https://www.nationalgeographic.com/science/health-and-human-body/human-body/chemicals-within-us/
POR DAVID EWING DUNCAN, jornalista, autor e pesquisador.
[Nota do website: Conforme apresenta a NPR (National Public Radio, organização de comunicação pública dos EUA), em setembro de 2006, o tema que aqui e agora é republicado:
“Vivemos em um mundo cheio de toxinas. O escritor de ciências David Ewing Duncan decidiu descobrir o quão poluído estava seu próprio corpo – e de onde vinham os produtos químicos. Ele escreve sobre estes resultados na edição escrita da revista National Geographic, de outubro de 2006 .
Duncan fez exame de seu sangue, em 14 tubos de coleta, em busca de vestígios de centenas de produtos químicos (nt.: importante ressaltar que, em sua grande maioria, são moléculas artificiais, sintetizadas por grandes corporações internacionais e colocadas indiscriminadamente, no ambiente planetário e que jamais existiram antes!) encontrados ao nosso redor – em nossas casas, escritórios e vizinhanças.
“Fui testado para 320 produtos químicos diferentes”, disse ele a Lynn Neary (nt.: veterana jornalista da NPR, aposentada no final de 2019) . “Isso é tudo, de DDT a PCBs, de plastificantes a retardantes de chama – todos os tipos de produtos químicos que existem por aí.”]
(NOTA DA TRADUÇÃO: abaixo está um resumo disponível no link acima da revista. Não conseguimos acessar ao texto original da matéria que tivemos a oportunidade de ler, naquele ano de 2006, na própria edição impressa em português. Mesmo que o texto original tenha sido bem mais extenso, com fotos e outros recursos que neste resumo não constam, o que está abaixo já é mais do que suficiente para termos a informação básica sobre a realidade da contaminação que todos já tínhamos, dentro de nossos corpos, isso há 14 anos. Imagina-se agora, já que, praticamente nada do que foi denunciado, saiu do mundo do consumidor no seu dia a dia).
REPUBLICADO A PARTIR DAS PÁGINAS DA REVISTA NATIONAL GEOGRAPHIC
Meu experimento de jornalista como cobaia está tomando um rumo perturbador.
Um químico sueco está ao telefone, falando sobre retardadores de chamas (nt.: como na sua maioria contam com halogênios, é importante se saber que hoje, em 2020, está claro que os produtos comerciais feitos com os elementos químicos Bromo, Flúor e Cloro, halogênios como o Iodo, poderão substitui-lo no hormônio da glândula tiroide, tiroxina. E quando isto ocorre poderá gerar o hipotiroidismo na mãe e nos fetos deficiências na formação, nos primeiros meses, de seu sistema cerebral, podendo ocorrer retardo mental e cretinismo. Ver o documentário da rede de tevê ‘Arte’ franco-alemã: “Demain, tous cretins?”). São produtos químicos adicionados para segurança a quase todos os produtos que podem queimar. Encontrados em colchões, tapetes, invólucros de plástico de televisores, placas de circuito eletrônico e automóveis, os retardadores de chama (nt.: importantíssima percepção dos tempos atuais que não corresponde ao tempo original desta reportagem, será por isso que o jornalista irá dizer que estas substâncias salvam vidas? por isso a importância de saber o que informa este link) salvam centenas de vidas por ano apenas nos Estados Unidos.
Eles, porém, estão onde não deveriam estar: dentro do meu corpo.
Åke Bergman, da Universidade de Estocolmo, disse que recebeu os resultados de uma análise química do meu sangue, que mediu os níveis de compostos retardadores de chama chamados éteres difenílicos polibromados (nt.: em inglês Polybrominated Diphenyl Ethers/PBDEs).
Em camundongos e ratos, altas doses de PBDEs interferem na função tireoidiana, causam problemas reprodutivos e neurológicos e dificultam o desenvolvimento neurológico (nt.: exatamente o que mostra o documentário franco-alemão em seres humanos). Pouco se sabe sobre seu impacto na saúde humana (nt.: conforme se constata pelos links agregados à tradução, os efeitos já são por demais conhecidos e arrasadores).
“Espero que você não esteja nervoso, mas essa concentração é muito alta (nt.: aqui tem outra característica muito comum quando se tratava deste tipo de moléculas: relação com a dose toxicológica ser ou não venenosa. Atualmente a dose é fisiológica, ver quadro elucidativo abaixo)”, diz Bergman com um leve sotaque sueco. “Meu nível de sangue de um PBDE particularmente tóxico, encontrado principalmente em produtos feitos nos Estados Unidos, é 10 vezes a média encontrada em um pequeno estudo com residentes nos EUA e mais de 200 vezes a média na Suécia. As notícias sobre outra variante do PBDE – também tóxica para os animais – é também tão ruim quanto os outros. Meus níveis estão altos como se eu fosse um trabalhador em uma fábrica que gera estes produtos”, diz Bergman.
