Microbioma. Como constituir um Saudável: Antes, Durante e Depois do Nascimento.

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Kelly Brogan

Resumo da História.

  • Podemos estar estabelecendo um cenário para a , asma, alergia e doenças mentais pela negligência do papel da vida microbiana hospitalar e pela interferência quanto à transferência bacteriana pela mãe, no momento do nascimento de nossas crianças;
  • Por muito tempo pensou-se que o útero era um ambiente estéril. Percebemos agora de que existem microrganismos tanto na placenta, no cordão umbilical como nas membranas fetal, onde exercem importantes funções;
  • Pesquisa revela que o parto vaginal influencia a expressão gênica na persistência das linhagens nos recém nascidos, sendo importante para o seu desenvolvimento saudável;
  • Parto natural doméstico, comparado com o nascimento natural hospital, está associado com o decréscimo no risco de eczemas, sensibilização a alimentos alergênicos e asma;
  • Durante a gravidez, evitar o glúten, o açúcar, agrotóxicos e alimentos geneticamente modificados tais como praticamente todo o milho, a e os óleos vegetais.

 

http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2014/12/29/healthy-gut-microbiome.aspx

 


Kelly Brogan A Mind Of Your Own

By Kelly Brogan, MD

Meus pacientes são muitas vezes surpreendidos quando eu lhes pergunto onde eles nasceram, se as paredes do hospital e o canal vaginal de suas mães foram ou não atores chaves em seu nascimento.

Como alguém que segue uma literatura florescente sobe o papel do microbioma na regulação da imunidade, resposta à inflamação e à saúde cerebral, o papel formativo da experiência do parto na saúde mental posterior, é um fato que eu considero para iluminar minha ação investigativa.

A saúde mental e o bem-estar são muitas vezes, se não sempre, um reflexo do equilíbrio corporal e fisiológico – endócrino, intestinal, imunológico, neuroquímico. Através desta lente, desordens alérgicas e auto-imunes, descarrilamento metabólico e o , são indicadores relevantes da natureza deste desequilíbrio multifocal e a trajetória de recuperação.

Patologias como a desordem obsessiva-compulsiva 1 podem ser vistas como um problema inflamatório/imunológico com base no com uma resolução não medicamentosa (longe de uma atribuição vaga desses sintomas a um “desequilíbrio da serotonina”).

Crescentes evidências apoiam o papel fundamental do microbioma intestinal em influenciar os padrões de resposta ao estresse, a maioria da produção principalmente do cortisol e sua regulação.2

O AUMENTO DA EpigenÉticA.

Quando nós aprendemos com o encerramento do Projeto Genoma Humano que devemos ter externalizado a vasta maioria da fisiologia humana para algum outro espaço do que os 25.000 genes, nós começamos a colocar o foco sobre a epigenética.

Esta é uma habilidade do organismo para manifestar a expressão genética variável dentro de nosso epigenoma (nt.: longo conjunto de sinalizadores bioquímicos ao longo de todo o genoma que responde aos sinais ambientais que liga e desliga os genes) sem mudanças para as sequências dos nucleótidos primários de nosso DNA ele mesmo e este mecanismo se baseia fundamentalmente em pistas ambientais, por vezes referido como o expossoma (nt.: expossoma é um conceito relativamente  novo que incorpora todas as exposições encontradas pelos seres humanos. Propõe ser o equivalente ambiental do genoma humano e inclui-se exposições da vida aos poluentes ambientais no , na água, na atividade física, nas medicamentações, nos lares e nos aspectos poluidores do dia a dia).

Nosso intestino, como o órgão que mantém a maior interface com nosso ambiente, hospeda a microflora, principalmente bactérias, que aumenta nossa coletânea genômica 150 vezes; além de ser o lar de nosso sistema imunológico.

O intestino também é responsável por metabolizar os alimentos que não poderíamos fazer de outra forma, para produzir nutrientes que nós não teríamos condições de ter de outra maneira, bem como a desintoxicação das exposições químicas 3 que da mesma forma não teríamos condições de fazer de outro jeito.

Em suma, o intestino é indiscutivelmente o local base para nossa saúde. Mas como fazer nosso intestino obtém este estabelecimento? Quais são os fatores que contribuem para a saúde do intestino? Quando tudo isso se inicia?

