Alimento: nutricional ou medicinal?

Alimento: nutricional e medicinal? Constatações de um jovem cientista que revoluciona o diálogo ser humano-natureza e a saúde.

 

 

http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2017/04/09/soil-microbes-intracellular-communication-affects-health.aspx

RESUMO DA HISTÓRIA

  • Não existe outra coisa que se compare ao DNA “lixo” (nt.: ver – http://istoe.com.br/235741_DNA+CONSIDERADO+LIXO+E+VITAL+PARA+O+NOSSO+CORPO/). Como resultado, este DNA desempenha um papel absolutamente crucial na regulação dos 25 000 genes que na realidade produzem proteínas;
  • Os 30 % de nosso micro-RNA mensageiro, os interruptores que regulam a produção de proteínas de nossos genes, não são de origem humana–eles provêm de bactérias e fungos obtidos dos alimentos e do ambiente;
  • Quando uma planta carece de nutrientes, é atacada por pragas (nt.: preferimos ‘indicadores biológicos’ já que atuam como guardiães do equilíbrio ambiental e indicam um desequilíbrio). O mesmo fenômeno ocorre em nosso corpo–a perda de nutrientes nos torna vulneráveis. Esta é a razão porque se deve diminuir o uso de antibióticos em todas suas formas na medicina, na produção animal e no cultivo de plantas transgênicas com herbicidas à base de glifosato.

 

(Nota do site: esta entrevista está sendo traduzida para posterior publicação)

 

By Dr. Mercola

Nossa saúde é, em grande parte, determinada pela saúde do solo no qual nosso alimento é cultivado. Nesta entrevista, o Dr. Zach Bush esmiúça as muitas razões do porquê isso acontece desta forma.

Dr. Bush, que é triplamente diplomado em medicina interna, endocrinologia e metabolismo, além de atenção hospitalar e cuidados lenitivos, realizou algumas fascinantes e inovadoras pesquisas nestas áreas e é um dos médicos mais brilhantes que eu jamais havia encontrado.

Começou sua carreira como um pesquisador convencional em câncer, junto ao organismo público norte americano que lida com a saúde: “Institutos Federais de Saúde” (National Institutes of Health/NIH) (nt.: ver – https://www.nih.gov/about-nih).

Quando o financiamento de suas pesquisas secou em função da recessão de 2008-2010, Bush migrou para a área da nutrição, para finalmente começar a entender como a inflamação crônica e a perda de comunicação intercelular tornam-se o eixo central para todas as doenças e porque muito do nosso alimento perdeu seu valor medicinal.

Sua equipe científica de trabalho tem contribuído para a nova ciência do micro-RNA, o resultado de todo este DNA “lixo” no nosso corpo (considerado mais do que 90% das sequências de DNA em nosso genoma).

Como se vê, este DNA “lixo” e o resultante micro-RNA, têm um papel incrivelmente crucial na regulação de 25.000 genes que, na verdade, fazem as proteínas que constroem nosso corpo. A função do micro-RNA é atuar como um interruptor que “liga/desliga” os genes. Dependendo do estímulo do micro-RNA, um simples gene pode emitir um código para qualquer um dos mais do que 200  produtos proteicos.

E mais ainda, 30% dos interruptores do micro-RNA que regulam a produção de proteínas dos genes não são de fonte humana — eles são originários tanto das bactérias como dos fungos obtidos de nosso alimento e do ambiente.

Quer saber, esta entrevista é uma que ninguém vai querer perder! Assim, vamos sentando e nos preparando para ouvi-la e surpreendermo-nos.

a Trilha da pesquisa do câncer à Nutrição

Durante sua bolsa de estudo nas áreas de endocrinologia e metabolismo, Bush lidou com diabetes (diabetes), transtornos autoimunes, transtornos metabólicos e infertilidade em sua clínica. Em seu papel de pesquisador na Universidade de Virginia, ele focou sua pesquisa sobre a biologia celular, observando novos mecanismos pelos quais as células cancerosas possam se auto extinguir.

Um ponto de vista sustentado é que o câncer envolve uma batalha entre nosso sistema imunológico e as células do câncer. No entanto, a pesquisa de Bush demonstrou o papel crítico do suicídio das células cancerosas pelo corpo, no tratamento do câncer.

As células da comunicação redox (redução e oxidação) são a base deste importante sistema de resposta.