Na verdade, sou um escritor engajado em uma jornada de autodescoberta química. No outono passado, fiz testes de 320 produtos químicos que eu poderia ter acumulado de alimentos, bebidas, do ar que respiro e dos produtos que aplico em minha pele. Agora são o meu próprio estoque secreto de compostos adquiridos durante minha existência.
Inclui também produtos químicos mais antigos aos quais eu poderia ter sido exposto décadas atrás, como o DDT e os PCBs; poluentes como chumbo, mercúrio e dioxinas; agrotóxicos e ingredientes plásticos mais recentes; e os compostos quase milagrosos que se escondem logo abaixo da superfície da vida moderna, tornando os xampus perfumados, as panelas antiaderentes e os tecidos resistentes à água e ao fogo (nt.: aqui é importante se observar que não está havendo uma distinção entre os elementos químicos que podem ser venenos e que existem na natureza dos que foram artificialmente criados pela mão humana).
Os testes são muito caros para a maioria dos indivíduos – a National Geographic pagou pelos meus, que normalmente custariam, cerca de US $ 15.000 – e apenas alguns laboratórios têm experiência técnica para detectarem os vestígios envolvidos. Fiz os testes para saber quais substâncias se acumulam em um americano típico ao longo da vida e de onde podem vir. Eu também estava procurando uma maneira de pensar sobre riscos, benefícios e incertezas – as complexas compensações incorporadas no “peso da contaminação corporal” química que gira dentro de todos nós.
Agora estou aprendendo mais do que realmente quero saber.
Bergman quer descobrir a fundo o meu misterioso retardador de chamas.
Comprei móveis ou tapetes novos recentemente? Não.
Passo muito tempo perto de monitores de computador? Não, eu uso um laptop de titânio.
Moro perto de uma fábrica de retardadores de chama? Não, a mais próxima está a mais de 1.600 quilômetros de distância.
Então eu tenho uma ideia: “E os aviões?” Pergunto eu.
“Sim”, diz ele, “você voa muito?”
“Eu voei quase 200.000 milhas (320.000 quilômetros) no ano passado”, digo. Na verdade, enquanto falava com Bergman, eu estava sentado em um aeroporto esperando um vôo de minha cidade natal, San Francisco para Londres.
“Interessante”, diz Bergman, me contando que há muito tempo está curioso sobre a exposição a PBDEs dentro dos aviões (nt.: um amigo pessoal do tradutor, trabalhou muitos anos em uma pequena fábrica de aviões junto ao aeroporto em Porto Alegre/RS. Quando perguntado, na época da publicação impressa, sobre este fato, relatou que eram obrigados a aplicarem ‘fartamente’ estas substâncias nos interior das avionetas) cujos interiores de plástico e tecido (nt.: sintéticos, artificiais, como poliéster e outros, originários da petroquímica) são encharcados de retardadores de chama para se atender os padrões de segurança estabelecidos pela U.S. Federal Aviation Administration e seus homólogos no exterior. “Estou inclinado a solicitar um apoio financeiro para testar os pilotos e a tripulação quanto aos PBDEs”, diz Bergman no momento em que ouço meu voo ser anunciado no alto-falante. Mas, por enquanto, esta conexão da contaminação ser do que se coloca nos aviões é apenas uma hipótese (nt.: até hoje desconhecemos se há ou não alguma pesquisa desta presença e contaminação dos retardadores e a vida aeroviária).
Onde eu me contaminei com esse produto químico do qual eu não tinha ouvido falar até algumas semanas atrás, permanece um mistério. E há uma questão maior: o quão preocupado eu deveria estar?
O mesmo pode ser perguntado sobre outros produtos químicos que absorvi do ar, da água, da frigideira antiaderente que usei para mexer meu omelete nesta manhã, meu shampoo levemente perfumado, bem como da curva elegante que empunho do meu telefone celular. Estou saudável e, pelo que sei, não tenho sintomas associados à exposição a produtos químicos. Em grandes doses, algumas dessas substâncias, de mercúrio a PCBs e dioxinas – esses, notórios contaminantes do agente laranja (nt.: lembrar que foi a arma química utilizada pelos EUA na guerra do Vietnã e que gera até hoje, 50 anos depois de seu término, muitas e muitas crianças deficientes e aleijadas) -, têm efeitos horríveis. Mas muitos toxicologistas – e não apenas aqueles que têm ligações com a indústria química – insistem que as minúsculas partículas químicas dentro de nós não são nada com que se preocupar (nt.: muitos cientistas ainda estavam condicionados à questão da dose e como muitas vezes elas eram mínimas, parecia então que não havia efeitos deletérios, como se verá no parágrafo a seguir. No entanto, com a concepção da dose fisiológica, o envenenamento vem se confirmando cada vez maior em razão da ciência permanecer no velho paradigma da dose. Para melhor compreender este fato, a tradução coloca o quadro abaixo para se reconhecer que os efeitos dos disruptores endócrinos, maioria destas substâncias, atuam nas mesmas doses infinitesimais dos hormônios que mimetizam).
