Comer trigo. Uma abordagem científica e clinicamente comprovada de ingerir trigo e trazê-lo de volta à dieta cotidiana. Dr. John Douillard.
Entrevista Especial com o Dr. John Douillard
Por Dr. Joseph Mercola
JM: Dr. Joseph Mercola
JD: Dr. John Douillard
JM: É sempre apropriado comer trigo ou grãos? Olá, aqui é o Dr. Mercola no auxílio ao leitor no sentido de ter o controle sobre sua própria saúde. Hoje estaremos juntos com o Dr. John Douillard que escreveu o livro, “Eat Wheat: A Scientific and Clinically-Proven Approach to Safely Bringing Wheat and Dairy Back Into Your Diet” (nt.: ‘Comer trigo: Uma Abordagem Científica e Clinicamente Comprovada de Ingerir Trigo e Trazê-lo de Volta à Dieta Cotidiana’), que parece estar tendo um conflito direto com o primeiro livro que escrevi, um best-seller do New York Times, que se chama “The No-Grain Diet: Conquer Carbohydrate Addiction and Stay Slim for the Rest of Your Life”. Será deveras interessante tê-lo aqui conosco e ouvir seu lado desta história. Curiosamente, poderá o leitor pensar que exite uma infinidade de conflitos que, na verdade, ocorre entre estas duas posições. No entanto há, provavelmente, de 90 a 95% de similaridade na correlação de nossos pontos de vista. Bem vindo e grato por estar aqui compartilhando conosco, John.
JD: Eu é que lhe agradeço, Dr. Mercola. É muito bom estar aqui.
JM: Só para contextualizar. Esta não a primeira vez que nos encontramos. Nós, na verdade, estivemos juntos, acho que há uns dez ou 12 anos. Lembra-te desta ocasião? Foi por ai…
JD: É, faz algum tempo. Mas lembro.
JM: Foi a última oportunidade que nos encontramos pessoalmente. Foi uma aventura bem interessante. Não tenho certeza se quero retornar. Acabei pegando por lá alguns parasitas que nunca tinha tido.
JD: Foi um momento de resistência, sem dúvida.
JM: Sim. De fato. Mas foi uma bela viagem e o país é encantador. A gente que encontramos foi realmente fantástica. Foi, sem dúvida, uma experiência muito gostosa. Agora, podes nos fazer uma retrospectiva profissional, de tua vida clínica ? E o que te levou a escrever este livro?
JD: Claro. Eu sou quiroprático. Em 1986, fui à Índia por duas semanas de férias e no final tentei conhecer e aprender algo sobre sua medicina tradicional, a medicina Aiurvédica. Encontrei-me lá com Deepak Chopra, e, ao voltar, corri para seu centro e estive nele por oito anos. Venho ensinando esta prática de medicina, desde esta época.
O que faço, na verdade, para sobreviver é tomar os princípios ancestrais da prática médica – indiana e chinesa – princípios que vêm sendo usados e testados no tempo, por milhares de anos, e conecto com a ciência moderna para dar-lhe um suporte, e assim coloco as duas situações juntas. O tipo de coisa que faço é juntar a sabedoria tradicional e a ciência moderna.
Uma das coisas que venho fazendo, já há algum tempo, é comer grãos. Ao mesmo tempo que têm muitas pesquisas dizendo que isso não é nada bom. Paralelamente existem outras, dizendo exatamente o contrário.
Escrevi o livro, “Eat Wheat”, porque por 30 anos, venho por esta prática, observando as pessoas. Trinta anos atrás, estava tratando situações como ‘Epstein-Barr’ (nt.: também conhecida como vírus da mononucleose), fadiga crônica e cândida. A primeira coisa que se diz a eles é: “ei, tirar tanto o trigo como os lácteos”. E os pacientes se sentem melhor por seis semanas. Seis semanas depois, voltam porque os problemas originais retornaram. A gente então diz: “eliminar a carne ou tornar-se um vegetariano ou mesmo um vegano, e até um crudívoro”. Imaginamos que, novamente, chutando o problema de nossa frente, nunca iremos enfrentar o problema que vejo como sendo a nossa inabilidade global de digerirmos alimentos de difícil digestão, como os acima. Na verdade, para mim tudo isso é resultado de uma dieta com alimentos processados/industrializados, agrotóxicos e poluentes ambientais. Existem boas pesquisas mostram de que, literalmente, destruímos nosso sistema digestivo, particularmente a microvida e as enzimas que auxiliam a digestão do trigo.
JM: Isso é terrível. Grato por esta tua explanação. Mencionaste que temos comido grãos por um longo tempo. Penso que te referes que subespécies específicas de humanos que mostraram que ingeriram grãos e sementes do tipo do trigo há alguns milhares de atrás. Isso parece estar em conflito com o que tipicamente a era Paleo ensina, sugerindo de que os grãos foram inovação recente tanto para animais como na produção agrícola. E de que os nossos ancestrais mais antigos eram principalmente caçadores/coletores e tinham uma mínima quantidade de grãos. Gostaria de saber como te colocas frente a isso e explana tua perspectiva.
JD: Tem uma pesquisa feito pela Universidade de Utah, além de outros estudos, que mostra um aspecto muito interessante. Eles detectaram glúten nos dentes de ancestrais humanos por todo o continente africano há 3,4 a 4 milhões de anos. Também constataram que estes humanos ancestrais podiam coletar espigas de trigo suficientes, em somente duas horas, para alimentá-los ao longo do dia. Todo o continente africano estava coberto por áreas de campos. Isso faz sentido de que se eles podiam coletar em duas horas bastante sementes de trigo para um dia inteiro, sendo mais fácil do que capturar um mamute lanudo ou um leão. Nós começamos a caçar nossa própria carne desde, mais ou menos – e a maioria concorda –, uns 500.000 anos atrás. Temos condições genéticas para consumir carne há 500.000 anos. Também existe genética para consumo de trigo, cevada e glúten – grãos processados – há 3,4 a 4 milhões de anos. Assim, percebe-se que, de várias maneiras, temos muito mais genética para o trigo do que para a carne.
David Lieberman, um pesquisador e professor de Harvard, escreveu um livro: “The Story of the Human Body”. Sua pesquisa mostra que no período Paleolítico, os humanos comiam de 35 a 45% de carboidratos em suas dietas, incluindo grãos de cerais. Acredito ser verdade de que tenhamos domesticado o trigo em torno de 10.000 a 12.000 anos atrás. Os grãos cobriam quase que inteiramente todo o continente africano. É complicado ignorar isso. Existem também algumas pesquisas que mostram que a amilase, uma enzima que ajuda as células a digerirem o trigo, foi geneticamente adquirida há, mais ou menos, 2 milhões de anos atrás, o que coincide com o aumento da ingestão ou consumo de grãos.
JM: Fantástico. Grato por sua explicação e colocar sua perspectiva sobre o tema. Penso que tudo isso será muito útil para que eu revise minha posição a respeito dos grãos e assim trarei um melhor arcabouço para o restante de nossa discussão. Quando escrevi meu livro – “The No-Grain Diet” -, há 13 anos, foi primeiramente uma resposta para buscar um auxílio para as pessoas normalizarem seus níveis de insulina. Ainda avalio como importante. No entanto, agora minha posição é mais refinada. Apesar de ser a insulina ainda crucial, uma parte importante disso é mais sobre a otimização da função mitocondrial. Como resultado, recuperar a habilidade de queimar gordura como primeiro combustível, o que eu suspeito estares completamente de acordo comigo. 90 a 95% das pessoas procuram isso, mas não estão aptas a fazê-lo.
Ainda recomento de que é muito oportuno para a maioria das pessoas evitarem grãos e muito mais, todos os carboidratos. Na realidade, muito pouco carboidrato, abaixo talvez de umas 5 a 20 gramas por dia, até que eles possam ter aptidão para retomar suas habilidades de queimar gordura como primeiro combustível. Acho então que os grãos podem ser de grande valia como parte de uma dieta saudável. Quero definitivamente me aprofundar em alguns dos detalhes que tu possas nos dar, porque eu não consigo concordar mais com eles. Talvez possas me responder para que refinem minhas posições quanto aos grãos.
JD: Vou ter muito prazer nisso. Penso que estás absolutamente certo. Em 1960, quando se eliminou o colesterol das nossas dietas, substituíram por estes óleos processados, branqueados, desodorizados e refinados e que são completamente indigeríveis. Quando se percorre um corredor de um supermercado e todas aquelas garrafas amarelas claras com estes óleos que não têm nada que lhes permita rançar, que são completamente indigestos, são quem congestiona nosso fígado e nossa vesícula biliar.
Quando se percebe que, ao ingerir coisas, são o fígado e a vesícula biliar os chefes da digestão, tudo muda. A bile que o nosso fígado produz, é como um destes monstros de videogame que devoram gorduras e poluentes ambientais. Quando ele está congestionado, perdemos a habilidade de desintoxicarmos nosso corpo. A bile também amortece o ácido no estômago. O estômago ingere quantidades de trigo e de lácteos. Eles requerem um bom bocado de ácido. Mas se não houver proteção vinda da bile porque o fígado está congestionado por estes alimentos processados, o estômago não vai produzir este ácido. Ou seja, nossa habilidade de podermos digerir alimentos que são de difícil digestão.
Após anos e anos de alimentos processados, insidiosamente, nós liquidamos, globalmente, nosso sistema digestivo a ponto de não estarmos podendo digerir muita coisa. O problema é que só tirarmos o trigo e os grãos de nossa dieta – concordo contigo – não resolve, precisaremos primeiro fazer uma restauração da nossa capacidade de queimar gorduras. Estes alimentos processados tanto interromperam como nos inibiram de fazermos isso. Mas tirar os grãos antes, de forma temporária ou não, não traz solução. Necessitamos refazer a função digestiva de nosso sistema digestivo porque ele é o mesmo sistema que nos desintoxica.
