Os perigos do Glifosato

Os perigos do Glifosato ou ‘Roundup’ (nt.: marca comercial do produto da ), um dos herbicidas, ou agrotóxico, mais usado no mundo, em torno de 460 mil toneladas por ano. E quanto isso está nos afetando? Ver entrevista com o pesquisador e cientista norte americano Anthony Samsel.

 

http://mercola.fileburst.com/PDF/ExpertInterviewTranscripts/Anthony_Samsel-May2015_transcript1.pdf

 

Uma entrevista especial com o Dr. Anthony Samsel

DM: Dr. Joseph Mercola

AS: Dr. Anthony Samsel

DM: Um norte americano comum está ingerindo algumas centenas de alimentos contaminados com glifosato a cada ano. Quanto disso está afetando cada um de nós? Hoje iremos compartilhar com o Dr. Anthony Samsel, especialista nesta área. Ele irá elucidar alguns detalhes que a maioria de nós não tem a mínima ideia do impacto deste veneno sobre nossa saúde. Entendido isso, estaremos muito mais motivados, inspirados e encorajados a tomar, realmente, as rédeas da batalha para eliminá-lo de nosso alimento. Sendo assim, bem vindo e gratidão por estar conosco, Dr. Samel.

AS: Eu é que agradeço este convite, Dr. Mercola.

DM: É realmente uma honra tê-lo aqui. Você vem sendo um participante ativo de nosso fórum, por anos e em alto nível. Realmente apreciamos sua dedicação e suas contribuições. Peço-lhe que faça uma breve retrospectiva de sua atuação científica e quando começou a se interessar por esta área. Porque pelo que entendi isso não foi sempre assim. Parece que existem dois grandes temas que lhe interessam: um é ser um cientista pesquisador e o outro é ser um apaixonado pela prática agrícola e pela jardinagem. Tendo todas as credenciais para esmiuçar o tema, peço que traga alguns detalhes desta realidade.

AS: Hoje sou um pesquisador aposentando. Estive, por muitos anos com o grande “think tank” (nt.: formador de opinião) Arthur D. Little (ADL) em Cambridge, Massachusetts. Trabalhamos por muitos anos como pesquisadores em muitos projetos, desde o desenvolvimento de produtos a ciência ambiental até ao final passarmos para ciências da saúde. Também atuei, sob contrato, com a a Environmental Protection Agency/EPA (nt.: agência de proteção ambiental dos EUA). Trabalhei para setores do exército norte americano (United States Army Corps of Engineers/USACE, United States Navy/USN e a United States Coast Guard/USCG). Fui um especialista em materiais químicos perigosos. E um dos autores do Manual da Guarda Costeira dos EUA e quem criou o sistema Chemical Hazard Response Information System/CHRIS. Fiz uma série de trabalhos para o Corpo de Engenheiros do Exército, em biologia marinha com análises bentônicas (nt.: animais que vivem no fundo do mar ou nos recifes, tipos esponjas e camarões), avaliações de portos para sua dragagem e foi quando então me voltei para a . Acabei ficando numa posição de diretor assistente de saúde pública numa comunidade aqui em New England. Engajei-me na investigação de poluidores, corporações, instalações fabris e companhias químicas que impactavam a vizinhança além de outras ações nesta linha. Ainda estou atuando nisso. Sou consultor de várias comunidades pelo país.

DM: Você tem uma forte ação de defesa da saúde pública. Talvez possa nos informar detalhes de sua experiência na agricultura, jardinagem e práticas agrícolas.

AS: Comecei a praticar jardinagem com meu avô quando eu tinha três anos de idade. Foi ai que se desenvolveu esta paixão por isso. Durante o período da escola, trabalhei em fazendas de maçãs e em hortas. Comecei a ser aprendiz na produção comercial. Mais tarde, além da carreira em ciência, eu também administrava, operava e dirigia várias fazendas, de bom tamanho aqui em New England. Era plantio de hortaliças e várias outras atividades. Foi daí que veio minha base na experiência da prática agrícola.

DM: Parece-me que você realmente, pelo que se viu antes, acreditava na propaganda que a Monsanto vinha alardeando por ai. E que estava você mesmo, inclusive, usando glifosato nestas atividades.

AS: Exatamente.

DM: É algo como se eu estivesse agora vacinando crianças (nt.: o Dr. Mercola é um grande crítico à vacinação em massa), o que me dá até um calafrio. Mas, isso foi há muito tempo. E aqui percebe-se como absorvemos este tipo de informação. Acreditamos piamente de que o que eles alardeiam, seja verdade. Por que não compartilha o que aconteceu nesta sua experiência com o glifosato, motivando-lhe a abandonar este caminho?

AS: Comecei a usar o glifosato, eu mesmo, comercialmente nestas fazendas e na minha própria, lá pelos anos 70, início de 80, logo que ele chegou ao mercado. Acreditava na propaganda como todos os outros fazendeiros e as pessoas ao redor do mundo de que o glifosato era seguro como o sal de cozinha já que se metabolizava em substâncias químicas inócuas, não fazendo mal. Acreditava em tudo isso até começar a estudar esta substância. Sendo um pesquisador, um químico, sabia o quê e como procurar. Tendo trabalhado com saúde pública, estava familiarizado de como os químicos tinham efeitos sobre o corpo humano e a vida animal. Assim,  comecei a fazer as conexões. Quanto à minha saúde, iniciei a ter também alguns problemas. E isso foi o que me colocou nesta perspectiva de olhar para esta substância já que eu a estava usando.

DM: Você usava regularmente e, pelo que falamos antes, também teve uma experiência muito interessante na tentativa de espantar os veados que atacavam suas plantações, não é?

AS: Exato.

DM: Tendo terminado seu estoque de urina de coiote que age como repelente a eles, resolveu utilizar urina humana, a sua mesma. Conta-nos a surpresa que teve quando começou a fazer isso.

ASPensava que o odor da minha própria urina poderia afugentar os veados da mesma forma como faz a urina de coiote ou de lobo. Urinei num frasco, coloquei num aspersor manual e aspergi em volta das lavouras. Alguns dias depois, voltei para ver o que tinha acontecido e ver se realmente os veados tinham sido repelidos. Observei que a vegetação estava toda murcha. Não estavam mais viçosas. Estavam morrendo. Pensei: “ué?, eu não tinha aspergido aqui. O que estaria havendo?” Foi quando conclui que: “minha urina está agindo como se fosse o próprio”. A seguir, instalei experimentos controlados em uma casa de vegetação com algumas plantas e a mesmo coisa aconteceu. As plantas morreram. A partir daí, comecei a cuidar da minha dieta. Eu gosto muito de salgadinho de milho… eu como montanhas deles.

DM: Ai, ai, ai …..

AS: Minha dieta na época não era nada saudável. Não comia nada orgânico. Só era orgânico aquilo que vinha de fora da minha horta, de algum outro espaço. O restante vinha do supermercado e comia alimentos embalados e tudo isso aí. Comecei a comparar estas duas realidades e talvez fosse isso que estivesse me fazendo me sentir indisposto. Principiei pelo glifosato porque era o que estava aplicando. Era a exposição química que sofria, antes daquela da minha comida. E me dei conta que este era o mesmo herbicida que estava sendo usado em cultivos transgênicos. Então fui ver junto ao organismo que controla a agricultura nos EUA (USDA), que alimentos estavam tendo glifosato ou glufosinato de amônio como contaminação.  Este último por ser similar ao glifosato e estar sendo também usado em cultivos transgênicos. Seu uso não é tão amplo como o glifosato, mas também é um problema para a saúde pública. Aliás, todos os herbicidas são problemas para a saúde pública.

DM: Sem dúvida.

AS: Na verdade, não deveria haver nenhum tipo de herbicida contaminando nosso alimento.

DM: E então, o que foi detectado no USDA?