Enquanto houve suficiente comunicação célula a célula, as células cancerosas devem reconhecer que elas estão danificadas além do ponto de reparação e cometem o suicídio, processo tecnicamente denominado apoptose, ou a morte programada das células.

Assim, por que este processo falha em tantas pessoas? E além do câncer, por que têm tantas pessoas lutando com tantas doenças crônicas?

“Temos visto esta explosão de diabetes tipo 2, obesidade, colapso metabólico, doenças cardiovasculares e, claro, câncer … No fim foram os pacientes que [alteraram] meus 17 anos de treinamento acadêmico intensivo em biologia celular. Comecei pensando … tem que ter um melhor mecanismo com qual [se trata] isso …

[Na] clínica … Estava usando mais e mais drogas farmacêuticas para enfrentar [a diabetes]. [No entanto] não demora muito para se perceber que existem imensas desvantagens na abordagem farmacêutica. Existem imensas limitações quanto à eficácia. É enorme a toxicidade …

[P]acientes mostravam melhoras nos exames — o açúcar no sangue podiam cair — mas, clinicamente, estavam ficando piores. Mais edemas, mais ganho de peso, mais fatiga, mais depressão. Cada grama de insulina que eu lhes fornecia, mais doença. Era uma situação ‘sem saída’.

Foram meus pacientes que começaram a me ajudar a sair daquela caixa que estava … comecei a ficar muito deprimido. Foram realmente essas questões basilares que meus pacientes estavam me perguntando que me fizeram sentir incrivelmente desabilitado para lhes responder …

Finalmente, eles tinham um conhecimento intuitivo de que … o alimento deveria ter alguma coisa a ser feita. Eu continuava enviando-os para os educadores da diabetes  que  os ensinavam a ter dietas com baixo carboidratos. O que surpreende é que a diabetes tipo 2 não é causada por carboidratos.”

Doença é perda de comunicação de célula a célula

Bush percebeu que alguma coisa estava terrivelmente errada com as recomendações das dietas que ele receitava aos seus pacientes já que eles ficavam piores apesar de todos estarem completamente obedientes a elas.

Uma das primeiras dicas de que algo estava errado com o sistema de educação dos pacientes foi quando se constatou que cachorro quente estava listado como um alimento básico de diabéticos no material nutricional que eles recebiam dos nutricionistas da Universidade.

“Eu tinha estes pacientes que estavam comendo, [no] desjejum, almoço e jantar, cachorro quente sem pães”, diz ele. “Eles acreditavam que agora estavam com uma dieta saudável porque não estavam ingerindo carboidratos. Esta foi a primeira bandeira vermelha … que cachorros quentes estejam numa lista de alimentos nutritivos é alguma coisa espantosa.

Ser isso, de alguma maneira, interpretado como o único alimento que poderia ser comido era realmente incrível. Estas foram algumas das fissuras fundamentais. Assim senti que estava profundamente despreparado para entrar nesta área das dietas ou em conversações sobre nutrição porque não estava treinado nesta área …

Nossa formação [médica] é tão distante do estilo de vida e  … do manejo da farmacologia para doenças crônicas. Então, realmente, as cortinas caíram.”

Em suma, Bush descobre que o processo ocorrendo no tecido necrótico, como em uma úlcera diabética, comportava-se quase identicamente às células cancerosas vistas sob um microscópio.

“Eu disse: ‘meu Deus. Não existe tal coisa como as úlceras diabéticas. Não existe alguma coisa como os cânceres. Não existe algo como as doenças. Só há a perda de comunicação célula para célula,'”  diz ele. “Só há a perda e o isolamento … isso leva para este estado de ruptura … Foi um momento de imensa transformação.”

A verdade que Bush desvelou pode ser comparada a uma analogia da luz e da escuridão — não se pode ter os dois no mesmo lugar. Se brilhar uma luz na escuridão, ela desaparece. Saúde é como a luz. Assim se tivermos saúde não teremos a doença.

A químio-proteção Inteligente no Solo

Bush deixou a academia em 2010 para entrar no mundo da nutrição. Abriu uma clínica de nutrição baseado nas plantas para atingir um dos locais mais pobres no estado da Virginia, imaginando que se pudesse fazer a diferença neste espaço, os mesmos princípios poderiam ser aplicados em qualquer lugar.

