Síndrome de Choque Tóxico e os Tampões

Síndrome de choque tóxico e os tampões. Está associada à presença do ‘Staphylococcus aureus’ e aparecer em qualquer pessoa, mas o maior risco está com os tampões.

 

 

http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2016/05/18/tampon-toxic-shock-syndrome.aspx

 

tampon toxic shock syndrome

Resumo da Historia

  • A síndrome do choque tóxico/SCT (TSS, sigla em inglês) é um risco associado ao uso de tampões. Usar tampões super absorventes e/ou deixá-los muito tempo na vaginaam, são dois fatores principais de risco;
  • Recentemente, no estado norte americano de Michigan detectou-se uma situação ampliada no uso de tampões associada com a síndrome do choque tóxico. No primeiro trimestre de 2016, ocorreram cinco casos. Na última década, os informes sobre esta síndrome tinham uma média de menos de quatro casos por ano;
  • Uma pesquisa francesa revelou rastros de dioxinas, agrotóxicos, como inseticidas, e produtos derivados halogenados em 11 marcas de tampões e absorventes femininos. Detectou-se a presença do princípio ativo do herbicida ‘glifosato‘ em uma marca de tampões de algodão orgânico.

 

By Dr. Mercola

Em qualquer sociedade moderna, uma mulher utiliza em média de 11 000 a 16 000 tampões em sua vida. Além disso, muitas utilizam regularmente também absorventes. No entanto, podem estes produtos ser uma fonte importante de exposição a substâncias tóxicas?

Por exemplo, os ftalatos (phthalates) – os quais proporcionam aos tampões um acabamento e um sensação suave ao tato — são conhecidos por desestabilizarem a expressão dos genes e geram disfunções hormonais.Os fabricantes de tampões e absorventes não são obrigados a revelarem os ingredientes utilizados, porque os produtos de higiene feminina são considerados como “dispositivos médicos” e o conteúdo é patenteado.

Dito isso, a maioria dos tampões (tampons) contém uma mescla de algodão, rayon e fibras sintéticas. Atualmente, a maior parte do algodão é transgênico (nt.: OGM- organismo geneticamente modificado) e apesar dos riscos serem desconhecidos, inserir algodão transgênico na vagina, várias vezes por mês, provavelmente não seja diferente do que consumir alimentos transgênicos.

Pelo que sabemos, pode ser pior, tendo em conta o fato de que a parede vaginal é altamente permeável, o que permite que as proteínas dos produtos transgênicos (OGM) tenham acesso direto à corrente sanguínea.

A contaminação por agrotóxicos é outro motivo de preocupação, da mesma forma como a adição de qualquer quantidade de produtos químicos não revelados e subprodutos no processo de fabricação.

A Síndrome do Choque Tóxico

Esta síndrome não é algo novo. Sempre foi um risco associado ao uso de tampões. O vínculo entre os tampões e a síndrome do choque tóxico (SCT) foi descoberto inicialmente na década de 1980, pelo microbiologista, Dr. Philip Tierno e sua equipe.

Neste momento, determinou-se que a SCT estava vinculada aos materiais sintéticos utilizados nos tampões super absorventes. Estes materiais sintéticos não são mais permitidos, no entanto a SCT segue sendo um problema. Agora também se estão sendo relatadas diversas reações alérgicas.

Segundo a CNN:1

“Estas fibras amplificavam as bactérias estafilococos, no caso de estar presente uma cepa tóxica”, disse Tierno. Em torno de 20 % das pessoas têm naturalmente presente estas bactérias.

Num momento de apogeu quanto ao SCT em 1980, foram 890 casos reportados aos Centros para o Controle e Prevenção de Enfermidades (nt.: CDCs-Centers for Diseases Control and Prevention) nos Estados Unidos.

… [O] número de casos de SCT desde 1998 tem variado entre 138 até um mínimo de 65 no ano 2012. No entanto, Tierno disse que ainda há produtos que utilizam raiom de viscose, que ele chamou “o pior dos quatro ingredientes negativos”.

O raiom é um produto sintético feito de serragem e um subproduto dele é a , que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (nt.: Environmental Protetion Agency/EPA, sigla em inglês) considera um possível cancerígeno…

“Claro, um tampão é somente um detalhe”, disse Tierno, “mas tenha em conta o tempo de vida de menstruações que uma mulher tem… Uma grande quantidade de dioxina é assim absorvida diretamente através de sua vagina.