AS: Bem, contatei Terry Council no USDA e perguntei por que não haviam estatísticas sobre resíduos de glifosato ou glufosinato nos suprimentos alimentares. Ele contou-me que era muito caro fazer as análises, e além disso deveriam ser separadamente para cada um dos produtos e não havia fundos para isso. Quando me aproximei deste pessoal, conectei um político que eu conhecia e assim mantive tudo registrado de que tratava este tema com este organismo federal e assim pude ter tudo com acesso público. De qualquer forma, eles não faziam nenhum tipo de análise. Testavam todo tipo de inseticida, fungicida e herbicida sob este sol, mas nada sobre o glifosato e o glufosinato. Fazendo um resumo desta longa história, decidiram então que poderiam fazer uma bateria de testes. Terry Council foi claro de que eles coletariam 400 amostras de soja e que não dava certeza se publicariam esta informação. Eu então disse: “você precisa publicar esta informação. Para mim, isso ai é super importante”. No fim, decidiram publicar. Um dia me telefonou e disse: “em torno de dois meses isso estará em nosso novo periódico sobre vegetais”. No momento que ele teve as análises, enviou-me uma cópia. Ao ler, vi que ali estavam somente reportadas 300 amostras. Mas ele havia me falado num email [que seriam] 400 amostras. Bem, então comecei a examinar os dados. Constatei que a quantidade do ácido aminometilfosfônico (nt.: em inglês-aminomethylphosphonic acid/AMPA), metabólito do glifosato, era maior do que a do próprio. Os números reportados não faziam muito senso. Se analisamos o glifosato, vamos ter o próprio se o resíduo estiver na planta, mas estávamos tendo também o metabólito AMPA. Mas eles continuavam a não fazer sentido. E reportaram somente 300 das 400. Acreditei que eles então haviam pego somente a ‘cereja do bolo’ dos dados para que não excedessem os limites de resíduos estabelecidos pelo órgão federal de meio ambiente (EPA/US Environmental Protetion Agency). Então eu retornei a contatar o funcionário do órgão federal de agricultura (US Department of Agriculture/USDA), mas Terry Council não estava mais no setor específico.  Não consegui mais contactá-lo. E nem sei se ele foi transferido dentro do departamento ou não. Ele já não detém o mesmo posto que tinha quando me auxiliou com o glifosato e o glufosinato. O USDA ainda não fez nenhuma amostragem para o glufosinato. Só este ano com a soja. Detectaram que 90% da soja que eles testaram, apresentaram resíduos de glifosato nela.

DM: Certo. As análises estão se tornando menos e menos custosos de acordo com o progresso da tecnologia que está melhorando exponencialmente com o tempo. Há uma redução radical no custo. Eles não podem mais usar, de jeito nenhum, os custos como desculpas.

AS: Eles usam cromatografia líquida de alta pressão.

DM: HPLC/high-pressure liquid chromatography.

AS: Este é o método reconhecido pela EPA/Environmental Protetion Agency. Poderiam usar o ensaio imunoenzimático (nt.: conhecido no Brasil também pela sigla em inglês ELISA – enzyme-linked immunosorbent assay), mas ele não é reconhecido pela EPA. Para os propósitos estatísticos, a EPA somente reconhece o método HPLC aprovado. Isso é dispendioso. Algo como 300 dólares por análise.

DM: É, mas os preços estão caindo. Isso é tecnologia. O custo da tecnologia decresce com o tempo. Mas vamos para o fato concreto. É isso aí, ele está no suprimento alimentar. Os norte americanos médios consomem muitos quilos desta porcaria todo o ano. E a cada ano. Mas vamos direto ao fato real. Isso está no nosso alimento. Mesmo pessoas incrivelmente brilhantes como você, estava também fazendo parte deste tipo de grupo. Se pessoas como você acabou se decepcionando e sentindo que caiu numa fraude, que tipo de oportunidade poderá ter um cidadão comum? Praticamente nenhuma. O que realmente admiro no que você está fazendo é estar compartilhando informações sobre como o glifosato está efetivamente dizimando nossa saúde. Será que poderia entrar nos detalhes de como isso acontece? Penso que irá, sem dúvida, motivar e inspirar muita gente a ser mais diligente e realmente evitar de maneira inflexível isso tudo como o diabo foge da cruz. E ser um participante ativo no processo de chegarmos a removê-lo de nossa fonte de alimentos. E você deve entender isso já que é uma das pessoas que melhor conhece realmente bioquímica e pode nos explicar sobre isso. Por que então não nos esclarece estes pontos?

AS: Quando comecei a observar meus próprios problemas pessoais de saúde e o que acontecia com meus intestinos, reconheci que tudo isso estava relacionado com a minha flora bacteriana, exatamente como acontece com o solo. Meu avô havia me ensinado que uma colônia bacteriana saudável no solo iria fazer crescer ali cultivos saudáveis também. Sabia disso desde criança. Meu avô já sabia disso há muitas e muitas décadas atrás. Sempre ensinei as pessoas como plantar. Muito importante haver uma colônia bacteriana saudável. Ajustando o pH (nt.: padrão que informa a acidez e alcalinidade do solo), poder-se-ia então ter uma diversidade de espécies de bactérias neste solo. E o que acontece com meus intestinos? No momento em que limpei tudo através de uma dieta saudável, todos aqueles sintomas da disbiose intestinal (nt.: desequilíbrio entre bactérias benéficas e patogênicas influenciado pelo tipo de alimento que se ingere) desapareceram. Meus problemas gastrointestinais se aplacaram, como também uma série de problemas neurológicos que estava começando a ter. Começava a esmiuçar mais fundo nosso microbioma, nosso intestino e toda a variedade de espécies bacterianas que nos habitam. Quero dizer que temos mais de 100 trilhões de bactérias sobre e dentro de nós que englobam mais de mil espécies.

DM: Sabe porque é interessante tangenciar isso? São 100 trilhões de bactérias, mas para cada bactéria, existem 10 bacteriófagos. Assim, existem quatrilhões destes bacteriófagos girando no entorno e em todo nosso organismo.

AS: Exato. Temos tanto quanto mil para cada…

DM: Um dos indicativos originais do glifosato que foi apresentado inicialmente, é ser, na verdade, um bactericida. Foi projetado para matar bactérias e realmente é um dos pontos cruciais de sua toxicidade aos humanos. Talvez você possa ampliar mais sobre este fato.

AS: Certo. Quando comecei a pesquisar esta substância química, principiei a verificar todos os registros e também o setor oficial de patenteamento. Fui eu um dos que desenterrou o aspecto de que os registros e as patentes mostravam ser o glifosato um biocida; não apenas um biocida, mas um antibiótico. O glifosato mata bactérias. Não todas as bactérias. Algumas são resistentes a ele, mas muitas daquelas são sensíveis como as do tipo Lactobacillus, Bacteroides fragilisBifidobacteria. Estas são as mais sensíveis e também alguns dos chamados ‘burros de carga’ de nossa biologia. Já alguns dos patógenos como a Salmonella pseudomonas, são resistentes a ele. Quando ingerimos algo com resíduos de glifosato, ele se dissocia num ambiente ácido. O ácido do glifosato (nt.: seu metabólito é o ácido aminometilfosfônico) em seguida torna-se apto a fazer em numerosas bactérias o mesmo que faz nas plantas. Mata plantas e essencialmente as bactérias que vivem em nossas plantas. E o nosso intestino tem uma forração de vegetais, (nt.: a chamada flora intestinal) como se fosse um ‘gramado’. Como um belo gramado que temos em torno de nossa casa, nossos intestinos têm um lindo gramado de mais do que milhares de variadas espécies. Cada uma destas espécies de bactérias tem uma função específica. Podemos comparar as bactérias de nosso microbioma a mineradoras e manufaturas. Só digo isso para ficar bem entendido. Podemos até visualizá-las com capacetes e picaretas de mineiros. Elas captam, em nosso processo biológico, os minerais que nosso organismo necessita como co-fatores para vários processos bioquímicos. Também manufaturam vitaminas e outras biomoléculas que são essenciais. Mesmo alguns de nossos ácidos graxos que servem como moléculas sinalizadoras, são fabricados por nossas bactérias. Manufaturam a maioria de nossas vitaminas B – B6, B9 e B12, que é a cobalamina – essencial para nosso sistema neurológico. Elas também manufaturam a vitamina K e algumas de nossas vitaminas C. Temos dentro de nós uma cooperativa de mineração e manufatura. Temos relações simbióticas com estas bactérias. Auxiliamos a elas e elas a nós. Elas tomam o alimento e não só metabolizam e obliteram nossa comida em coisas irreconhecíveis, como também o desmancham totalmente e utilizam tudo o que tiver nele.