“Em toxicologia, a dose é tudo”, diz Karl Rozman, toxicologista da University of Kansas Medical Center, “e essas doses são muito baixas para serem perigosas.” Uma parte por bilhão (ppb), uma unidade padrão para medir a maioria dos produtos químicos dentro de nós, é como colocar meia colher de chá de tinta vermelha em uma piscina olímpica. Além do mais, algumas das substâncias mais temidas, como o mercúrio, se dissipam em dias ou semanas – ou se dissipariam se não fôssemos constantemente expostos.
Ainda assim, embora muitas estatísticas de saúde tenham melhorado nas últimas décadas, algumas doenças estão aumentando misteriosamente. Do início dos anos 1980 até o final dos anos 1990, o autismo aumentou dez vezes (nt.: uma das razões são estes fatos deste link); do início dos anos 1970 até meados dos anos 1990, um tipo de leucemia aumentou 62%, os defeitos congênitos masculinos dobraram e o câncer cerebral na infância aumentou 40%. Alguns especialistas suspeitam de uma ligação com os produtos químicos sintéticos que permeiam nossos alimentos, água e ar. Existem poucas evidências firmes. Mas com o passar dos anos, um produto químico após o outro que se pensava ser inofensivo acabou se revelando assim que os fatos foram revelados.
O exemplo clássico é o chumbo. Em 1971, o US Surgeon General declarou que os níveis de chumbo de 40 microgramas por decilitro de sangue eram seguros. Sabe-se agora que qualquer chumbo detectável pode causar danos neurológicos em crianças, reduzindo pontos de QI.
Do DDT ao PCBs, a indústria química lançou os compostos primeiro e descobriu depois os efeitos prejudiciais à saúde. Os reguladores freqüentemente permitem um padrão de inocência até que se prove a culpa no que o Dr. Leonardo Trasande, um pediatra e especialista em saúde ambiental do Hospital Mount Sinai na cidade de Nova York, chama de “um experimento não controlado com crianças da América”.
A cada ano, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos/EPA analisa uma média de 1.700 novos compostos que a indústria está tentando introduzir. Ainda assim, a Lei de Controle de Substâncias Tóxicas de 1976 exige que eles sejam testados para quaisquer efeitos nocivos antes da aprovação apenas se houver evidência de dano potencial – o que raramente é o caso para novos produtos químicos (nt.: aqui se vê a ideologia de que o quê a indústria cria sempre tem o pressuposto de ser inócuo, eficiente e salvador). A agência aprova cerca de 90 por cento dos novos compostos sem restrições. Apenas um quarto dos 82.000 produtos químicos em uso nos Estados Unidos já foram testados quanto à toxicidade.
Até recentemente, ninguém havia medido os níveis médios de exposição entre um grande número de americanos. Nenhuma regulamentação exigia isso, os testes são caros e não existia tecnologia sensível o suficiente para medir os menores níveis.
No ano passado, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças/CDCs deram um passo para preencher essa lacuna ao divulgarem dados sobre 148 substâncias, do DDT e de outros agrotóxicos a metais, PCBs e ingredientes plásticos, medidos no sangue e na urina de vários milhares de pessoas. O estudo disse pouco sobre os impactos na saúde das pessoas testadas ou como elas podem ter se contaminado com os produtos químicos. “A boa notícia é que estamos obtendo dados reais sobre os níveis de exposição”, disse James Pirkle, o principal autor do estudo. “Isso nos dá um ponto de partida.”
Comecei minha própria jornada química em uma manhã de outubro no Hospital Mount Sinai, na cidade de Nova York, onde doei urina e tirei sangue sob a supervisão de Leo Trasande. Ele é especializado em exposições infantis ao mercúrio e outras toxinas cerebrais. Ele concordou em ser um dos vários consultores especialistas neste projeto, que começou quando um flebotomista do Sinai que me coletou 14 tubos de coleta com meu sangue – tanto que no frasco 12 eu me senti tonto e suei frio. No frasco 13, Trasande agarrou os sais aromáticos, que atingiram as minhas narinas como uma lufada de fogo e me permitiram terminar.
De Nova York, minhas amostras foram enviadas para o Axys Analytical Services na Ilha de Vancouver, no Canadá, um dos vários laboratórios de última geração especializados em detecção química sutil, analisando de tudo, desde ovos de águia a tecido humano para pesquisadores e agências governamentais. Algumas semanas depois, segui minhas amostras para o Canadá para ver como o Axys vasculhava as minúsculas cargas de compostos dentro de mim.