ANTES DO NASCIMENTO

Adicionando a uma longa lista de “opa!” na história da medicina, havia uma convicção de que o útero era realmente um ambiente estéril. Ampliamos no momento nossa compreensão da natureza ubíqua de microrganismos que envolvem um lugar especial tanto na placenta, no cordão umbilical como nas membranas fetal.4

Desta maneira, a grávida, em sua longa vida anterior de contato com antibióticos, anticoncepcionais, glúten, /OGMs, estresse crônico e vacinações, tudo isso conspira para estabelecer um cenário para a passagem de informações microbianas antes do parto, intra parto e pós parto, para a expressão dos genes.

Tudo isso sustenta a vital importância da desintoxicação da gravidez e uma dieta densa nutritiva. Observando os fundamentos de Weston Price (nt.: pensador e cientista canadense que viveu nos e defendeu a nutrição como base da verdadeira saúde geral do organismo) e apropriando-me dos princípios de saúde dos ancestrais que reconheciam o papel da nutrição densa dos alimentos de origem animal para fornecimento de ácidos graxos, vitaminas lipossolúveis, colina, vitaminas do complexo B e zinco.

Recomendo a rejeição estrita de glúten, açúcar, agrotóxicos e alimentos geneticamente modificados como são praticamente todo o milho, a soja e os óleos vegetais que estão atualmente no mercado.

DurAnTE O NASCIMENTO

Não estou fazendo uma defesa da “segurança” do parto domiciliar. Meta-análises bem conduzidas vêm fazendo isso, como as que foram publicadas em 2005 e 2013 no periódico British Medical Journal5 que detectou que aquelas que deram à luz em casa apresentaram menores (em menos do que a metade) das taxas de morbidade maternal severa e aguda, hemorragias pós parto e remoção manual da placenta.

Estas estatísticas e a difusão do medo retórico ao redor do nascimento, são tratados em torno do fato principal: o nascimento não é um problema médico para ser administrado. As mulheres vêm evitando esta experiência primal e transformadora para serem cooptadas pelo paradigma machista dominante do intervencionismo abusivo.

De alguma maneira, poderia o ônus da prova recair em defender como nós nascemos para a inteireza de nossa presença aqui neste planeta. O nascimento não é sobre monitorar e avaliar o recém nascido, dores e a pontuação de ‘Agpar'. É uma dança evolucionariamente orquestrada tanto na mente como no corpo da mulher que dá caminho para a díada, mãe-nascituro, uma unidade que necessita ser preservada, protegida e honrada.

É possível que 1/3 das mulheres norte americanas, tendo agora nascimentos com intervenção cirúrgica, teriam perdido a habilidade de parir como nós evoluímos fazendo?

De acordo com o Dr. Stuart Fischbein,6 obstetra que realiza parto caseiro, em uma geração nós fomos, em termos de partos, de 99% dos nenês vindo em casa em 1920, para 99% dos nascituros nascendo em hospitais lá por 1950, além do que a taxa da seção C (nt.: sigla para identificar o processo de nascimento por cesariana) teve um incremento de 50% desde 1996, com um não melhoramento na taxa de mortalidade neonatal.

Um estudo fascinante intitulado “Cesarean delivery and hematopoietic stem cell epigenetics in the newborn infant: implications for future health?7, identificou significativas mudanças epigenéticas induzidas pelo nascimento vaginal, que eram evidentes as diferenças de metilação global e mesmo o loci específico do DNA que pareciam correlacionar-se com a duração do trabalho de parto e o nascimento vaginal.

Isso significa que o nascimento vaginal influencia a expressão do gene nas linhagens celulares em recém nascidos – isso é uma importante parte do processo! Além dos efeitos colaterais não intencionais de intervenções dolorosas, há a interferência com o início da amamentação e o risco potencial de uma depressão pós-parto, além de um parto medicalizado também perturbar e por em risco a saúde do microbioma.

Sabemos que os bebês nascidos através de cirurgias são mais propensos a terem a colonização dos intestinos mais vinda da flora da pele que não é da mãe do que do intestino materno.8, 9 E além disso, o que ocorre com os bebês nascidos pela vagina em hospital vs. os que nascem em casa?

NASCIMENTO Vaginal EM Hospital versus DomÉSTICO—ISSO FAZ DiferenÇA?

Em um estudo de 2011 publicado no periódico Journal of Allergy and Clinical Immunology,10 os pesquisadores tentaram responder esta questão. Em um grupo de coorte de nascidos, amostras fecal foram coletadas com um mês de idade e amostras de sangue quando tinham um ano de idade e 6-7.