DM: Você agora mencionou de que estas bactérias são mineiros manufatores. Mas eu pensava que um dos componentes mais interessantes de manufatura que faziam era os aminoácidos.

AS: Certo.

DM: Especificamente, os amino ácidos aromáticos como o triptofano, a fenilalanina e a tirosina. Por que você não descreve alguns dos impactos que estas bactérias que produzem aminoácidos essenciais têm sobre nosso metabolismo?

AS: Bem, esta é outra parte essencial de minha pesquisa quando comecei, antes mesmo de convidar a Dra. Stephanie Seneff para se juntar a mim. Neste momento associei o aspecto das bactérias estarem sendo afetados com todas as várias vitaminas e todos os elementos da tabela periódica que estão sendo quelatizados. Mas de que também o glifosato gerava disfunção com as bactérias que estavam manufaturando os nossos aminoácidos, os aminoácidos aromáticos: tirosina, fenilalanina e o triptofano. E não só estes mas também a metionina, que é o nosso aminoácido de enxofre. Além de gerar disfunção…

DM: Que é crucial para a desintoxicação.

AS: Sim, o enxofre é. Este elemento limpa todos os lixos de nossa biologia; nós sulfatamos coisas. Além disso, o glifosato gera disfunção na glutamina. Ela se comporta… mimetiza a glicina. Existem muitos outros importantes aminoácidos que o glifosato também gera disfunção. Então, do ponto de vista do glifosato gerar disfunção nos aminoácidos essenciais, nos aromáticos essenciais e mais alguns dos aminoácidos essenciais regulares, acabamos tendo um problema real com a nossa biologia em razão…

DM: Vamos entrar em alguns detalhes específicos, especialmente com o triptofano ao ser convertido em serotonina e melatonina e o impacto deste fato. Há também sua influência sobre o somatomedina C ou fator 1 de crescimento semelhante à insulina (IGF-1). Por que não entramos nestes detalhes? Porque, para mim, isso é muito importante.

AS: O glifosato gera disfunção no aminoácido aromático triptofano, sendo que ele é necessário para a produção de serotonina. Claro, da serotonina fazemos melatonina e dela fazemos melanina. Existe uma série de biomoléculas que são muito, mas muito importante para nossa saúde e biologia. A serotonina regula e controla o açúcar no sangue. Também regula o IGF-1, que é o fator de crescimento como a insulina. O IGF-1 é necessário para a neurogênese, para nossa habilidade de produzirmos novos neurônios ao longo da vida, e também para a regulação de nossa fisiologia. A serotonina também ativa a enzima sintase endotelial derivada do óxido nítrico (nt.: em inglês – Endothelial nitric oxide synthase/eNOS – que é a fonte fisiológico primária de óxido nítrico (NO) que regula a homeostase  cardiovascular), que é responsável pela secreção de insulina. E a serotonina catalisa a produção de óxido nítrico na rede vascular das vias aéreas, no relaxamento da musculatura lixa e numa série de outras coisas. E agora o interessante que descobri na minha jornada é que a serotonina, 90% dela, é produzida pelas bactérias de nosso intestino.

DM: Não no nosso cérebro. Poderíamos pensar que ela estará em nosso cérebro porque ela é primeiramente conhecida como um neurotransmissor. E ao mesmo tempo, temos um imenso número, milhões talvez, de prescrições sendo assinadas para inibidores seletivos de recaptação de serotonina (nt.: em inglês – selective serotonin reuptake inhibitors/SSRIs), que são totalmente desenvolvidos para aumentar a serotonina no cérebro. No entanto, 90% dela é produzida em nosso intestino.

AS: Perfeito. 90% é manufaturado em nosso intestino e somente 10% em nossa própria biologia. Isso é um fato muito perturbador de que o glifosato gere disfunção em nossa serotonina pela destruição destas bactérias benéficas. Eu prefiro me referir somente a nossas bactérias… Não há boas e más bactérias. Existe somente bactérias.

DM: Correto, eu também concordo. Sempre me abstenho de usar boa e má bactéria. Eu as descrevo pelas alcunhas de benéfica ou patogênica.

AS: Certo.

DM: Penso ser mais adequado.

AS: Ou como gram-negativa ou gram-positiva.

DM: Bem, isso é evidente.

AS: Todas têm funcionalidade.

DM: Exato. Mas as características físicas  não descrevem sua funcionalidade porque temos positivas ou negativas em ambos lados delas. Mas esta é uma descoberta incrível. Você foi um dos precursores a reconhecer isso, não foi?

AS: Sim. Escrevi para  a Environmental Protection Agency sobre isso, em uma carta detalhada. Remeti a eles através da senadora Jeanne Shaheen. Sua resposta não foi muito bem vinda. Falaram para a senadora uma série de aspectos mentirosos sobre o glifosato, que foram muito, muito perturbadores. Isso reforçou mais minha caminhada. Foi quando eu inquiri a Environmental Protection Agency pelos documentos dos segredos industriais da Monsanto. A maioria dos processos de aprovação foram baseados em pesquisas que a Monsanto havia feito através de contratados externos. Então estes estudos foram fornecidos à EPA para revisarem e assim eles puderam estabelecer um nível de efeitos não observáveis (nt.: em inglês – no observable effect level/NOEL) para o glifosato. Este processo começou no final dos anos 70 e se concluiu lá por 1981 com o registro desta substância. Desde então, passou por meia dúzia de reavaliações. Mas, eu queria acessar a estes documentos para que pudesse realmente entrar em profundidade para detectar sobre o que a agência e a Monsanto sabiam, separadamente, sobre o glifosato. Questionei a EPA, como um cientista pesquisador, quanto a ter acesso a esses documentos em minha pesquisa. E, de saída, ela já me negou o acesso.

DM: Você acessou à Lei da Liberdade de Informação (nt.: em inglês – Freedom of Information Act/FOIA) para requerer esta informação?

AS: Sim. E daí, finalmente chegou ao escritório da senadora Shaheen, aqui em New Hampshire, alguma coisa. Algo se moveu de seu gabinete em relação à EPA. A agência então envia uma correspondência à Monsanto que mostrou exatamente porque eu não poderia ver os documentos de seus segredos industriais. A EPA deu-lhes um tempo. Não sei o que se passou, o que transpirou. Tudo o que sei é que a EPA contatou-me e disse: “vamos lhe entregar os documentos para que possa revisar”. Enviaram-me o material em cd. Tive que assinar um documento. Também tive que dizer que não compartilharia este material com nações estrangeiras sob as penas da lei. Em outras palavras, informação de segredo industrial…

DM: Você poderia ser um terrorista.

AS: Exato. Não poderia ver por causa da… esqueci a lei.

DM: A ‘Patriot Act‘, ou coisa assim…

AS: A Lei da Espionagem ou algo assim.

DM: Acho que é a ‘Patriot Act‘, a lei que que surgiu depois de 11 de setembro.

AS: Assim tive que assinar este acordo. De qualquer forma, estava acessando 12 a 14 destes documentos do arquivo. Representavam milhares e milhares de páginas de dados de pesquisas que foram feitos com animais de laboratório. E o que mais me surpreendeu, foi de que a Monsanto já sabia  em 1981 de que o glifosato gerava adenomas e carcinomas nos ratos que eles haviam pesquisado. (nt.: destaque feito pelo tradutor face a importância da informação).

DM: Puxa vida! Trinta e quatro anos atrás.

AS: E eles ‘baixaram a lenha’ sobre nosso bom amigo,  Dr. Gilles-Éric Séralini e…

DM: Pesquisa que eles manipularam e exigiram a retratação deste trabalho.

AS: Perfeito.

