
As evidências sugerem que o glifosato pode prejudicar o sistema reprodutivo feminino e aumentar o risco de infertilidade e doenças de várias maneiras. (Crédito da foto: iStock by Getty Images)
https://usrtk.org/healthwire/glyphosate-risks-to-female-fertility-reproductive-health/
15 de março de 2025
[NOTA DO WEBSITE: Já fazem muitos e muitos anos que se trata sobre o glifosato como um veneno terrível, mesmo com a permanente campanha contrária da Monsanto, hoje Bayer. Agora está aí um estudo que mostra como ele não é, como sempre foi defendido pelo mundo da química sintética, inócuo aos seres humanos. Infelizmente, nossas autoridades de saúde ouvem e acatam muito mais as falácias da corporação agroquímica do que os trabalhos realmente sérios. E a isso se somam os supremacistas brancos que insistem em afirmar que fazem agricultura, mas na verdade praticam o ‘ogronegócio e/ou agronecrócio’. Até quando teremos que sofrer desse crime corporativo?].
Danos uterinos, alterações genéticas e distúrbios hormonais estão entre os efeitos na saúde, encontrados em estudos científicos.
O glifosato, o herbicida mais usado no mundo, desregula os hormônios femininos e danifica os ovários e o útero de maneiras que podem dificultar a gravidez das mulheres, de acordo com uma nova revisão de pesquisas em humanos e animais.
O estudo, publicado na Reproductive Sciences esta semana (21 de março de 2025), também descobriu que o glifosato pode estar relacionado à síndrome dos ovários policísticos (SOP) e à endometriose, devido às suas capacidades de ser um disruptor endócrino e ter toxicidade reprodutiva.
A SOP é um distúrbio hormonal que afeta os ovários, a fertilidade e os períodos, entre outros sintomas. A endometriose é uma condição frequentemente dolorosa quando o tecido semelhante ao revestimento uterino (tecido endometrial) cresce fora do útero. Ambas as condições estão entre as principais causas de infertilidade.
“Coletivamente, essas descobertas levantam preocupações sobre possíveis associações entre a exposição [ao herbicida à base de glifosato] e doenças do sistema reprodutor feminino, incluindo SOP, endometriose e subfertilidade/infertilidade”, dizem os pesquisadores.
O estudo destaca preocupações crescentes sobre os efeitos de longo prazo do glifosato e dos herbicidas à base de glifosato, como o Roundup®. O uso de glifosato aumentou acentuadamente nas últimas décadas, com mais de 100.000 toneladas pulverizadas anualmente em fazendas dos EUA.
As pessoas são expostas ao glifosato por meio do contato com a pele, ingestão de alimentos ou água e inalação de partículas transportadas pelo ar. Estudos detectaram glifosato e seu produto de decomposição (ácido aminometilfosfônico, ou AMPA) no sangue, leite materno e urina. Uma pesquisa de 2022 encontrou glifosato em mais de 80% das amostras de urina de adultos e crianças dos EUA.
Múltiplos efeitos tóxicos da exposição ao glifosato
Embora a Agência de Proteção Ambiental (EPA) considere o glifosato seguro, estudos recentes o relacionaram ao câncer, ao desenvolvimento neurológico precoce adverso, ao baixo peso ao nascer, à inflamação do fígado e distúrbios metabólicos, aos efeitos tóxicos no sistema nervoso e a doenças como Alzheimer e Parkinson (nt.: ver as dezenas de matérias em nosso website e o documentário).
Pesquisas mostraram impactos no sistema reprodutor masculino, incluindo alterações hormonais, atrasos no desenvolvimento e reduções na contagem e qualidade do esperma, bem como em animais de laboratório expostos ao glifosato. Vários estudos também sugerem que herbicidas à base de glifosato, que contêm produtos químicos adicionais, são mais tóxicos do que o glifosato sozinho.