Os  autores concluíram que: “A colonização por Clostridium difficile na idade de um mês estava associada com chiado e eczema durante os primeiros 6 a 7 anos de vida e com asma nesta mesma idade. Parto vaginal doméstico comparado com vaginal hospitalar esteve associado com a diminuição do risco de eczema, sensibilização para alimento alergênico e asma.”

Nesta análise, eles corroboram que “bactérias de pele não maternal” eram a herança dos recém nascidos por cirurgias e detectaram que eles foram colonizados por bactérias menos benéficas como as bifidobacterium e bacteroides.

Atribuem diferenças nos resultados de saúde nestas crianças a presença da espécie patogênica – Clostridium difficile. É possível que houvesse influência não apreciada de outros fatores relacionados, o que é referido como inclinação do usuário saudável, em que estas mulheres, em geral, parindo em casa estavam possivelmente engajadas em decisões mais conscientes de saúde.

Neste estudo de coorte, 491 dos recrutados estavam num grupo de “estilo de vida alternativa” conhecido por “práticas de educação infantil, hábitos dietéticos, uso restrito de medicação e esquemas de vacinação, mas nós realmente sabemos que há diferenças fundamentais na colonização microbiana dependendo do lugar do parto”.

De acordo com o periódico Environmental Health Perspectives:11 “Uma nova hipótese diz que as infecções hospitalares estão sendo dirigidas não pela existência de microrganismos prejudiciais, mas sim pela ausência de espécies úteis”. Parece claro que podemos estar preparando o cenário para uma obesidade ao longo da vida, bem como asma, alergia, doença mental, ao negligenciarmos o papel da vida microbiana de base hospitalar e de interferirmos na transferência materna de bactérias, quando do nascimento de nossos bebês.

AntibIÓticOs INTRA PARTO: O ASSALTO GBS/grupo b streptococcus

Um dos perigos específicos de uma gravidez medicalizada é a triagem de rotina para o patógeno específico entre as 35-37 semanas – o Grupo B Streptococcus. Para a grande maioria das mulheres parte do microbioma vaginal comensal existe a crença de que sua presença é causa significativa para danos. Devido a inabilidade para pré determinar quais os bebês poderiam ser vulneráveis a esta infecção quando expostos, 68.966 mulheres podem ser tratadas para prevenir 1 morte neonatal 12 – se, de fato, isso é o que os antibióticos são capazes de fazer. De acordo com o padrão ouro na avaliação objetiva da pesquisa disponível, Cochrane Database:13

“Esta revisão descobre que dar antibióticos não é apoiado em evidência conclusiva. A revisão identificou quatro testes envolvendo 852 mulheres positivas para GBS. Muito poucas mulheres em trabalho de parto, positivas para GBS, deram à luz a bebês que foram infectados com o GBS. E os antibióticos podem ter efeitos negativos como reações severas alérgicas materna, aumento em organismos resistentes aos medicamentos e expõe o recém nascido a bactérias resistentes e infecções fúngicas pós natal tanto materna como do nascituro”.

Além disso, um estudo retrospectivo publicado no periódico Pediatrics14   descobriu-se que a todos os recém-nascidos com infecção GBS foi, de fato, administrado antibiótico intra parto. De preocupação potencialmente maior é o aumento do sério risco de início tardio de infecção resistente a bactérias a medicamentos, conferida por exposição a antibióticos intra parto 15 e o aumento em 40% na mortalidade neonatal (apesar da redução em 68% na colonização GBS) quando é dado aos bebês antibiótico profilático pós parto 16. Se quisermos considerar o GBS, especialmente, como um fator de risco independente, tanto o alho como os probióticos podem ser o necessário para uma mudança segura da colonização vaginal.17, 18, 19

Possivelmente uma verificação indiscriminada, sem apreciação para outros fatores de risco que contribuem para a infecção neonatal GBS e o uso obrigatório intravenoso de antibióticos que não têm sido só ineficientes, mas potencialmente ameaçadores a um microbioma comensal cultivado, não representa a melhor prática. Então novamente, a maioria dos obstetras não tendem a se preocupar eles mesmos com a medicina baseada em evidência e muito menos apoiam um parto fisiológico.

