Abacate, seu lado obscuro

Fruto com o centro de origem botânica, localizado no México, países da América Central e na região norte da Cordilheira dos Andes, hoje é plantado em várias regiões tropicais e subtropicais do planeta. Considerado um dos frutos mais completos da natureza.

Documentário abaixo feito pela mídia alemã, mundialmente respeitada, a Deutsch Welle, apresentando o lado obscuro do plantio e do consumo do abacate no Chile e na Europa, respectivamente.

Na Europa, o abacate é considerado um “superalimento”. No entanto, no Chile, ele é sinônimo de escassez d’água, violação dos e uma profunda fenda ecológica. Na província de Petorca, a uns 200 km ao norte da capital chilena, Santiago, cultiva-se esta fruta desde tempos imemoriais.

Inicialmente era plantada por pequenos agricultores. No entanto, no auge de sua popularidade, nos anos 90, provoca um aumento exponencial em sua produção. A partir então, são os grandes latifundiários que dominam o mercado do abacate nesta região. Para tanto, consomem quantidades imensas d’água para seu cultivo. Para produzirem um quilo de abacates, umas três peças, são necessários até mil litros d’água, quantidade muito maior do que para cultivar a mesma quantidade de tomates ou batata andina. A região é caracterizada por uma permanente falta d’água. Os leitos dos rios estão secos há anos e muitas são as pessoas que dependem de caminhões pipa para serem abastecidas d’água. Enquanto isso, as grandes explorações irrigam seus milhares de hectares com água proveniente de represas artificiais.

Rodrigo Mundaca fundou uma ONG chamada Modatima, em 2010. Seu objetivo é lutar pelo direito à água defendido pela ONU e que o Chile também assim o reconhece. Numa averiguação aérea revelou, em 2012, a existência de 64 canalizações subterrâneas que desviam a água dos rios para, supostamente, irrigar as plantações de abacate. Além disso, desde 1981, durante a ditadura de Pinochet, a água no Chile torna-se um bem privado. As licenças são concedidas com frequência de forma vitalícia. A isso se soma o pesado desequilíbrio ecológico do consumo final do abacate na Europa.

As frutas são enviadas por transporte marítimo, cuidadosamente embaladas em espuma de estireno e armazenadas em contêineres climatizados. Ao chegar na Holanda, no porto de Rotterdam, sua maturação é forçada com processos artificiais. A partir daí este “superalimento” é distribuído aos supermercados alemães, por exemplo, prontos para seu consumo.

“A Europa quer se alimentar de maneira ‘saudável’ às nossas custas”, diz Mundaca.

(Nota do site: De acordo com algumas visões da geopolítica mundial da globalização, geradas nos anos 60 e 70 do século XX, o Chile ficaria com a função de ser o celeiro das frutas temperadas e subtropicais que abasteceriam os mercados desenvolvidos, como se percebe, neste fato, com o abacate e a Europa.)