Monsanto condenada… mata-mato=mata-gente

Pela primeira vez o ‘inócuo’ Glifosato passa a ser condenado por gerar deve pagar indenização de 289.2 milhões de dólares pelos efeitos maléficos de seu produto comercial ‘Roundup’, a um jardineiro na Califórnia.

https://www.organicconsumers.org/blog/monsanto-roundup-trial-verdict

by Baum Hedlund Law

August 10, 2018

Um júri de San Francisco emitiu hoje seu veredicto (verdict) contra a Monsanto Company (Monsanto Company), no caso (the case) de um ex-jardineiro que está com câncer terminal, ordenando que a gigante agroquímica pagasse $ 39,2 milhões de dólares como dano compensatório além de $ 250 milhões de dólares como agravo punitivo por não avisar (failing to warn) aos usuários-consumidores de que a exposição ao herbicida Roundup (nt.: com seu princípio ativo – glifosato) causa câncer (nt.: conforme consta pode se apresentar como: Non-Hodgkin Lymphoma; câncer ósseo; do cólon; dos rins; do fígado, melanoma; do pâncreas e da tiroide).

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Dewayne “Lee” Johnson impetrou (filed the lawsuit) uma ação judicial (case no. CGC-16-550128) contra a Monsanto Co., sediada na cidade de St. Louis, Missouri, em 28 de janeiro de 2016, alegando ter sido exposto ao herbicida Roundup que ele aspergiu enquanto trabalhava como jardineiro/zelador junto à escola distrital ‘Benicia Unified School District‘, desenvolvendo nele o tipo de câncer linfático chamado “Linfoma não-Hodgkin” (nt.: em inglês – Non-Hodgkin lymphoma/NHL).

Em 18 de junho de 2018, sua ação foi encaminhada à juíza Suzanne Ramos Bolanos do Superior Tribunal de São Francisco, Califórnia. O caso de Johnson foi o primeiro a acelerar seu julgamento face o seu diagnóstico terminal.

Depois de oito semanas na sequência dos procedimentos judiciais, o juri declarou unanimemente que o mata-mato da Monsanto, Roundup, com o princípio ativo glifosato (glyphosate), levou o sr. Johnson a desenvolver linfoma não-Hodgkin e que a corporação falhou em não advertir sobre o severo perigo que representa à saúde dos usuários. Destacadamente, também é declarado de que a Monsanto atou maliciosa, opressiva e fraudulentamente e que deveria ser punida por esta sua conduta.

A Monsanto Co. continua a se recusar a alertar os consumidores sobre os perigos de seu produto Roundup, que lhe rende bilhões de dólares, apesar da maior autoridade mundial em câncer – a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer/OMS/ONU (nt.: International Agency for Research on Cancer/IARC) – listar o glifosato, princípio ativo do , como provável carcinogênico (probable carcinogen), em 2015 (nt.: por uma questão ética não se faz pesquisa em seres humanos, por isso ser provável cancerígeno, diferente das pesquisas com animais quando se afirma ser ou não cancerígeno).

Lee Johnson é um dos mais de 4.000 cidadãos por todo este país, EUA, que acionam judicialmente a Monsanto tanto nos tribunais estaduais como federais, baseados nas alegações da conexão do Roundup ao câncer.

Foi representado judicialmente pelos senhores dos escritórios de advocacia: Brent Wisner of Baum, Hedlund, Aristei and GoldmanDavid Dickens of the Miller Firm e Mark Burton of Audet & Partners LLP.

O advogado e co-autor da ação, Brent Wisner, afirma de que a decisão de hoje, é resultado de documentos confidenciais originários da corporação e recém revelados.

“Finalmente pudemos mostrar ao júri documentos internos e secretos da Monsanto, que comprovavam de que a corporação sabia, há décadas, de que o princípio ativo do herbicida, glifosato, e especificamente o produto comercial Roundup poderiam causar câncer”, disse Wisner. “Mesmo com a incapacidade da EPA (nt.: Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) em exigir rotulagem, estamos orgulhosos de que um júri independente seguiu as evidências e usou sua voz para enviar uma mensagem à Monsanto de que seus anos de fraude sobre o Roundup acabaram e que eles deveriam colocar a segurança do consumidor em primeiro lugar acima dos lucros.”