DM: E então, rapidamente, aparece o erro… O editor do periódico foi demitido. Mas apesar disso, o artigo foi retratado principalmente devido à Monsanto e seus cúmplices.

AS: Fora todas estas pesquisas, as duas que foram feitas pela empresa ‘Biodynamics‘ em New Jersey (é uma companhia que ainda está atuando)…

DM: Esta é uma das explorações agrícolas da Monsanto?

AS: Sim. A Monsanto empreita praticamente todas as pesquisas com vários  subcontratados para fazerem o trabalho. Então, eles fazem estas pesquisas, sumarizam e fornecem os estudos intactos, juntamente com os slides que foram montados com tecidos e tudo o mais, para que a Environmental Protection Agency examine. Mas o que me chamou a atenção é a prática que se faz ainda hoje em dia. Ela consiste em se pegar o histórico de experimentos  de pesquisas desvinculadas e compará-lo aos dados controlados a partir dessas experimentos alheios aos dados controlados e ao próprio experimento que se está conduzindo. Isso foi o que eles fizeram com praticamente todos os estudos existentes até aqui com o glifosato. Tinham descobertas que foram inconvenientes, imagino. Algumas das descobertas como as com adenomas testiculares e carcinomas. A pesquisa da ‘Biodynamics‘ com ratos não mostrou nada destes adenomas ou carcinomas no grupo de controle. Foi zero. No entanto, nos grupos com baixas doses de cinco partes por milhão (ppm), com médias de 15 partes por milhão e nos de alta dose, em torno de 30 a 34 partes por milhão (dependendo se eram ratos machos ou fêmeas), foram detectados adenomas e carcinomas em todos com glifosato. Evidentemente, o glifosato era um tumorigênico que fazia crescer tumores em ratos e em todos os três grupos. Mas eles não viram uma relação de dose-resposta. Em outras palavras, da baixa à alta dose, é ela que faz o veneno. Mas, isso é conversa fiada. A dose não faz o veneno (nt.: paradigma usado pela indústria química em todos os seus níveis de produtos, desde o medicamento até os venenos rurais e urbanos, bem como para avaliar poluição de todas as ordens. Este princípio foi criado por Paracelsus). O glifosato tem, bem ao contrário, uma relação inversa da dose. Doses menores têm maiores efeitos do que as doses mais altas. O glifosato é dependente do pH (nt.: potencial Hidrogeniônico, ou seja, a quantidade de íons hidrogênio que estão disponíveis e com isso quanto menor na escala – mais ácido o meio e quanto mais alto, mais alcalino –  vai de zero a 14). Ele é um “zwitterion” (nt.: uma palavra de origem alemã que informa que uma parte é básica e a outra é ácida, é um anfótero). É um anfifílico. Ele atua no nível molecular. Vai atuar nas moléculas, causando danos. É assim que se comporta o glifosato.

DM: Como estas doses com os ratos que acaba de descrever, podem ser comparadas com a exposição corriqueira que os seres humanos encontram nos alimentos que eles adquirem em supermercados?

AS: Poderemos detectar níveis comparáveis em trigo, açúcar, milho e soja.

DM: São estes ligados às baixas, médias ou altas doses?

AS: Bem, neste estudo particular em ratos… Cinco partes por milhão, 10 e 30 partes por milhão, podem ser níveis detectados em nossos suprimentos de alimentos.

DM: Então estes não são níveis grosseiramente exagerados que podemos encontrar regularmente. São níveis típicos àqueles que os seres humanos estão expostos, pelo menos àqueles que estão nos alimentos consumidos e contaminados com glifosato.

AS: Exato.

DM: Não são exposições ocupacionais. Nós estamos tomando algo sobre…

AS: Não, estas não são ocupacionais. São resíduos presentes naquilo que estamos ingerindo.

DM: Certo. Isso é como uma má conduta científica. Isso ai é uma fraude explícita tanto da ‘Biodynamics‘ como da Monsanto.

AS: O que me parece, a respeito do crescimento nos testículos que detectaram não foi a pior coisa que elas fizeram. A incidência mais alta de crescimento como tumorigênico ocorreu na glândula pituitária (nt.: a glândula pituitária/hipófise é chamada de glândula mestra pois secreta hormônios que controlam outras glândulas).

DM: Minha nossa. Mas também, quem ‘precisaria’ de uma glândula pituitária?

AS: E daí, da pituitária, os níveis mais altos foram nas glândulas mamárias, das ratas.

DM: Como nossas taxas de de mama não são mais altas o bastante por causa das mamografias.

AS: E, em terceiro, o crescimento mais alto de tumores foi detectado nos testículos dos ratos machos.

DM: Xi.

AS: E então, em quarto, estavam os rins. Detectaram tanto adenomas como carcinomas nos rins. Estas foram descobertas inoportunas. Agora, em algumas das constatações, os controles também tinham adenomas. Nenhum tinha carcinomas, só adenomas. No entanto, nos grupos tratados, tinham tanto adenomas como carcinomas. Para a maior parte, eles foram estatisticamente significativos. O que a Monsanto e a ‘Biodynamics‘ fizeram, para anular os controles e as descobertas inconvenientes? Cavaram dados históricos de controles de pesquisas totalmente desvinculadas. Quem sabe como esses estudos foram feitos? Ou a qualidade da investigação que foi colocada para esses estudos? Um técnico poderia ter acidentalmente alimentado o grupo controlado, com esta substância química que estava sendo avaliada, estragando então a experiência e produzindo um resultado inesperado.

DM: Claro, pois o grupo é controlado.

AS: Quem sabe? Talvez isso tenha acontecido na pesquisa do glifosato com o estudo de ratos. O estudo com ratos foi por 26 meses (dois anos e dois meses).

DM: Deixe-me aclarar isso ai. Pelo que estou entendendo… Este material com os dados que você revisou e que está comentando, feito e financiado pela Monsanto, ainda não foi publicado no meio acadêmico com a revisão por pares ou submetido à EPA ou à Food and Drug Administration (FDA). Já os únicos estudos que eles publicaram foram aqueles feitos em menos de três meses, tempo em que a exposição a estas consequências não é profunda suficiente, pelo menos para mostrar estes dados.

AS: Correto. Imprimi partes do estudo assim que fui lendo. Estou lendo agora um relatório da empresa ‘Biodynamics‘ identificado como Projeto número 77-2062, chamado “Um estudo de alimentação pelo curso da vida de ratos, com Glifosato”, e cada página deste documento – não sei se você consegue ver…

DM: Não, não consigo.

AS: …, bem aqui está impresso, “Contém segredo industrial ou quando não, informação confidencial da Monsanto Company”. O que a Monsanto fez… Tenho uma correspondência aqui do chefe do escritório de saúde e segurança da Monsanto. Ele era o seu elemento chave neste momento, naquele ano de 1981. Nesta correspondência, ele pede que a Monsanto lacre os documentos e passe a tratá-los como segredo industrial. (nt.: ressalva da cor feita pelo tradutor pela importância da informação).

DM: Uma estratégia corporativa.

AS: Pessoalmente me parece que isso é uma violação do processo de revisão pública.

DM: Isso supera o que a Merck fez, ao esconder informação similar sobre o uso do produto Vioxx que matou milhares de pessoas. Isso vai parecer quase irrisório se comparado ao dano que o glifosato está colocando sobre todo mundo.

AS: Na escala que estamos indo, é um caminho para se matar bilhões de pessoas. (nt.: ressalva da tradução).

DM: Exato. Mas aqui vai uma questão importante. Precisamos entender que os ratos não têm uma vida tão longa – um ano, dois anos – e este estudo tinha 26 meses. Obviamente, os seres humanos vivem muito mais tempo. Já os humanos vem sendo expostos a estes níveis significativos por 10 a 15 anos. Será que você poderia nos dar uma perspectiva quanto à expectativa de vida e quando poderemos, a humanidade, ver isso? Ainda não estamos vendo as pessoas caírem como moscas, por terem estes tumores. Dê-nos sua perspectiva.

AS: Se você ler estes nossos três estudos…

DM: Com a Dra. Seneff?