Observei as amostras passarem por vários estágios de processamento, que lentamente separou conjuntos de substâncias químicas-alvo de milhares de outros compostos, naturais e não naturais, em meu sangue e urina. Os extratos foram então para uma sala limpa de alta tecnologia contendo espectrômetros de massa, dispositivos elegantes do tamanho de um freezer que funcionam lançando os componentes de uma amostra através de um vácuo, por um longo tubo. Ao longo do caminho, um campo magnético desvia as moléculas, com moléculas mais leves desviando mais. A quantidade exata de deflexão indica o tamanho e a identidade de cada molécula.
Algumas semanas depois, o Axys me enviou meus resultados – uma grade de números em partes por bilhão ou trilhão – e eu comecei a aprender, da melhor maneira que pude, de onde vinham esses traços tóxicos.
Alguns deles datam de minha época no útero, quando minha mãe baixou parte de sua própria contaminação de carga química através da placenta e do cordão umbilical. Outros mais viriam depois que nasci, no leite materno.
Depois de desmamado, comecei a coletar meus próprios produtos químicos enquanto crescia no nordeste do Kansas, a alguns quilômetros de Kansas City. Lá, passei incontáveis dias quentes e úmidos de verão brincando em um lixão perto do rio Kansas. Situado em um penhasco de calcário alto acima da rápida água marrom alinhada por choupos e trilhos de trem, o lixão era um filão de garrafas velhas, máquinas quebradas, volantes e outros itens que apenas meninos podem apreciar plenamente.
Isso foi no final da década de 1960, e meus amigos e eu não tínhamos como saber que esse lixão mais tarde seria declarado um site de Superfund da U.S. EPA/Environmental Protection Agency, na Lista de Prioridade Nacional para lugares perigosos que deveriam ser descontaminados. Descobriu-se que durante anos, empresas e indivíduos neste canto do Condado de Johnson despejaram milhares de quilos de material contaminado com produtos químicos tóxicos aqui. “Foi iniciado como um aterro de resíduos antes mesmo que houvesse quaisquer regras e regulamentos sobre como os aterros deveriam ser feitos”, disse Denise Jordan-Izaguirre, representante regional da Agência Federal para Registro de Substâncias Tóxicas e Doenças. “Havia rejeitos de metal e metais pesados despejados lá. Não era vedado, não tinha restrições, então as crianças tinham acesso a ele.”
Crianças gostam de mim.
Agora tampado, selado e monitorado de perto, o lixão, chamado de Doepke-Holliday, também fica a meia milha (0,8 quilômetros) rio acima de uma fonte de água do condado que fornecia água potável para minha família e 45.000 outras residências. “Pelo que podemos coletar, havia contaminantes indo para o rio”, disse Shelley Brodie, gerente de projeto de correção da EPA para Doepke. Na década de 1960, o município tratava a água retirada do rio, mas não de todos os contaminantes. Água potável também veio de 21 poços que drenavam o aquífero próximo a Doepke.
Quando eu era menino, meu canto do Kansas era imundo e o lixão não era a única fonte de toxinas. A indústria se alinhava ao longo do rio a alguns quilômetros de distância – fábricas de carros, sabão, fertilizantes e outros produtos químicos agrícolas – e uma usina de energia expelia gases. Quando passamos pelas fábricas em direção ao centro de Kansas City, mergulhamos em uma nuvem nociva que envolveu o carro com fumaça e um fedor terrível de produtos químicos. As chamas subiram das pilhas de fertilizantes, queimando plumas amarelo-mostarda de sódio e dejetos animais despejados no rio. Nas fazendas próximas, caminhões e espanadores pulverizavam DDT e outros agrotóxicos em grandes nuvens fofas pelas quais nós, crianças, às vezes andávamos de bicicleta, prendendo a respiração e nos sentindo muito corajosos.
Hoje o ar está limpo, e o rio está livre de efluentes – um testemunho visível do sucesso da limpeza ambiental dos Estados Unidos, estimulada pelas Leis do Ar Limpo e da Água Limpa dos anos 1970. Mas os resultados dos meus testes no Axys parecem um diário químico de 40 anos atrás. Meu sangue contém traços de vários produtos químicos agora proibidos ou restritos, incluindo DDT (como seu metabólito na forma de DDE, um de seus produtos de degradação) e outros venenos agrícolas, como os matadores de cupins organoclorados: clordano e heptacloro. Os níveis são aproximadamente os que você esperaria décadas após a exposição, diz Rozman, o toxicologista da University of Kansas Medical Center. Minha infância brincando no lixão, bebendo água e respirando o ar poluído também pode explicar parte do chumbo e dioxinas no meu sangue, diz ele.
