Um protótipo inicial de um pulverizador desenvolvido por uma joint venture entre a Bosch e a BASF vasculha um campo. A máquina visa reduzir o uso de produtos químicos pulverizando apenas ervas daninhas em vez de todo o campo. Credit: One Smart Spray
https://cen.acs.org/food/agriculture/technology-helping-farmers-grow-food/101/i15
07 de maio de 2023
[NOTA DO WEBSITE: A Chemical & Engineering News (C&EN) é é publicada pela American Chemical Society desde 1923. Ou seja, esse artigo está completamente alinhado com a visão de mundo das imensas corporações agro-petroquímicas-alimentares. Elas adquiriram essa imensidão de domínio global ao se expandirem pelo mundo no pós IIª Guerra quando todas as tecnologias bélicas desenvolvidas tanto para a Iª como para a IIª Guerra, tornam-se os produtos que sustentaram a Revolução Verde com sua modernização conservadora da agricultura. É daqui que se instala a ideologia e a doutrina do ‘Agribusiness’, conhecido no Brasil como ‘Agronegócio‘. É a triste transmutação de agricultura de produção de alimentos em negócio, seja qual for, no campo. É plasmada a ideia da ‘agricultura industrial’. Ou seja, a vão tentativa de submeter os processos vivos e naturais em mortos e artificiais. E jamais esquecer de que neste ‘pacote sw vida’ incluem-se as resinas plásticas, as miríades de moléculas artificiais que assumiram o cotidiano dos habitantes planetários, indo até os seus medicamentos ‘milagrosos’. Mas queremos destacar que o mais importante da visão de mundo de nosso website é estar gerando esse contraditório com todos esses esquemas que aprisionam o mundo e seus habitantes nos dias de hoje. E é rico porque aqui são as próprias grandes responsáveis mundiais por todos os tipos de poluição -das resinas plásticas aos agrotóxicos-, absolutamente gerada pela ‘criação’ arrogante das moléculas sintéticas, que reconhecem aqui e agora neste material, o quanto os ‘agricultores’ DEVEM ‘diminuir o uso de produtos químicos’. Demonstrando de que a avalanche da dispersão permanente de ‘químicos’ que agora vemos serem ‘para sempre’, são, além de desnecessários, prejudiciais. É ou não é uma deslavada cara de cimento em sua frieza e crueldade travestidas em ‘ciência’ que agridem e contaminam cada um e todos nós?]
Reguladores, consumidores e agricultores querem usar menos produtos químicos para cultivar alimentos; empresas químicas estão mudando seus modelos de negócios em resposta.
RESUMO
O uso excessivo de produtos químicos agrícolas reduz a renda dos agricultores, gera toneladas de emissões de gases de efeito estufa e representa uma importante fonte de poluição da água (nt.: vale ressaltar aqui que é defendido o conceito ‘científico e técnico’ de que é o USO EXCESSIVO e não a MOLÉCULA DO VENENO que ‘gera toneladas de emissões de gases de efeito estufa e representa uma importante fonte de poluição da água’. Percebe de que a ‘culpa’ de todos esses problemas é imputada por ser causada pelo agricultor e nunca pela fabricação e criação das moléculas artificiais? Não é um cinismo e uma ‘cara de cimento’ dessa ideologia e doutrina do ‘agribusiness/agronegócio’??). Algumas empresas dizem que podem resolver esses problemas usando drones, satélites e inteligência artificial para dar aos agricultores uma visão mais clara do que está acontecendo em seus campos e ajudá-los a aplicar apenas os produtos químicos de que precisam. Os defensores dessa abordagem argumentam que ela tem o potencial de reduzir drasticamente o uso de produtos químicos nas fazendas. Em resposta, grandes empresas agrícolas estão adotando um modelo de negócios no qual os agricultores pagam pelo resultado, como um campo livre de ervas daninhas, em vez de um produto químico específico. Essas ferramentas podem tornar o sistema alimentar mais seguro e menos prejudicial ao meio ambiente (nt.: IMPORTANTÍSSIMO RESSALTAR O QUE A DOUTRINA ESTÁ PREGANDO: ‘ferramentas podem tornar o sistema alimentar MAIS SEGURO e menos PREJUDICIAL AO MEIO AMBIENTE’. Vale perceber que está sendo ressaltado pelo destaque dado pela tradução, mostrando o cinismo doutrinário: no chamado ‘meio ambiente’ estão excluídos os seres tanto humanos como os outros planetários e principalmente está sendo sonegada a influência sobre a SAÚDE DE TODOS OS SERES!). Mas eles não terão nenhum impacto se os agricultores não os adotarem (nt.: e por fim, esta afirmativa que confirma tudo o que procuramos como website destacar: TUDO ESTÁ CONTIDO NA ‘ORIENTAÇÃO TÉCNICA E ISENTA’ dada pela indústria. Caso contrário SERÁ O AGRICULTOR o derradeiro responsável pela ‘insegurança alimentar’ e o prejuízo sobre o ‘meio ambiente’).
