As ações dos crimes corporativos, de maneira canalha, feitos por trás dos biombos
By Bill Walker, VP and Editor in Chief
WEDNESDAY, MAY 29, 2019
Paga Grupo de Fachada da Indústria Química para Reivindicar a ‘Segurança’ do seu Mata Mato Causador de Câncer e Ataca seus Críticos
Monsanto pagou um grupo de fachada, obscuro, ligado à indústria química para auxiliá-la a rechaçar as miríades de evidências científicas (scientific evidence) (nt.: para se entender estas maléficas manobras, vale a pena ler este link aqui grifado. Nele se vê qual é a finalidade: gerar confusão, desinformações e impotência do cidadão comum) que o veneno, mata-mato, que tem a assinatura da corporação, o herbicida Roundup, causa câncer conforme revelam documentos que estão nas ações judiciais.
“Se uma companhia como a [Monsanto] não vai nos financiar, quem vai então?” escreveu o presidente do American Council on Science and Health (nt.: Conselho Norte Americano sobre Ciência e Saúde… Notar a irônica designação de tal ‘Conselho’) para um cientista da Monsanto, em 2015.
Um dia mais tarde, veio a réplica: “A resposta é: sim… Definitivamente contem conosco !!”
Os e-mails entre a Monsanto e o American Council on Science and Health/ACSH (nt.: Conselho Americano de Ciência e Saúde) bem como os e-mails internos relacionados à Monsanto foram divulgados pela primeira vez durante o julgamento, em julho do ano de 2018, do processo de um ex-jardineiro e zelador de uma escola numa cidade da Califórnia, diagnosticado com linfoma não-Hodgkin depois de usar o herbicida da Monsanto, o mata mato Roundup. Nesta oportunidade, o júri concedeu a Dewayne “Lee” Johnson uma indenização de US$ 289 milhões de dólares, em danos punitivos e compensatórios, posteriormente reduzidos pelo Juiz para US$ 78 milhões de dólares.
Os e-mails internos da Monsanto para o ACSH reapareceram como evidência no processo mais recente apresentado a um tribunal, tendo sido ajuizado por um casal da Califórnia (a California couple) que foi diagnosticado com linfoma não-Hodgkin após décadas de uso do herbicida (using the herbicide) (nt.: neste link tem um material importante por apresentar este veneno e seus riscos a todos os seres). Em maio, o júri ordenou que a Bayer-Monsanto pagasse à Alva e Alberta Pilliod mais de US$ 2 bilhões em danos.
Foi a terceira sentença, em menos de um ano, em que os júris desvelam a realidade de que o glifosato, o principal ingrediente do Roundup, causa câncer e que a Monsanto encobriu evidências de seu risco à saúde, por décadas. No ano de 2018, a Bayer comprou a Monsanto por US$ 63 bilhões de dólares e agora enfrenta dezenas de milhares de processos judiciais semelhantes.
Os e-mails – aqui (here) e aqui (here) – mostram que, em fevereiro de 2015, a Monsanto estava trabalhando com a ACSH para se preparar para as consequências esperadas por relatório que estava sendo exarado pela Agency for Research on Cancer/IARC/OMS/ONU (nt.: Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer/OMS/ONU), sobre a segurança do glifosato. No mês seguinte, realmente a Agência, uma instituição que faz parte da Organização Mundial da Saúde/ONU, divulgaria este relatório onde classificaria o glifosato como “provavelmente cancerígeno para humanos” (classified glyphosate as “probably carcinogenic to humans) (nt.: importante ressaltar que ao se classificar como “provavelmente cancerígeno” a IARC está afirmando que não houve pesquisa em seres humanos, por questões éticas, mas que em animais, o produto ESTÁ COMPROVADO como sendo cancerígeno).
Antecipando o relatório, Gilbert Ross, então dirigente do ACSH, solicitou apoio à Monsanto “particularmente se um parecer do ACSH for necessário para avaliar um resultado adverso.”
Em 26 de fevereiro deste ano de 2015, o Dr. Daniel Goldstein, dirigente chefe de ciências médicas e divulgação da Monsanto, escreveu a vários colegas, estimulando-os a apoiarem com contribuição financeira continuada ao ACSH por seu trabalho.
Mais tarde naquele dia, depois que seus colegas expressaram reservas, Goldstein escreveu:
Mas em 16 de março deste ano, apenas alguns dias antes do relatório da IARC, Ross dirigente do ACSH, escreveu a Goldstein reclamando que o grupo ainda não havia recebido pagamento por seu trabalho com o glifosato:
Goldstein responde “contem conosco !!,” e Ross retorna: “Grandes novas, grato Dan.”
Pelos e-mails, não está claro quanto a Monsanto pagou ao ACSH para defender tanto a empresa como seu mata-mato. Mas a partir da publicação do relatório da IARC, o ACSH publicou dezenas de blogs ou press-releases, atacando cientistas ou organizações que levantaram preocupações sobre os riscos à saúde pela exposição ao glifosato. Autoridades do ACSH também foram citadas em reportagens da mídia, acusando o EWG/Environmental Working Group – “como um grupo alarmista” – e outros críticos do glifosato, de estarem utilizando táticas de medo.
Segundo o site do ACSH, o grupo é uma “organização de defesa do consumidor” e que “não representa nenhum setor”. Mas em 2013, a ONG Mother Jones relatou que um documento interno do ACSH (an internal ACSH document) mostrava que a organização havia recebido mais de US$ 390.000 de dólares, naquele ano, tanto de empresas como de grandes fundações privadas. Neste valor, incluíam-se US$ 30.000 da Bayer Cropscience, US$ 22.5000 da empresa chinesa de agrotóxicos e sementes Syngenta e US$ 30.000 da gigante química 3M, dentre muitos outros.
O documento do ACSH também lista a Monsanto entre as “fontes potenciais de apoio de doadores anteriores.” Como mostram os e-mails recentemente liberados, todo este potencial logo foi percebido.
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O Environmental Working Group/EWG é uma organização sem fins lucrativos e apartidária que capacita as pessoas a viverem vidas e em um ambiente mais saudáveis. Por meio de pesquisa, advocacia e ferramentas educacionais exclusivas, o EWG promove escolhas do consumidor e ações cívicas e cidadãs.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, janeiro de 2020.