a Força Nacional à região, para garantir que os estudos de impacto ambiental da hidrelétrica no Tapajós sigam em frente, mesmo sem a consulta aos índios que vivem ali.

Indígenas ameaçam guerra para barrar hidrelétricas no rio Tapajós.

Não houve acordo. O governo teve uma pequena amostra, na semana passada, da resistência que enfrentará para levar adiante seu projeto de construção de hidrelétricas ao longo do rio Tapajós, uma região isolada da Amazônia onde vivem hoje cerca de 8 mil índios da etnia munduruku. Um grupo de líderes de aldeias localizadas no Pará e no norte do Mato Grosso, Estados que são cortados pelo rio, esteve em Brasília para protestar contra ações de empresas na região, que realizam levantamento de informações para preparar o licenciamento ambiental das usinas.

Indústria apresentará proposta sobre recursos genéticos da Amazônia.

Na próxima semana, representantes de movimentos sociais que atuam na Amazônia brasileira vão receber a proposta do setor industrial para regular o uso e repartição de recursos genéticos cultivados e manejados pelas comunidades tradicionais da região, como os indígenas. A proposta é mais um passo na direção de um marco regulatório sobre o tema, que vem sendo discutido há quase dez anos no País.

Santarém, PA. Impactos ambientais irreversíveis.

Edilberto Sena, padre coordenador geral da Rádio Rural de Santarém, presidente da Rede Notícias da Amazônia – RNA e membro da Frente em Defesa da Amazônia – FDA, e membro da Comissão Justiça e Paz da diocese de Santarém, PA, enviou os dois artigos que publicamos a seguir. O primeiro artigo "Será que o Juiz Federal sabe o que é impacto ambiental irreversível?" foi publicado na imprensa de Santarém no dia 23 de janeiro. O segundo, "Errar é da natureza humana, mas permanecer no erro ultrapassa...", no dia 24 de janeiro.