A fazenda centenária de Jon Walz em Stapleton, Nebraska, tem 300 cabeças de gado, campos de milho e outras culturas, incluindo aveia e centeio. Em uma manhã recente de abril, toda a fazenda parecia precisar de sua atenção depois que as temperaturas mudaram abruptamente de mínimas geladas de inverno para máximas sufocantes de verão.
Walz trouxe um bezerro doente e sua mãe para um curral, cuidou de vários equipamentos de irrigação que precisavam de manutenção e começou a instalar um pulverizador de herbicida. “Há muitas coisas acontecendo na fazenda neste momento”, disse ele enquanto verificava se alguma de suas outras vacas estava dando à luz.
Como parte de um esforço recente para tornar a fazenda mais sustentável, Walz adicionou outro item à sua lista de tarefas. Ele está testando várias tecnologias que prometem reduzir o uso de fertilizantes nitrogenados e os impactos ambientais associados.
No ano passado, trabalhando com pesquisadores da Universidade de Nebraska-Lincoln, Walz instalou um sensor em seu trator que media o verde de suas plantações enquanto ele passava por elas. O sensor identificou quais partes de seu campo já tinham nutrientes suficientes. Ao aplicar menos fertilizante nessas áreas, ele reduziu o uso de nitrogênio em 32%.
“Às vezes é caro”, diz Walz sobre a tecnologia. “Mas acho que existe a oportunidade de ser mais eficiente usando essa tecnologia, desde que tenha um preço razoável.”
O uso excessivo de produtos químicos agrícolas, como fertilizantes, herbicidas e outros agrotóxicos, reduz a renda dos agricultores, gera toneladas de emissões de gases de efeito estufa e representa uma importante fonte de poluição da água. Os reguladores estão pressionando os agricultores a reduzirem o uso de produtos químicos, mas os agricultores também precisam cultivar mais – pelo menos 35% a mais do que em 2010, se quiserem atender às necessidades alimentares da população mundial em 2050, de acordo com uma análise recente publicada na a revista Nature Food (2021, DOI: 10.1038/s43016-021-00322-9). Alguns agricultores estão agora tentando produzir mais alimentos com menos produtos químicos, adotando tecnologias que os aplicam somente quando e onde são necessários. Como Walz, muitos produtores estão usando sensores no campo ou imagens aéreas para mapearem os nutrientes que uma cultura precisa e aplicá-los de forma mais criteriosa. Outros estão usando pulverizadores equipados com câmeras que podem identificar as ervas daninhas e matá-las com uma injeção direcionada de herbicida, em vez de uma manta.
Essas técnicas também estão transformando as empresas que fabricam fertilizantes e agrotóxicos. No futuro, em vez de vender tantas toneladas de produtos químicos quanto possível, as empresas dizem que fornecerão aos agricultores um conjunto de software, maquinário e produtos químicos para maximizarem a lucratividade de uma fazenda.