Fui para a faculdade em um local e época que me colocaram no auge da exposição a outro conjunto de substâncias encontradas dentro de mim – PCBs, antes usados como isoladores elétricos e fluidos de troca de calor em transformadores e outros produtos. Eles podem se esconder no solo em qualquer lugar onde haja um lixão ou uma velha fábrica. Mas alguns dos maiores lançamentos ocorreram ao longo do rio Hudson em Nova York, dos anos 1940 aos anos 1970, quando a General Electric usava PCBs em fábricas nas cidades de Hudson Falls e Fort Edward. Cerca de 140 milhas (225 quilômetros) rio abaixo fica a cidade de Poughkeepsie, onde frequentei o Vassar College no final dos anos 1970.
PCBs, líquidos oleosos ou sólidos, podem persistir no meio ambiente por décadas. Em animais, eles prejudicam a função hepática, aumentam os lipídios do sangue e causam câncer. Alguns dos 209 diferentes PCBs se assemelham quimicamente às dioxinas e causam outros danos em animais de laboratório: danos ao sistema reprodutivo e nervoso, bem como problemas de desenvolvimento. Em 1976, a toxicidade dos PCBs era inconfundível; os Estados Unidos os baniram e a GE parou de usá-los. Mas até então, ela despejava legalmente os PCBs em excesso no Hudson, que os arrastou rio abaixo até Poughkeepsie, uma das oito cidades que extraem água potável do Hudson.
Em 1984, um trecho de 320 km (321,9 quilômetros) do Hudson, de Hudson Falls a Nova York, foi declarado um local de necessidade de satisfazer o que determina a norma do Superfund e planos para livrar o rio de PCBs foram iniciados. A GE gastou 300 milhões de dólares na limpeza até agora, dragando e descartando PCBs nos sedimentos do rio sob a supervisão da EPA. Também está trabalhando para impedir o vazamento de PCBs das fábricas no rio.
Acredita-se que pássaros e outros animais selvagens ao longo do Hudson tenham sofrido com a poluição, mas seu impacto sobre os humanos é menos definitivo. Um estudo nas comunidades do Rio Hudson encontrou um aumento de 20% na taxa de hospitalização por doenças respiratórias, enquanto outro, mais tranquilizador, não encontrou nenhum aumento nas mortes por câncer na região contaminada. Mas entre muitos dos habitantes locais, o medo é palpável.
“Eu cresci a um quarteirão da fábrica de Fort Edward“, diz Dennis Prevost, um oficial aposentado do Exército e defensor da saúde pública, que culpa os PCBs pelos cânceres cerebrais que mataram seu irmão aos 46 anos e uma vizinha de 20 anos. “Os PCBs migraram sob o estacionamento e para o aquífero comunitário”, que Prevost diz ser a fonte de água potável de Fort Edward até que a água municipal substituiu os poços em 1984.
Ed Fitzgerald, da Universidade Estadual de Nova York em Albany, ex-cientista da equipe do Departamento de Saúde do Estado, está conduzindo o estudo mais completo já feito sobre os efeitos dos PCBs na área. Ele diz que explicou a Prevost e outros residentes que o risco dos poços era provavelmente pequeno porque os PCBs tendem a se depositar no fundo de um aquífero. Comer peixes contaminados capturados no Hudson é uma rota de exposição mais provável, diz ele.
Não comi muito peixe do Rio Hudson durante meus dias de faculdade na década de 1970, mas a água potável em meu dormitório poderia conter vestígios de PCBs despejando no rio acima. Pode ser assim que peguei minha carga corporal de PCB, que era a média para um americano. Ou talvez não. “Os PCBs estão por toda parte”, diz Leo Rosales, um funcionário local da EPA, “então quem sabe onde você os conseguiu.”
De volta a casa em San Francisco, encontro uma geração mais nova de produtos químicos industriais – compostos que não são proibidos e, como os retardadores de chama, estão aumentando ano a ano no meio ambiente e em meu corpo. Bebendo água após o treino, eu poderia estar me expondo ao Bisfenol A/BPA, um ingrediente em plásticos rígidos, desde garrafas d’água até óculos de proteção. O Bisfenol A causa anomalias no sistema reprodutor em animais. Meus níveis estavam tão baixos que eram indetectáveis - um raro momento de alívio em minha odisseia tóxica.
E aquele leve aroma de lavanda enquanto eu shampoo meu cabelo? Crédito aos Ftalatos, moléculas que dissolvem fragrâncias, engrossam loções e adicionam flexibilidade ao PVC (nt.: também conhecido como vinil e em inglês vinyl) e em produtos feitos com esta resina plástica, entre eles os tubos intravenosos em hospitais. Os painéis da maioria dos carros estão carregados de Ftalatos e, também, de embalagens de plástico para alimentos. O calor e o desgaste podem liberar moléculas deste plastificante e os humanos os engolem ou absorvem pela pele. Como eles se dissipam após alguns minutos a algumas horas no corpo, os níveis da maioria das pessoas flutuam durante o dia.
