Aditivos Alimentares e a Saúde das Crianças

Alerta dos pediatras não pelo açúcar, mas pelos terríveis que adoecem nossas crianças, muito além de todos os outros envenenamentos da ideologia dos alimentos industrializados.

 

http://pediatrics.aappublications.org/content/142/2/e20181408

 

 

CONSELHO DE SAÚDE AMBIENTAL

Pediatrics

Leonardo TrasandeRachel M. ShafferSheela Sathyanarayana

Autores Líderes

Leonardo Trasande, MD, MPP, FAAP

Rachel M. Shaffer, MPH

Sheela Sathyanarayana, MD, MPH

 

Resumo

Nossos propósitos com esta declaração política e seu relatório técnico que acompanha são para se revisar e destacar questões emergentes quanto à relacionadas ao uso de corantes, aromatizantes e produtos químicos adicionados deliberadamente ao alimento durante o processamento (aditivos alimentares diretos). Da mesma forma também sobre as substâncias de materiais que entram em contato com alimentos incluindo adesivos, corantes, revestimentos, papel, papelão, plástico e outros polímeros. Estes materiais podem contaminar os alimentos já que são parte de equipamentos de embalagem ou fabricação (aditivos indiretos para alimentos). Também faz parte deste trabalho recomendações razoáveis que o pediatra possa adotar nas orientações fornecidas durante as visitas pediátricas. E, por fim propor reformas urgentes e necessárias ao atual processo regulatório na Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (nt.: agência que trata de alimentos e medicamentos nos EUA, Food and Drugs Administration/FDA) para aditivos alimentares. A preocupação com os aditivos alimentares aumentou nas últimas duas décadas, em parte devido a estudos nos quais os autores documentam que os disruptores endócrinos e outros provocam efeitos adversos à saúde. Em alguns casos, a exposição a esses produtos químicos é desproporcional entre as populações minoritárias e de baixa renda. A regulação e supervisão de muitos aditivos alimentares é inadequada devido a vários problemas importantes presentes na Federal Food, Drug, and Cosmetic Act (nt.: Lei Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos dos EUA). Os requisitos atuais para uma designação de algo ser “geralmente reconhecido como seguro” (generally recognized as safe/GRAS) são insuficientes para garantirem a segurança dos aditivos alimentares e não contêm proteções suficientes contra conflitos de interesse. Além disso, a FDA não possui autoridade adequada para adquirir dados sobre produtos químicos no mercado ou reavaliar sua segurança para a saúde humana. Estas são fragilidades críticas no atual sistema regulatório de aditivos alimentares. Os dados sobre seus efeitos sobre a saúde de bebês e crianças são limitados ou ausentes; no entanto, em geral, bebês e crianças são mais vulneráveis ​​a exposições químicas. Melhorias substanciais no sistema regulatório destas substâncias empregadas em alimentos são urgentes e necessárias, incluindo o fortalecimento ou substituição do processo de determinação daquilo que é considerado como “geralmente reconhecido como seguro” (GRAS), bem como atualização da base científica do programa de avaliação de segurança da FDA, reavaliação de todos os produtos químicos previamente aprovados e rotulagem dos aditivos de forma direta com dados limitados ou sem toxicidade.

  • Abreviações:
    BPA — bisphenol A
    FDA — US Food and Drug Administration
    FFDCA — Federal Food, Drug, and Cosmetic Act
    GRAS — generally recognized as safe

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NOTA DO WEBSITE: informamos que parte do texto original não foi transcrito nem traduzido pela extensão do mesmo. Se o leitor tiver interesse de conhecer esta parte omitida, poderá recorrer ao link acima.

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Recomendações para os Pediatras e Setores da Saúde

É difícil saber como reduzir a exposição a muitos destes produtos químicos, mas algumas recomendações são citadas aqui.7476  Na medida em que essas modificações podem representar custos adicionais, barreiras podem existir para que famílias de baixa renda reduzam sua exposição a aditivos que geram preocupação. Os pediatras podem querer articular uma orientação aos pacientes no contexto da praticidade, especialmente porque a insegurança alimentar continua sendo uma preocupação importante para a saúde infantil. Os pediatras podem também advogar pela modernização da FFDCA/Federal Food, Drug, and Cosmetic Act (nt.: Lei Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos), como descrito na seção subsequente, que é de importância única para populações de baixa renda que pode não ser tão prontamente capaz de reduzir sua exposição a aditivos alimentares.

  • Priorizar o consumo de frutas e vegetais frescos ou congelados quando possível e apoiar o esforço pelo desenvolvimento de uma listagem de fontes de baixo custo tanto de frutas como vegetais frescos.

  • Evitar carnes processadas, especialmente o consumo quando a mulher estiver grávida.

  • Evitar usar em microondas tanto alimentos como bebidas (incluindo alimento formulado infantil e leite de amas ou materno) em embalagens plásticas, se possível.

  • Evitar colocar plásticos na máquina de lavar louça.

  • Usar alternativas ao plástico, como vidro e aço inox, quando possível.