“Estava somente fartando meus pacientes com os melhores nutrientes que podia encontrar na horta e auxiliando-os a aprenderem como cultivar sua própria comida. De maneira frustrante, havia uns bons 40 a 50% deles que não estavam respondendo na direção correta. 

Um milagre incrível estava acontecendo para 40% deles onde condições de décadas agora se dissolviam literalmente sob a força da nutrição. Mas, ao mesmo tempo tinha esta imensa percentagem que não se mobilizou o quanto de nutrição tentamos levar a suas mesas, tendo ficado piores do que melhores.”

Ele começou questionando a ciência do impacto dos nutrientes sobre o metabolismo mitocondrial. Foi então que um colega chamado William Vitalis entregou-lhe um artigo técnico sobre ciência do solo, de 90 páginas, que gerou outro avanço em seu pensamento.

“Lá pela pagina 40, havia um grande imagem de uma molécula plasmada ali que me impediu de seguir a frente … Minhas viseiras caíram naquele momento e eu disse: ‘isso está parecendo muito com a quimioterapia que eu costumava fazer. O que é isso que está acontecendo no solo?’ Este foi o instante que começamos a virar nossa atenção para a possibilidade de que havia uma inteligência no interior do solo,” diz Bush.

Outro fator que contribui para o aumento na incidência de câncer está no fato de utilizarmos práticas agrícolas industriais (nt.: mais conhecido nos dias de hoje como agronegócio ou agribusiness em inglês) (industrial farming practices) por quase um século — praticas que dizimam o solo pela perturbação e eliminação da microvida existente nele. Nós efetivamente estamos solapando a saúde pública desde suas raízes. Se não tivermos um solo saudável (healthy soil), não teremos condições de cultivar alimentos saudáveis, pela simples razão de que os micronutrientes necessários não estarão presentes neles. Como resultado, mesmo se nos alimentarmos com aquilo que pensamos ser o alimentos mais saudável disponível, acabaremos ficando deficientes em micronutrientes.

Como observado por Bush, a saúde da planta correlaciona-se e é paralela à saúde humana. Uma das primeiras coisas que acontece quando a planta tem deficiência de nutrientes, é que será atacada por pragas e doenças. O mesmo fenômeno ocorre com nosso corpo. A agricultura convencional resolve este problema com agrotóxicos químicos. Em humanos, nós resolvemos isso com antibióticos. No entanto, ambos levam à resistência. E quanto mais resistentes estes microrganismos forem a todo tipo de drogas, pior a doença fica.

como o Glifosato tem Dizimado o valor Medicinal do alimento

Em 1976, o glifosato foi introduzido. É o princípio ativo numa vasta maioria de herbicidas presentes no atual mercado, incluindo o Roundup®. No entanto, esta substância química sintética não mata seletivamente as plantas. Quaisquer plantas aspergidas com ela irá morrer — por isso a transnacional  e outros produtores de agrotóxicos tiveram a ideia de criar plantas que fossem resistentes a ele, através da engenharia genética.

“É importante observar porque este veneno mata as plantas,” diz Bush. “O glifosato bloqueia a rota de uma enzima … chamada de rota enzimática chiquimato (nt.: esta rota metabólica só existe em vegetais – plantas, bactérias e algas, além dos fungos). Estas enzimas são responsáveis pela elaboração de alguns dos mais importantes compostos nos alimentos, [incluindo] estruturas aneladas de carbono, tais como o triptofano, que são a espinha dorsal dos hormônios.

Se eliminarmos o triptofano da cadeia das plantas ou do reino vegetal ao se matar esta rota enzimática tanto em bactérias como em plantas, elas não poderão fazer estas moléculas com sinalização essencial … O herbicida limpa em torno de quatro a seis dos amino ácidos essenciais que constroem os blocos para todas as proteínas de nossos corpos … Existem somente 26 amino ácidos.  Tirando de quatro a seis deles, teremos perdido uma imensa percentagem da biologia.

Mas isso é só o começo do problema que estamos tratando sobre nutrição. Acredito que esta é a resposta para a razão do porquê estávamos utilizando todos estes alimentos para nossos pacientes e [ainda] não víamos benefícios sobre a saúde deles: existe uma família de compostos chamados alcaloides … [Quando nós] removemos os alcaloides dos alimentos, o que veremos será uma explosão de doenças que teremos em muitos sistemas de órgãos em nossos organismos.