Como o BPA, os Ftalatos interrompem o desenvolvimento reprodutivo em camundongos. Um painel de especialistas convocado pelo Programa Nacional de Toxicologia concluiu recentemente que, embora as evidências até agora não provem que os Ftalatos representam qualquer risco para as pessoas, elas causam “preocupação”, especialmente sobre os efeitos potenciais em bebês. “Não temos dados em humanos para saber se os níveis atuais são seguros”, disse Antonia Calafat, especialista em Ftalatos do CDC/Centers for Disease Control and Prevention. Tive uma pontuação mais alta do que a média em cinco dos sete Ftalatos testados. Um deles, o monometilftalato/MMP, chegou a 34,8 ppb, entre os 5 por cento superiores para os americanos. Leo Trasande especula que alguns de meus níveis de Ftalato estavam altos porque dei minha amostra de urina pela manhã, logo depois de tomar banho e lavar o cabelo.
Meu inventário de produtos químicos domésticos também inclui ácidos perfluorados/PFAS (nt.: atualmente estes produtos estão sendo considerados como PFCs ou Perfluorados Compostos; também considerados como ‘Forever Chemicals‘, ou seja, ‘químicos para sempre’, querendo informar que estes químicos jamais se decomporão!) – compostos resistentes quimicamente que entram na fabricação de revestimentos antiaderentes e resistentes a manchas. A 3M também os usou em seus produtos protetores Scotchgard até descobrir que os compostos PFA específicos em Scotchgard estavam escapando para o meio ambiente e os eliminou gradualmente. Em animais, esses produtos químicos danificam o fígado, afetam os hormônios da tireoide e causam defeitos de nascença e talvez câncer, mas não se sabe muito sobre sua toxicidade em humanos.
A poluição de longo alcance também deixou sua marca em meus resultados: meu sangue continha níveis baixos, provavelmente inofensivos, de dioxinas, que escapam das fábricas de papel, certas fábricas de produtos químicos e incineradores. No meio ambiente, as dioxinas se depositam no solo e na água e, em seguida, passam para a cadeia alimentar. Eles se acumulam na gordura animal e a maioria das pessoas os obtém a partir de carnes e laticínios.
E há o mercúrio, uma neurotoxina que pode prejudicar permanentemente a memória, os centros de aprendizagem e o comportamento. As usinas de energia a carvão são uma importante fonte de mercúrio, enviando-o para a atmosfera, onde se dispersa com o vento, cai na chuva e, eventualmente, lava em lagos, riachos ou oceanos. Lá, as bactérias o transformam em um composto chamado metilmercúrio, que sobe na cadeia alimentar depois que o plâncton o absorve da água e é comido por pequenos peixes. Grandes peixes predadores no topo da cadeia alimentar marinha, como o atum e o peixe-espada, acumulam as maiores concentrações de metilmercúrio – e o passam para os amantes de frutos do mar.
[NOTA DO WEBSITE: estes três parágrafos seguintes são fundamentais – importantíssimos – para podermos entender o que significa a presença de mercúrio nos garimpos que hoje invadem as áreas indígenas. Nos três parágrafos, o jornalista informa que o mercúrio usado desde a época da Corrida do Ouro no século XIX, na Califórnia, mais ou menos na metade do século, ainda permanece no ambiente e nas águas da Baía de San Francisco. Ou seja, jogado lá há quase dois séculos! Agora imagine-se todo o mercúrio que está entrando na Amazônia por quantos e quantos tempos não estará envenenando todo aquele bioma repleto de vida e de povos que sempre viveram e conservaram aquele patrimônio da humanidade. É um crime impetrado por todos os administradores públicos de todos os níveis, neste país, que irresponsavelmente se omitem quando não incentivam esta barbárie].
Para as pessoas no norte da Califórnia, a exposição ao mercúrio também é um legado da corrida do ouro 150 anos atrás, quando os mineiros usavam mercúrio, ou mercúrio líquido, para separar o ouro de outros minérios na miscelânea de minas em Sierra Nevada. Ao longo das décadas, riachos e águas subterrâneas lavaram os sedimentos carregados de mercúrio dos rejeitos da antiga mina e os levaram para a Baía de São Francisco.
Não como muito peixe e os níveis de mercúrio no meu sangue eram modestos. Mas eu me perguntei o que aconteceria se eu me empanturrasse com peixes grandes por uma ou duas refeições. Certa tarde, comprei um alabote e um peixe-espada em um mercado de peixes no antigo Ferry Building, na baía de São Francisco. Ambos foram apanhados no oceano fora da Golden Gate, onde podem ter recolhido mercúrio das antigas minas. Naquela noite, comi o linguado com manjericão e uma pitada de molho de soja; engoli o peixe-espada no café da manhã com ovos (cozidos na minha frigideira antiaderente).