Essa é uma mudança monumental e difícil para uma indústria que por quase um século ganhou dinheiro descobrindo, fabricando e vendendo grandes volumes de produtos químicos. E provavelmente exigirá um novo modelo de negócios, baseado no quanto essas novas ferramentas ajudam o agricultor, diz Niall Mottram, que lidera o negócio de tecnologia agrícola da Cambridge Consultants. “Em vez de vender quilos de fertilizantes, eles querem vender resultados.” (nt.: vale reler esses dois parágrafos anteriores e observar que o texto está trazendo como exemplo um ‘pequeno produtor’ que tem 300 aniamis e trabalha com ‘sacrifício’, por parecer estar só na gestão do ‘negócio’. Pode então parecer que a indústria química está tão próxima de todos os agricultores, principalmente do pequeno quando nos traz uma situação como a desse pequeno produtor. E ao mesmo tempo coloca os dois, pequeno agricultor e indústria, no mesmo patamar do enfrentamento de ‘desafios’ praticamente ‘idênticos’, demonstrando como, indiretamente, a indústria é ‘humanitária’ e ‘frágil’ como é o pequeno agricultor como o tal sr. Walz. Não é um descaramento e um achincalhe sobre todos nós que estamos lendo isso aí?)
CORREÇÃO DE NITROGÊNIO
A quantidade de nitrogênio usada para cultivar nos EUA mais do que quadruplicou desde 1960.
Fonte: Departamento de Agricultura dos EUA.
Para Walz, a tecnologia é apenas uma parte de uma estratégia para fazer a transição de sua fazenda para práticas agrícolas mais regenerativas. Além de mapear quanto fertilizante seus campos precisam, ele está usando mais culturas de cobertura – plantas que melhoram o solo, mas não são colhidas – para adicionar nitrogênio e suprimir ervas daninhas. Walz acredita que combinar essas abordagens tornará sua fazenda muito menos dependente de produtos químicos (nt.: como se esse fosse também o objetivo das associadas da American Chemical Society, autora desse artigo. É muita ironia, não é?)
“Temos alguns campos onde não usamos o Roundup há vários anos”, diz ele sobre o onipresente herbicida. “Essa é a direção que vamos seguir. Acho que é mais do que possível.” (nt.: olha aqui a citação sobre o glifosato/Roundup… também depois que a Bayer, a atual dona da Monsanto, resolve depositar em juízo 11 bilhões de dólares para cobrir as perdas pelos ajuizamento de ações contra a Monsanto, pelo glifosato ter gerado cânceres nas pessoas, nada mais oportuno do que começar a ‘escantear’ esse veneno).
TERRA FÉRTIL
Os fertilizantes nitrogenados sintéticos foram introduzidos nas fazendas dos Estados Unidos em meados do século 20, e seu uso aumentou continuamente até a década de 1980. Desde então, eles têm sido aplicados consistentemente a quase todo o milho cultivado nos Estados Unidos. Esses nutrientes extras aumentam significativamente os rendimentos dos agricultores, mas podem prejudicar os ecossistemas e a saúde humana quando o excesso se infiltra no meio ambiente.
A cada verão, o escoamento de fertilizantes contribui para uma enorme zona pobre em oxigênio no Golfo do México, incapaz de sustentar a vida marinha. Um estudo recente publicado na Environmental Health estima que 5,6 milhões de pessoas nos EUA bebem água com níveis perigosos de nitratos, em parte devido à poluição causada por fertilizantes (Environ. Health 2019, DOI: 10.1186/s12940-018-0442-6). A produção de fertilizantes nitrogenados, em particular, também é uma importante fonte de emissões de gases de efeito estufa.