AS: Exato, os que a Dra. Stephanie Seneff e eu escrevemos juntos. Se olhar os gráficos que nós pedimos à Dra. Nancy Swanson que fizesse já que ela havia se posicionado contra o glifosato tanto em milho como em soja. Sei que a comunidade científica aqui diz que associação entre um tipo de doenças com outra como decorrência de exposições a certas contaminações, não representaria necessariamente uma relação de causa e efeito.

DM: Bem, este é um princípio estatístico geral que eu penso que se deve acolher.

AS: Principalmente quando os números são tão difíceis, requerendo que façamos uma avaliação bem esmiuçada.

DM: Perfeito.

AS: Agora que avaliei os documentos envoltos em segredos industriais da Monsanto, estou convencido de que o público deve ter acesso a este conhecimento. Estou escrevendo à Environmental Protection Agency, questionando-os para que liberem todo este material. Eles não têm o direito de esconder esta informação do público. Em função do que vi nestes documentos, está claro que a Monsanto sabia que o glifosato causava este crescimento de tumores e carcinomas em múltiplos órgãos e tecidos. E desde 1981!

DM: E quais são as suas projeções para começarmos a detectar incidências similares em seres humanos?

AS: Nós já estamos presenciando isso.

DM: Claro que os ratos são diferentes dos humanos, fisiológica e anatomicamente.

AS: Dr. Mercola, afirmo que já estamos vendo isso tudo, agora mesmo.

DM: Nos mesmos níveis que estamos mencionando nestes estudos?

AS: Estamos constatando o crescimento de doenças crônicas como nunca havíamos percebido antes na história quando se observa os gráficos que a Dra. Nancy Swanson fez para nós. Ela também publicou uma série completa de gráficos em um trabalho que ela fez com outra pessoa. Se observarmos os gráficos das doenças crônicas, veremos algo como nunca…

DM: Bem, mas existe uma série de variáveis para uma doença crônica, tanto como para os tipos de tumores que discutimos e que não foram cobertos nesses estudos iniciais. Temos visto um aumento nestes tumores específicos?

AS: Sim, temos.

DM: Tumores da pituitária, dos rins, de mama e testicular?

AS: Exatamente. Estamos já vendo uma associação com o câncer da tireoide. Certos trabalhos feitos recentemente onde examinaram as tomografias de pacientes que tinham doenças da tireoide, descobriu-se que também tinham hiperplasia do timo. Bem, adivinhem o que quer dizer isso? No estudo com ratos, encontrou-se alta incidência de hiperplasia do timo, bem como adenomas e carcinomas da tireoide.

DM: Mas vamos aos níveis de incidência do estudo de Séralini que tenho, pelo menos, toda a confiança. Obviamente, eu não estava a par do estudo de 1981 que você revisou. A incidência foi muito alta. Era algo como 50%. Foi a maioria dos animais que sucumbiram a estes tumores. Agora, é claro que não temos esse nível de incidência na população humana. Mas você está sugerindo que atingimos este mesmo equilíbrio? Ou estamos numa ascensão ou veremos aumentar continuamente em número até chegarmos em algum tipo de platô?

AS: Se não tirarmos este químico dos suprimentos alimentícios, todos serão afetados. Todas as pessoas que usam a dieta ocidental. Literalmente todas.

DM: Desculpa-me por retornar a este ponto. Poderíamos seguir adiante, mas não consigo concordar com você quanto a estas observações. Mas estas incidências… Foi esta incidência, a da maioria de todos os ratos nos estudos que vocês revisou e nos presentes no estudo do Dr. Séralini, foram estes que sucumbiram aos tumores ou foi uma minoria dentro desta maioria?

AS: A maioria dos ratos que tiveram tumores foram os tratados.

DM: Não. Mas, eu quero dizer, foi a maioria destes ratos? Foi mais do que 50%?

AS: Em alguns casos, foi 80%.

DM: Oitenta por cento. Não estamos obviamente vendo 80% das pessoas nas populações ocidentais aparecendo com tumores da pituitária ou…

AS: Em algumas das patologias, foi ligeiramente menor do que 50%. Mas a grande quantidade delas foi de 50%. Mas no caso da doença crônica dos rins (nt.: em inglês – chronic kidney disease/CKD), foi de 80%, na maior dose.

DM: Continuamos ainda não tendo em seres humanos. Suspeito que é em grande parte relacionado com o fato de os ratos terem uma expectativa de vida muito mais curta do que os humanos. Você antevê que esta incidência em seres humanos vai continuar a aumentar com o tempo?

AS: Sim. Penso que está diminuindo nossa expectativa de vida.

DM: Ok. Também concordamos nisto. Já nem sabemos mais sobre este futuro.

AS: Bem, com os ratos, no 20° mês, estavam entre os 80 e 90% de sobreviventes. Mas quando chegamos ao 24° mês, pelo que me lembro, mais do que 50% tinha morrido. E quando alcançamos o 26° mês, tínhamos somente 30% remanescente.

DM: Qual a média de expectativa de vida dos ratos? É de três ou dois anos e meio?

AS: Em torno de dois a dois anos e meio. Dois anos é a mais constante.

DM: Poderíamos esperar, se extrapolássemos, que quanto mais próximos do final de nossas vidas teríamos, a maioria, estes tipos de doenças a menos que deixássemos a inércia e passássemos a agir para evitarmos este tóxico [químico] em nosso meio? Obviamente correlação não é causalidade, mas aqui isso está dentro de uma extrapolação racional.

AS: Esta é a grande verdade.

DM: Estamos falando daqueles tumores, evidentes nas biopsias, que foram feitas naqueles animais pesquisados.

AS: Certo.

DM: Mas deixe-me levantar outros aspectos que você e a Dra. Seneff trataram, e que você não pode realmente falar tão bem quanto aos estudos feitos com animais, por serem estes aspectos, na sua maioria, complicações comportamentais. Coisas como autismo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade/TDAH (nt.: em inglês – attention deficit hyperactivity disorder/ADHD) e alguns outros problemas desta ordem. Por que não fala um pouco sobre isso? Isso é muito preocupante. Quando eu comecei a clinicar e você começava sua carreira profissional, uma em cada 10 mil pessoas apresentava autismo. Agora, os níveis caíram para uma em 30. E a projeção que vocês fizeram, para os próximos dez anos, será de uma para duas.

AS: Correto, uma entre duas pessoas será autista. Se continuarmos nesta mesma trajetória e nesta mesma trama de nossas vidas, será realmente uma em duas, o que é assustador.

DM: Isso é uma grande ameaça. Eu acho que as pessoas deveriam estar protestando nas ruas com esta informação, exigindo mudanças. No entanto, elas não estão. E esta é uma das partes de nosso desafio, já que elas desconhecem tudo isso. E é o que se faz aqui; compartilhar, informar e prover com informações sólidas que são escamoteadas de todos nós à guisa de segredo industrial quando isso é, nada mais nada menos, do que má conduta científica além de ser uma fraude.

AS: Usando dados controlados de experimentos que foram começados, desde o início, mal feitos, recuando conclusões verdadeiras inconvenientes que estão escrachadas, gritando, à nossa frente – isso para mim é inconcebível.

DM: Alguma vantagem final haverá disso tudo.

AS: E eles continuam fazendo tudo assim mesmo. Quanto mais fundo fui nas análises, constatei outros aspectos. Por exemplo, não analisaram a água. Da mesma forma, não analisaram a ração dos animais do laboratório quanto a outros contaminantes. A respeito da ração dos ratos, a mistura da firma Purina, contactei a empresa para questionar-lhes quanto às suas rações para os animais e as alimentações para laboratório. Fazem análise para alguns agrotóxicos básicos, como inseticidas e fungicidas. Um deles é o inseticida malation (nt.: um veneno organofosforado que muito se usa no Brasil no campo e na cidade e se sabe agora que interfere no sistema neurológico como todos os que são fosforados) além de outros organofosforados e alguns fungicidas. Mas não analisam o glifosato nestas alimentações.

DM: São caras as análises.