Vinte e quatro horas depois, meu sangue foi coletado e novamente testado. Meu nível de mercúrio mais do que dobrou, de 5 microgramas por litro para 12 acima do recomendado. Mercúrio a 70 ou 80 microgramas por litro é perigoso para adultos, diz Leo Trasande, e níveis muito mais baixos podem afetar crianças. “As crianças sofreram perdas de QI em 5,8 microgramas.” Ele me aconselha a evitar repetir a experiência deste empanturramento de peixe (nt.: este destaque de ter usado o itálico nos 3 parágrafos acima foi uma decisão da tradução para ressaltar o que vivemos hoje na Amazônia com os garimpos ilegais, que se refletirá por um tempo inimaginável no futuro).
É muito mais difícil evitar os retardadores de chama PBDE responsáveis pelos resultados mais preocupantes dos meus testes. Meu mundo – e o seu – ficou saturado deles desde que foram introduzidos há cerca de 30 anos.
Os cientistas encontraram os compostos em todo o planeta, em ursos polares no Ártico, cormorões na Inglaterra e orcas no Pacífico. Bergman, o químico sueco, e seus colegas chamaram a atenção para os riscos potenciais à saúde em 1998, quando relataram um aumento alarmante de PBDEs no leite materno, de nenhum no leite preservado em 1972 para uma média de quatro ppb em 1997.
Os compostos escapam de plásticos e tecidos tratados em partículas de poeira ou como gases que aderem à poeira. As pessoas inalam a poeira; bebês que engatinham no chão recebem uma dose especialmente alta. Bergman descreve uma família, testada em Oakland, Califórnia, pelo Oakland Tribune, cujos dois filhos pequenos tinham níveis sanguíneos ainda mais altos que os meus. Quando ele e seus colegas resumiram os resultados do teste para seis PBDEs diferentes, eles encontraram níveis totais de 390 ppb na menina de cinco anos e 650 ppb – o dobro do meu total – no menino de 18 meses.
Em 2001, pesquisadores na Suécia alimentaram ratos jovens com uma mistura de PBDH semelhante a uma usada em móveis e descobriram que eles se saíram mal em testes de aprendizagem, memória e comportamento. No ano passado, cientistas da Charité University Medical School de Berlim relataram que ratas grávidas com níveis de PBDE não superiores aos meus deram à luz filhotes machos com problemas de saúde reprodutiva.
Linda Birnbaum, especialista da EPA nesses retardadores de chama, diz que os pesquisadores terão que identificar muito mais pessoas com altas exposições ao PBDE, como famílias de Oakland e eu, antes que possam detectar quaisquer efeitos humanos. Bergman diz que em uma mulher grávida meus níveis seriam preocupantes. “Qualquer nível acima de cem partes por bilhão/ppb é um risco para os recém nascidos”, ele conjetura. Ninguém sabe ao certo (nt.: conforme se mencionou acima com o documentário franco-alemão, a devastação em fetos hoje é inquestionável).
Qualquer margem de segurança pode estar diminuindo. Em uma revisão de vários estudos, Ronald Hites, da Universidade de Indiana, descobriu um aumento exponencial em pessoas e animais, com os níveis dobrando a cada três a cinco anos. Agora, os CDCs está colocando um estudo abrangente dos níveis de PBDE nos EUA em um caminho rápido, com resultados previstos no final deste ano. Pirkle, que está conduzindo o estudo, diz que meus níveis aparentemente extremos podem não estar mais fora do comum. “Avisaremos”, diz ele.
Dadas as incertezas, por que se arriscar com esses produtos químicos? Por que não bani-los imediatamente?
Em 2004, a Europa fez exatamente isso para os penta e octa-BDEs (nt.: importante ler este link onde mostra que estas moléculas, com bromo, são estruturalmente semelhantes aos famigerados PCBs, com cloro. Ou seja, estes dois são halogênios, e como se informa acima, podem substituir o Iodo do hormônio da tiroide da mãe, a tiroxina, podendo afetar o desenvolvimento do sistema cerebral dos fetos com possível retardo mental e cretinismo), que os testes em animais sugerem ser os mais tóxicos dos compostos. A Califórnia também proibirá estas formas até 2008 (nt.: conforme consta teriam sido proibidos no início de 2007) e, em 2004, a Chemtura, uma empresa de Indiana que é a única fabricante americana de pentas e octas, concordou em eliminá-los. Atualmente, não há planos para banir os deca-BDEs muito mais comuns. Eles se decompõem mais rapidamente no ambiente e nas pessoas, embora seus produtos de degradação possam incluir as mesmas velhas pentas e octas.