Você não está mais vendendo o líquido na garrafa. Você está vendendo os resultados no campo. Rachel Rama, chefe de pequenas moléculas, Bayer Crop Science
Parte do problema é que os agricultores normalmente aplicam a mesma quantidade de nitrogênio em todas as partes de suas terras, embora as necessidades de nutrientes dentro de um campo geralmente não sejam uniformes (nt.: novamente a desinformação para os leitores menos avisados ou que estejam fora da vida da tecnologia agrícola. Aqui no Brasil. os fatos não são bem assim. Parece que o agricultor aplica os adubos solúveis ou artificiais como no caso do nitrogênio, a seu bel prazer. Não. Eles seguem a ‘recomendação técnica’ dada pelos técnicos. Ou seja, aplicam os volumes que estão dentro do ‘pacote tecnológico’ e normalmente em conjunto. Foi daí que surgiu a célebre trica do NPK – N-nitrogênio; P-phosphorus ou fósforo; e K-kalium ou potássio. Além disso, principalmente nas gramíneas, pode haver a recomendação de aplicação de ureia=nitrogênio. Aqui no Brasil essa é a recomendação básica feita pela assistência técnica oficial por orientação das pesquisas feitas pelos órgãos oficiais de pesquisa. Pode sim haver alguma variação, mas a recomendação primeira é essa e não é o agricultor que sai aplicando qualquer coisa, a não ser quando já um ‘grande’ e que imagina já ter ‘absorvido’, ‘aprendido’ a lição do pacote tecnológico da ‘modernização da agricultura/revolução verde’) Isso significa que algumas partes de um campo recebem muito nitrogênio, enquanto outras partes não recebem o suficiente. Os agricultores também aplicam fertilizantes de fósforo e potássio, mas esses nutrientes podem se acumular no solo ao longo do tempo, portanto, a precisão é menos importante.
“Ser mais cirúrgico e eficiente com nossas aplicações de nutrientes significa menos impacto em nosso abastecimento de água e em nossos sistemas aquáticos e pesqueiros”, diz Steven Mirsky, um ecologista de pesquisa do Departamento de Agricultura dos EUA que estuda tecnologia agrícola.
Crédito: Ninja AG
A Ninja Ag usa imagens capturadas por drones ou satélites para medir o índice de vegetação de diferença normalizada (NDVI/normalized difference vegetation index), uma proporção entre a luz vermelha e o infravermelho próximo refletida no campo. Valores mais altos, mostrados em verde, normalmente representam plantas mais verdes, enquanto valores mais baixos, mostrados em vermelho, podem representar plantas amareladas, solo nu ou áreas muito úmidas. A empresa usa esses dados para identificar quais partes de um campo precisam de fertilizantes.
O desafio é descobrir exatamente quanto fertilizante cada parte de um campo precisa e quando aplicá-lo. Em 2018, um grupo de pesquisadores agrícolas da Oklahoma State University formou a start-up Ninja Ag para ajudar os agricultores a responderem a essas perguntas usando imagens aéreas.
A empresa, que começou a operar comercialmente em 2021, primeiro pede aos agricultores que apliquem uma grande quantidade de fertilizante em uma faixa de um campo, que servirá como ponto de referência para as plantas mais saudáveis possíveis. A Ninja Ag então analisa uma imagem aérea da fazenda capturada por drones ou satélites, comparando uma medida de verde – um indicador de clorofila e, portanto, da saúde da planta – da faixa de referência com essa medida do restante do campo. Os agricultores usam um sensor sobre os tons de verde portátil em algumas áreas para calibrarem as leituras de satélites ou drones, tornando os dados mais precisos.
Os dados são carregados em uma fórmula que considera a localização da fazenda, o clima da estação e o tamanho e o verde da colheita. A fórmula gera um mapa recomendando a melhor forma de aplicar o fertilizante.
Como prova de que a Ninja Ag pode ajudar os agricultores a aplicarem nitrogênio com mais eficiência, a CEO Courtney Arnall aponta para Brent Rendel, um fazendeiro de Oklahoma que diz que o sistema reduziu o uso geral de fertilizantes em sua safra de trigo de inverno mais recente (nt.: aqui se tem a prova de que os processos executados pelos agricultores estão baseados nas ‘recomendações técnicas’ de acordo com o que colocamos em nota anterior e não numa decisão individualista do agricultor como o texto dava a entender, até para justificar de que devem agora seguir ‘outra’ recomendação face a fundamentação ‘científica’ da vez. ‘Agora’ a ‘ciência’ quer dar mais ‘segurança alimentar’ à produção de alimentos e evitar os ‘danos ambientais’, incluindo a questão das ‘emissões de gases de efeito estufa’! Percebe-se que o cinismo vai se manifestando em todas as posições da ideologia e doutrina da ‘industrialização da agricultura’).
