Poder econômico (Pág. 27 de 64)

Congresso Nacional se enche de representantes ultraconservadores.

Congresso deve se tornar mais reacionário. Deputados racistas, homofóbicos e contra o aborto estão entre os mais votados. No Congresso brasileiro, pautas como a descriminalização do aborto, a legalização das drogas, a luta por mais demarcação de terras indígenas ou a união homoafetiva não têm vez. E a situação tende a continuar igual ou pior na próxima legislatura que, para o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), se desenha para ser a mais conservadora desde a época da ditadura.

Candidatos ruralistas chegam a quadruplicar patrimônios durante mandatos, acumulando acusações no STF.

Neste domingo, milhares de eleitores irão às urnas eleger ou reeleger candidatos e candidatas aos cargos majoritários e proporcionais da República. Desde julho, imagens sorridentes retocadas no computador atreladas a currículos supostamente ilibados, mostrando homens e mulheres predestinados a salvar vidas, escondem o que de fato se passa no covil biográfico e político de muitos deles: investigações por crimes variados, evolução patrimonial acelerada, posições racistas e preconceituosas, que de forma inexorável pautam as ações dos parlamentares na sede pela reeleição.

Mato Grosso do Sul: Onde um boi vale mais que uma criança indígena.

O Estado brasileiro de Mato Grosso do Sul, possui pouco mais de 35 milhões de hectares, comparavelmente é do tamanho da Alemanha a 3ª maior economia do planeta. A soma total de todas as áreas urbanas de seus 79 municípios somam apenas 44,1 mil hectares. Deste território, nada menos que 66% (22 milhões de hectares) é ocupado por gado (21,4 milhões de cabeça); cerca de6% deste território é ocupado por soja (2,1 milhões de hectares); 2,3% é ocupado pela cana (800 mil hectares); 2% é ocupado por eucalipto (700 mil hectares), a estimativa do setor é que exista 14 milhões de hectares disponíveis para seu plantio.

Com apoio do governo, agronegócio perdeu o medo do PT, diz o ‘rei da soja’.

"O agronegócio tinha resistência quando o PT entrou no poder. O medo era que o partido acabasse com tudo. Iríamos ser expropriados, perder prédios, terras, tudo. E foi o contrário. Com maior produção de grãos, teremos preços retraídos. Mas tivemos anos bons e agora vamos queimar um pouco de gordura. Defensor declarado da reeleição da presidente Dilma Rousseff, Eraí Maggi, conhecido como o "rei da soja", justifica a sua posição pela regularidade do apoio do governo ao setor, com crédito farto, juros baixos e até avanços na infraestrutura. Para ele, o PT, que era visto como o grande inimigo do setor, acabou estimulando a expansão do agronegócio. "O governo entendeu que tem espaço tanto para o pequeno agricultor como para o grande. E deu apoio aos dois", disse Maggi à Folha de S.Paulo, 28-09-2014.

Governo retoma as grandes barragens.

A situação crítica do abastecimento hidrelétrico e a queda progressiva da fatia dessas usinas na matriz de energia fizeram o governo tirar da gaveta um plano polêmico, congelado há anos: a construção de hidrelétricas com grandes reservatórios d'água. Discretamente, esse modelo de usina, praticamente banido do planejamento do setor há uma década, tem sido retomado pelo governo.

Relatório recomenda remover aldeias e alagar área indígena para construir usinas no Tapajós.

O Ministério de Minas e Energia adiou, no último dia 17, o leilão da Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós, no Pará, alegando a necessidade de adequar estudos indígenas. Era o mínimo a ser feito, tendo em vista que, desde a construção da Usina Hidrelétrica de Balbina, em Presidente Figueiredo (AM), um projeto tão violento e ilegal contra os índios e, portanto, contra a sociedade brasileira, não acontecia no Brasil. Para construir a Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós, no Pará, além de alagar terras indígenas, o governo cogitava remover três aldeias do povo Munduruku, contrariando o artigo 231 da Constituição Federal.

A não gente que não vive no Tapajós.

"Os índios, em maior número e com maior poder de pressão, ganharam temporariamente estatuto de “gente” na prática governamental. Os ribeirinhos seguem um não ser – escutado. Ao olhar para o atual momento histórico, o pesquisador Mauricio Torres diz: 'O inimigo não é mais o pistoleiro do grileiro, passível de ser olhado nos olhos e enfrentado. Todos agora se sentem impotentes frente à ação do governo em prol das hidrelétricas. O inimigo agora é maior'", escreve Eliane Brum, escritora, repórter e documentarista, em artigo publicado pelo jornal El País, 15-09-2014.