• Pular para navegação primária
  • Skip to main content
  • Pular para sidebar primária

Nosso Futuro Roubado

  • Inicial
  • Quem Somos
  • Conexões
  • Contato

O fardo do Homem Branco.

24 de julho de 2014 by Luiz Jacques

Print Friendly, PDF & Email

Cumplicidade com genocídio dos palestinos marca declínio do Ocidente. E cada criança morta é um prego no caixão da velha democracia. Para o jornalista português Nuno Ramos de Almeida, “não existirá democracia enquanto permitirmos, sem reagir, o massacre dos palestinos. A luta pela paz e uma Palestina independente é um combate pela nossa liberdade e pela afirmação dos seres humanos contra as bestas”. Seu artigo é publicado por Outras Palavras, 23-07-2014.

 

 

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/533563-o-fardo-do-homem-branco

 

 

Eis o artigo.

Em 1899, os Estados Unidos da América discutiam no Congresso a anexação das antigas colônias espanholas que tinham lutado pela sua independência, nomeadamente as Filipinas. Nessa altura, o poeta britânico Rudyard Kiplingescreveu um poema apologético para declarar que o facho da civilização tinha passado das mãos do Reino Unido. “O Fardo do Homem Branco” defendia que passara a caber a Washington tratar dos selvagens para o bem deles, sem contar com o seu agradecimento. Os nativos do mundo tinham de ser dirigidos pelas potências ocidentais. Eram homens inferiores, de civilizações fracas que precisavam de ouvir a voz do dono. Os agitadores deviam ser castigados e eliminados, se necessário por meios violentos. Os selvagens deviam ser controlados, para seu bem. Assim começava a declaração de bondade civilizadora:

Tomai o fardo do Homem Branco,
Enviai vossos melhores filhos.
Ide, condenai seus filhos ao exílio
Para servirem aos seus cativos;
Para esperar, com arreios
Com agitadores e selváticos
Seus cativos, servos obstinados,
Metade demônios, metade crianças.

Entre o consenso dos meios de comunicação e dos poderosos, houve um homem que não se calou. O escritor que assinava Mark Twain, autor das As Aventuras de Huckleberry Finn, respondeu com um artigo em plena euforia “civilizadora”, quando os poderosos norte-americanos abriam garrafas de champanhe pela anexação das ilhas do Havaí, de Samoa e das Filipinas, de Cuba, Porto Rico e de uma ilhota que se chama, eloquentemente, dos Ladrões. Perante isto,Mark Twain faz uma singela proposta, pede que se mude a bandeira nacional: que sejam negras, diz, as listas brancas, e que umas caveiras com tíbias cruzadas substituam as estrelas e assumam a verdadeira identidade de piratas.

Em pleno século XXI pouco mudou. Somos governados por piratas: a cumplicidade dos governos ditos civilizados, e da sua obediente comunicação social, com o genocídio dos palestinos, é reveladora da manutenção da ideia de que há seres humanos mais humanos que outros. Os palestinos são para essa gente verdadeiros homo sacer, que podem ser mortos e torturados, segundo o direito romano nos tempos do Império, sem nenhuma sanção legal ou moral. Há gente que acha que Israel é uma democracia e por isso tem o direito de assassinar crianças palestinas. Há colaboracionistas ditos de esquerda que defendem que, como em Israel a situação dos gays e das mulheres é melhor que nos países árabes, as tropas hebraicas têm licença para destruir as casas palestinas e matar as mulheres e crianças de Gaza.

Ironia da história, a operação ideológica que permite aos assassinos justificar o sangue derramado é a mesma que permitia aos nazistas justificar aos alemães a solução final. Para os nazis, os judeus eram sub-humanos, e por isso podiam ser mandados para as câmaras de gás; para os “democratas ocidentais” os palestinos são criaturas culpadas pela sua morte e as bombas israelitas são a garantia da paz.

A atitude de apoio ao genocídio dos governos europeus põe em causa a própria democracia. Nem todos chegam ao nível de sabujice reles do líder socialista francês François Hollande, que proíbe manifestações contra a invasão israelita em Paris e manda a polícia de choque disparar contra os manifestantes, mas é preciso dizer que uma democracia não é definida pela forma como trata os poderosos, mas pela forma como trata os mais desprotegidos. Israel não é uma democracia, não porque não trata bem os judeus, mas porque funciona como um regime de apartheid para a sua população árabe e como um regime nazi para os palestinos. O mesmo sucede com a Europa Ocidental: não existirá democracia enquanto permitirmos, sem reagir, o massacre dos palestinos. A luta pela paz e uma Palestina independente é um combate pela nossa liberdade e pela afirmação dos seres humanos contra as bestas.

Print Friendly, PDF & Email
FacebookTweetPin

Arquivado em: Corporações, Destaques, Globalização, Química Artificial, Relações Humanas, Saúde Marcados com as tags: Capitalismo, Democracia, Ética, Globalização, Poder econômico

Gosta do nosso conteúdo?
Receba atualizações do site.
Também detestamos SPAM. Nunca compartilharemos ou venderemos seu email. É nosso acordo.

Sidebar primária

Busca do Site

Cadastro

Receba atualizações do site.

Categorias

  • Agricultura
  • Agrotóxico
  • Água
  • Aquecimento Global
  • Biodiversidade
  • Biotecnologia
  • Corporações
  • Destaques
  • Disruptores Endócrinos
  • Ecologia
  • Energia
  • Engenharia Genética
  • Estrogênios Artificiais
  • Globalização
  • Meio Ambiente
  • Mudanças Climáticas
  • Notícias
  • Plástico
  • Podcasting
  • Princípio da Precaução
  • Química Artificial
  • Relações Humanas
  • Resíduos
  • Revolução Industrial
  • Saúde
  • Sem categoria
  • Soluções / Alternativas
  • Sustentabilidade
  • Tecnologias
  • Toxicologia
  • Tradições
  • Vídeos

Tags

Aditivos Agricultura Agronegócio Agrotóxico Amazônia Aquecimento global Belo Monte Biodiversidade Capitalismo Consumismo Crime corporativo Câncer Código Florestal Desperdício Destruição ambiental Destruição da floresta Devastação étnica Direitos humanos Economia Energia Funai Globalização Herbicida Hidrelétricas Injustiça Justiça Lixo Mineradoras Monsanto Mudanças climáticas Oceanos Pecuária Petróleo Poder econômico Povos Originários Preservação ambiental Reciclagem Rio+20 Saúde infantil Saúde Pública Sustentabilidade Terras ancestrais Transgênicos Transnacionais Ética

Copyright © 2022 · Genesis Sample Sass em Genesis Framework · WordPress · Login

Posting....