Há uma família de [alcaloides] que é anti-parasitária … [outro] tipo de compostos são antidiabéticos … anticancerígenos … anti-hipertensivos … anti transtornos de humor … anti-asma, anti-eczema. Vamos percorrendo a lista de alcaloides e [percebemos que acrescentamos uma] substância química, em nossa cadeia alimentar, que varre a produção de [alcaloides] …

…. nós [perdemos] a qualidade medicinal do alimento que tem existido por milhares de anos … [Ao se utilizar glifosato] roubamos do solo e das plantas suas habilidades de fazerem esta medicina essencial [com certos compostos].”

De acordo com a Monsanto, o glifosato não pode afetar a saúde humana porque os humanos não possuem a rota enzimática chiquimato. No entanto, as bactérias intestinais dos seres humanos fazem, como as bactérias do solo e as plantas. Além disso, o corpo humano não pode produzir seus próprios alcaloides como os amino ácidos essenciais. Precisamos ter estes compostos dos alimentos vegetais que, por sua vez, se alimentam das bactérias no solo.

O Glifosato é a Maior ameaça à saúde

O glifosato também desregula a comunicação intercelular, o coração de praticamente todas as doenças. Para entender isso, precisamos primeiro entender que bactéria, fungo e outros microrganismos trabalham em conjunto — existem relacionamentos em jogo onde uns ajudam a manter os outros sob controle. Infelizmente desde a descoberta da penicilina estamos travando uma guerra contra as bactérias com os antibióticos muitas vezes considerados ‘cura tudo’ tanto pelos médicos como pelos pacientes.

Uma estimativa de 3,5 milhões de antibióticos são prescritos para os norte americanos cada ano, equivalente a mais de 800 prescrições para cada 1.000 indivíduos. Desde os anos 60, os antibióticos também vêm sendo adicionados à nutrição animal para promover ganho de peso mais rápido. Uma estimativa de 300 miligramas de antibióticos são usados para cada quilo de carne produzida, totalizando perto de 15 milhões por ano.

Além disso, os produtores usam 2,5 bilhões de quilos de glifosato por ano, ao redor do mundo, fazendo com que este herbicida seja o antibiótico mais hegemônico em todo o planeta.

Na verdade, isso era parte da patente original do glifosato, afirmando sua função de matar as bactérias do solo. Assim, os antibióticos estão sendo usados na medicina, na produção de carne e no cultivo de plantas. Pelo emprego dele em nossas culturas agrícolas, nem o solo nem as plantas podem produzir os alcaloides medicinais ou quaisquer dos amino ácidos essenciais que nosso organismo requer. Parece ser isso a grande parte do porquê mais da metade dos norte americanos estejam cronicamente enfermos (half of Americans are chronically ill).

“O glifosato … é um organofosfato (nt.: para alguns é um organofosforado, normalmente são inseticidas e que inibem a enzima colinesterase, por isso altamente venenosos) . [É] chamado de glifosato porque sua espinha dorsal é a glicina, um dos amino ácidos essenciais e extremamente rica em nossa matriz extracelular  … Nossa matriz extracelular, nossos neurônios e muitos tecidos dependem da glicina como amino ácido como um bloco de construção. O glifosato é glicina com um fosfato acrescido no final da cadeia e uma amina que tem grupos carboxilatos, por outro lado  …

A moléculas organofosfatos são toxinas tragicamente solúveis em água. Para um bioquímico, este é  … o inferno de Dante se abrindo … Porque se temos uma toxina solúvel em água … ela agora está infiltrada em todas as etapas do ciclo das águas … 75% das águas das chuvas estão contaminadas por glifosato … Como consumidores, deveríamos estar bem atilados para esta realidade … Estamos nos alimentando com comida orgânica … No entanto, se chover sobre ela , teremos alimento contaminado com glifosato. [Os ] ecossistemas em sua totalidade estão contaminados com este químico que é, efetivamente, um antibiótico.”

Baseada nos níveis ambientais, típica exposição ao glifosato através da dieta  (glyphosate exposure through diet) é pensada ser entre algo de 1 parte por milhão (ppm) até 40 ppm , dependendo da fonte de alimento ou de água, com uma média de ingestão por pessoa entre 5 a 50 mg de glifosato por dia. Testes têm revelado que o leite materno humano contém entre 760 a 1.600 vezes a quantidade de glifosato permitida nos sistemas de fornecimento de água, mesmo se a mãe estiver tentando evitar esta contaminação.