Temos 200 milhões de toneladas de substâncias tóxicas sendo despejadas no ambiente norte americano somente em um ano. Existe o mercúrio que vem dos vapores , das plumas das minas de carvão, das usinas elétricas, e que cai sobre cada planta, cada vegetal. Não se consegue lavá-lo. Se pudermos comer o trigo que uma vez fomos capazes, no entanto agora associado a estes problemas, passo a entender o porquê as pessoas se sentem mal. Claro, por que comer algo que nos faz mal? A razão, no entanto, porque provavelmente nos sentimos mal comendo trigo não é, em minha opinião, porque ele é um mau grão ou porque haveria alguma coisa errada com ele. É porque ele é de difícil digestão.
Resulta que temos esta situação com ele. E mais, isso significa que nós não estamos aptos para metabolizá-lo, digeri-lo, processá-lo ou desintoxicarmo-nos dos poluentes ambientais. Há 10, 15, 20 vinte anos atrás, a gente pensava, “tirando o trigo da minha dieta, passarei a me sentir ótimo”. Mas existem desequilíbrios ocultos que não são abordados e que que podem causar problemas reais no dia a dia.
É por isso que estou dizendo para se manter o alimento processado fora de nossa dieta. Se formos comer grãos, vamos comer o tipo certo. Comendo alimento orgânico, tiramos os agrotóxicos da nossa mesa. Vamos reorganizar nossa função digestiva para então começarmos a apreciar o pão, mas de uma forma moderada. Uma das coisas que estamos fazendo, Dr. Mercola, é comendo grãos, o trigo em particular, três vezes por dia por 50 a 60 anos numa versão processada que não faz nada além do que congestionar nossa habilidade de digerir qualquer coisa. Isso precisa ser corrigido.
Se comemos ou não trigo não é, realmente, o fato principal. Ele é o que se pode reconhecer como um sintoma ou um sinal de alguma coisa mais importante que deveríamos direcionar. E nós não estamos fazendo nada. Estamos somente empurrando esta realidade com a barriga. E assim dizemos: “vamos lá. Tira o trigo da dieta e os lácteos também. E tudo o mais que pode ser de difícil digestão.” Daí, nós pensamos que estamos melhores, mas esta correção só é temporária. Ao alterá-la, podemos estar nos preparando para possíveis problemas reais no decorrer de nossa vida.
JM: Eu não poderia esperar mais. Quero mergulhar um pouco mais dentro dos fatos da digestão e o que propões que se faça para se resolver isso tudo, repará-la, aperfeiçoando-a para a normalidade. No entanto, acredito que uma das disfunções digestivas mais importantes é a que resultou pela introdução do herbicida ‘Roundup’ em nossa dieta – glifosato é o princípio ativo do produto comercial, mais os surfactantes utilizados, tornam este produto comercial até mesmo 1.000 vezes pior – tendo principiado seu uso há, mais ou menos, uns 20 anos. Como resultado disso, há então uma ruptura das junções ajustadas nas membranas celulares e no intestino.
Quando se desenvolve esta síndrome do intestino permeável (nt.: sugestão ler para ter ideia do que é esta síndorme: http://www.drmarcos.net/sindrome-do-intestino-permeavel-epidemia-do-sec-xxi.html), é simplesmente devastador. Isso não significa que estejas comendo trigo cultivado com química sintética. A maioria do trigo, fora aquele que é orgânico, está sendo aspergido com ‘Roundup’ para dissecá-lo e auxiliar em seu processamento. Não importa de onde vem a contaminação deste herbicida; permanece danificando nossas células. Fiquei muito feliz de ver que abordaste este tema em teu livro porque a maioria das pessoas está totalmente inconsciente deste fato. Por que não trazer tua perspectiva sobre isso? E então poderás discutir as soluções possíveis, além da de comer trigo orgânico.
JD: Boa proposta. Vou esmiuçar um pouco mais isso aí. A aplicação deste veneno sobre o trigo para tornar as colheitas mais rápidas, acelera sua madurez e aumenta a colheita. Isso estava acontecendo por um certo período de tempo, mas agora está muito menos. Talvez 10% do trigo. No entanto, o ‘Roundup’ vem sendo aplicado em muitas outras áreas. Exatamente como disseste, ele perfura, com buracos, nosso trato intestinal, predispondo-nos ao intestino permeável e causando problemas reais. Definitivamente, todos nós devemos comer orgânicos. Além disso, perguntas como as pessoas evitarão a contaminação com o herbicida glifosato/Roundup.
JM: Tem um novo produto no mercado. Chama-se “Restore”. Soletrando ‘R-E-S-T-O-R-E’. Já ouviste falar?
JD: Não.
JM: Certo. Foi desenvolvido por um dos mais brilhantes médicos que eu tive a grata oportunidade de encontrar. Chama-se Zach Bush (nt.: ver texto do Dr.Mercola – https://nossofuturoroubado.com.br/microrganismos-dos-solos-comunicacao-intercelular-e-saude-humana-2/, sua entrevista estará, brevemente, neste nosso site – julho/17), que é triplamente diplomado como médico, endocrinologista, e outras duas especialidades. Desenvolveu este produto porque ele tem como missão de vida, viabilizar saúde à população. Este produto, na verdade, repara a disfunção da junção ajustada (nt.: o entrevistado cita acima, situação que gera o intestino permeável). É um material incrível.
Obviamente que a solução, em longo prazo, é comermos produtos orgânicos e evitarmos estes venenos. No entanto, às vezes é realmente difícil chegarmos neste ponto, especialmente se estivermos comendo fora de casa. Quero dizer, a menos que se viva correndo, é outra ótima opção que as pessoas tendem a ignorar. Não se tem que comer o tempo todo, a menos que se esteja caquético ou tenha câncer terminal. A maioria de nós tem essa opção. Essa é uma solução que muitas pessoas podem fazer uso. E é barata.
JD: Gostaria de aprofundar sobre isso, sem dúvida. Acho que uma das coisas que trato no livro e como nós podemos, de fato, reparar o tecido epitelial de nosso intestino. Existem algumas pesquisas interessantes mostrando que o trigo integral em comparação com o branco, é significativamente diferente. O integral tem índice glicêmico significativamente menor, reduzindo o risco de diabetes tipo 2, também da mesma forma o risco de Alzheimer e de demência em 53%, conforme uma das pesquisas.
Outro estudo, também mostra que o integral em relação ao branco (realmente, o problema é o refino e o processamento de nossos alimentos) tem, na verdade, favorecido e incrementado os níveis de bactérias favoráveis, as bactérias essenciais, como também ser um apoio à resistência do tecido do epitélio, protegendo-o contra a síndrome do intestino permeável. É bem interessante constatar que o trigo integral versus o refinado vem mostrando proteger a ‘pele’ intestinal. Noutro estudo favorece mesmo o decréscimo de inflamações, de dores bem como a frequência e distensão na Síndrome do Intestino Irritável.
Quando se começa a ler estes trabalhos, logo vem a exclamação: “Meu Deus. Trigo branco e alimentos processados são realmente terríveis.” Mas em uma série de coisas, penso que jogamos o nenê junto com a água do banho, dizendo: “é isso aí. Todos os grãos, todo o trigo, realmente são uma porcaria”. Mesmo quando há uma ciência responsável, com uma série de pesquisas, mostrando que os grãos e o trigo integral são na verdade, bastante benéficos. A dieta mediterrânea, a dieta MIND (nt.: mind em inglês significa mente, razão), que nós ainda acreditamos ser uma das melhores dietas, as pessoas comem duas a três porções de grãos e trigo integral, em seu cotidiano.
Ao observamos nossos mais primevos ancestrais, vemos que comiam grãos, e que alguns deles usavam em sua alimentação de 35 a 40% de grãos. Quando comecei a ler as pesquisas, inteirando-me delas, exclamei: “puxa vida! E agora temos uma indústria de 16 bilhões de dólares, numa dieta livre de glúten com uma indústria de produtos que são livre dele.” O mesmo tipo de coisa que aconteceu em 1960 quando a indústria do açúcar pagou a pesquisa da Universidade de Harvard para culpar a doença cardíaca ao colesterol e não ao açúcar. Mudamos completamente nossa dieta por causa disso. Temos agora todos os alimentos e gorduras que são processadas para se prolongar sua validade na prateleira.
Realmente, colheu-se hoje esta realidade face ao que se plantou naquela época. E aí estão: a obesidade, a diabetes, a depressão e a degradação total de nossa digestão. Estamos ainda hoje convivendo com isso. E ai me vem: “meu Deus, estaremos fazendo a mesma coisa com os grãos e o trigo, dizendo que tudo é ruim”.
Há uma pesquisa interessante, Mercola, que eu não apresentei no livro porque saiu pouco depois. É um estudo que mostra que as pessoas que comem ou ingerem alimentos ‘livre de glúten’, apresentam quatro vezes mais mercúrio em seu sangue do que aquelas que comem trigo. Além disso, aquelas que são ligadas a estes produtos -‘livre de glúten’- têm menos bactérias benéficas e mais negativas em seus intestinos do que as que comem trigo. Da mesma forma, as pessoas que comem produtos ‘livre de glúten’ têm menos células T, um arma do sistema imunológico, do que aquelas que comem trigo, lectinas e ácidos fíticos – tidos pela ciência como alimentos de difícil digestão – e mesmo assim têm problemas. E tem outra, dizendo que há algum benefício em algumas destas coisas.
