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Professora da Universidade Federal do Ceará critica ideia de que é possível utilizar agrotóxicos de forma segura.

“O uso seguro de agrotóxicos é um mito”, diz Raquel Rigotto, professora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Participou como palestrante do Seminário Nacional Contra o Uso de Agrotóxicos, realizado de 14 a 16 de setembro na Escola Nacional Florestan Fernandes – Guararema, São Paulo. Coordenadora do Núcleo Tramas – Trabalho, Meio Ambiente e Saúde, pesquisa a relação entre agrotóxicos, ambiente e saúde no contexto da modernização agrícola no estado do Ceará. Nesta entrevista, ela defende o debate sobre uso de agrotóxicos como um tema estratégico e critica a ideia de que é possível utilizá-los de forma segura.

Uso combinado de agrotóxicos não é avaliado na prática.

A atualização do Dossiê da Abrasco referente aos alimentos contaminados por agrotóxicos, não só indica que 70% dos alimentos analisados foram cultivados com o uso de inseticidas, como informa que o glifosato, “o agrotóxico mais usado no Brasil”, não foi analisado nos testes e, portanto, a expectativa é de que “a contaminação seja muito maior”, disse Karen Friedrich, em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone.

A INSENSATEZ DA AGROQUÍMICA.

Desde milênios, desde que inventou a agricultura – um passo muito sério e talvez fatal na história da evolução orgânica – o homem vem enfrentando os problemas das enfermidades e pragas, ou parasitas, das plantas e animais domésticos. Para citar apenas um caso extremo, basta lembrar a grande fome na Irlanda no séc. XVIII, quando a Phytophtera acabou com as lavouras de batata, causando a morte por inanição de uma quarta parte da população do país e obrigando outra quarta parte a emigrar. A população da Irlanda ficou reduzida à metade. Em menor escala, quem, entre os que apreciam o seu jardim, ainda não se incomodou com a saúva, pulgões e lesmas ou com enfermidades criptogâmicas?

Agrotóxicos, Transgênicos e Lei de Biossegurança.

Entrevista feita pela TV Educativa do RS, Porto Alegre, em 05 de maio de 2015, com o engºagrº gaúcho Leonardo Melgarejo. Foi representante do Ministério de Desenvolvimento Agrário na CNTBio, Comissão Nacional de Biossegurança, responsável pela aprovação e liberação dos produtos geneticamente modificados para uso no Brasil. Atualmente é membro do Grupo de Estudos de Agrodiversidade e coordenador do grupo Agrotóxico e Transgênico da Associação Brasileira de Agroecologia.