Os enlatados trazem o BPA para o jantar, a FDA confirma.

A vasta maioria do alimentos enlatados nos estão contaminados. Os químicos, funcionários de órgãos federais, confirmaram o que todos já estavam esperando: de que se a resina feita com o bisfenol A/BPA for usada para laminar, internamente, a maioria das latas de alimentos, há uma enorme probabilidade de que o conteúdo destas latas contenham, pelo menos, traços de BPA.

                                                          

 

 

http://www.sciencenews.org/view/generic/id/74809/title/Cans_bring_BPA_to_dinner,_FDA_confirms

 

By Janet Raloff

 

25 de maio de 2011


O composto químico BPA, mimetizador hormonal, é um monômero – um só bloco químico com que se faz os polímeros – utilizado para se fazer resinas (nt.: as resinas mais conhecidas que contém o BPA são a resina EPÓXI e a resina POLICARBONATO/PC). Estudos anteriores vem mostrando que estas resinas tendem a liberar este monômero, o BPA.

Em seu novo estudo, Gregory Noonan, Luke Ackerman e Timothy Begley do Centro de Segurança Alimentar e Nutrição Aplicada da Adminstração de Alimentos e Fármacos dos EUA (nt.: FDA‘s Center for Food Safety and Applied Nutrition) em College Park, Md., reconhecem que o BPA havia se transformado nos limitados estudos que o estavam buscando fora. Porém estes estudos tendiam a observar uma estreita faixa de produtos como alimentos infantis, alimentos formulados para nenês e refrigerantes – ou examinar alimentos estrangeiros, importados.

“Está claro que não havia estudos de grande escala no mercado dos EUA”, eles constataram, “e que haviam lacunas significativas de dados para os produtos mais largamente consumidos como pimenta, massas, carne de porco e feijões” (nt.: tipo de produtos comumente vendidos enlatados nos EUA).  Focaram, então, sua pesquisa sobre os alimentos enlatadas mais consumidos no país.

No trabalho aceito para publicação no semanário Journal of Agricultural and Food Chemistry, os pesquisadores agora reportam ter encontrado o BPA contaminando 71 de 78  de alimentos enlatados que eles amostraram — ou seja, um pouco mais do que 90%. Também testaram feijões e ervilhas verdes congeladas e compradas em sacolas plásticas como um contole paralelo. Como esperado, nenhum dos produtos continham BPA.

A concetração mais baixa de BPA nos alimentos enlatados — 2,6 parts por bilhão/ppb — ocorreu numa lata de ervilha. Mas, em compensação, outra lata do mesmo vegetal continha 310 ppb de BPA. A contaminação de feijões verdes variou 30 vezes (acima de 730 ppb). Alguns alimentos, como massa, porco e feijão, pimenta, sopas e frutas variou  menos, normalmente continha BPA em níveis entre 10 e 80 ppb.

As marcas das próprias lojas não eram necessariamente mais contaminadas do que os produtos que vinham de outras marcas conhecidas. Os novos dados mostram que nem os produtos orgânicos eram tão confiadamente isentos se comparados com os produtos convencionais. Um aspecto crucial foi a observação dos cientistas da FDA: “Existem poucas tendências claras nos dados”.

Além disso, acrecentarnam, devido à ampla variação de concentrações testemunhada aqui, comparar os dados de BPA de produtos alimentícios exteriores aos EUA. “não é extremamente informativo”. Mesmo comparações feitas ao longo das fronteiras podem ser um desafio. Conservas de atum canadenses apresentavam entre 9 e além de 500 ppb de BPA. Ou seja, muito mais do que os entre 4,5 e os 17 ppb dos atuns dos EUA. Os diferença de poucos traços provavelmente seja pela utilização de revestimentos de diferentes fabricantes de lâminas internas das latas.

Ah e tem mais. Estes novos dados mostram que as concentrações de BPA tendem a ser 10 vezes mais altas nos alimentos enlatados do que em qualquer líquido (como água ou em calda) em que tinham sido preparados.

Estes dados reforçam mais uma vez porque os alimentos recém feitos são geralmente mais saudáveis. Dito isto, os produtos frescos também tendem a ser muito mais caro — e é justamente por isso que os alimentos enlatados são tão populares em famílias mais pobres.

Na verdade, eu nem posso imaginar quantas ‘toneladas’ de BPA minha família deve ter ingerido durante toda a minha infância e juventude em razão da propensão que meus pais tinham de estocar em nossa despensa produtos enlatados, literalmente, sempre que havia qualquer liquidação no mercado.