Este é um testamento verdadeiro de quão perniciosa esta substância química se tornou. Quando combinamos a contaminação do leite materno humano com o nascimento estéril por cesariana que impede que o nascituro tenha uma exposição apropriada ao de sua mãe (nt.: https://nossofuturoroubado.com.br/voce-e-apenas-10-humano/), acabamos tendo uma receita perfeita para um desastre sobre a saúde deste bebê.

como o Glifosato Promove a toxicidade sobre o corpo inteiro

A equipe de Bush descobriu comunicação molecular no solo em 2012. Assim que eles começaram a estudar os efeitos desta rede de comunicação no ambiente dos intestinos humano, eles perceberam que a toxicidade dos glifosato está fortemente ligada à falta de bactérias. Esta descoberta levou junto muitas das peças do quebra cabeça. Como explanado por Bush, os efeitos tóxicos do glifosato no ambiente humano estão diretamente vinculados ao dano de estruturas proteicas específicas nos intestinos e membranas no corpo.

“Esta proteína é chamada de junções ajustadas. Tem múltiplos constituintes, múltiplas pequenas proteínas que compõem estas longas proteínas como velcro que suspendem juntas e ligam uma microscópica célula à próxima célula. [Começando] desde nossos seios nasais, indo conectadas até o reto, temos uma vasta quantidade de células que compõem um tapete coeso, ou membranas e mesmo um escudo ao mundo exterior.

Esta membrana … é a nossa linha de frente de defesa … É uma camada única da espessura das células … O fechamento tipo “velcro” é afrouxado apropriadamente, pelo processo biológico para permitir que grandes macromoléculas entrem e, em seguida, volta a apertar logo atrás de sua entrada. Isso é manejado por um pequena proteína que produzimos em nosso organismo chamada zonulina. Ela é produzida apropriadamente por moléculas que precisam atravessar a membrana. Elas tocam a membrana [e] o epitélio dos intestinos produz zonulina. E assim, ela abre a junção ajustada …

A zonulina é um modelador crítico desta permeabilidade da membrana intestinal. Se a zonulina começa a ter uma superprodução e nosso organismo não pode  checá-la, ela … danifica o epitélio do intestino … Todos os acessos abrem e tudo que ela manteria fora [dos intestinos] é permitida a entrada [para a corrente sanguínea].

Acontece que a zonulina é desencadeada muito fortemente pelo glifosato. Que história triste. A Monsanto e outras empresas têm-nos dito: ‘É seguro. Você come e você vai liberá-lo pela urina na mesma quantidade.’ [No entanto] esta é realmente uma má notícia. Porque [para eliminar o glifosato, ele deve] não sós cruzar a membrana intestinal, mas também a membrana do hepatócito, as células do fígado; indo de uma parte da corrente sanguínea para outra [e] todos os vasos sanguíneos estão interligados juntos com as junções ajustadas.

Agora vamos para a barreira sangue-cérebro — conectada com as junções ajustadas. Quando ela começa a vazar, o cérebro está exposto. Então vamos aos rins, o órgão crítico para a desintoxicação … Ele começava a vazar. Já não teremos mais condições de construir gradientes para expulsão das toxinas para fora do corpo … [Nosso] organismo já se torna uma esponja de tóxicos e passamos a viver num mundo tóxico. E é por isso que temos atingido [estas] taxas de enfermidades dos dias de hoje.”

para Reverter as taxas de Doenças, precisamos Eliminar o Glifosato

Uma das doenças pesadamente influenciada por esta permeabilidade dos intestinos, é o autismo. Se a atual trajetória continuar, algum tempo entre 2030 e 2045 — apenas daqui uns 13 a 28 anos de hoje — o autismo está sendo projetado a afetar 1 em 3 crianças. Neste momento, será impossível manter a produtividade humana em qualquer setor. A sociedade como nós a conhecemos entrará em colapso.

“Não há tempo para nós aguardarmos por quaisquer legislações,” diz Bush. “Se não formos juntos e nos apressamos para levar esta mensagem a todos — de que temos que parar de aspergir glifosato exatamente agora — estaremos condenados.” Do outro lado, no final de nossa existência terrestre, temos a doença de Alzheimer (Alzheimer’s disease) se apossando de nossos anciões em taxas cada vez mais crescentes — isso se eles se mantiverem vivos o suficiente por não terem sucumbido antes de câncer.