Por anos, a Monsanto clamou de que não havia evidências de que o Roundup causasse câncer. No entanto, montanhas de testemunhos e documentos (mountain of testimony and documents) foram adicionados ao litígio. Os advogados da vítima, o jardineiro Johnson, provaram, por meio de depoimentos de testemunhas da Monsanto, de que funcionários da empresa escreviam artigos científicos com “ghostwrote”  (nt.: autores fantasmas, pessoas que são contratadas para escreverem algo ‘comprado’), bem como pagavam cientistas externos para publicarem os mesmos em seus nomes.

Documentos internos revelaram que um consultor científico contratado pela Monsanto disse à empresa que testes anteriores para o herbicida eram insuficientes porque o glifosato, ingrediente ativo do produto comercial, foi testado isoladamente, sem os outros ingredientes químicos que compõem a formulação do Roundup.

“Muitos desses documentos confidenciais da Monsanto foram abertos pela primeira vez”, disse David Dickens, advogado co-autor jurídico da ação. “Eles mostram que a Monsanto sabia que seus testes eram insuficientes e que havia um efeito sinérgico quando o glifosato era combinado com surfactantes que ajudam o glifosato a penetrar nas paredes das células das plantas e dos animais.”

Em outros documentos agora públicos, os funcionários da Monsanto reagiram à lista do órgão ambiental da Califórnia que identificava o glifosato como carcinogênico (California EPA’s listing of glyphosate as a carcinogen), chamando os californianos de “liberais e idiotas”, esmagando a Monsanto como um “filme de zumbi” que eles tiveram que eliminar um de cada vez, a partir da eleição presidencial de 2016.

Além de ouvir o testemunho de especialistas, o juri também teve uma audiência com o testemunho doloroso tanto de Lee Johnson como de sua mulher, Araceli.

Araceli lembrou ao júri as muitas noites insone nas quais Lee passou chorando na cama quando seus filhos não estavam por perto. “Tentava esconder e da mesma forma mostrar ser forte”, disse ela. “Buscava ser positivo; queria ser… tanto para nós como para as crianças.”

Depois que o marido começou a quimioterapia, Araceli conseguiu um segundo emprego trabalhando 14 horas por dia para ajudar a pagar as contas médicas da família enquanto ainda levava seus dois filhos, a 45 minutos, para a escola, Napa Valley School District, na esperança de lhes oferecer melhores oportunidades educacionais.

Quando Lee reconheceu sua situação, disse ao júri o quanto ele ficou assustado e confuso depois de receber a notícia de que tinha câncer. Descreveu também as muitas vezes em que contatou a Monsanto para ver se as lesões de pele que ele havia desenvolvido, tinham a ver com o emprego do Roundup. Ao não ouvir nada que confirmasse suas suspeitas, por parte da empresa, continuava a aplicar o herbicida.

Mais impactante foi Johnson ter declarado que nunca teria usado o Roundup se soubesse de seus perigos. E também acusou a Monsanto de ter ocultado os riscos de segurança do Roundup para continuar lucrando com seu multi-bilionário herbicida.

“Nunca teria aspergido este produto nos jardins e terrenos da escola e próximo de pessoas, se eu soubesse que isso poderia causar-lhes algum mal”, disse Johnson durante seu emociante testemunho. “Isso é anti-ético. Isso está errado. As pessoas não merecem este tipo de coisa.”

Uma equipe de advogados de três escritórios de advocacia representou o Sr. Johnson neste julgamento: The Miller Firm, LLC (The Miller Firm, LLC) de Orange, Virgínia, Baum, Hedlund, Aristei & Goldman, P.C. (Baum, Hedlund, Aristei & Goldman, P.C.) de Los Angeles e Audet & Partners LLP (Audet & Partners LLP) de São Francisco. Essas empresas representam milhares de demandantes que sofrem de câncer relacionado ao Roundup, em todo o país.

As empresas advocatícias são nacionalmente conhecidas e lidam com casos complexos de responsabilidade por produtos, entre outros, ocupando posições de liderança nos processos judiciais federais e estaduais na Califórnia quanto ao Roundup da Monsanto. Esta corporação vem enfrentando mais de 4.000 casos de câncer deste produto em todo o país. E esse número está crescendo.

O próximo processo por câncer ligado ao Roundup, e contra à Monsanto, também é um caso estadual e está programado para acontecer em outubro, em St. Louis, Missouri. Agora que o juiz no litígio federal multi-distrital (baseado no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito do Norte da Califórnia em San Francisco), aceitou vários especialistas dos queixosos para testemunharem, as datas de julgamento para os casos federais devem ser anunciadas nos próximos meses.

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, agosto de 2018, atualizada em 10.2019.