E vai diretamente para o sangre… Cada um dos produtos que está num tampão tem que ser investigado. Já conhecemos que as fibras são dezenas (com produtos químicos), o poliéster contém centenas destas substâncias. Não é só uma fibra que se põe na abóbada vaginal”.

Aumentam os Casos de Síndrome de Choque Tóxico no Estado de  Michigan

Por razões que ainda se desconhece, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos do Estado de Michigan detectou recentemente um pico concentrado no uso de tampões associado com o SCT. No primeiro trimestre de 2016, foram registrados cinco casos. Nos últimos 10 anos, os informes de SCT têm uma média de menos de quatro casos por ano.

Como informou a CBS de Detroit:2

“[O] choque tóxico é uma síndrome pouco frequente, mas é grave e causada por uma infecção bacteriana. Os sintomas incluem febre repentina, vômitos, diarreia, mareados e choque com uma disfunção de múltiplos órgãos.

Segundo a agência, o choque tóxico associado aos tampões foi atribuído a um uso incorreto, tal como deixar um tampão muito tempo na vagina. A agência disse que os tampões não devem ser deixados por mais de seis a oito horas e sempre se deve utilizar a capacidade de absorção mais baixa necessária”.

Como se deu historicamente, ser a super absorvência ser um fator de risco importante. Em quatro dos cinco casos de Michigan, as mulheres estavam usando os tampões de super absorvência da marca ‘Playtex Sport‘. De acordo com o Departamento de Saúde de Michigan, a seleção do produto foi o único fator que tinha em comum os cinco casos.

Quais São Alguns dos Ingredientes Misteriosos em seus Tampões?

Uma análise realizada em 2014 pela organização ‘Women´s Voices for the Earth‘, que comprou os documentos públicos patenteados da corporação Procter & Gamble/P&G (o fabricante dos produtos ‘Tampax‘ e ‘Always‘), mostrou que seus tampões poderiam conter os seguintes produtos químicos (chemicals may be in your tampons):3

 

Enchimento com celulose encrespada Polímeros fusionados Fibras quimicamente enrijecidas, fibras de poliéster, musgo de turfa e espuma
Revestimento tecidos e laminados Gel super absorvente e espumas de células abertas Mirido-3-miristato (como lubrificante) (Patente US # 5,591,123)
Zeolitas naturais e sintéticas (como partículas para absorver o odor) (Patente US # 5,161,686) Álcool etoxilado Ésteres de glicerol, polisorbato-20 (como ativos para dispersar a fragrância)
Agentes antibacterianos inominados (Patente US # 8,585,668) Químicos cancerígenos como: estireno, piridina, metileugenol e butilhidroxianisol/BHA (produtos perfumados) Ftalatos preocupantes (DEP e DINP) (produtos perfumados)
Almíscares sintéticos (possíveis disruptores hormonais) (produtos perfumados) Numerosos alergênicos (produtos perfumados)

A Organização ‘Women´s Voices for the Earth’ Fazem uma Conclamação por uma Maior Transparência

Os continuados relatos de SCT e reações alérgicas, assim como as provas que têm revelado químicos questionáveis tanto nos absorventes femininos como nos tampões, gerou um movimento crescente por transparência e exigência de divulgação dos ingredientes nos produtos de higiene feminina, tanto nos Estados Unidos como no estrangeiro. Segundo informa a CNN:4

“… Women´s Voices for the Earth… está a frente de uma campanha 5 há dois anos chamada “Detox the Box”. Quando o grupo analisou 6 os absorventes Always da P & G, encontraram que estavam presentes substâncias químicas como estireno, cloroetano e clorofórmio.

A Organização Mundial da Saúde classifica o estireno como um carcinogênico. E a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (nt.: Food and Drug Administration/FDA) disse que a exposição de curto prazo a altas concentrações de clorometano pode ter efeitos neurológicos.

Os Centros para o Controle e Prevenção de Enfermidades (CDCs) disse que os altos níveis de exposição ao clorometano podem ocasionar uma disfunção na coordenação muscular e perda de conhecimento”.

Uma Pesquisa Francesa Provoca a Retirada Comercial de um Produto

Uma pesquisa 7 recente realizada pela revista francesa ‘60 Millions de Consommateurs‘, também revelou rastros de substâncias químicas nocivas em 11 diferentes tampões absorventes, incluindo as dioxinas, os agrotóxicos organoclorados, inseticidas piretroides e subprodutos halogenados. As marcas analisadas incluem Tampax, Always, O.B., Nett, e até uma marca orgânica.