DEPOIS DO NASCIMENTO

Exploramos duas destas heranças tripartite microbiana e os meios finais para instruir o sistema imunológico do recém nascido, sendo que a resposta às inflamações e ao cortisol vem da amamentação. O leite materno é muito mais do que só um “alimento”. É emblemático de o alimento ser informação, já que é mais do que a soma de suas partes de caloria ou de micro/macronutrientes. Contém fatores imunológicos, bactérias (transferência denominada êntero-mamária 20) e mais de 200 oligossacarídeos ímpares, gerados para nutrir a flora bacteriana intestinal que não são replicáveis além de serem ausentes ilustres de cada um e de todos os produtos formulados presentes no mercado. Recentemente, modificadores epigenéticos como pacotes de informações relacionadas ao sistema imunológico ou exossomos (nt.: são vesículas de 40 – 100 nm secretadas pela maioria das células in vivo e in vitro, e são encontrados nos fluidos do corpo tais como sangue, urina, líquido amniótico e líquidos excretados de células tumorais) foram descoberto no leite materno,21 além disso revelando a presunção humana de querer assumir que decodificamos os elementos da imunidade e da nutrição infantil que evoluíram ao longo de milhões de anos.

Os bebês nascem com um fenótipo anti-inflamatório, destinado a confiar na imunidade materna para a orientação e a instrução bem como a expressão genômica temporária. A produção de anticorpos induzida por vacina e associada a adjuvantes tóxicos estimulando a imunidade, não têm lugar nesta relação e são,  de alguma forma, substitutos. Estudos demonstram que os anticorpos estão presentes em 49% dos bebês nascidos de mães naturalmente imunes e 15% nos vacinados aos 8 meses.22, 23 A moderna conceituação de imunidade e a psico neuro-endocrinologia têm tornado arcaico o paradigma simplificado dos anticorpos baseados na vacinação.

Percorremos um longo caminho desde as nossas raízes como evidenciado por estudos que examinam vastamente os diferentes microbiomas intestinais dos dias modernos, dos caçadores-coletores e de uma habitação urbana de italianos. Dada a estimativa agora reconhecida de que 90% das nossas células são de origem bacteriana, pode-se argumentar que temos forçosamente evoluído em nossa espécie, fora de sua manifestação natural – definida aqui como se fosse uma co-evolução dentro de um ecossistema. Agora que a nossa própria humanidade está sendo, em grande parte, definida pelas comunidades microbianas dentro e fora de nós, que vem sendo rearranjada pelas exposições às intervenções médicas, a produtos farmacêuticos, modificações genéticas, pela industrialização, pelo envenenamento de nossa cadeia alimentar além do estresse crônico. A cura a partir destas transgressões exigirá que comecemos a reconhecer a sacralidade da gravidez, do parto, além do pós-parto para assim estabelecermos os fundamentos para a futura saúde, física e mental, de cada e de todos os filhos de nossos filhos.

SoBRE A AutorA

A Dra. Brogan é formada em Psiquiatria/Psicossomática, Medicina/Psiquiatria Reprodutiva, Psiquiatria e Medicina Holística Integrativa e práticas de Medicina Funcional, uma visão radical quanto ser a enfermidade como manifestação de sistemas múltiplo inter-relacionados. Depois de estudar Neurociência Cognitiva junto ao M.I.T. e receber seu M.D. da Universidade de Cornell, completou sua residência e sua bolsa de estudos em Bellevue/NYU. Ela é a Diretora Médica do Fearless Parent e conselheira do GreenMedInfo.com e do Pathways to Family Wellness. Exerce sua prática na cidade de New York (practices in NYC) e faz parte do corpo docente da NYU/Bellevue. Para mais informações, ver Kellybroganmd.com e Fearlessparent.org.

Fontes e Referências
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2 Comentários

  1. Bom dia Dra. Natasha,
    achei muito interessante, educativa e importante esta entrevista sobre um tema ainda pouco estudado e difundido de saúde. Gostaria de saber mais deste tipo de tratamento voltado para o problema de bipolaridade em jovens, especialmente do sexo masculino, na faixa dos 30 anos, nascido de cesariana e com um mês só de amamentação. Penso que o que foi descrito tenha tudo haver com esta situação.
    Parabéns pelo exaustivo trabalho de estudos nesta área e pelo sucesso na cura do seu filho, o seu bem mais importante e precioso na vida. Falo aqui da cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, Brasil.