Para esta revisão, os pesquisadores analisaram estudos do PubMed até março de 2024 para explorar como o glifosato impacta o sistema reprodutivo feminino e potenciais implicações clínicas nos resultados da saúde reprodutiva. As evidências indicam que o glifosato pode prejudicar o sistema reprodutivo feminino e aumentar o risco de infertilidade e doenças de várias maneiras. Isso inclui:
- Riscos da gravidez: A exposição ao glifosato pode aumentar a inflamação e interromper os principais hormônios da gravidez, incluindo estrogênio e progesterona. Isso potencialmente leva a resultados ruins na gravidez e problemas de desenvolvimento fetal, como visto em estudos com animais.
- Anormalidades uterinas: O glifosato e o herbicida à base de glifosato (GBH) podem danificar o útero, alterando sua estrutura, prejudicando o tecido e interrompendo processos de gravidez, como a formação de vasos sanguíneos e a implantação do embrião. “Essas alterações induzidas pelo GBH na arquitetura e morfologia uterina podem contribuir para a infertilidade, perda precoce da gravidez e hiperplasia endometrial [revestimento uterino anormalmente espesso]”, dizem os pesquisadores.
- Danos ovarianos: A exposição ao glifosato foi associada à diminuição da função ovariana e à redução do número e da qualidade dos óvulos. Também pode danificar os folículos ovarianos, essenciais para a produção de hormônios e o desenvolvimento dos óvulos, dificultando a gravidez.
- Estresse oxidativo: O glifosato pode causar estresse no corpo ao aumentar os níveis de moléculas nocivas (espécies reativas de oxigênio, ou ROS) que causam danos celulares, proteicos e ao DNA. O produto químico pode dificultar a absorção de zinco pelo corpo, que protege contra o estresse oxidativo e é importante para o desenvolvimento e crescimento adequados do óvulo (oócito). Ele também pode reduzir a atividade de enzimas que protegem as células de danos oxidativos. Isso pode interromper a função imunológica e a reprodução, e afetar hormônios, função cerebral, metabolismo e genes.
- Alterações genéticas: O glifosato pode alterar a expressão genética (sejam os genes “ligados” ou “desligados”) sem alterar a sequência real do DNA em si (epigenética). Isso significa que a exposição materna ao glifosato, especialmente durante a gravidez ou períodos sensíveis do desenvolvimento fetal, pode levar a anormalidades congênitas. As alterações genéticas também podem ser transmitidas para as gerações futuras, o que promove doenças muito depois que a exposição química direta ocorre.
- Disrupção hormonal: O glifosato atua como um disruptor hormonal (endócrino), interferindo na sinalização do estrogênio e inibindo uma enzima necessária para produzir estrogênio. Isso afeta a função do ovário, a estrutura e o formato do útero e a implantação do embrião.
Entender o impacto total do glifosato na saúde humana, especialmente na saúde reprodutiva feminina, é crucial para decisões de políticas públicas, dizem os pesquisadores. Estudos futuros devem identificar alternativas mais seguras aos herbicidas à base de glifosato, acrescentam.
Estabelecer os efeitos dos herbicidas à base de glifosato na saúde reprodutiva feminina e na fertilidade humana é uma “questão urgente de saúde pública”, disseram os pesquisadores.
Para reduzir seu risco de exposição ao glifosato, opte por produtos orgânicos, evite o uso de herbicidas em jardins domésticos e use equipamentos de proteção ao manusear pesticidas. Apoiar estratégias de controle de ervas daninhas sem herbicidas e agricultura orgânica em sua comunidade também pode diminuir a dependência de herbicidas químicos (nt.: destaque em negrito dado pela tradução).
Referência
Stone AM, Camp OG, Biernat MM, Bai D, Awonuga AO, Abu-Soud HM. Reavaliação do uso de herbicidas à base de glifosato: implicações na fertilidade . Reproductive Sciences . Publicado on-line em 12 de março de 2025. doi:10.1007/s43032-025-01834-6
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, março de 2025