O descobrimento de glifosato (glyphosate) nos absorventes diários da marca ‘Organyc‘ ocasionou a retirada pelo fabricante, Corman, de 3 100 caixas de absorventes vendidos na França e no Canadá.

A pesquisa também gerou do Instituto Nacional Francês para os Consumidores agora a exigência de um controle governamental mais restrito quanto aos produtos de higiene feminina e também maior transparência na descrição dos ingredientes. De acordo com The Independent: 8

“Tem havido um amplo debate acerca sobre o produto químico amplamente utilizado ser um cancerígeno e a empresa dizer que a medida tomada não era mais do que uma ‘precaução’ enquanto investiga em sua rede de fornecedores, quais matérias primas foram utilizadas.

 Um porta voz da Corman disse que se detectou vestígios residuais de glifosato em uma amostra que ‘não deveria ter estado presente em um algodão tido como orgânico”.”

O Preço Que se Paga Pelos Absorventes e os Tampões Brancos

Parte do problema tem a ver com o processamento dos ingredientes utilizados nos tampões. Para se alcançar nos tampões esse branco “limpo” e imaculado, as fibras que são utilizadas devem ser branqueadas.

Usualmente, para se fazer isso, utiliza-se os produtos com cloro, que podem gerar as dioxinas tóxicas e outros produtos derivados da desinfecção (nt.: os disinfection-by-products/DBPs, sigla em inglês), como os trihalometanos. A FDA/Food and Drugs Administration dos EUA (nt. Administração de Alimentos e Medicamentos) recomenda que os tampões estejam livres de resíduos de dioxinas e agrotóxicos (nt. entre eles os herbicidas como Round-Up com o princípio ativo –glifosato– das culturas transgênicas da Monsanto). No entanto, isso nada mais é do que uma recomendação, não uma exigência.

Segundo a Administração de Alimentos e Medicamentos, as pequenas quantidades de dioxinas nos tampões não colocam riscos à saúde; entretanto, os estudos vêm demostrado que as dioxinas são bio acumulativas nos tecidos graxos e de acordo com parecer preliminar da Agência de Proteção Ambiental (nt.: Envionmental Protection Agency/EPA, sigla em inglês) dos Estados Unidos, a dioxina é uma grave ameaça para a saúde pública para a qual não tem um nível “seguro” de exposição.

Por que a FDA não leva isso em consideração? Os informes publicados mostram que mesmo em níveis baixos ou mesmo em somente vestígios -traços- de dioxinas podem estar relacionados com:

  • Crescimento de tecido anormal no abdômen e nos órgãos reprodutivos;
  • Crescimento anormal de células em todo o corpo;
  • Supressão do sistema imunológico;    e
  • Transtorno do sistema endócrino e hormonal.

A pesquisa tem demostrado que os produtos químicos não só são absorvidos e distribuídos rapidamente por todo o corpo através da vagina, como também alguns produtos químicos, como as substâncias que mimetizam os hormônios, poderão ocasionar uma “contaminação mais elevada do que a esperada” no resto do organismo.

Por exemplo, uma dose de estradiol aplicada por via vaginal resultou em níveis de estradiol sistêmico de 10 a 80 vezes maiores do que o resultado da mesma dose por via oral.9

Como Evitar a Síndrome do Choque Tóxico

É importante recordar que os tampones, independentemente do que são feitos, podem criar um ambiente favorável para o crescimento de bactérias. As micro fissuras na parede vaginal causadas pelos tampões permitem que as bactérias entrem e se acumulem.

A síndrome do choque tóxico (nt.: Toxic Shock Syndrome/TSS, em inglês) associa-se comumente com toxinas venenosas que são originárias das bactérias tanto do grupo A estreptococo (estreptococo) como do Staphylococcus aureus (estafilococo). A TSS pode ser uma enfermidade que ameaça a vida, por isso é importante reconhecer os sinais e os sintomas. Se algum dos seguintes sintomas aparecer enquanto utilizar tampões durante sua menstruação, assegure-se buscando ajuda médica:

 

Febre alta repentina Vômito Diarreia
Pressão arterial baixa Convulsões Erupções nas palmas das mãos ou nas plantas dos pés
Dores musculares Vermelhidão dos olhos, boca e/ou garganta

 

Para reduzir ao mínimo o risco desta enfermidade potencialmente perigosa para a vida:

 

