E aí? Pagam ou não pagam?

Os Grandes Negócios, isentados de impostos, devem pagar para limparem todo o plástico.

 

https://www.theguardian.com/environment/2018/feb/05/big-business-not-taxpayers-should-pay-to-clean-up-plastic-waste

 

 

Geraint Davies

 

Os plásticos estão destruindo nossos , mas ainda para as grandes corporações se fornece capital para produzirem plásticos baratos. Chegou o tempo para os poluidores pagarem pelos danos que eles vem causando (yet big corporations are still being given money to produce cheap plastic. It’s time for polluters to pay for the damage they cause).

Lixo No Tâmisa                                                         Lixo plástico nas margens do rio Tâmisa na Inglaterra.

Um menino de seis anos de idade, Harrison Forsyth, instigou-nos com uma chamada providencial, na última semana. Ele se dirigiu ao chefão da Aldi (on the boss of Aldi) para que se voltasse para proteger nossos oceanos:

“Caro Presidente da Aldi, acabo de ver um documentário chamado ‘Blue Planet 2‘ e vi que os plástico nos oceanos está tornando os animais marinhos doentes e que acabam morrendo.

Assim, por favor, poderia o Senhor parar de usar plásticos que não podem ser reciclados?”

O pequeno Harrison está correto em ficar preocupado: as tartarugas emaranhadas, pássaros mortos e baleias sufocadas, estão no documentário da BBC (BBC’s Blue Planet II show the damage ), demonstrando os danos que o plástico está causando ao nosso planeta. Milhões de toneladas de plásticos entram nos oceanos a cada ano e as Nações Unidas diz que, caso os níveis de poluição atuais continuem, haverá mais  plásticos nos oceanos do que peixes em 2050 (more plastic in the sea than fish by 2050) – quando Harrison tiver exatamente 41 anos de idade.  

Enquanto o plástico está destruindo nossos oceanos, as grandes corporações estão recebendo dinheiro para produzir plásticos baratos. Os contribuintes da sociedade pagam mais do que 90% do custo para a reciclagem (90% of the cost of recycling), ao mesmo tempo em que imensos subsídios cobrem os combustíveis fósseis, a maior fonte da matriz para a feitura dos plásticos. Isso é injusto: precisamos começar a agir exatamente neste momento.

As corporações devem pagar pelos danos que elas geram. Somente aí elas serão forçadas a criarem alternativas ambientalmente compatíveis. As companhias dos combustíveis fósseis l recebem subsídios de de 5,3 trilhões de dólares em todo o mundo no ano de 2015 ($5.3tn (£3.7tn) worldwide in 2015). Somente a China proveu de subsídios 2,3 trilhões de dólares. E como o plástico é feito de combustíveis fósseis, estes são efetivamente os subsídios colossais para o plástico.

Em vez de estarem sendo pagos para poluírem nossos mananciais hídricos, os poluidores deveriam pagar para que seus lixos plásticos sejam reciclados. Atualmente, o seu custo está coberto pelos contribuintes, mas o custo da reciclagem deveria ser parte do custo do próprio plástico em si mesmo – com este custo adicional sendo transferido para os governos locais para cobrirem a reciclagem. As administrações locais deveriam premiar os varejistas que desenvolvam novas ideias sustentáveis e aumentar as cargas tributárias sobre as embalagens que são difíceis de serem recicladas. Isso poderia reduzir a demanda por plásticos mortais entre produtores e varejistas.

O plano de 25 anos de Michael Gove, para reduzir o desperdício de plástico evitável até 2042, fica bem abaixo das Estratégias para Plásticos da União Europeia que almeja fazer o mesmo até 2030. Não precisamos ficar atrás 12 anos de nossos vizinhos da União Europeia. Gove declara ter ficado “assombrado” pelo documentário da BBC (“haunted” by Blue Planet), mas esta proposta torna-se bizarra por deixar o problema dos plásticos até que ele tenha 75 anos de idade (plastic problem until he is 75 years old).

As propostas governamentais falham ao não fazerem tanto os fabricantes como os varejistas pagarem pelos custos ambientais e sociais do plástico. As autoridades deveriam mudar isso impedindo que as corporações acabem por ruir nossos mares.

Plástico não reciclável tem deixado os oceanos em uma situação crítica. Necessitamos de ação radical. A França está almejando usar plástico 100% reciclável até 2025 (100% recyclable plastic by 2025). Deveríamos tentar combinar com eles. A eliminação de plásticos não recicláveis que têm morto peixes deveria ser uma prioridade. O supermercado Iceland prometeu exatamente retirar embalagens plásticas (promised to scrap plastic) em todos os produtos que levam sua marca dentro de cinco anos; outros supermercados deveriam ser obrigados a fazer o mesmo.

Os custos de negócios do Brexit (nt.: saída dos britânicos da Comunidade Europeia) encoraja as companhias a economizar capital que deveria ser investido em nosso ambiente. Na última semana a União Europeia deu-nos um ultimato de uma semana para (to comply) com as leis sobre a qualidade do ar (last week the EU gave us a one-week ultimatum to comply with air quality laws.). Nosso ambiente está sob risco pelo Brexit, precisamos então fornecer as garantias de que os padrões ambientais da União Europeia serão mantidos nos novos tratados de negócios fora da Comunidade Europeia (maintained in new trade deals outside of the EU).

Temos um dever incondicional de proteger os oceanos para (for the sake) do futuro de nossas crianças. Se quisermos salvar nossas tartarugas, pássaros e baleias, precisaremos galgar degraus radicais para enfrentar o problema do plástico. Isto significa incentivar negócios que reduzam o emprego de plásticos em favor de alternativas sustentáveis e banir os plásticos não recicláveis. Se uma criança de seis anos como Harrison já pode ver de que necessitamos tomar atitudes urgentes, então seguramente chegou o tempo das lideranças terem coragem e audácia para salvarem nossos oceanos.

  • Geraint Davies é membro do Environmental Audit Committee e membro do Partido Trabalhista no parlamento pela região de  Swansea West. Ele é também vice-presidente do All Party Parliamentary Group for Protecting our Waves, que atualmente faz uma campanha para manter as costas da Grã-Bretanha livres de plásticos.

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, março de 2018.