Tem uma teoria e tu deves saber sobre isso, chamada de teoria da hipótese de higiene, de que certas substâncias tidas como irritantes e venenas presentes em nossa comida, como os tomates com as tomatinas e as batatas com as solaninas que são venenosas, são importantes. Eles fazem grande parte de nosso dieta nos dias de hoje e ainda estão por aí. Estes irritantes mostraram ser estimulantes para defesa de nosso sistema imunológico.
As pessoas que fazem parte da religião Amish têm as menores taxas de asma no planeta. As crianças correm em torno dos celeiros de pés descalços. Eles têm vacas como animais de estimação. Seus parentes genéticos, os Menonitas ou Huterias que se tornaram agricultores urbanizados esterilizados, têm as taxas mais altas de asma. Foi medida a poeira presente na atmosfera e detectou-se que na poeira tinha irritantes para o aparelho respiratório que provocavam respostas do sistema imunológico.
O que estamos começando a perceber é que esterilizamos nossa dieta, matamos todos os possíveis patogênicos que poderíamos encontrar. Da mesma forma, tiramos toda a comida de difícil digestão de nossa dieta. Nossa habilidade para digerir qualquer produto difícil tornou-se comprometida, por isso tiramos tudo fora já que não nos sentíamos bem com esta ingestão. O resultado são os sinais que mostram: “opa, nosso sistema imunológico está sendo comprometido com esta decisão.”
Alguns destes irritantes estão mostrando ser estimulantes para a resposta imune. Esta é a minha preocupação. Não só não estamos corrigindo o problema digestivo como expondo a nós mesmos a 200 milhões de toneladas de substâncias químicas tóxicas que vão nos liquidar em uns 25 anos. Estamos conviendo com fatos como as toxinas e os poluentes ambientais que podem nos eliminar realmente.
JM: Certo. O processo que descreveste é, na verdade, dado um nome científico formal. Chama-se hormese/hormesis (nt.: significa que determinado produto tem efeitos opostos nas doses altas e baixas) . Quando se fornece estes venenos em pequenas quantidades – o veneno está, na verdade, relacionado à dose – se tu forneces uma quantidade suficientemente baixa, ele verdadeiramente tem efeito positivo. Um pouco similar ao exercício, quando excessivo pode ser bastante perigoso também, mas nas quantidades apropriadas, pode refazer o organismo.
JD: Gostaria de ouvi-lo tratar deste tema. Ele tem algo que me sensibiliza. Quando eu vi o estudo, mostrando isso: “cara,” costumava dizer, “não importa se estivermos ingerindo trigo, grãos ou não, temos que corrigir nosso sistema digestivo”. Mas agora eu penso: “Quer saber, nós viemos comendo tudo isso por quase 4 milhões de anos. Teremos necessidade genética deste tipo de irritantes para que provoquem nosso sistema imunológico? A ciência está apontando nesta direção.” Gostaria de ouvir sua reposta. Respeito totalmente o que tens a dizer.
JM: Apreciaria isso. Mas antes de eu fazer, preciso realmente saber mais detalhes sobre esta pesquisa, que é a minha próxima questão. Porque isso era curioso para mim sobre as pessoas que são livres de glúten – preciso ver os métodos de que tipo de dieta que eles estavam usando. Pois só porque estás comendo glúten, já te coloco num subgrupo de pessoas que está comendo 100% de comida processada, que é um lixo e que tem glúten. Não sei como conseguem diferenciar. Sem conhecer isso, minha impressão é que se está otimizando o microbioma por toda a variedade de diferentes fibras. Quando melhoramos o microbioma – como indicas no teu livro – estaremos melhorando a saúde. O que é realmente essencial. Acho que isso é de Hipócrates (ou foi Hipócrates quem disse que tudo começa nos intestinos?).
JD: Uma das pesquisas faz comparação entre as pessoas celíacas, umas usando uma dieta livre de glúten, com as que não haviam começado esta dieta, com outras que não eram celíacas e aquelas que haviam recém começado com esta síndrome e ainda não usavam esta dieta específica. Demonstra que as que não eram celíacas tinham quatro vezes menos mercúrio na corrente sanguínea do que as que eram celíacas e estavam com a dieta. Posso te enviar este material para conheceres.
Mas só para se perceber uma coisa interessante como: “Espera um momento. Esterilizamos nosso ambiente, nossa dieta e nossos alimentos a que ponto onde…?” Nos últimos 50 anos, mesmo com a quantidade de comida que ingerimos, a diversidade de alimentos no planeta foi reduzida em 56%. Já estamos começando a comer menos e menos tipos de alimentos, criando assim certamente menos diversidade microbiana. Isso é algo muito sério.
Sabemos que a cada estação, os organismos do solo mudam de uma estação para outra e desta para a seguinte. Li uma pesquisa incrível mostrando que quando um cervo come casca de árvore no inverno, eles dispõem de certas bactérias que digerem este material. Quando comem folhas no verão, têm diferentes microrganismos que são para digerir folhas. Mas se o cervo comer casca no verão, não terá a flora adequada, podendo ter uma tal indigestão que literalmente poderá levá-lo à morte. Com isso disse para mim mesmo: “meu Deus, é incrível.”
Escrevi o livro chamado ‘The 3-Season Diet: Eat the Way Nature Intended’ , anos atrás, de de alimentar seguindo as estações. Quando ouvi sobre isso, exclamei: “Isso é realmente importante.” Esta é a nossa maneira de comer alimentos orgânicos integrais que irão reiniciar e restaurar nosso microbioma. Sabemos que, no outono, têm enzimas, como a amilase que é incrementada tanto no outono como no inverno, decrescendo na primavera e no verão. Ela está especificamente projetada para nos auxiliar a digerir coisas como grãos que justo acontece de serem colhidos no outono e no inverno.
Quando penso sobre [isso], talvez possamos supor que o certo é comer grãos no tempo certo do ano, em oposição a comer qualquer coisa, todo dia, três vezes e de forma processada e que não podemos digerir. Somos parte do ritmo circadiano da natureza. Perdemos completamente esta conexão. Os pássaros voam para o sul (nt.: a entrevistado está falando da situação do hemisfério norte), baleias migram. Nossa sobrevivência também está conectada a estes ritmos da natureza. E parte disso está relacionada com o que comemos.
Publiquei, e disponibilizo gratuitamente, de uma lista mensal de compras de supermercado, uma lista de super alimentos e uma relação de receitas para as pessoas comerem alimentos sazonais para cada mês do ano. A razão é que considero importantíssimo que as pessoas possam saber disso. “Oi. Estamos na estação tal e vou à busca deste alimento orgânico. Terá um vasto conjunto de microrganismos sazonais que poderão se incorporar ao meu organismo e assim terei melhor imunologia no inverno, descongestioná-lo na primavera e dissipar o calor no verão da melhor maneira.” Penso que esta é a peça do quebra cabeça que faz um sutil, mas, de novo, um daqueles pontos insidiosos de coisas que viemos ignorando completamente. Se o cervo morre quando come fora da estação, significa que, não acontecerá da mesma forma conosco se comermos qualquer coisa que desejarmos, sempre que quisermos? Esta é a questão.
JM: Onde as pessoas podem acessar a uma cópia destas listas?
JD: Se forem ao meu website LifeSpa.com, em minha homepage, terão informações sobre isso. E acessarem o que chamei de “The 3-Season Diet Challenge” (nt: O desafio da dieta das três estações). Podem-se inscrever na página LifeSpa.com. Enviamos então para o inbox de cada assinante, gratuitamente, todos os meses. Este é um serviço, realmente, bem legal.
JM: Certo. Muito bom. Gratidão por providenciar este tipo de serviço. Acredito que ainda vivas no Colorado. Em Boulder? É onde estás morando?
JD: Sim.
JM: E no alto das montanhas. Nesta época do ano que estamos fazendo esta entrevista (nt.: em pleno inverno), não há condições de crescer muita coisa por aí, a menos que tenhas uma estufa para os cultivos. Parece-me que para se otimizar nossa saúde, é melhor morar num ambiente mais subtropical onde se poderia acessar alguma produção de alimentos. Vim morar na Flórida e observo isso. Posso cultivar boa parte do meu alimento. E penso que esta é a questão chave. Só de podermos colher e comer frutas – por exemplo, estamos no meio de janeiro e ainda estarei colhendo amoras. Alguns delas estão boas se plantei aqui. No entanto, talvez elas não estejam disponíveis em outras épocas do ano. Almejo saber se esta abordagem sazonal e esta ‘Dieta das 3 Estações’ teria grande variação em função do lugar onde estivermos.
JD: Realmente isso acontece. As pessoas estão dizendo: “o quê? Três estações? Existem na verdade quatro”. Claro, mas na natureza são três estações de plantio: primavera/verão e o outono para a colheita. O inverno é uma estação do pousio é quando a natureza descansa. Chamamos de ‘Dieta de 3 Estações’ porque haverá colheita três vezes ao ano.
Grãos como o trigo, por exemplo, é um. Para os nossos ancestrais foi realmente interessante. Quando se descobriu glúten nos dentes destes ancestrais humanos, contatou-se que não era semente de trigo verde. Era, na verdade, de sementes muito, mas muito maduras. Eles não comiam quando ainda estava em crescimento. Esperavam até o outono e então comiam o grão maduro e isso é que é interessante se constatar. Comiam quando estavam maduros. E assim deveriam ficar ao longo do inverno.
A colheita destes grãos no outono bem como fermentando alimento na forma de vegetais, eram as maneiras tradicionais que as pessoas, na verdade, obtinham seus queijos e sobreviviam o inverno obtendo uma dose de bactérias benéficas além de ter nutrição tanto de vegetais como de grãos através do ano. Claro que iremos ingerir mais alta quantidade de proteína e é uma dieta mais gorda, mais ou menos uma dieta paleolítica, neste período de inverno no ano, porque foi isso que foi colhido. Mais nozes, sementes, grãos, carne, caldos e sopas. Mais folhas verdes, brotos e frutos silvestres na primavera e frutas e vegetais no verão.