Evitar os tampões super absorbentes – escolher os de menor absorção para manejar o fluxo e trocar o tampão com mais frequência Nunca deixe um tampão na vagina durante a noite; ao contrário, utilizar absorventes Ao insertar um tampão, tenha muito cuidado de não danificar o revestimento vaginal (evitar aplicadores de plástico)
Alternar o uso de tampões com absorventes de mais de um tamanho, menores, durante a menstruação Trocar os tampões pelo menos cada 4 a 6 horas Não usar tampões entre os períodos

Alternativas Mais Seguras

Na atualidade, muitos dos produtos de higiene feminina são feitos principalmente de rayon, viscose e polpa de celulose de felpa de madeira… não de algodão – e muito menos de algodão orgânico.

O raiom e a viscose apresentam um perigo potencial, em parte, por causa de suas fibras altamente absorbentes. Quando são utilizadas nos tampões, estas fibras se aderem à parede vaginal e quando se tira o tampão, as fibras soltas permanecem dentro do corpo, aumentando assim o risco da TSS.

Felizmente, existem alternativas mais seguras e, face de que a FDA regula a absorvência dos tampões, todos eles no mercado devem cumprir com as mesmas capacidades de absorção. Segundo o Dr. Tierno do Centro Médico da Universidade de New York, os tampões que são 100% de algodão “são constantemente analisados para detectar baixos níveis de toxinas TSS”.

Assim, tendo em conta a alta probabilidade de que o algodão esteja contaminado com agrotóxicos, pode-se optar pelos tampões 100% de algodão certificado orgânico.

A introdução em 2002 do algodão ‘Bt’ (nt.: como é identificado o algodão transgênico que tem a capacidade de produzir a toxina do Bacillus thuringiensis/Bt em toda sua estrutura vegetal, da raiz ao fruto), modificado geneticamente para produzir seu próprio agrotóxico internamente, supostamente devendo ocasionar um menor emprego de inseticidas nos cultivos de algodão (nt.: este bacilo é um recurso da agricultura orgânica para combater as lagartas que atacam tipicamente algodão e milho, por exemplo. O bacilo mata a lagarta e morre, mas no transgênico a planta fica toda ‘venenosa’). Na realidade, o algodão ‘Bt’ requer mais aplicações de agrotóxicos do que o algodão nativo. Este algodão ‘Bt’ tem criado novas pragas resistentes e para controlá-las os agricultores usam agora 13 vezes mais agrotóxicos do que estavam utilizando antes de sua introdução.10

Assim que o algodão não só é em si um agrotóxico (já que a toxina ‘Bt’ é produzida em todas as células da planta), como também, pasme-se, o cultivo está contaminado com agrotóxicos tópicos! Em conjunto, isso faz com que o algodão ‘Bt’ seja uma escolha um tanto questionável para tampões.

Outra alternativa é o coletor menstrual (nt.: tipo DivaCup), que funciona de maneira similar a um diafragma, o qual permite evitar os tampões por completo. Também buscar os tampões que são:

  • Processados sem cloro para evitar os subprodutos tóxicos como as dioxinas;
  • Livres de fibras sintéticas e plásticos;
  • Livres de células de felpa de madeira – sejam transpiráveis, absorventes e também salvem árvores;    e
  • Hipoalergênicos, especialmente para quem a pele sensível.

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A deputada Carolyn Maloney (de Nova York) apresentou uma legislação apropriada, nove vezes desde 1997, que obriga aos fabricantes a revelarem o conteúdo dos produtos de higiene feminina.

A lei também requereria uma investigação sobre os possíveis riscos para a saúde de qualquer ingrediente utilizado, incluindo a endometriose, o câncer cervical -de ovário- e de seio. Até o momento, seus projetos de lei sempre fracassaram na conquista de apoio. Agora para impulsionar a questão da transparência dos ingredientes, criou-se uma série de petições dos consumidores, incluindo as que seguem. E para que se ouçam nossas vozes, estimulo a cada uma e a cada um a apoiá-las.

    • Naturally Savvy‘ foi criada como uma petição à ‘Procter & Gamble/P&G‘ para que revele os ingredientes de seus produtos de higiene feminina.Sign the Naturally Savvy Petition
    • Women´s Voices for th Earth‘, criou a campanha “Detox the Box”, pressionando para a divulgação completa dos ingredientes nos absorventes e nos tampões.

Sign Detox the Box Petition

 

Fontes e Referências

 

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, junho de 2016.

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