Sem o sistema da Ninja Ag, diz Rendel, ele teria usado nitrogênio demais em vários campos. Também havia áreas de seus campos onde o sistema dizia que sua taxa fixa típica de nitrogênio não teria sido suficiente. “Eu tinha campos que não precisavam de quase nada e campos que precisavam de muito”, diz ele (nt.: observa-se a posição bem característica e típica de um ‘agricultor’ que segue à risca a ‘recomendação técnica’ com sua ‘ideologia cientificista’ que tem a cara do momento. Agora é ‘regenerativa’ como citado bem no início do artigo para justificar a – APARENTE – mudança de rumo das indústrias químicas).
Outras empresas estão se aproximando das plantas para medir a quantidade de fertilizante que um campo precisa. A start-up Autonomous Pivot monta sensores de nitrogênio em pivôs de irrigação, os andaimes de metal rotativos que se arqueiam sobre um campo e pingam fertilizante líquido e água nas plantações.
A empresa divide o campo em fatias e recomenda quanto de fertilizante aplicar em cada uma delas. Ao pingar fertilizante por cima, o pivô se move mais rápido sobre as fatias que precisam de menos e mais devagar sobre as fatias que precisam de mais. O sistema já está disponível para produtores de batata, e a empresa espera passar para o milho a seguir. O CEO Yuval Aviel estima que o sistema pode reduzir o uso de fertilizantes em 10 a 20% sem reduzir o rendimento, em comparação com o manejo convencional de fertilizantes (nt.: novamente é importante se fazer a análise do discurso tecnocrático do CEO. Ele chama o ‘pacote tecnológico’ que vinha sendo empregado por outros CEOS e outras empresas/corporações/start-ups ou seja lá que nome se queira dar às ‘negociantes’, de MANEJO CONVENCIONAL. Sim, porque o dele, o da tecnocracia do momento é ‘regenerativo’, ‘ecológico’, ‘avançado’ ou seja lá o que for. No final todo é o mesmo: qual é a palavra mágica do ‘NEGÓCIO’ de agora para convencer os agricultores e os consumidores urbanos, os dois se houver ausência de senso crítico e analítico).
Outra empresa, a Arable, aproxima-se ainda mais da safra. Ele vende um dispositivo que se parece com um poste de luz subindo acima de um campo. O post é embalado com sensores. Uma câmera na parte inferior observa a plantação e mede o verde, enquanto um sensor no solo monitora a umidade e a temperatura do solo.
O CEO James Ethington diz que ter um sensor posicionado diretamente acima de uma colheita o tempo todo ajuda os agricultores a nutrirem suas plantas com fertilizante durante a estação de crescimento, em vez de aplicar uma grande quantidade no início da estação, quando é mais provável que seja desperdiçado.
HERBICIDAS
O uso de herbicidas nas fazendas americanas aumentou rapidamente durante a segunda metade do século 20, atingindo o pico em 1981.
Fonte: Departamento de Agricultura dos EUA.
Agricultores sem as ferramentas para determinarem exatamente quanto fertilizante suas plantações precisam, faz com que, geralmente, apliquem mais do que acham necessário como forma de seguro, diz Ethington. A aplicação de fertilizante extra custa mais aos agricultores, mas os protege do risco de usarem muito pouco e perderem uma grande colheita. “Vamos colocar melhores ferramentas nas mãos do agricultor para que ele possa ver e decidir melhor o que realmente precisa”, diz ele.
No momento, os dispositivos da Arable são usados principalmente por grandes empresas de alimentos que operam suas próprias fazendas e por grandes empresas químicas, que os utilizam para monitorarem testes de campo para novas variedades de sementes ou agrotóxicos. A empresa espera começar a vender mais dispositivos para produtores tradicionais.
Laura Thompson, pesquisadora da Universidade de Nebraska-Lincoln, diz que esses sistemas podem ajudar os agricultores a economizarem quantidades significativas de fertilizantes, mas cada fazenda é diferente. Não existe uma abordagem única para todos, diz ela, e é importante que os agricultores encontrem a tecnologia mais apropriada para suas terras.