  • Observe o código de reciclagem na parte inferior dos produtos para encontrar o tipo de plástico e evite plásticos com códigos de reciclagem 3 (ftalatos)(nt.: este é o número do PVC/Vinyl que para ter características de produto de consumo usa plastificantes como os ftalatos), 6 (estireno)(nt.: seus produtos comerciais são o ‘isopor‘ e o ‘EPS) e 7 (bisfenóis)(nt.: aqui estão o policabonato e quaisquer coisas que tenham resina epóxi), a menos que os plásticos sejam rotulados como “biológicos” ou “verdes”. indicando que eles são feitos de milho e que não contêm bisfenóis (nt.: importante lembrar que são dois conhecidos BPA e o bisfenol S).
  • Incentivar a lavagem das mãos antes de manusear alimentos e/ou bebidas e lavar todas as frutas e verduras que não podem ser descascadas.

Recomendações para os Formuladores de Políticas

Assim como a American Academy of Pediatrics (nt.: Academia Americana de Pediatria) recomendou princípios para a modernização da Toxic Substances Control Act/TSCA (nt.: Lei de Controle de Substâncias Tóxicas) para fortalecer a regulamentação de produtos químicos em produtos não alimentícios para proteger a saúde das crianças,77  a Academia endossa áreas prioritárias previamente descritas para melhorias no programa regulatório dos aditivos 78 e fornece recomendações adicionais abaixo, algumas das quais poderiam ser realizadas pela FDA, enquanto outras podem exigir ação do Congresso para alterar a lei atual.

Recomendações para o Governo

  1. O processo GRAS apresenta uma necessidade de revisão substancial. Um processo mais robusto e transparente de avaliação é necessário, incluindo requisitos adicionais para testes de toxicidade antes de aprovação dos químicos serem usados no mercado. O sistema GRAS deverá ser revisado tão cedo quanto possível e deve documentar e divulgar completamente conflitos de interesses no processo de avaliação.
  2. FDA deve alavancar conhecimentos e avaliações técnicas de outras agências para coletar dados em falta e identificar lacunas de conhecimento, enquanto o atual processo GRAS permanece em vigor.
  3. A FDA deve estabelecer requisitos para a priorização e o reteste de substâncias químicas previamente aprovadas.
  4. O Congresso deve fornecer autoridade à FDA para coletar informações sobre o uso de aditivos alimentares e para exigir dados adicionais da indústria quando forem levantadas lacunas no conhecimento e possíveis preocupações de segurança.
  5. Deve haver recursos dedicados para pesquisa e testes que permitirão um banco de dados baseado em evidências mais eficaz para dar suporte a um processo revisado de reavaliação da segurança da FDA.
  6. FDA deve atualizar a base científica para seu processo de avaliação de segurança, incluindo mas não limitado ao seguinte: expandir o escopo da bateria de testes recomendada para cobrir efeitos relacionados ao sistema endócrino e os efeitos neuro comportamentais, garantindo fatores de segurança adequados para mulheres grávidas e lactantes e outras populações vulneráveis bem como desenvolver estratégias para integrar técnicas de teste emergentes.
  7. FDA deve considerar os efeitos cumulativos e de mistura de fontes alimentares, incluindo outros aditivos e contaminantes que interagem com vias biológicas relevantes.
  8. A FDA deve estabelecer requisitos para a rotulagem de aditivos com dados limitados ou sem toxicidade e aqueles não revisados quanto à segurança pela agência.
  9. O governo federal deve encorajar dispositivos que garantam transparência e acesso público à informação, incluindo possíveis conflitos de interesse.

As alterações descritas acima podem ser usadas para ajudar a restaurar a confiança do público na segurança dos aditivos alimentares. A FDA pode e deve fazer melhorias dentro do escopo da atual autoridade da agência. Em última análise, a ação do Congresso pode ser necessária para reformar o processo regulatório de aditivos alimentares. Para ajudar neste processo, a comunidade de pediatras deve se unir nestas questões para defender a proteção da saúde das crianças.

Notas de rodapé

  • Endereço de correspondência com Leonardo Trasande, MD, MPP, FAAP. Email: [email protected]
  • DIVULGAÇÃO DO FINANCIAMENTO: Os autores indicam que não tiveram relacionamentos de financiamento relevantes para divulgar quanto a este artigo.

  • FUNDOS: O Dr .Trasande foi apoiado pelos R01ES022972, R56ES027256, UG3OD023305, R01DK100307 e U01OH011299. A dra. Shaffer foi apoiada pelo T32ES015459. O conteúdo é de responsabilidade somente atribuída aos autores e não representa necessariamente a visão oficial dos National Institutes of Health (nt.: Institutos Federais de Saúde do governo dos EUA) ou dos Centers of Disease Control and Prevention (nt.: Centros de Controle e Prevenção de Doenças do governo dos EUA).

  • CONFLITOS POTENCIAIS DE INTERESSES: Os autores indicaram que não têm potenciais conflitos de interesse para divulgar.

  • Este documento é protegido por direitos autorais e é propriedade da American Academy of Pediatrics (nt.: Academia Americana de Pediatria) e de seu Conselho de Diretores. Todos os autores apresentaram declarações de conflito de interesses com a Academia Americana de Pediatria. Quaisquer conflitos foram resolvidos através de um processo aprovado pelo Conselho de Administração. A Academia Americana de Pediatria não solicitou nem aceitou qualquer envolvimento comercial no desenvolvimento do conteúdo desta publicação.

  • A orientação desta declaração não indica um tratamento exclusivo ou serve como um padrão de assistência médica. Variações, levando em consideração circunstâncias individuais, podem ser aproveitadas.

  • Todas as declarações de política da Academia Americana de Pediatria expiram automaticamente cinco anos após a publicação, a menos que sejam reafirmadas, revisadas ou retiradas antes ou naquele momento.

Referências

 

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2018.