Nem está claro que banir um produto químico suspeito é sempre a melhor opção. Camas flamejantes e assentos de avião também não são uma perspectiva convidativa. A Universidade de Surrey, na Inglaterra, avaliou recentemente os riscos e benefícios dos retardadores de chama em produtos de consumo. O relatório concluiu: “Os benefícios de muitos retardadores de chama na redução do risco de incêndio superam os riscos para a saúde humana.”
Afinal, com exceção de alguns poluentes, todo produto químico industrial foi criado para um propósito. Até mesmo o DDT, o arqui-vilão do livro clássico de Rachel Carson, Silent Spring , de 1962 , que lançou o movimento ambientalista moderno, já foi aclamado como uma substância milagrosa porque matou os mosquitos que carregam a malária, a febre amarela e outros flagelos (nt.: observe-se que muitas destes ‘flagelos’ foram ampliados e tornados doenças pelas ações da civilização invasora europeia que invadiu e não teve a humildade de, pelo menos observar, se não acolher a forma de viver, nos ambientes tropicais, pelos povos originários. Sempre chegou e chega com a verdade sobre tudo e sobre todos. A natureza, desconhecendo esta arrogância da supremacia branca, acaba ‘oferecendo’ à burrice branca o seu contraponto). Ele salvou inúmeras vidas antes de ser banido em grande parte do mundo por causa de sua toxidade para a vida selvagem (nt.: atualmente se sabe que toxicologicamente sua dose é muito alto para ‘aparecer’ como veneno, mas como um disruptor endócrino, mimetiza hormônios em ‘doses’ ínfimas e fisiologicamente causa todos os efeitos deletérios que antes não se sabia). “Os produtos químicos não são todos ruins”, diz Scott Phillips, um toxicologista médico em Denver. “Embora tenhamos visto algumas taxas de câncer aumentarem”, diz ele, “também vimos uma duplicação da expectativa de vida humana no século passado”.
A chave é saber mais sobre essas substâncias, para não sermos surpreendidos por perigos inesperados, disse a senadora do estado da Califórnia Deborah Ortiz, presidente do Comitê de Saúde do Senado e autora de um projeto de lei para monitorar a exposição a produtos químicos. “Nós nos beneficiamos desses produtos químicos, mas há consequências e precisamos entender essas consequências muito melhor do que agora.” Sarah Brozena, do Conselho Americano de Química, apoiado pela indústria, acredita que as salvaguardas são adequadas agora, mas ela admite: “Isso não quer dizer que esse processo foi feito da maneira certa no passado.”
A União Europeia deu no ano passado a aprovação inicial para uma medida chamada REACH – Registro, Avaliação e Autorização de Produtos Químicos – que exigiria que as empresas provassem que as substâncias que comercializam ou usam são seguras ou que os benefícios superam quaisquer riscos. O projeto, ao qual a indústria química e o governo dos Estados Unidos se opõem, também encorajaria as empresas a encontrar alternativas mais seguras para superar os retardadores de chama, agrotóxicos, solventes e outros produtos químicos. Isso daria um impulso ao chamado movimento da química verde, uma busca por alternativas que já está em andamento em laboratórios dos dois lados do Atlântico.
Por mais perturbadora que tenha sido minha jornada pela via química, ela deixou de fora milhares de compostos, entre eles agrotóxicos , resinas plásticas, solventes e um ingrediente para combustível de foguete chamado perclorato, que está poluindo os lençóis freáticos em muitas regiões do país. Também não fui testado para coquetéis químicos – misturas de produtos químicos que podem fazer pouco mal por si próprios, mas agem juntos para danificar células humanas. Misturados, agrotóxicos, PCBs, ftalatos e outros “podem ter efeitos aditivos ou podem ser antagônicos”, diz James Pirkle, dos US CDCs, “ou não podem fazer nada. Não sabemos”.
Logo após receber meus resultados, mostro-os ao meu clínico geral, que admite que também sabe pouco sobre esses produtos químicos, além do chumbo e do mercúrio. Mas ele confirma que estou saudável, pelo que ele sabe. Ele me diz para não me preocupar. Então, vou continuar voando, mexendo os ovos no Teflon e usando aquele xampu perfumado. Mas nunca vou sentir o mesmo em relação aos produtos químicos que tornam a vida melhor de tantas maneiras.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, setembro de 2020.
A tradução resolveu anexar este documentário abaixo que consta do material original em inglês para aumentar a capacidade de compreensão dos leitores. Como está falado e com a possibilidade de anexarmos as legendas em inglês, abre a possibilidade de termos as mesmas legendas em português, o que poderá facilitar a compreensão de muitos. A tradução é mecânica, mas está boa suficiente para nos apropriarmos do seu conteúdo.
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