“Esperamos mais benefícios dessas tecnologias quando estamos em campos que são mais variáveis, em comparação com um campo uniforme, onde o manejo tradicional, constante de um agricultor seria bom”, diz Thompson. Em alguns casos, uma nova tecnologia pode recomendar a mesma quantidade total de fertilizante que o agricultor usaria de outra forma, diz ela, mas pode recomendar a distribuição de uma maneira diferente para aumentar a produção.
PULVERIZADORES INTELIGENTES
Nos Estados Unidos, a maioria dos produtores de milho, soja e algodão aplica uma cobertura de herbicidas às lavouras que foram geneticamente modificadas para tolerá-los. Muitos agricultores adoram a simplicidade desse sistema, mas isso também significa que a maior parte do herbicida que estão pulverizando é simplesmente desperdiçada na terra.
Além de prejudicar a vida das plantas nativas e ameaçar as fontes de água, o uso excessivo de herbicidas levou à evolução de ervas daninhas que podem tolerar esses produtos químicos. Essas plantas resistentes a herbicidas forçaram os agricultores a usarem mais produtos químicos para controlarem as ervas daninhas, aumentando as chances de surgimento de novas ervas resistentes a herbicidas. Os agricultores estão desesperados por novos herbicidas para escaparem desse ciclo vicioso, mas algumas empresas dizem que fabricar máquinas mais inteligentes para aplicarem os produtos químicos é outra saída.
“Acho que se você sair daqui a 20 anos e disser: ‘Estávamos pulverizando herbicidas de contato mesmo onde não havia ervas daninhas’, as pessoas pensariam: ‘Por que você fazia isso?’ ” diz Matt Leininger, que lidera a divisão norte-americana da One Smart Spray.
O fabricante de equipamentos Bosch e a empresa química BASF formaram o One Smart Spray como uma joint venture em 2021 para criar um pulverizador montado em trator que aplica herbicidas com precisão em ervas daninhas localizadas por câmeras a bordo.
Um programa de inteligência artificial analisa as imagens das câmeras em tempo real. Ele instrui os bicos a abrirem quando estiverem diretamente acima de uma erva daninha e permanecerem fechados quando não houver ervas daninhas para pulverizar. Em testes de campo, a empresa mostrou que seu pulverizador usava 70% menos herbicida do que um pulverizador convencional. Em abril, a fabricante de equipamentos Agco anunciou que incorporaria a tecnologia em alguns de seus tratores no ano que vem.
Crédito: Tecnologia Greeneye
O pulverizador da Greeneye Technology usa inteligência artificial para identificar ervas daninhas e, em seguida, aplica uma injeção direcionada de herbicida para matá-las.
Várias start-ups estão desenvolvendo tecnologias semelhantes. A Greeneye Technology já está vendendo um pulverizador que pode ser acoplado ao trator de um fazendeiro. O CEO Nadav Bocher diz que as câmeras do braço podem identificar as espécies de ervas daninhas e enviar essas informações de volta aos agricultores. Na primeira temporada comercial da empresa, os clientes reduziram o uso de herbicidas de contato na temporada em 88%.
“Isso é uma virada de jogo para os agricultores”, diz Bocher. “Não se trata apenas de quanto produto você pode economizar, mas também dos produtos [herbicidas] que você pode usar, que não eram acessíveis antes dessa tecnologia porque eram muito caros para serem distribuídos em todo o campo.”
A Precision AI, que recentemente venceu o Cooperative Ventures Innovation Challenge no World Agri-Tech Innovation Summit, está prestes a comercializar um drone que vasculha campos em busca de ervas daninhas e registra suas localizações precisas em um mapa digital. Mais tarde, os agricultores carregam os dados em um pulverizador montado em um trator que pulveriza apenas as ervas daninhas identificadas no mapa.
Crédito: Precision AI
A Precision AI usa um drone de asa fixa em vez de um com apenas rotores voltados para baixo para evitar perturbar o ar sob a máquina. Isso facilita a pulverização de herbicidas durante o voo.