AS: Sim, muito caras. Mas voltando ao tempo em que se fez aqueles trabalhos em 1978 e 1980, não foram feitas análises das rações. E os agrotóxicos mais populares que foram usados naquele tempo tanto para o plantio do milho como da soja, presentes nestas rações animais, foram os organofosforados. E alguns venenos da família dos agrotóxicos conhecidos como ‘carbamatos’ eram o carbaril e o lannate. Tinham muitos organofosforados. O que é interessante é que eu também verifiquei os alvarás quando estava lendo todos os registros da Monsanto, mais os registros de outras companhias que também fizeram atividades com o glifosato. O glifosato tem sinergia com outros antibióticos, com outros fungicidas e com a maioria dos químicos que vier a ter contato. Também escrevi que era sinérgico com o imidacloprida (nt.: inseticida nicotinoide), o agrotóxico sistêmico que vem sendo visto como implicado em diminuir a presença das abelhas. Os efeitos que eles viram nos animais controle, nos estudos da ‘Biodynamics‘ citados acima, apareceram porque os animais foram alimentados com ração contaminada com agrotóxicos que hoje são conhecidos por induzirem o crescimento de tumores. Mas o fato de que os animais dosados com glifosato tinham maiores incidências muitas vezes –  mais frequentemente, poderia se dizer – mostra que havia uma sinergia com qualquer um que foi alimentado com esta ração. Isso é algo que a EPA e também a Food and Drug Administration/FDA, vão ter que encaminhar. Quando eles fazem agora testes de laboratório com animais, precisam verificar os níveis de resíduo dos químicos que estão na ração porque isso está distorcendo todos os resultados de laboratório. E então, sabendo disso, por que pegar 11 estudos sem vínculo, tomar os controles destes estudos e compará-los ao controle no experimento do glifosato? Somente se você quer cancelar e anular seus dados e fazê-los como se fossem inexistentes. Em alguns casos, a EPA permitiu que a Monstanto e a ‘Biodynamics‘ usassem os três controles históricos e cancelassem os dados e assim puderam dizer que as descobertas foram inconclusivas. Em outro exemplo, noutro órgão, usaram cinco controles. Acredito que era a tireoide, usaram até 11 históricos de controles e assim passaram através de grandes explicações do porquê estas descobertas eram inconclusivas. Agora, tenho de que eles não têm qualquer um desses  históricos de controles e só chegaram aos dados do estudo uma vez que ele foi desenvolvido e desdobrado, e eles teriam chegado a uma conclusão completamente diferente.

DM: Exatamente. Bem, mas isso não surpreende considerando que a Monsanto foi eleita como a companhia mais demoníaca do planeta. Obviamente, desprovida de qualquer consciência moral e absolutamente comprometida com seu foco principal que é o lucro. Por isso, ela vai tentar implementar qualquer estratégia que maximize esconder esse tipo de dados para que possa permanecer ganhando bilhões de dólares ao vender essa porcaria que está envenenando a população.

AS: Não é que eles sejam a corporação mais diabólica do planeta. Eles são simplesmente uma companhia química. Fazem substâncias químicas e vendem. Quero dizer, se eles fossem a ‘Procter and Gamble/P&G‘ venderiam sabonete… E este é a seu propósito.

DM: Será que ainda é possível que façam isso de forma tão irresponsável. Ou seja, o que estão fazendo é criminoso. É verdadeiramente um crime sonegar dados que sabem de que estão causando tumores na maioria dos animais a que são expostos. E que sabiam disso há mais de 30 anos. E ainda contrataram agências de relações públicas para este processo. Literalmente pagaram dezenas de milhões de dólares para espalharem o mito que nunca tinha havido nenhum estudo feito que demonstrasse quaisquer toxicidades de seus produtos e como você mencionou antes, de que ele seria seguro como é o sal do mar. Isso é moralmente repreensível.

AS: É moralmente repreensível porque eles sabiam já em 1981 e isso é muito perturbador. Esta é a razão do porquê o mundo todo deve ver estes estudos.

DM: Concordo. E quero realmente lhe agradecer pelo seu trabalho neste tema, sua determinada diligência bem como utilizando suas credenciais com a legitimidade de um cientista pesquisador para ter acesso a estes documentos e fazer esta pressão através do senador de sua região. E então, ao tê-los em mãos, dedicar tempo para revisá-los e encontrar esta disparidade na informação que eles apresentaram publicamente quanto aquilo que eles contrataram por seus pesquisadores. Esta é uma história impressionante. Uma grande história.

AS: Outro dia encontrei-me com a Dra. Stephanie. Eu lhe disse que nosso próximo trabalho deveria ser analisar os vários órgãos trazidos nestes estudos da Monsanto, para então escrevermos um material que excluísse todos os dados históricos e irmos aos dados das histórias de vida dos animais individualmente no estudo. Assim nós não estaríamos trabalhando com a vista turvada como se viu, além de também oferecermos explicações adicionais quanto à qualidade da ração que estava sendo oferecida aos animais. Isso precisa mudar na ciência. A maneira como nós abordamos estes estudos e os testes com animais, precisam ser revisados. A EPA é uma agência que precisa fazer isso.

DM: Não se pode mais concordar com isso. Seria fantástico se pudesse lembrar como finalmente vocês se conectou com a Dra. Seneff.

AS: Deixe-me ver. Discordei dela sobre o que estava dizendo quanto à sulfatação da vitamina D. Foi, não lembro bem, há uns quatro anos. Foi no seu website de saúde, Dr. Mercola. Esse processo não acontece, o que ocorre é a sulfurização e não sulfatação.

DM: Estava fazendo uma entrevista com ela quando disse isso. Sei que foi em busca dela. E então eu disse: “Escute,…”

AS: “… é melhor telefonar-lhe”.

DM: “Podemos ser proativos e você ter, ao menos, um diálogo com ele antes de publicarmos sua entrevista?” Não tinha a mínima ideia que estávamos indo em direção à sua incrível colaboração e publicando todos estes fabulosos estudos de pesquisas.

AS: Pois, começamos a conversar. Foi com bom tempo onde visitei inclusive a biblioteca do Massachusetts Institute of Technology/MIT.

DM: Bem, sendo ela uma pesquisadora no Instituto então você tem um espaço por lá.

AS: Lá também já foi meu espaço. Ai ela me chamou e então começamos a trocar informações. Falei-lhe sobre minha pesquisa sobre o glifosato e o que estava desenvolvendo, bem como meus contatos dentro do US Department of Agriculture e tudo o mais. Estava produzindo um trabalho na época e ela se interessou muitíssimo com minha pesquisa e com o que estava produzindo. Daí eu disse: “ei, você gostaria de colaborar? Vamos nos jogar nisso ai, os dois”. Isso porque ela estava também realmente interessada neste assunto. E tudo principiou nesta tarde. Comecei a enviar informações e colocá-la a par…

DM: Fico muito feliz que isso tenha acontecido porque é muito raro. Fiz isso uma vez e agora é você. Na minha experiência, vejo que a maioria dos pesquisadores não estão comprometidos com a integridade, a verdade e realmente descobrir a realidade. Eles estão interessados mais ou menos em manter seus trabalhos, obter seus financiamentos e publicarem qualquer coisa que lhes permita continuar com isso.

AS: Bem, a Dra. Stephanie está numa posição bem especial. Está bem próxima de sua equipe agora. Ela tem um grupo que está muito disposto a auxiliá-la a alcançar seus objetivos. Ela e eu trabalhamos juntos todos os dias, sete dias por semana.

DM: Não sabia disso.

AS: Stephanie e eu estamos… constantemente trocando emails. Estamos trabalhando em seis projetos diferentes agora.

DM: Uau. Isso é fantástico. Quem poderia saber?

AS: Quero lhe agradecer, Dr. Mercola, por ter feito aquela apresentação porque isso tem sido muito frutífero para nós dois.

DM: Bem, tanto para vocês dois como para a própria raça humana. As informações que vocês estão desvelando, publicando e tornando disponíveis a todos, têm um grande potencial para realmente mudarmos aqui toda esta batalha planetária e assim fazermos a diferença. E é isso ai.