As dietas poderiam mudar dramaticamente de uma espécie de alta quantidade de proteínas e gorduras no inverno para baixa quantidade delas na primavera e até altas quantidades de frutas com carboidratos e vegetais no verão. Isso é o que geralmente não fazemos mais. Se fizermos uma lista de supermercado e prendermos este tipo de informações em nosso carrinho de compras e formos fazendo isso, começaremos a levar mais destes alimentos para nossa dieta.
Isso, juntamente com o reinício de nosso sistema digestivo e tentando fazer uma limpeza em nossa dieta e comendo organicamente, pode-se auxiliar as pessoas a recuperarem a força de sua digestão e assim começarem a metabolizar novamente numa forma que tem os ingredientes. Pão verdadeiro tem os ingredientes do trigo integral, sal, água e um fermento orgânico. Três dias é o período necessário para cozê-lo, enquanto no supermercado são duas horas. Por isso este pão nunca vai ficar duro. Ficará à disposição na prateleira, ficando macio para sempre porque os óleos que usam, nunca iremos digeri-los. Eles tiram a nossa habilidade para digerirmos este tipo de alimento de difícil digestão.
JM: Grande. Tiveste a maior parte de tua formação além da quiropraxia, em medicina aiurvédica onde provavelmente tu tenhas mais experiência, não?
JD: Perfeito. Não faço mais quiropraxia. Eu mais escrevo, ensino e valido a relação entre a medicina tradicional e a medicina moderna.
JM: Mas o treinamento em quiropraxia te trouxe uma estrutura de uma boa ciência para estabeleceres e colocares estas propostas em uma ampla perspectiva.
No teu livro, Eat Wheat, relataste os poucos princípios aiurvédicos para melhorar o sistema digestivo que é o que para onde eu quero ir agora. Existem algumas sugestões sólidas que tu tens que poderiam auxiliar as pessoas a repararem e retornarem com suas habilidades para digerirem estes alimentos? Agregando de serem aptas a queimar gorduras, tu tens ainda a reparação do sistema digestivo. Por que não discutes algumas destas estratégias?
JD: Duas coisas. Penso que estás correto quanto a isso. Não concordo contigo a respeito de que auxiliar a reconectar a habilidade para queimar gordura. Há uma cultura entre nós. As pessoas estão comendo refeições durante todo o dia. Primeiro uma comida, após vem um lanche, novamente outra comida, seguido de outro lanche, e assim vai. Estão queimando o que comeram e já lancharam de novo. Nunca, na verdade, permitem que se estabeleça a habilidade de queimarem suas próprias gorduras. A maneira como podemos auxiliar o corpo a ser melhor na queima de gorduras é fornecer-lhe uma razão para queimá-la. Tome seu desjejum e nada mais até o almoço, nada até o jantar e nada até dormir.
No meio destas refeições, o corpo é forçado a queimar sua gordura. Está é a chave. A ciência mostra que se nós comermos um lauto almoço e um jantar frugal, queimamos verdadeiramente esta gordura de uma maneira mais eficaz. Teremos melhor energia e um humor estabilizado como resultado de nós termos nos tornado um melhor queimador de gorduras. Primeira regra, a regra de ouro é: novamente, retornar às regras da natureza. Comer três vezes ao dia. Façamos do almoço a grande refeição. Supper (nt.: jantar ou ceia) vem da palavra “supplemental” ou “soup“, então tentemos ingerir menores refeições à noite. É o melhor que poderemos fazer.
Uma outra coisa, como havia dito no início, estes alimentos processados destruíram nosso sistema digestivo até o ponto de termos que realmente refazê-lo de maneira saudável. Existem cinco especiarias que falo sobre elas no meu livro. São gengibre, cominho, coentro, funcho e cardamomo. Quando se observa cada, a ciência vem mostrando que elas têm benefícios poderosos que ajuda na saúde da digestão. Quando colocamos todas juntas, algum tipo de magia acontece. Esta é uma fórmula ancestral que tem sido empregada por milhares de anos para refazer o processo digestivo.
Quando tivermos um problema digestivo, dizemos: “tome algo com ácido clorídrico. Ingira algumas enzimas digestivas.” Como disse no início, as gorduras negativas congestionam nosso fígado, conectando a diabetes, depressão e obesidade, além de gerar inabilidade do fígado produzir a bile para fazer o seu trabalho. Hoje em dia, as cirurgias na vesícula biliar, como resultado, estão em primeiro lugar nos EUA. Devemos então descongestionar tanto o fígado como a vesícula.
Como provavelmente sabes, o duto que leva a bile para o intestino delgado conecta com o duto do pâncreas antes dele entrar no intestino, em praticamente 91% das pessoas. Isso significa que se a nossa bile estiver congestionada pelos alimentos processados, nossas enzimas pancreáticas também não vão chegar lá. Dizemos então: “é só tomar enzimas pancreáticas e o problema estará resolvido”.
Como um resultado de não haver bile, que é um modelador para o ácido, como são as enzimas pancreáticas, o estômago dirá: “Oi. Não há para-choques aqui para todo este ácido. Não vou fazer nenhum ácido. Se fizer, vou queimar um buraco no meio do meu estômago e causar azia e má digestão.” Por que temos azia e má digestão? Por causa da baixa digestão biliar, a viscosa e espessa bile. Precisamos descongestionar o duto da bile.
Em vez de dizer: “olha aqui, toma ácido clorídrico para a falta de fogo. Tomar enzimas pancreáticas para o pâncreas.” Por que não redirecionar os dutos da bile, reiniciar o fogo digestivo naturalmente? Estas cinco especiarias demonstraram em pesquisas, e eu cito no meu livro, que refazem a produção de nosso próprio ácido clorídrico, as enzimas digestivas e as pancreáticas, aumentando nós mesmos, naturalmente, o fluxo de bile, como oposição a ingestão de sais da bile ou ácidos da bile em vez das nossas próprias. É isso que realmente me encanta.
No final do dia, nós não dependeremos de uma pílula ou de um pó. Iremos realmente passar para as pessoas uma forma de refazerem esta função. Com estas ervas, elas podem obter, melhorar, sair e começarem a viver um estilo de vida que seja auto-suficiente. Não apenas reconhecendo o problema real na caminhada, dando-nos alívio sintomático e não temporário, e definindo os problemas reais à medida que envelhecemos. À medida que envelhecemos, tornamo-nos menos resistentes de qualquer maneira. Se temos problemas velados que não abordamos realmente, eles podem nos tirar da caminhada e isso não é exatamente para onde quero levar meus pacientes.
JM: Perfeito. São então: funcho, gengibre, cardamomo.
JD: Cominho e coentro.
JM: Cúrcuma?
JD: Não, não. Cominho, coentro, funcho, cardamomo e gengibre.
JM: Qual a melhor forma de ingeri-los? Pode ser algo como um suplemento pré-embalado? Ou achas melhor tomá-los na maneira da erva mesmo? Isso porque eu tomo sementes de cominho preto todos os dias. Uso uma colher de sopa e – deixo de molho durante a noite – coloco-os na batida/vitamina.
JD: Assim está ótimo.
JM: É importante combinar estas ervas juntas de uma vez ou elas podem ser ingeridas ao longo do dia?
JD: Algum tipo de mágica da sabedoria ancestral é o que eles entendiam. Com a cúrcuma, por exemplo, eles punham junto a pimenta preta. Dezesseis partes de cominho e uma de pimenta preta aumentava a absorção de cúrcuma em 2.000%. Quando se ingere cominho, coentro (nt.: pode ser semente), funcho, gengibre e cardamomo juntos, eles amplificam um o benefício do outro. Como combinarmos estas ervas, perdemos completamente esta fórmula.
Claro, tenho uma forma que chamei de Digestão Suave , que é com estas ervas colocadas todas em conjunto. Mas também as pessoas podem comprar estas especiarias e temperarem seu alimento, cozinhando com elas e mesmo colocarem em sua batida/vitamina. Existem muitas maneiras que podemos ingeri-las. No entanto, acho que em conjunto elas têm mais potência, de sorte a restabelecer a função digestiva superior que não obteremos quando ingerirmos individualmente.
JM: Certo. Idealmente, tomá-las todas em conjunto. Qual o momento mais adequado? Pareceu uma boa ideia ingeri-las em cada refeição ou, pelo menos, como cada refeição principal. Por quanto tempo precisaríamos continuar ingerindo-as depois que nosso sistema digestivo começasse a se restabelecer e recuperar? Ou é algo que se deve usar ao longo de nossas vidas?
JD: Isso. Elas são tão suaves. As pessoas, das culturas tradicionais, sempre têm temperado cada uma de suas refeições, com estas especiarias. É o tipo de coisa que não nos torna dependentes dela. Na verdade, elas continuam a dar um suporte à digestão. Mas, em geral, para restabelecermos nossa digestão, podemos começar a nos tornar bons digeridores e melhores desintoxicadores, ingerindo em torno de dois a três meses para que isso suceda. Podemos tomar uma cápsula antes da refeição, como geralmente recomendo. É muito mais tranquilo. Ou podemos temperar com elas, fazermos um chá e tomá-las na refeição ou mesmo efetivamente cozinhar com elas, ou simplesmente, de qualquer maneira.
JM: Grato. Agora sob o ponto de vista de quem tem uma perspectiva aiurvédica, quero saber se poderias elucidar algo sobre o cominho preto e também sobre o gergelim preto, que também ingiro uma colher de sopa dias depois de ficar de molho durante a noite. Poderias definir ou explicar a diferença entre o preto e o comum nestas duas especiarias?