A empresa já está testando a próxima geração da tecnologia: um drone que detecta ervas daninhas e as pulveriza automaticamente com uma explosão de herbicida de cima. O CEO Daniel McCann prevê um futuro em que os agricultores tenham uma “colmeia” de drones que acordam uma vez por semana para escanearem a fazenda e pulverizarem quaisquer produtos químicos necessários, com pouca intervenção humana.
“Parece superfuturista, mas no ritmo em que a tecnologia e a IA estão se desenvolvendo, na verdade, acho que será surpreendentemente mais próximo do que as pessoas pensam”, diz ele.
Até recentemente, esse tipo de tratamento local simplesmente não era viável, mas os avanços em câmeras, chips de computador e inteligência artificial tornaram isso possível.
Mottram, analista da Cambridge Consultants, diz que os primeiros pulverizadores inteligentes implantados nas fazendas serão caros, mas os preços cairão à medida que a tecnologia subjacente melhorar. Ao mesmo tempo, Mottram diz que o custo dos agrotóxicos vem aumentando, reforçando o argumento de que essa tecnologia é um bom retorno sobre o investimento. “As tecnologias de imagem e o hardware continuarão ficando mais baratos”, diz ele.
Ser mais cirúrgico e eficiente com nossas aplicações de nutrientes significa menos impacto em nosso abastecimento de água. Steven Mirsky, pesquisador ecologista, Departamento de Agricultura dos EUA
GRANDE NEGÓCIO
Se máquinas e sistemas de pulverização inteligente para otimizarem o uso de nutrientes começarem a se espalhar pelo cinturão agrícola, eles poderão reduzir o volume de produtos químicos necessários para cultivar alimentos. Combinado com o impacto de regulamentações mais rígidas, o uso dessas ferramentas tem o potencial de derrubarem o antigo modelo de negócios da indústria de proteção de cultivos de vender o máximo possível de fertilizantes e agrotóxicos (nt.: uma sentença dada como se fosse baseada na realidade. Será que as indústrias químicas com sua notória voracidade de ‘negócios’ vai aceitar esse ‘negócio’ de ter menos ‘negócios’? Parece-nos bastante cínica essa afirmativa de que há essa disposição das indústrias. Não é o que se vê até hoje).
“As empresas químicas não podem seguir o mesmo caminho dos últimos 70 ou 100 anos: pesquisar, encontrar um produto químico, vendê-lo e continuar vendendo”, diz Tim Appachanda, analista agrícola da Lux Research.
Rachel Rama, chefe de pequenas moléculas da Bayer Crop Science, diz que sua empresa está começando a adotar um modelo no qual os agricultores pagam pelo resultado, como um campo livre de ervas daninhas, em vez de um produto químico específico. “Você não está mais vendendo o líquido na garrafa”, diz ela. “Você está vendendo os resultados no campo.”
Como Bocher, Rama diz que a aplicação de volumes menores de herbicidas com mais precisão também pode abrir a porta para produtos, como herbicidas biológicos ou moléculas com novos modos de ação, que são muito caros para usar em um pulverizador convencional e indiscriminado. “Você pode ter um produto bastante caro porque, no final, o custo por hectare será bom”, diz Rama.
Outras empresas estão adotando a mesma abordagem.
BASF, Corteva Agriscience, FMC e Syngenta lançaram software para ajudarem os agricultores a usar pesticidas com mais eficiência. As ferramentas digitais da Bayer foram usadas em mais de 80 milhões de hectares em 2022, mas Mottram duvida que as empresas estejam lucrando com tais iniciativas. “Acho que ninguém está ganhando muito dinheiro com isso hoje. Mas é definitivamente a rota da viagem”, diz ele (nt.: é no mínimo risível uma ‘piada’ como essa: a dúvida de ‘que as empresas estejam lucrando com tais iniciativas’. E mais ainda as palavras de que ‘ninguém está ganhando muito dinheiro com isso hoje. Mas é definitivamente a rota da viagem’. Esperamos que os leitores tenham um pouco de humor para ‘ouvirem’ isso como uma verdadeira piada ‘tecnocrática’).
