“Não somos bandidos”, afirmam povo Munduruku.

Ignorados como se fossem mera paisagem, o povo continua denunciando o atropelo a seus direitos, nas margens do rio Tapajós, no Pará. Desde a última semana, o governo enviou a Força Nacional à região, para garantir que os estudos de impacto ambiental da hidrelétrica no Tapajós sigam em frente, mesmo sem a consulta aos índios que vivem ali.

 

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/519026–nao-somos-bandidos-afirmam-povo-munduruku

 

A reportagem é de Bernardo Camara e publicada pelo sítio Greepeace, 04-04-2013.

“As Forças Armadas estão espalhadas sobre o rio Tapajós, sobre a Transamazônica e nossos territórios, intimidando e ameaçando as pessoas, impedindo de navegar pelos nossos rios e circularmos livremente pelas estradas nas terras e aldeias”, denunciou o povo em carta ao governo, nesta segunda-feira.

Mas nada mudou. “As denúncias do povo munduruku são gravíssimas. Isso viola não só a lei brasileira, mas tratados internacionais”, afirma o jurista e ex-presidente da Funai, Carlos Marés. O fato de os índios não terem sido ouvidos sobre o projeto hidrelétrico já motivou, inclusive, ação do Ministério Público Federal.

“Temos uma ação desde o ano passado pedindo suspensão dos procedimentos da hidrelétrica como um todo, enquanto não forem feitos a avaliação ambiental integrada e a consulta aos povos indígenas”, diz o procurador Fernando Antonio Alves Junior.

Para o jurista Carlos Marés, o uso das forças armadas nesse episódio remete a um tempo sombrio do país. “Se o exército fosse usado para fiscalizar as derrubadas, a caça de animais, poderia ser razoável. Agora, ter o exército ‘para manter a lei e a ordem’ é uma frase que arrepia a espinha dos que viveram em 1964”, diz.

“O caso do povo munduruku é um exemplo claro de que o Brasil continua insistindo em um modelo de desenvolvimento ultrapassado, que atropela seus povos e suas florestas. Precisamos avançar para um novo tempo, em que o país cresça de modo equilibrado e valorizando nossos riquíssimos patrimônios ambiental e cultural”, defende Danicley de Aguiar, da campanha do Greenpeace.

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