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Estudo mostra que exposição a agrotóxicos pode causar distúrbios reprodutivos.

Um estudo elaborado pelo aluno de doutorado em Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Cleber Cremonese, observou que grande parte dos agrotóxicos apresenta capacidade de desregulação do sistema endócrino humano, o que altera os níveis de hormônios sexuais e causa efeitos adversos, principalmente sobre o sistema reprodutor. Câncer de mama e ovário, desregulação de ciclo menstrual, câncer de testículo e próstata, infertilidade, declínio da qualidade seminal e malformação de órgãos reprodutivos são alguns dos exemplos dessas complicações. Segundo Cleber, com o aumento do consumo nacional de agrotóxicos, tanto no agronegócio como na agricultura familiar, crescem as evidências de que a utilização destas substâncias não está apenas relacionada especificamente à produção agrícola, mas se transforma em um problema de saúde pública.

As camponesas que dizem não aos transgênicos.

Argentinas e brasileiras são protagonistas de frentes de resistência ao modelo de agricultura industrial. Elas se autodescrevem como camponesas. São agricultoras, meeiras, sem-terra, boias-frias, assentadas, extrativistas… Em sua maioria, índias, negras e descendentes de europeus. Para a jornalista e pesquisadora da Unicamp Márcia Maria Tait Lima, que estudou este grupo de mulheres no Brasil e Argentina, as camponesas dos dois países são, hoje, protagonistas da luta contra o modelo de agricultura industrial, contra as sementes transgênicas e pela soberania alimentar na América Latina.

Novas evidências relacionam doenças mentais e suicídio de agricultores a uso de pesticidas.

Em sua fazenda no estado do Iowa, nos Estados Unidos, Matt Peters trabalhava do nascer ao pôr do sol plantando 1500 acres com sementes tratadas com pesticidas. “Sempre me preocupava com ele nas primaveras”, diz a esposa Ginnie, “e me sentia aliviada quando ele terminava o trabalho”. Em 2011, o marido “calmo, racional e carinhoso” se tornou subitamente deprimido e agitado. “Ele me disse: ‘Eu me sinto paralisado'”, conta. “Ele não conseguia dormir ou pensar. Do nada, ficou deprimido”.

Trabalho envenenado. Uso de agrotóxicos afeta diretamente os trabalhadores rurais, por Viviane Tavares

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Embora trágico, isso já não é mais novidade. No entanto, recentes pesquisas latino-americanas mostram que, além da intoxicação via alimentos, os trabalhadores também tem sofrido com esse impacto. E essa realidade está longe de ser mudada. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na safra 2010/2011, o consumo foi de 936 mil toneladas de agrotóxicos, movimentando US$ 8,5 bilhões entre dez empresas que controlam 75% desse mercado no país.

Do Transgênico ao Sintético: como a biologia sintética escapa da Lei.

Produtos derivados da biologia sintética, uma nova tecnologia que cresce rapidamente, estão chegando para invadir o mercado sem uma estruturação de legislações e regulamentações no espaço que exija uma avaliação pré mercado de seus riscos únicos tanto quanto à saúde como ao ambiente. Num futuro muitíssimo próximo, uma série de produtos alimentícios e agrícolas podem estar sendo colocados tanto no mercado sem rotulagem como nos ecossistemas naturais sem controles de biossegurança ou ainda entendermos sobre seus efeitos destes organismos sinteticamente modificados/OSM sobre a diversidade biológica.

Uso excessivo de antibiótico na produção de peixes afeta o ambiente dos rios e a saúde do homem.

A aplicação excessiva de antibióticos para tratamento de peixes no Rio Paraná, no reservatório de Ilha Solteira, em Santa Fé do Sul, interior de São Paulo, pode comprometer a sustentabilidade do pescado na região, que é responsável por 65% da produção de tilápia do Estado. O uso sem controle do remédio destrói a microbiologia do rio, afetando os peixes que vivem fora do cativeiro, e facilita o surgimento de bactérias resistentes, que dificultam o cuidado dos peixes e ainda podem ser transferidas aos homens, com implicações para a saúde.

Identificados os Culpados do Autismo.

Três décadas atrás, o autismo afetava uma em cada 10 mil crianças. Hoje, o autismo está estimado afligir tanto quanto uma em 50. Pesquisadores estão agora entendendo como o microbioma da criança pode desempenhar importante papel tanto pela exacerbação ou mesmo causando sintomas autistas. Novos estudos sugerem que a restauração do equilíbrio microbiano pode mitigar os sintomas autistas. Crianças autistas têm efetivamente diferentes microbiomas comparados a uma criança saudável. Estudos mostram que eles têm menos bactérias saudáveis e marcadamente maiores níveis de compostos orgânicos voláteis tóxicos.

Alterações genéticas e glifosato.

Após oito anos de pesquisas, o grupo GEMA da UNRC elaborou um relatório no qual confirma a “clara” vinculação do glifosato com alterações genéticas que podem levar ao câncer, gerar abortos espontâneos e nascimentos com malformações.

Trabalho rural e riscos à saúde: uma revisão sobre o ‘uso seguro’ de agrotóxicos no Brasil.

O paradigma do “uso seguro” de agrotóxicos sustenta-se em medidas de controle dos riscos na manipulação desses produtos. No entanto, estudos realizados em diversas regiões do País revelam um quadro de exposição e danos à saúde de trabalhadores rurais, evidenciando a ineficácia deste paradigma. Este trabalho apresenta uma revisão crítica sobre a abordagem do “uso seguro” de agrotóxicos nos artigos científicos publicados nos últimos 15 anos no Brasil.