Justin Gayliard, chefe de agricultura digital da BASF na América do Norte, diz que a empresa tem lutado para fazer com que os agricultores da América do Norte usem seu software. Mas a empresa está investindo pesado no programa e ainda o vê como um pilar para o crescimento de longo prazo.
“Nosso futuro é: como podemos ajudar os agrônomos a usarem ferramentas e tecnologia para levarem uma melhor tomada de decisão ao agricultor?” diz Gayliard (nt.: outra pérola!).
As empresas de fertilizantes também estão experimentando diferentes modelos de negócios. A Nutrien está conduzindo um programa que paga aos agricultores para usarem menos fertilizantes. A empresa faz recomendações sobre como reduzir o uso de fertilizantes e mede o quanto essas ações reduzem a pegada de carbono de cada agricultor. A Nutrien espera vender os créditos de carbono resultantes. A empresa “tornou-se a plataforma de comercialização de créditos de carbono. . . o que compensa a menor compra de insumos pelos agricultores”, diz Appachanda, que escreveu um estudo de caso sobre o programa.
Markus Braaten, diretor de desenvolvimento de mercado para agronomia digital da empresa de fertilizantes Yara, diz que sua empresa está cada vez mais focada em quanto alimento seus produtos ajudam os agricultores a cultivar, em vez de quanto fertilizante vende. Mas ele diz que todos no setor ainda estão calculando como ganhar dinheiro dessa maneira (nt.: saber que essa empresa de adubos norueguesa é a maior empresa do setor e já engoliu praticamente todas as rivais no mundo. No Brasil ela chegou nos anos 70 e a partir dai compra uma firma atrás da outra. No RS acontece no ano 2000 com a compra da gaúcha Trevo. E assim vem vindo…).
“Nosso modelo de negócios atual não é realmente projetado para isso. Toda a cadeia de valor agrícola realmente não foi projetada para isso”, diz ele. “Temos que descobrir como criar alinhamento no que valorizamos em toda a cadeia de valor.
”As empresas químicas não podem seguir o mesmo caminho dos últimos 70 ou 100 anos. Tim Appachanda, analista agrícola, Lux Research
ADOÇÃO LENTA
As empresas que desenvolvem tecnologias para usar agrotóxicos e fertilizantes de forma mais eficiente prometem tornar a agricultura mais sustentável e acabarem com a dependência da agricultura de produtos químicos caros. Mas essas ferramentas não terão nenhum impacto se os agricultores não as usarem.
Máquinas que aplicam fertilizantes de acordo com a necessidade de uma determinada área existem desde que o GPS se tornou amplamente disponível, na década de 1990. Após 3 décadas, esse método de aplicação de fertilizantes ainda é usado em apenas 28% do milho cultivado nos EUA, de acordo com um relatório do USDA.
Crédito: Planet Labs
Dados obtidos de imagens de satélite de campos, como este em Nebraska, podem ajudar os agricultores a reduzir o uso de fertilizantes nitrogenados.
Muitos agricultores dizem que os equipamentos chamativos muitas vezes falham em atender às altas reivindicações dos materiais de marketing e podem ser céticos de que darão um bom retorno sobre o investimento. Esse grupo inclui Walz, que diz que o sensor que montou em seu trator reduziu os custos de fertilizantes, mas era difícil de usar e não ficou impressionado com o suporte técnico do fabricante.
Com tantas outras tarefas clamando por sua atenção, era difícil justificar mexer com uma peça meticulosa de hardware, então ele está tentando outra abordagem. Este ano, ele está trabalhando com a Sentinel Fertigation, que usa imagens de satélite para recomendar a quantidade de fertilizante a ser aplicada, o que ele espera que dê menos trabalho.
Mesmo que ocasionalmente possa ser frustrante, Walz espera que esse tipo de tecnologia precisa o ajude a aplicar ainda menos fertilizante. “Eu sinto que tem um lugar”, diz ele.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, maio de 2023.