JD: Não estou muito seguro sobre o gergelim preto e a diferença entre eles. Sei que normalmente o gergelim tem grandes quantidades de vitamina E, que é um aspecto de muito interessante para os princípios aiurvédicos, onde se fez uma pesquisa na qual detectaram que colocando o óleo de gergelim sobre a pele, a vitamina E será liberada para os tecidos como se estivesse ingerido na forma de pílula. Como fazem na tradição indiana e nas culturas asiáticas. Colocam o óleo sobre suas peles, todos os dias. E o óleo de gergelim é um dos principais.
O cominho negro, eu acho, é um recurso que atua mais como uma potente medicina, já o comum é mais para alimentação, para o organismo. Penso que negro é muito, muito potente. Mas o cominho comum é mais delicado. É saboroso e de muito fácil digestão. Quando penso sobre estas ervas que nós estamos tomando hoje em dia, a qualidade do tecido epitelial dos intestinos é tão delicada, e da mesma forma o microbioma. Por isso nós precisamos ser muito cautelosos já que os reflexos são tão intensivos quando comemos este tipo de nutrição concentrada, como extratos de alimentos ou óleo de semente de uva e e mesmo óleo de orégano. Eles realmente podem matar patógenos, mas podem também agredir a pele dos intestinos.
Esta abordagem é a maneira mais amável e delicada para lidar com a parede intestinal e para o microbioma que é obviamente muito importante. Porque existem microrganismos em nossa boca, esôfago, estômago, intestino delgado e grosso especificamente projetados para produzirem enzimas para auxiliarem o corpo a metabolizar o glúten e as gliadinas no trigo (nt.: as gliadinas e as gluteninas são as proteínas mais abundantes no glúten do trigo). Os agrotóxicos eliminam tudo isso. Alimentos processados acabam gerando um colapso no ambiente e assim ele também não consegue suportar esta crise. Temos que refazer este tecido dos intestinos, sem dúvida.
JM: Está parecendo que usas o cominho comum em vez do preto.
JD: Exatamente. Não emprego o preto.
JM: Ok. Está bem. E existem outras estratégias que costumas usar? Na verdade, já fazes. Aqui estão. Enumeras um bom número delas no teu livro. Por que não trazes algumas outras?
JD: Algumas das maiores estratégias estão dirigidas para o fígado e a vesícula biliar já que é bastante crítico. A questão básica aqui é a falta de fluxo da bile para aumentar nossa habilidade de lidar com gorduras. Nossa vesícula é um saco de bile que é de 15 a 20 vezes concentrada. Tem bile suficiente para desmanchar cérebros de mamute lanudo. Mas viemos sendo tão congestionados que não estamos podendo digerir num mesmo um pedacinho de alimento frito sem ter coisas por indigesto. Não dizendo que isso é bom para nós, no entanto temos a habilidade, quando tudo está funcionando bem, de digerir praticamente qualquer coisa. Perdemos esta capacidade e é bem perigoso.
Alimentos como as beterrabas – elas têm butano dentro delas. Também nitratos naturais que se incham e abrem os ductos biliares, aumentando significativamente seu fluxo. Beterrabas, aipo, maçãs, são grandes mobilizadores da bile, excelente para batidas, vitaminas e suco verde. Todas são magníficas para se começar o dia. Não imagino que se vá ingerir 600 ml por dia, mas um pouco com a refeição será bom – sou um grande entusiasta de mastigarmos nosso alimento, em vez de tomá-lo – mas tê-las com a refeição como uma nutrição concentrada para reiniciarmos e auxiliarem nossa vesícula biliar e seu fluxo, é realmente uma boa diretiva para a digestão.
O fluxo biliar permite-nos frequentar o banheiro. Regula a função dos movimentos peristálticos. Desintoxica-nos, esfolia as vilosidades intestinais. Permite a emulsificação das gorduras, para liberar as que são boas para nosso cérebro e corpo bem como livrar-nos das más gorduras e tamponar os ácidos de nosso estômago. Sem ela, digestivamente, estaremos em grande confusão. É exatamente isso que estes alimentos processados vem fazendo conosco.
Beterrabas, maçãs, aipo, alcachofra, são absolutamente fenomenais para aumentar o fluxo biliar. O chá do feno grego e de funcho. O feno grego mostrou aumentar o fluxo da bile em 75% em um estudo. O chá de feno grego, nós já escutamos seu nome, mas a população em geral, realmente não – é uma especiaria usada por milhares e milhares de anos, regularmente por muitos povos. O funcho também, sendo fantástico para o sistema linfático. Nós na realidade não os usamos. Funcho e o chá de feno grego, alcachofra, maçãs, aipo, beterrabas – fenomenais como um componente da digestão, pelo que fazem com o nosso fígado e nossa vesícula biliar.
JM: Ok. Outro aspecto que faz a linfa se movimentar, tens algumas estratégias diferentes. Um é um mini trampolim e, em seguida, uma tabela invertida, que quero conversar sobre isso. Mas por que não discutimos este mini trampolim por primeiro?
JD: Antes de fazer isso, se eu pudesse dizer como a linfa se relaciona com o fato do trigo ser integral?
JM: Claro.
JD: Existem estudos que mostram que quando nós não metabolizamos o trigo e os laticínios, a caseína e também o glúten, vão não digeridos do estômago para o intestino delgado. A razão de não serem digeridos está no fato de ser o ácido estomacal muito fraco por não haver suficiente bile para amortecer esses ácidos. Assim estas proteínas vão não digeridas para o intestino delgado e elas são muito grandes para entrarem na corrente sanguínea. Elas então não passam e entram nos dutos coletores do sistema linfático. Este sistema literalmente envolve como um novelo de lã todo o nosso trato intestinal.
O sistema linfático é o maior sistema circulatório de nosso organismo. Fornece a energia básica para as células do nosso corpo – a energia intermediária das refeições está repleta de gorduras – via sistema linfático. É o nosso sistema desintoxicante para todas as gorduras ruins e suporte de nosso sistema imunológico.
Quando a linfa ao redor do trato intestinal torna-se congestionada e o trato intestinal entumesce, ficaremos inchado. A linfa poderá ficar tão congestionada que vai empurrar todos estes lipídeos para formar a gordura em volta da barriga, criando a célebre ‘pança gorda’. Há boas pesquisas que sustentam tudo isso. Há também linfa abaixo de nossa pele. Quando a linfa em torno de nosso intestino fica congestionada por causa da pobre digestão em razão dessas proteínas difíceis de serem digeridas, estas linfas entram em nossa pele, causando erupções cutâneas e irritações da pele, o que nos leva a pensar sobre os problemas relacionados com o glúten presentes nos grãos.
Recentemente descoberto pela Universidade da Virgínia, cerca de dois ou três anos, um sistema linfático encefálico com seus linfonodos cerebrais, chamados glinfáticos, que drenam 3 quilos de produtos químicos tóxicos, retirando-os de nosso cérebro todos os anos. Quando essas linfas cerebrais estão congestionadas, porque as linfas intestinais, que são a parte do leão deste sistema no corpo, estão previamente congestionadas, as cerebrais, por sua vez, não conseguem drenar, estando elas, agora, diretamente ligadas à ansiedade, depressão, declínio cognitivo, infecção, inflamação e condições auto-imunes.
Tudo o que está relacionado à drenagem cerebral pode estar conectado ao glúten, incluindo a névoa cerebral (nt.: aqui poderá ter uma ideia do que pode originar esta situação – http://apjof.weebly.com/artigos-informativos/parar-o-brain-fog-causas-sintomas-e-solucoes ). Assim, certos problemas estão realmente relacionados à drenagem do cérebro que está ligado ao sistema linfático e alterado por razões da fraca digestão.
Existem muitos volumes de pesquisas tratando do sistema linfático, publicados nos periódicos científicos, que talvez nunca cheguem à prática médica. É por isso que, quando estudo os princípios da sabedoria ancestral, constato que usam a linfa como seu sistema primário de desintoxicação. De fato, o estudo da linfa vem sendo o estudo da longevidade. Então, corro rápido para a ciência moderna e vejo: “oh meu Deus. Existem tanto estudos sobre a linfa.” Podemos juntar os dois conhecimentos e constatar como a fraca digestão permite que a linfa fique diretamente congestionada e não tem ninguém falando sobe isso.
E se devolvêssemos o fogo digestivo novamente, aumentássemos o fluxo biliar, curássemos e reparássemos a pele intestinal além de descongestionássemos o sistema linfático? Nosso cérebro poderia drenar estas toxinas que estão diretamente conectadas com o declínio cognitivo, com o Alzheimer, a demência, as epidemias do nosso tempo, além de condições autoimunes. Ninguém tem um entendimento de como elas vieram até aqui. Agora estamos observando o maior sistema circulatório de nosso corpo estar sendo congestionado por causa da pobre digestão e ninguém está tratando de como desintoxicá-lo.
Darei técnicas específicas de como fazer isso. Uma delas: beterrabas são geralmente grande mobilizadoras da bile. Todas as plantas verdes são. Aqui algo interessante sobre a linfa: todas as terapias antioxidantes são também eficientes para o nosso sistema linfático. As frutas silvestres, cerejas, mirtilo, amoras – todas elas trabalham para nosso sistema linfático. Todas são muito, muito valiosas.