AS: Bem, isso é somente a metade da equação, Dr. Mercola. Como mencionei antes, não deveria haver nenhum tipo de herbicida contaminando o fornecimento de alimentos. Destroem plantas e consequentemente bactérias. Nem todas elas são resistentes, mesmo com o glufosinato. Estou trabalhando num material que irá transitar por todas as vias bioquímicas e todos os efeitos esperados sobre a saúde gerados pelo glufosinato. Posso fazer o mesmo com o ácido 2,4-D (nt.: em inglês – 2,4-dichlorophenoxyacetic acid/2,4-D, herbicida que está sendo trazido para substituir o glifosato que já não controla todas as ervas que se tornam resistentes. Um dos componentes do Agente Laranja da Guerra do Vietnã).

DM: Quais são os níveis de glufosinato comparados ao glifosato? Sei que o glifosato é um dos mais usados no mundo… São semelhantes…

AS: Provavelmente em torno de 10% do mercado.

DM: Ok. Então, 90% dele é glifosato.

AS: Tem os produtos da Syngenta e também da DuPont. Quero dizer, todos os habitantes do mundo têm algo de…

DM: Poderíamos não ter nada disso. No entanto, você sabe, mesmo que seja livre de herbicida e orgânico, se for processado… Recentemente entrevistei a escritora escocesa, Joanna Blythman, que escreveu o livro, Swallow This: Serving Up the Food Industry’s Darkest Secrets, recomendo fortemente para que todo mundo leia. Ela se imiscuiu na indústria de alimentos na Escócia com uma falsa identidade e depois de entrar neste mundo, viu como eles camuflam toda a porcalhada que fazem quando processam, fazendo com que tudo pareça saudável e bom. Qualquer coisa como estes chips que você disse, no início de nossa entrevista, comer ou qualquer alimento processado. Ao sabermos o que ela compartilha, simplesmente não vamos mais quer comer mesmo que seja orgânico. Temos que seguir o exemplo que você nos dá, termos nossa horta em casa e comermos tudo plantado localmente, livre de herbicidas. Mas também que não seja processado porque isso já jogará cada um dos consumidores, nesta roda viva.

AS: E temos outro problema, Dr. Mercola. Como eu disse, o glifosato e só a metade de um sistema completo, feito de duas partes.

DM: Certo. E qual é a outra metade?

AS: A outra metade são as plantas. As plantas geneticamente modificadas, os transgênicos.

DM: Certo. Mas você não estava dizendo que… não é o glifosato, neste momento, a ameaça mais significativa? Quero dizer, obviamente, que você pode não discutir. Aqueles antígenos não são bons.

AS: Estou conduzindo experimentos de campo. Nos últimos dois anos venho conduzindo experimentos de campo com análises de laboratório de 33 variedades de milho geneticamente modificadas. Este ano, diversifiquei com soja.

DM: Os milhos têm a toxina do Bacillus thuringiensis/Bt. São um pouco diferentes.

AS: Bem, não são. Não exatamente as toxinas Bt. Você está falando das toxinas do glifosato e do glufosinato.

DM: Resistência, certo.

AS: Estes genes estão combinados num gene cassete (nt.: gene cassete – consiste do mesmo gene marcador com sequências adjacentes de “promotores”, que regulam a expressão do gene em resposta a sinais ambientais). Quando se combina os genes, um deles pode não causar o que dois, três ou quatro genes combinados fazem. É o que estou vendo no meu trabalho de campo e de laboratório. Estou vendo que podemos ter isso em milho transgênico e observando os não tratados e então asperjo com herbicida. Estou analisando os ácidos graxos. Analisando o conteúdo mineral, todos os minerais. E estou observando os isômeros das vitaminas. O que estou descobrindo é que existem diferenças entre aqueles que são tratados com herbicidas e aqueles que não são tratados. É que o herbicida influencia o conteúdo mineral mesmo das variedade resistentes geneticamente modificadas, tornando-as particularmente mais deficientes em manganês, cobalto e cobre, mas particularmente manganês. Também descobri que os ácidos graxos estão levemente distorcidos, mas também as vitaminas, particularmente o isômero da vitamina E, o tocoferol.

DM: Interessante.

AS: Com o tocoferol, constatei que nos óleos vegetais das variedades transgênicas como soja, canola e milho, observei os isômeros da vitamina E neles e descobri que eles têm maior quantidade de gama-tocoferol em oposição ao alfa-tocoferol. O alfa-tocoferol é um dos isômeros da Vitamina E que realmente é benéfico à nossa biologia. Já o gama-tocoferol induz inflamações. Um dos locais onde ele induz particularmente a inflamação é nos pulmões. Pode ser uma das razões que esteja influenciando a asma e a doença crônica obstrutiva pulmonar (nt.: em inglês – Chronic Obstructive Pulmonary Disease/COPD). Isso é que eu também queria acrescentar sobre o glifosato. Animais que foram alimentados com glifosato, na maioria deles o veneno passou nas fezes e uma quantidade menor na urina. Mas, eles também estão exalado-o pelos poros. O que você pensa sobre isso?

DM: Numa grande sala de conferências, onde a maioria das pessoas estão se nutrindo com esta dieta ocidental, eu ficaria bem cuidadoso, em razão de estar inalando o glifosato. Na verdade, não é de surpreender detectar esta toxicidade sinérgica comentada. Entrevistei Steven Druker por um longo tempo. Escreveu um livro – tenho certeza que lhe familiar.

AS: Sim.

DM: ‘Altered Genes, Twisted Truth‘. Ele é uma pessoa incrível. Ele é o advogado que processou a FDA por ter arrolado, em 1992, o glifosato como sendo reconhecidamente seguro (nt.: padrão criado nos EUA para todas as substâncias que entram na alimentação – generally recognized as safe/GRAS). Um dos capítulos do livro fala sobre a analogia a um programa de computador. É exatamente o que se espera. Temos uma fração de uma fração da devida diligência para prevenir catástrofes que eles estão provocando. Estes experimentos são apenas… Os princípios e fatores de precaução não são aplicados. Assim, as descobertas e os resultados que você está tendo não deveriam ser surpreendentes. Queria também enfatizar uma coisa que você mencionou. É quanto ao cobalto. Em razão do glifosato quelatizar minerais e um dos minerais que ele quelatiza, junto com o zinco e o manganês, é o cobalto. E então? Bem, é dele que precisamos para fazermos cobalamina, que é vitamina B12. Esta é uma parte crucial. Não se constata deficiência por vários anos, mas puxa!, vai torná-lo cego além de causar uma série de outras situações.

AS: Gerará todos os tipos de fatos neurológicos também. Pode até matar.

DM: Perfeitamente. Esta é ainda uma outra importante razão. Poderíamos continuar por horas discutindo estes fatos, mas penso que já compartilhamos informações suficientes agora para que as pessoas possam refletir… Poderemos retomar já que você não estará sumindo da nossa vista. Apreciamos profundamente suas contribuições com o seu trabalho e também nosso site é um espaço onde realmente poderá auxiliar agregando sua sabedoria neste tipo de discussão bem atual para que todos possamos ter um melhor entendimento da verdade. Somos como você. Estamos empenhados em identificar qual é a verdade para que as pessoas possam se sentir empoderadas para tomarem decisões. Na verdade, poderíamos … Você sabe, percebi há muito tempo que apenas informar às pessoas não é suficiente. Deve haver uma liderança. Temos de encontrar algum tipo de motivação que possa levar as pessoas a agirem para removerem tudo isto. Sim, você pode comprar orgânicos. Algumas pessoas não podem pagar. Mas essa é uma estratégia. Mas uma estratégia ainda mais eficaz é, para começar, não ter este tipo de substância no nosso suprimento de alimentos. Centenas de milhões de pessoas poderão melhorar sua saúde ao se evitar esta toxina. Isso é o que se procura fazer com o esforço em termos de rotulagem, por exemplo. Estas são estratégias de alto nível, para realmente eliminarmos sua presença nos alimentos. Mas há este esforço colaborativo, como o seu e da Dra. Seneff. O trabalho que vocês estão fazendo e publicando, pode realmente inspirar e capacitar as pessoas a participarem. Eu realmente lhe sou muito agradecido.