“Vejo isso, em minha clínica, quase que mensalmente agora … sarcomas nos ossos ou cânceres crônicos na medula óssea. Todas estas coisas que costumavam acontecer nas pessoas com 70, 80 ou 90 anos estão acontecendo em crianças com 5 anos de idade, e mesmo até de 3. Sem deixar de mencionar a epidemia de tumores cerebrais que está surgindo entre as crianças,” relata Bush.

Nos dias de hoje, 1 entre 2 adultos também luta com problemas de saúde mental. Em 1900, a relação era de 1 para 100. Todas estas estatísticas das doenças e outras situações, correlacionam-se com mudanças dramáticas em nossa nutrição, especificamente com a perda de nutrientes e as qualidades medicinais de nossa alimentação.

“Agora podemos pincelar tudo o que aconteceu numa incrível história de comunicação,” diz Bush. “O que detectamos em 2012 foi uma molécula de comunicação bacteriana. Há um monte de bioquímica complexa, mas eu quero resumir isso tudo em poucas palavras. A palavra “redox” significa redução e oxidação … [R]edução é a doação de um elétron para o ambiente. Oxidação é extirpar ou remover um elétron. A oxidação mais comum que costumamos ver … é a ferrugem … Estamos começando a ver a auto corrosão …

A osteoartrite, é o enferrujar de uma articulação. As doenças cardiovasculares [são]  o enferrujamento da árvore vascular … O que descobrimos em 2012 foi o potencial redox molecular no solo feito por bactérias. Isso foi chocante porque toda minha pesquisa sobre o câncer estava sendo na mitocôndria.

A mitocôndria se parece muitíssimo com uma bactéria, mas é em torno de 1.000 vezes menor. Ela vive dentro das células … Nossos neurônios podem ter 3.000 mitocôndrias em um único nervo. A média por todo o corpo é de mais ou menos 200 mitocôndrias por célula humana …

Quando as mitocôndrias digerem nosso alimento, elas fazem uma sinalização equilibrada das moléculas redox . Eram estas moléculas redox que eu estava estudando [quando eu disse], ‘Uau. Podemos usar esta rede de comunicação para empoderar a célula cancerosa induzindo-a à apoptose (nt.: auto-destruição da célula)‘ … As mitocôndrias governam as células cancerosas se elas fabricam suficientes moléculas redox. Se elas conseguirem um estresse oxidativo alto suficiente, as células vão se auto exterminar.

Rápido avanço a 2012. O que é esta molécula no solo? Por que há este potencial redox no solo? Claro que as bactérias não têm mitocôndria. Somente organismos multicelulares … têm mitocôndrias porque não temos a capacidade de metabolizar nutrientes dos alimentos por nós mesmos. Necessitamos das mitocôndrias para fazerem isso … As bactérias não têm mitocôndrias; portanto, elas não têm toda a sinalização redox.

Como elas podem equilibrar um ecossistema de  40.000 espécies se elas não falam?  O momento de vislumbre que tive em 2012 foi: ‘mas elas estão falando.’ As bactérias estão em plena comunicação. Elas sabem qual equilíbrio é necessário. Sabem como alterar o sistema. Para nosso choque, espanto e alegria — estou muito feliz de falar-lhes sobre isso: tudo vai terminar em algo muito bom. Ou pelo menos é uma oportunidade para nós, de como os humanos podem se curar — … pela nossa rede de comunicação bacteriana … [sendo este] o antídoto para o glifosato …”

Introduzindo uma nova visão da Biologia onde o dna ‘lixo’ possui a chave de toda a saúde

Pela primeira vez, Bush e sua equipe foram estudar a biologia humana em um contexto de um fluido, fluente e robusto sistema de comunicação bacteriana. Nunca tinham visto antes as células humanas nesta visão de ambiente, sob um microscópio. Isso mudou tudo o que acreditavam sobre apoptose, síntese proteica, genômica e muito mais. Como observado por Bush, “nunca levamos em conta a possibilidade que um ecossistema de fungos e bactérias pudesse estar ditando o comportamento celular humano em termos de saúde.”

