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“A atual política indigenista brasileira permanece nos moldes deixados pela ditadura militar”. Entrevista especial com Egydio Schwade

Como um “organismo oficiosamente” ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, e não “oficial”, para ter mais “agilidade” na sua atuação, o Conselho Indigenista Missionário – Cimi foi criado em 1972 e impulsionado por Egydio Schwade e pelo padre jesuíta Antônio Iasi Jr., responsáveis pela criação do secretariado executivo, que elaborou o primeiro plano de ação da organização. Num contexto ditatorial, no qual a questão indígena era esquecida, o secretariado executivo do Cimi surgiu com dois objetivos: “primeiro, organizar os indígenas para que eles tivessem uma organização entre si, pudessem se conhecer, se reunir, porque até então, desde 1500, não existiam organizações que defendessem os direitos indígenas (…); e o segundo objetivo, mudar a pastoral indígena”, relata Egydio Schwade, na entrevista a seguir, concedida pessoalmente à IHU On-Line, em visita ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Ruralismo de fronteira.

“O esvaziamento programático dos partidos acaba favorecendo uma maior visibilidade pública da bancada ruralista”. O comentário é de Márcio Santilli em artigo no portal do Instituto Socioambiental – Isa. Segundo ele, “com essa gente, a agenda ruralista de expressão pública foi relegando a um plano secundário as demandas relativas à produção para priorizar uma plataforma reacionária, fundada na exclusão de direitos dos demais atores sociais do Brasil rural: admissão legal de relações desumanas de trabalho, privatização de assentamentos de reforma agrária, ameaça a direitos de índios e de quilombolas, desobrigação com o meio ambiente, desinformação aos consumidores, ceticismo e desprezo à ameaça das mudanças climáticas como se fosse uma questão meramente ideológica”.

Madeireiros são expulsos de reserva dos índios Awá no Maranhão.

Tratores desfazem construções, cercas e estradas. Após uma intensa campanha internacional, tudo o que foi erguido ilegalmente por madeireiros e fazendeiros está sendo removido das terras pertencentes aos índios da etnia Awá-Guajá, no interior do Maranhão. As tropas da Força Nacional acompanham as ações de despejo que devem ser cumpridas até o dia 9 de março. Na última segunda-feira (24), expirou o prazo de 40 dias dado pela Justiça Federal para que os invasores da reserva homologada em 2005 deixassem o local de forma voluntária.

Em Yvy Katu, sede da Funai é invadida e três indígenas são envenenados.

A sede da Coordenação Técnica Local (CTL) da Fundação Nacional do Índio (Funai), responsável pelo atendimento à terra indígena Guarani Ñandeva de Yvy Katu, foi invadida na madrugada de domingo para segunda, 24, em Iguatemi (MS), fronteira com o Paraguai. Dois computadores contendo toda a documentação da entidade e dos indígenas da região foram levados. No último dia 17, três indígenas foram hospitalizados, sob suspeita de envenenamento proposital. Os casos estão sendo apurados pela Polícia Federal.

Indigenista diz que Dilma cede mais a ruralista que militares.

O filósofo Márcio Santilli, 58 anos, 30 deles trabalhando com a questão indígena, diz que o Brasil não suporta mais as pendências na demarcação das terras indígenas. “Deixar de demarcar é represar o conflito e deixar que exploda com mais violência depois”, diz. Ele critica a gestão Dilma Rousseff: “É um governo permeável à pressão ruralista, o que desequilibra a correlação de forças. Mais permeável do que foi o governo militar.”

Um aviso aos defensores do Progresso e aos povos do Tapajós.

“O que está ocorrendo hoje no rio Madeira é um prenúncio do que vai acontecer no rio Xingu, no rio Teles Pires e também na bacia do rio Tapajós. As populações desses rios não podem fechar os olhos e enterrar a cabeça no travesseiro(…)”, escreve Edilberto Sena, padre coordenador geral da Rádio Rural de Santarém, presidente da Rede Notícias da Amazônia – RNA e membro da Frente em Defesa da Amazônia – FDA, 11-02-2013.