Na primavera e no verão, pode-se acessar a estas frutas (nt.: no hemisfério norte. Desconhecemos ainda quais frutas silvestres teriam este papel). Se prefere oxicoco e beterraba pode ser no outono e no inverno. Qualquer delas que torne nossa camisa branca vermelha ou tinja, ao derramamos sobre nós mesmos, todas elas são mobilizadoras da linfa. Assim como suas folha verdes. Existem um monte de ervas para isso. Raiz vermelha (nt.: não descobrimos em pesquisa pela internet que planta é essa) é um fantástico mobilizador linfático. Tem uma erva na medicina aiurvédica que se chama manjistha (nt.: nome científico: Rubia cordifolia, tem a raiz vermelha – será que não é raiz vermelha citada antes?), fenomenal mobilizadora linfática. Tem uma infinidade de plantas que citei sobre como auxiliar realmente a refazer e dar sustentação ao nosso fluxo linfático.
JM: Então, é claro, que há a ação do ‘movimentar-se’ do qual somos dois grandes entusiastas. És um praticante da vida como eu. Genericamente, a maioria de nós não se movimenta o suficiente. Talvez de maneira inconsciente, sem ter toda a percepção, e mesmo por desconhecer quando vive de um trabalho de escritório ou por estar em ambiente onde permanecemos sentados por um longo tempo. Mas o movimento é uma parte disso e comentaste sobre o emprego de um recuperador e de uma tabela de inversão. Por que não discutes isso?
JD: O sistema linfático não está conectado ao coração. Ele bate e bombeia o sangue, no entanto a linfa se move quando nos movemos. A linfa cerebral se move quando estamos dormindo. Se não nos movimentarmos o suficiente durante o dia, estas grandes linfas, então, de nossos grandes músculos estarão tentando drenar todos os seus lixos e suas toxinas, terminando por esmagar as pequenas linfas menores que drenam nosso cérebro e nosso sistema nervoso central, o que não é bom para nós. Nosso cérebro começa a perder a capacidade de drenar muito bem. O movimento e a recuperação são muito, muito eficazes.
A espinha dorsal tem o que chamamos de fluido espinhal cerebral, cefalorraquidiano, que é basicamente fluido linfático que está tanto na nossa espinha como no cérebro. Ele literalmente lava de nosso cérebro estas toxinas e despeja-as nos vasos linfáticos no nosso cérebro como o corte de cabelo Mohawk para então levá-las para fora de nosso corpo.
A respiração nasal, feita pelo nariz, mostrou aumentar o fluxo de líquido cefalorraquidiano em nosso cérebro e aumentar o fluxo desta linfa cerebral. Eu escrevi um livro anos atrás chamado Body, Mind and Sport: The Mind-Body Guide to Lifelong Health, Fitness e Your Personal Best com este exercício de respiração nasal. Quando respiramos pelo nariz, traz o ar por todo o caminho até os lobos inferiores dos pulmões, onde o sistema nervoso parassimpático está – estimulando calma, reparação, digestão e suporte. A parte superior do tórax é onde está o sistema nervoso autônomo simpático (ou a madeira) com os receptores que se organizam para os processos de lutar ou fugir.
Quando respiramos pela boca, 26 mil vezes por dia, estamos desencadeando 26 mil pequenas emergências de congestão linfática, produzindo doenças, desligando mensagens digestivas todos os dias. Quando respiramos pelo nariz, estamos direcionando o ar para os lóbulos mais baixos de nosso pulmão. Estamos ativando uma resposta neurológica de relaxamento.
Em nossa pesquisa que fizemos anos atrás, descobrimos que, quando você respira através do seu nariz durante o exercício, ele altera o nosso cérebro para um estado alfa. Ele diminui significativamente a resposta de lutar ou fugir. Na verdade, diminui o esforço percebido em 50%. A ideia, na qual eu realmente me fascinava como praticante ou como atleta, há anos, era o pico do corredor. Como faz com que os atletas experimentem esta zona, esta calmaria, “minha melhor corrida é aquela que é a mais fácil”.
Quando respiramos pelo nariz, geramos uma calma neurológica, uma coerência das ondas cerebrais, um estado meditativo no nosso cérebro enquanto nos exercitamos. Quando nós então abrirmos a boca saberemos que, em vez de repararmos nosso corpo durante o exercício, estaremos demolindo-o em seu processo de se construir. Como as pessoas sabem quanto de exercício é bom e o quanto pode ser prejudicial para elas?
A maneira como conhecemos é respirando profundamente para dentro e para fora de nosso nariz, confortavelmente. Se começarmos a respirar ou a abrir a boca, estaremos dando uma resposta de emergência de lutar ou fugir. Uma vez que estamos sobrecarregados pelo estresse de emergência 24/7, temos maneiras, 26 mil respirações ou vezes por dia, de fazermos isso corretamente, de dizermos ao nosso sistema nervoso de que a vida não é uma emergência. E, infelizmente, emergências causam doenças.
O benefício para o coração é porque quando estamos respirando profundamente, a caixa torácica torna-se um fole, massageando nosso coração e pulmões 26 mil vezes por dia, versus uma gaiola que espreme o coração e os pulmões, sendo que o que está bem embaixo da caixa torácica e do diafragma, são os nossos órgãos digestivos. Muitas vezes, esses órgãos digestivos ficam dobrados e presos por baixo da caixa torácica, causando muita indigestão. Os fatos relacionados à hérnia hiatal são quando o estômago é empurrado para cima. Essa é uma das coisas comuns.
Muitas mulheres após a gravidez, o bebê muitas vezes bate contra o estômago, elevando-o contra o diafragma. Se não estivermos respirando profundamente, podemos gerar aderências entre o estômago e o diafragma. O estômago agora estará preso ao diafragma e realmente não poderá fazer livremente seu trabalho. Lenta mas seguramente, nossa capacidade para digerir, para produzir ácido começa a atuar.
Podemos realmente desvendar todas essas coisas de várias maneiras. Eu digo como fazer isso no livro. É muito simples. É realmente interessante como tudo se conecta. Todas as peças, no quebra-cabeça do corpo, funcionam juntas. Sua respiração funciona com seus pulmões e seu coração. A respiração e a caixa torácica funcionam com a digestão superior. Os receptores nos lóbulos inferiores de seus pulmões são o sistema autônomo parassimpático. Isso significa descansar e digerir.
Outra grande razão pela qual devemos relaxar quando comemos nossos alimentos, porque permite que o sistema nervoso parassimpático se ative e ligue o sistema digestivo. Se estamos comendo na corrida, devorando nossa comida, é uma resposta de lutar ou fugir e a força digestiva literalmente desliga-se. Exercitemos e usemos nossos narizes como dispositivos respiratórios. Se temos que respirar profundamente para dentro e para fora do nosso nariz e se sentirmos vontade de abrir a boca, entramos em uma resposta de emergência. Portanto, paremos. Devagar voltemos atrás. Reajustemos a calma e tentemos ir rápido novamente.
Eu trabalho com as New Jersey Nets. Trabalhei com Martina Navratilova, Billie Jean King e muitos jogadores de tênis. Trabalhei com muitos atletas de classe mundial ao longo dos anos, ensinando-os a respirar pelo nariz e a serem calmos diante do estresse. Como sabe, o estresse é o assassino número 1 do nosso microbioma, e no geral, nosso assassino n. ° 1. Se pudermos ajudar nosso corpo a lidar com o estresse 26 mil vezes por dia apenas pela respiração, o que temos que fazer de qualquer maneira, já é um bom negócio.
JM: Concordo. Lembro-me de você compartilhar essa informação comigo há cerca de 10 anos. Eu a integrei ao meu regime de treino, especialmente aos exercícios de alta intensidade, o que é um desafio. Demorou um tempo para obtê-lo. Mas, na maioria das vezes, penso que é realmente um bom conselho para restringir seu exercício até o ponto em que você está apenas respirando pelo nariz. Se você tiver que ir mais rápido ou usar sua boca, é um bom sinal, um alerta de seu corpo de que você está realmente causando mais mal do que bem. Obrigado por essas palavras de sabedoria.
Eu só quero abordar essas botas anti-gravidade que você mencionou em seu livro, também. Existe outro quiroprático. Deves conhecê-lo. Seu nome é Francis Murphy, que é realmente reconhecido como um dos principais especialistas do mundo no tratamento da disfunção do ombro. Na verdade, eu vou entrevistá-lo no final deste ano de 2017.
A tua afirmação de que as tabelas de inversão de exercícios estão bem, mas se for além de 30 graus da horizontal e, se fizer isso por longos períodos de tempo, pode causar mais danos do que bem também, assim como se exercitar demais, podendo causar danos à coluna vertebral e, de fato, causar formações osteofíticas e estimular e, mesmo, levar a algumas condições artríticas. Eu me pergunto se tu usas isso ou incorporas esses princípios em tuas recomendações.
JD: Eu nunca fui um grande fã destes equipamentos chamados de tabelas de inversão exatamente por esse motivo, apenas do ponto de vista osteo-esqueletal. Tendo o corpo pendurado nesses ligamentos, joelhos, tornozelos e espinha, isso simplesmente não parece muito eficaz.
Dizem que B.K.S. Iyengar, um dos maiores professores de yoga, costumava sempre dizer – foi ele que trouxe a ‘Iyengar Yoga’ para a América e um dos maiores amantes da ioga que tivemos, parece ter morrido aos 95 anos ou mais – de que “a postura número 1 que me ajudou a permanecer saudável na minha vida inteira foi a postura invertida, a cabeça apoiada no chão”. Acho que ficar invertido é ótimo para o sistema linfático que fica pendurado desses ligamentos. Talvez seja por isso que este médico percebeu que há um certo volume que é bom e que certamente demais pode ser prejudicial.
JM: Eu penso que é assim que se faz isso. Se estás fazendo isso como ioga, que é uma prática de 5.000 anos de idade, há uma forte sugestão de que provavelmente seja útil, então ficará bem. Mas é diferente do se estivermos pendurado, então não é tão bom.