Os cientistas já concluíram que o ambiente é preponderante quando se trata de expressão genética. Um único gene é agora reconhecido como sendo capaz de fazer 200 proteínas diferentes, dependendo do seu ambiente. Esta foi uma mudança de paradigma total e realmente uma má notícia para aqueles que apostam em medicina personalizada na década de 90, porque isso significava que o genoma é um armazém de opções à espera de responder ao ambiente. Os próprios genes humanos não estão determinando o resultado da biologia.

Se você calcular a possibilidade de um gene criar 200 resultados e multiplicá-los por 25.000 genes que codificam proteínas, há muitos milhões de potenciais resultados de saúde para o seu corpo – tudo com base no ambiente que você fornece. Agora, a próxima geração da epigenética é o micro-RNA.

“Em um movimento clássico na ciência, nós, como cientistas, damos uma olhada no genoma e dissemos: ‘nós temos somente 25.000 genes … este é o código para 200.000 proteínas … Nós somos somente um pouco menos do que duas vezes tão complicados como a mosca da fruta quando se analisa os genes … Mas a estonteante realidade é que 90% do DNA não codifica um gene que codificará proteína — ou seja, acima de 90% !

Nós chamamos apenas de ‘lixo’ este DNA … Mas, nos últimos cinco anos, ficou óbvio que o DNA ‘lixo’ está fazendo alguma coisa. Não surpreendentemente, é o DNA ‘lixo’ que está realmente regulando os 25.000 genes que, na verdade, fazem proteínas. Como ele faz isso? Cada pequena tira deste DNA faz um micro-RNA que nunca estaria codificando proteína. Em vez disso, o micro-RNA funciona como um interruptor. Ele agora entra na corrente sanguínea e em outras células para ligar e desligar o comportamento do gene.

A realidade deslumbrante do nosso ecossistema e a saúde humana é que 15% dos interruptores de ligar e desligar, presentes na corrente sanguínea, não são nossos. São das bactérias do nosso intestino e das que vêm pela nossa respiração. Outros 15% são dos fungos do ambiente também via nossa respiração. 30% dos interruptores de ligar e desligar que estão determinando qual gene vão codificar qual proteína … [não vêm] de nenhuma fonte humana …

O que significa isso para nós, seres humanos? Temos que voltar a manter contato com nosso ecossistema. Necessitamos ter um complexo ecossistema em volta, pararmos de ingerir antibióticos, com certeza. Bem como tanto interromper a aspersão como a ingestão de antibióticos na totalidade de nossos solos e daí, alimentos.

Temos que parar de desrespeitar este equilíbrio normal  do ecossistema. Devemos reiniciar o retorno ao mundo lá fora … Incluindo nossos espaços profissionais serem diferentes dos atuais. Temos que fazer, realmente, com que as pessoas sejam levadas novamente para o mundo lá fora e trazermos de volta ao nosso dia a dia os ecossistemas, em nossas vidas.”

Mais Informações

Bush é autor de um livro que está no prelo, titulado “Gut Biome,” que ele espera estar publicado no meio deste ano em curso (nt.: 2017).

Se esta entrevista aguçou seu apetite por mais, mantém teus olhos abertos para o lançamento deste livro. O que publicamos aqui é apenas uma fração das informações que Bush e sua equipe desvelaram.

Embora o desígnio dos problemas que enfrentamos estejam muito além do que a maioria de nós nunca pode imaginar, com este novo entendimento, novas soluções tornam-se visíveis e, com isso, novas esperanças.

“O que vemos na clínica é que tão logo coloquemos estas bactérias [em] comunicação, estaremos novamente em ação,” diz Bush. “Terceirizamos nossa alimentação. Como também nossa nutrição … Penso que somos responsáveis, cada um de nós em pequena escala, pelo que a Monsanto e as companhias químicas se tornaram, pelo que paramos de cuidar e fazer por nós mesmos.

Precisamos retomar este controle. Quanto poder é necessário? Devemos ter um super empoderamento como consumidores para dizer: ‘Com um pouquinho de cooperação e discussão, poderemos alterar tudo.’ Isso é o que vamos fazer.”

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, junho de 2017.

 

 

Gosta do nosso conteúdo?
Receba atualizações do site.
Também detestamos SPAM. Nunca compartilharemos ou venderemos seu email. É nosso acordo.