AS: Apreciei muito ser convidado para falar sobre isso.

DM: Sim. E realmente, grato por cobrir este processo… Esta é, para mim, o ápice desta história. Estes documentos de 1981 que você desvelou bem como sobre toda a pesquisa que a Monsanto vem escondendo. Grato por auxiliarmos, esclarecendo sobre alguns dos envenenamentos que temos sofrido pela exposição corriqueira ao glifosato. Além de nos fornecer alguns aspectos que podem ser capazes de prevenir estes fatos. Se não fizermos, poderemos ter consequências terríveis e trágicas se não nos cuidarmos. Gratidão por termos cientistas como você que nos auxiliam a ter a melhor sabedoria dentro da verdade.

AS: Só quero dizer uma coisa adicional.

DM: Claro.

AS: De que o glifosato e os herbicidas, em geral, nos permitiram através da nossa pesquisa gerar um processo que pode ser usado como modelo para avaliarmos outros químicos. Se tomarmos a metodologia que usamos para avaliar o glifosato e fizermos o mesmo para outras substâncias, poderemos chegar a conclusões significativas. Nossa biosfera está sendo salgada diariamente (nt.: mesmo sendo o glifosato um ácido, é aplicado na forma de sal), a cada hora e a cada minuto. A expansão do uso destas substâncias químicas, como os herbicidas, precisa ser cortada. Só temos uma biosfera. Todos estamos conectados.

DM: Isso é interessante também. Uma última questão que havia esquecido que está conectada com este aspecto da contaminação da biosfera. Existe alguma esperança. O Dr. Don Huber indicou que uma das pesquisadoras alemãs, Dra. Monika Krüger, na verdade tem feito alguma pesquisa demonstrando que ácidos húmicos e fúlvicos, mas eu penso serem especificamente os húmicos, foram verdadeiramente úteis para descontaminação de glifosato.

AS: Sim. Eu revisei seu trabalho antes da publicação.

DM: Ok. Pode comentar sobre isso?

AS: Isso é um… Se alimentamos animais como estes ácidos, algum glifosato pode ser absorvido. Mas isso é como se colocássemos um adesivo, tipo band-aid, sobre a ferida que precisa ser suturada.

DM: Bem, é um importante band-aid. Antes de 2010, éramos constantemente expostos a esta substância tanto através da dieta como pelo ambiente. Uma vez que tenhamos feito a epifania, ou seja, tenhamos tido a percepção com a compreensão total desta situação, a tal ponto de mudar nosso estilo de vida como muitos outros norte americanos farão, o que fazer para se desintoxicar? Pensa que esta estratégia é útil para tirar para fora aquilo que está impregnado nos nossos tecidos?

AS: Bem, o glifosato não se acumula no corpo por todo este tempo.

DM: Interessante.

AS: A maioria dele passa pelas fezes e urina razoavelmente rápido. Tem outro estudo, um estudo secreto, que tenho aqui comigo onde os pesquisadores fizeram um trabalho radiológico com o glifosato. Eles marcaram o glifosato e injetaram em animais e então o seguiram. Detectaram que ele circulava pela corrente sanguínea muito bem pela primeira meia hora e o rastrearam dai para frente. Veio diretamente da medula óssea e isso é assustador porque é onde ocorre a nossa hematopoiese. Ao fazerem este rastreamento, constaram que o glifosato na medula óssea estava muito estável por pelo menos 10 horas, ou até mais. Claro que as células brancas do sangue que se formam vão para o timo e também para nossas amídalas. É onde a maioria delas maturam, destacadamente no timo.

DM: Mas você acha que o ácido húmico pode ser útil para desintoxicação do glifosato que estiver fora da medula óssea?

AS: Penso que não.

DM: Ok. Isso é interessante. Então, provavelmente, é um benefício limitado somente para as pessoas que regulamente consomem isso, sendo que a melhor estratégia é evitá-lo.

AS: Estão observando o uso do ácido húmico,  preliminarmente, na agricultura e em sistemas criatórios com aves e outros nesta linha.

DM: Ok.

AS: Tanto quanto nossa biologia sabe, precisamos evitá-lo. Como eu disse, o glifosato trabalha a nível molecular. O dano acontece em baixas doses. Assim, quando ingerimos este químico, seus resíduos são captados de nosso portal das veias e em nosso trato digestivo. E eles se ligam à albumina como à ferredoxina e também ao ácido ascórbico: cerca de 10% do ácido ascórbico, 60% da ferredoxina e 40% albumina. Todos são transportadores de xenobióticos em nossa biologia.

DM: Interessante.

AS: Levam as coisas para fora de nós, de nosso fígado e tentamos desintoxicá-lo.

DM: Isso é outra coisa importante que a maioria das pessoas aprecia. Em razão de certos herbicidas ou agrotóxicos tradicionais aspergidos nas culturas, diferente do glifosato, podemos lavá-las e tirá-los da superfície das culturas. No entanto o glifosato, pelo meu entendimento do que disse o Dr. Huber, permanece integrado dentro de cada célula da planta (nt.: processo gerado pelo produto ter ação sistêmica).

AS: Certo. Ele se liga à biologia da planta como se liga… Parte dele se liga aos nossos tecidos e torna-se tumorigênico. Uma das principais coisas que o glifosato faz em nossa biologia é tanto regular os nossos genes para cima como para baixo. Na bactéria Escherichia coli sozinha, ele mostrou regular para cima e para baixo algo como 1.040 genes. Muitos daqueles genes, é claro, estão envolvidos com as enzimas do citocromo P450 (nt.: citocromos P450 são necessários para converter colesterol em aldosterona e cortisol no córtex adrenal, testosterona nos testículos e estradiol nos ovários), como a glutationa como transferase que é uma outra primeira linha de defesa de nossas células na desintoxicação em nossa biologia dos efeitos dos xenobióticos. Assim outras importantes enzimas que são interrompidas… Desidrogenase láctica ou lactato. Essa é mais uma.

DM: LDH (nt.: em inglês – lactate dehydrogenase) .

AS: Sim. Este é uma de muitas, mas eu particularmente observo esta agora para um novo trabalho que estamos escrevendo. A desidrogenase láctica, em nossa biologia é claro, é um indicador do dano que está acontecendo. Mas o glifosato desliga a desidrogenase láctica. Você pode ter um dano e não estar mostrando a desidrogenase láctica que serve a uma função particular.

DM: Imagine isso.

AS: Mas existe uma série de enzimas que o glifosato interrompe em nossa biologia.

DM: Grato por ter nos elucidado isso e por também me poupado algum tempo nesta busca já que a Dra. Krüger tem sido muito evasiva. Eu estava muito empolgado porque pensava que isso poderia ter algum benefício, mas agora parece que o ácido húmico é realmente pouco útil.

AS: Ela enviou-me um email hoje. Recebi um email outro dia, já que queria que eu fizesse uma revisão em um de seus trabalhos. Não estou seguro sobre o que era.

DM: Obrigado por tudo que você está fazendo, vai fazer e continua a fazer para nos inspirar e informar-nos além de educar-nos sobre este importante desafio, não só para a nossa própria saúde, mas realmente, para a saúde de toda a civilização. Nós temos um grande desafio para enfrentar. Realmente, são os dados que vocês estão gerando que nos ajuda a nos armarmos para derrotarmos essas coisas. Eu aprecio tudo que você está fazendo.

AS: Muito obrigado para você, Dr. Mercola.

[END]

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, setembro de 2015.

4 Comments

  1. Acabei de fazer um curso de apiterapia e concordo em estimular nosso sistema imunológico contra o câncer. Não concordo com a quimioterapia que destrói células saudáveis e sim ingestão de própolis, vitaminas ingeridas através de uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente, pois sou fisioterapeuta e sei dos benefícios obtidos. Muito proveitoso esse site sobre própolis, obrigada!! Atenciosamente Samantha