JD: Sim. Tenho entre meus clientes, ao longo dos anos, muitas pessoas apresentando apenas frouxidão do ligamento como resultado da suspensão nestes aparelhos. Os ligamentos do joelho realmente me assustam. Os joelhos são tão vulneráveis quanto é o envelhecimento. Mantendo-os esticados, e acho que devemos fazer o mesmo com o corpo, sermos delicados e gentis. Da mesma forma com o trato intestinal, delicados e gentis. Não fazer como em nossa cultura, onde simplesmente cutucamos tudo com extratos de ervas realmente grosseiros ou com medicamentos duros. Não temos a verdadeira noção da extensão do que isso faz com os aspectos sutis de nosso corpo. Os microrganismos são tão sutis que nem podemos vê-los, mas são eles que, na verdade, dirigem o espetáculo da vida, não é?
JM: Exatamente. Uma paixão que realmente abracei recentemente é a fotobiologia ou a incorporação do uso judicioso da luz para otimizar nossa biologia. Um destes aspectos que discutes em teu livro é a prática da yoga da Saudação ao Sol, o que, para mim, é incrível. É realmente um dos meus objetivos para este ano, integrar estas asanas, estas posturas, na minha prática. Mas a chave é que você está realmente saindo para fora dos espaços fechados. Você poderia fazê-lo dentro de casa, é claro, mas é um pouco difícil se você estiver em um lugar gelado como Boulder/Colorado, principalmente nesta época do ano. Mas, idealmente, faça lá fora, de manhã, quando estiver de frente para o sol, e saúda-o. Por que não comentas sobre isso e descreve como isso se integra a todo esse sistema?
JD: Uma dos aspectos sobre a saudação ao sol que eu realmente amo é que é uma série de posturas de flexão e alongamento. Ao inalar subindo e voltando, você respira e o diafragma puxa para baixo, mas sua caixa torácica está subindo e voltando. Nesta área é onde a maioria das pessoas tem problemas porque a caixa torácica fica apertada, mas aguentamos para honrar nossa vida, emocionalmente. O estômago geralmente é problemático como resultado do fraco fluxo biliar. Temos que realmente abrir esta área, o que nos ajudará na digestão.
A saudação ao sol é como se estivéssemos tocando acordeão com esta parte do corpo ao esmagá-la, alongá-la e apertá-la novamente. Esta atividade faz isso como nenhuma outra. Então, é claro, fazer isso fora com os raios solares do início da manhã, é apenas uma maneira absoluta de obter a luz solar. Na medicina aiurvédica, estes raios estão bem inseridos nos aspectos sutis da luz. Como sabemos, não há realmente muita vitamina D nesse sol da manhã, mas há muita força vital que nos alimenta de maneira sutil. Eu nem sei se realmente já os conhecemos cientificamente, mas penso que ainda não somos hábeis para medi-los. Mas é muito, muito especial – provavelmente conheces ou talvez tenhas mais informações sobre isso.
JM: Na parte da manhã, teremos mais luz azul. A luz azul, em geral, é algo que teríamos a tendência de evitar porque, essencialmente, atinge o epitélio pigmentado da retina e causa espécies reativas de oxigênio, gerando radicais livres. Normalmente, poderíamos perceber o radical livre como perigoso, mas nas quantidades apropriadas, eles são fundamentais. Especialmente no início da manhã, ajudam a estimular a produção final de melatonina na glândula pineal. Mas não é apenas luz azul sozinha.
O que me preocupa é que as pessoas estão usando essas luzes tristes que são apenas luz azul de alta intensidade. Isso vai ser contraproducente (nt.: só para entender as colocações do Dr. Mercola – http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/02/150129_luz_dormir_lgb). Porque a beleza da luz do sol é que, especialmente no início da manhã, não só tem o azul, mas tem o vermelho e o infravermelho próximo, o que o equilibra e isso causa restauração, regeneração e reparo. É esse equilíbrio que executa a magia. É literalmente a exposição a esta luz natural, não digital, artificial, que realmente induz a saúde e ajuda a prevenir doenças.
JD: Outra razão pela qual você está agora morando na Flórida, imagino eu.
JM: Perfeito. Na verdade, fui inicialmente motivado porque minha namorada mudou-se para cá. Mas provavelmente eu teria vindo dentro de mais ou menos uns três a quatro anos, se tivesse descoberto este lugar por mim mesmo. Realmente, para mim, a conclusão final é que: se você quiser realmente buscar uma saúde ideal e utilizar o seu meio ambiente tanto quanto possível, é realmente difícil de se fazer isso na maior parte dos EUA. Temos realmente que ser bastante subtropical para fazer isso.
JD: Vejo daqui praticamente uns bons centímetros de neve agora enquanto olho pela janela. À medida que envelhecemos, na medicina aiurvédica – é por isso que muitas pessoas se aposentam e vão para a Flórida – fala-se sobre esse tempo da vida onde o corpo começa a secar, tornando-se mais governado pelo elemento ar. Quando se mora num lugar frio e seco e seu corpo está ficando mais frio do que seco e – Deus não permita – comendo alimentos frios e secos e não gordurosos, pode-se estar acelerando o desequilíbrio ou mesmo o processo de envelhecimento.
Mas o que você está fazendo, indo para um lugar quente, acaba gerando antídoto para estas tendências que vão acontecer de qualquer maneira a todos nós, a tendência de envelhecer e secar. Mas podemos criar antídotos a estas tendências com os alimentos que comemos e o estilo de vida que levarmos, além, é lógico, do lugar em que vivemos, o que acho uma estratégia brilhante. Eu também deveria me mudar para outros locais.
JM: Sim. Vamos te receber por aqui. Não há dúvida. Mas outro componente chave é que me permite sair para fora de casa e me despojar da maior parte das minhas roupas, eu diria, 90% do ano ou mais, podendo caminhar algumas milhas por aí. Novamente, o movimento e movendo a linfa e melhorando a digestão. É só isso. Apenas algo que aprecio e me sinto muito privilegiado. Tenho a oportunidade de fazer isso todos os dias. E ainda dou minhas caminhadas pela praia. Estar ao lado do oceano e obter todos os benefícios adicionais de estar aterrado com os pés no chão.
Voltando à saudação o sol, estou me perguntando. Mencionaste melhorar a amplitude de movimento na caixa torácica, mas também estou me perguntando sobre o tórax superior, porque me parece que também melhoraria. Além disso, eu acredito, que a maioria das pessoas simplesmente não consegue estender o tórax de volta e suficientemente alongado, como resultado de envolver a postura de flexão para frente o tempo todo.
JD: Completamente. Sentamo-nos desta forma. Sentamos o dia todo. Talvez estejamos fazendo exercícios por uma hora, mas no resto do tempo, estamos nos dirigindo para o trabalho, para casa, e ficamos sentados em nosso escritório. Como resultado, encontramo-nos realmente curvados para frente. Quando você respira através do nariz durante estas posturas, o ar atravessa esses cornetos nasais, conduzindo o ar por todo o percurso até os lobos inferiores dos pulmões.
Se você só respirar pela boca, apenas pegará a parte superior do tórax. Quando alcança a extensão completa dele, trazendo o ar completamente para os lobos inferiores de seus pulmões, irá preencher todos os cinco lóbulos dos pulmões, abrindo a caixa torácica. Então, se você respirar mais fundo, o diafragma está se contraindo e puxando para baixo enquanto volta e sobe e baixa. Isso abre e estende a caixa torácica e traz seu ombro para trás, de modo que sua cabeça não é abaixada e assim vai, o que é realmente ruim para os vasos sanguíneos que vão para a cabeça. Manter sempre a caixa torácica aberta.
Coloco isso no livro por causa desta situação crônica – quando trato pacientes, vejo-os o tempo todo. Veja como você conta. Eu chamo isso de “Tummy Tender Test” (nt.: teste da barriga macia). Você pega o seu polegar e enfia-o debaixo da caixa torácica e puxa em toda a extensão com a outra mão, empurrando por baixo da caixa torácica com o polegar e levando-o para dentro. Se estiver dolorido, macio, firme ou difícil, provavelmente terá algumas aderências ou algum tecido cicatricial; pode ser algum tipo de congestionamento linfático e mesmo certos problemas de fluxo do ducto biliar. Esses dutos biliares são pequenos canais semelhantes a lápis e são facilmente congestionáveis. Temos que mantê-los abertos.
A saudação do sol é uma maneira fenomenal de abrir todo este processo. Na verdade, eu mesmo adoro usar um vibrador ou um massageador diretamente nesses órgãos superiores e vibrá-los para realmente aumentar o suprimento de sangue nesta área. Você não pode obter suficiente suprimento de sangue porque é uma área de tensão. Como foi dito, nós nos sentamos e acabamos não respirando profundamente e esta região permanece relativamente passiva a maior parte do dia.
JM: Fazes a saudação ao sol todos os dias?
JD: Eu faço a saudação do sol antes e quase sempre depois de todos meus exercícios, com certeza. Amo praticá-la, realmente. Respirando sempre pelo nariz.
JM: Por que fazes isso antes de te exercitar? Disseste que deveria ser feito na manhã.
JD: Tenho seis filhos. Não dá para ser quando eu quero me sentar, relaxar ou meditar. Na minha casa as coisas são um pouco diferente.
JM: Ou seja, precisamos ser práticos.
JD: Exato.
JM: Existem outras asanas de ioga que achas que seria sensato para todos? Parece-me, a menos que se tenha algum tipo de deficiência ou esteja confinado a uma cadeira de rodas ou algo assim, que a maioria de todas elas seriam oportuna para integrá-las no nosso ritmo de movimentação diária. Mas existem outras posturas que recomendarias?
JD: No livro, eu tenho duas versões modificadas para pessoas que não podem fazer a saudação ao sol completa. Acho que realmente é tão importante de ser feita. Todas deveriam poder fazer esta saudação. Temos três versões diferentes no livro, para que todos possam aprender a fazê-las e torná-las a mais eficaz possível.
Outra forma que eu gosto é pegar um rolo de isopor (nt.: lastimamos que o entrevistado tenha feito esta proposta do uso desta resina que todos sabemos que cada molécula imita o estrogênio! Por que não um rolo com areia ou outro material natural??) e colocá-lo no chão embaixo de suas costas, deitar e arquear as costas sobre ele. Estaremos realmente conseguindo, como foi dito, ter essa extensão da caixa torácica. Este movimento abre os linfáticos do tórax e separa o diafragma do estômago e dos órgãos digestivos, o que é realmente, mas realmente, muito importante. Fica-se deitado, colocando as mãos acima da cabeça e respira-se profundamente pelo nariz por cinco ou 10 minutos. É efetivamente muto relaxante. É muito passivo, mas muito, muito eficaz.
JM: Excelente. Esses são outras duas posturas. Na verdade, há vários outros tipos de rolos diferentes que se pode conseguir o mesmo (nt.: provavelmente o Dr. Mercola está abrindo alternativas como colocamos no parágrafo anterior). Alguns com o enchimento mais resistente e com botões, podendo realmente criar depressões de forma a dar melhor amplitude de movimento nos segmentos da coluna vertebral. Isso já seria outra coisa. Os rolos de espuma são somente um modelo que virou tradição. E isso deve se modificar ao longo do tempo já que este outro modelo sustenta um pouco melhor.
JD: E isso é feito mesmo. Quando rolar as bandas iliotibiais (IT) das pernas, precisamos de algo um pouco mais firme. Mas para termos a caixa torácica aberta e arqueada, apenas arqueando, qualquer tipo de rolo de espuma funciona. Mesmo uma bola ou qualquer coisa vai deixar as costas abertas se estivermos deitados em uma posição relaxada. Algumas pessoas terão que construir até um rolo mais cheio de até 6 polegadas. Pode ser muito para as pessoas mais curvadas. Você sabe, ir como passinhos de nenê. Mas ficaremos impressionados com a rapidez com que se obtém essa elasticidade e flexibilidade de volta.
JM: Eu também queria abordar o potencial conflito percebido entre o que escrevi no passado e o que você está promovendo no seu novo livro, ‘Eat Wheat‘. Outro médico também escreveu alguns livros recentemente que ficaram bem conhecidos, ele é David Perlmutter. Escreveu ‘Grain Brain: The Surprising Truth sobre Wheat, Carbs e Sugar‘ e alguns outros livros depois deste. Na verdade, pode-se pensar que ele estaria em conflito com o que vens afirmando, mas ele, na verdade, te entrevistou recentemente e suspeito que acredita em muito do que estás afirmando em teu livro.
JD: É incrível. Fiquei muito feliz ao te ver mencioná-lo. David também é um velho amigo meu. Ele ficou encantado por ter este debate. Fiquei tão feliz por estares disposto a ver esse debate. Eu realmente sinto como essa questão de se comer ou não trigo ou grãos, realmente precisa ser debatida em fóruns abertos. As pessoas podem ouvir as posições científicas de ambos os lados, porque há ciência sugerindo que trigo integral, não refinado, como bastante benéfico. Mas há ciência que diz que pode ser arriscado e perigoso. Precisamos compreender melhor e mais este tema. A única maneira de fazer isso é com o diálogo.
David Perlmutter foi ótimo. Eu acho que ele estava totalmente convencido de que era uma ruptura no processo digestivo. Sua determinação foi: parar de comer trigo porque é difícil digerir. Já a minha conclusão foi: “certo. Então vamos consertar o sistema digestivo. Desta forma talvez possamos comer um trigo realmente bom e não tirar os grãos da nossa dieta”. Isso é exatamente o que estás dizendo. Penso que é muito bom vermos todos nós chegando no bojo da mesma filosofia. Durante 30 anos, tenho ajudado pessoas a reiniciarem a digestão de um patamar onde estavam impedidas tanto de comerem trigo como produtos lácteos. Mas retornamos a um ponto de voltarem a se alimentar de ambos estes produtos.
Eu sei que é muito possível as pessoas poderem fazer isso. Eu também sei quando elas concretizam isso, a capacidade de se desintoxicarem desse mundo louco em que vivemos. É significativamente primorosa. Nós não queremos continuar sem esta capacidade de desintoxicar nosso corpo naturalmente. Fazer uma desintoxicação também é um pedaço muito importante do quebra-cabeça. Temos um sistema natural de desintoxicação que precisamos otimizar de maneira regular. E isso vem com a retomada da força digestiva.
JM: Formidável. Tens mais algumas outras recomendações ou pontos que gostarias de acrescentar?
JD: A única outra coisa sobre a qual tocamos muito pouco foi com relação à “barriga de trigo”. Acredito que realmente deveria ser é: “barriga de açúcar”. Por causa desta perspectiva, a fundamentação científica usada para culpar o trigo pela doença de Alzheimer e pelo declínio cognitivo foi pelo fato de ter o trigo um alto índice glicêmico. No entanto, o trigo integral demonstrou em muitos estudos que reduzia o declínio cognitivo e protegia contra a doença de Alzheimer. Além disso, tem um índice glicêmico muito mais baixo. Eu acho que a maior coisa que poderíamos fazer além de nos livrarmos dos alimentos processados industrialmente é realmente, mas realmente, olharmos para a quantidade de açúcar que estamos ingerindo em nossa dieta. Se tirarmos o açúcar de nossa dieta será algo muito, mas muito, melhor de fazermos.
Temos só uma papila gustativa para o doce. No entanto, para o amargo, dispomos de 300. Viemos tentando descobrir todos os alimentos amargos e venenosos há milhões de anos, mas o doce sempre foi privilegiado. Nós não precisamos de mais papilas gustativas para isso. A partir do primeiro gosto do leite materno, contatamos que o doce é bom. Tem sido bom por milhões de anos. Ainda é bom. As pessoas são viciadas nesse paladar. Podemos quebrar esse vício, trazendo na verdade o corpo de volta ao equilíbrio.
Um dos antigos princípios dessa perspectiva é ter todos os seis paladares em cada refeição: doce, azedo, salgado, picante, amargo e adstringente. Cada um deles fornece um tipo diferente de sustentação emocional. Nós deixamos a refeição emocionalmente estáveis e equilibrados. Não ficaremos ainda desejando uma sobremesa porque tivemos na refeição algo que nos forneceu todos esses seis paladares e, assim nos alimentou emocionalmente de forma completa e balanceada. As refeições equilibradas são realmente importantes.
É aí que eu tenho um pequeno problema com a dieta Paleo, porque o antropólogo de Harvard irá dizer-nos que o habitante paleolítico não comeu apenas carne e vegetais. Eles definitivamente tinham grãos, tubérculos e carboidratos em sua dieta.
Também concordo contigo. Primeiro devemos reposicionar a queima de gordura como fonte primária de combustível, porque você não pode apenas comer um monte de alimentos gordurosos e depois comer um monte de carboidratos bons e saudáveis. Isso é muito caloria, muito combustível, e vamos armazenar esse combustível como gordura. Temos de redefinir a função primeiro e então voltarmos a ser equilibrados. Isso começa com a recomeço da força digestiva.
JM: Sim, de fato. O diabo está nos detalhes. Tens muitos detalhes em teu livro, incluindo um monte de informações muito específicas e os tipos de trigo para comprar e até onde comprá-los se decidirmos fazer o nosso próprio pão. Curiosamente, acabei de atualizar minha cozinha. Eu tenho agora um forno de convecção a vapor, que é o melhor caminho para assar pão. Ou seja, a melhor maneira de assar é com este tipo de forno.
JD: Vais começar a fazer pão?
JM: Na verdade eu tentei um pouco. Mas o problema com o trigo que recomendas é que cheguei num ponto em que eu estou queimando gordura por um ano. Recuperei essa habilidade. É apropriado para mim fazer isso, especialmente em momentos em que se está fazendo treinamento de força.
Mas o pão é tão denso e grosso. Agora estou no processo de tentar refinar a receita. Curiosamente também, o que mencionaste no livro, é que certos tipos de pão fermentado, quando se coloca para crescer, porque efetivamente não possuindo glúten, os microrganismos, muito semelhantes aos do iogurte, digerem todo o açúcar.
JD: É incrível, não é? Na verdade, entreguei um pouco do pão sem glúten a pessoas que são celíacas e não houve inflamação intestinal. De fato, estudos mostram que ele realmente reduz a inflamação significativamente. Há uma grande quantidade de informações sobre o trigo, sua maneira de digeri-lo bem como de comê-lo de uma forma antiga e tradicional, que perdemos. Se recuperarmos isso, poderemos recomeçar a metabolizar o pão novamente da maneira correta e não irmos tirando as coisas da nossa dieta como se fosse solução. Como sabes, essa não é uma solução. Isso é um alívio sintomático, uma maneira de se livrar dos sintomas, mas não resolve o problema.
JM: Bem. Obrigado por todo este teu tremendo trabalho. Eu recomendo comprar teu livro se o leitor estiver interessado em reintroduzir o trigo em sua dieta. Este livro dará as diretrizes detalhadas e específicas de como fazê-lo corretamente para que não piore sua saúde. Na verdade sua saúde será incrementada.
JD: Grato, Dr. Mercola. É um prazer reencontrar-te novamente.
JM: Ok.
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