‘Catástrofe’ ambiental na França…

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https://www.theguardian.com/world/2018/mar/21/catastrophe-as-frances-bird-population-collapses-due-to-pesticides

Populações de pássaros entram em colapso devido aos agrotóxicos

Pássaro França
 Vendas de agrotóxicos, na França, tiveram crescimento vertiginoso. Photograph: Alain Jocard/AFP/Getty Images


Dezenas de espécies têm tido seus números declinados, em alguns casos em 2/3. Causa: porque os insetos, sua fonte de alimento, desapareceram.

Populações de pássaros por todo o interior da França estão caindo em 1/3 na última década e meia, conforme dizem os pesquisadores.

Dezenas de espécies vêm mostrando que declinam em seus números, em alguns casos em dois terços, afirmam os cientistas em em dois estudos – um com abrangência nacional e outro cobrindo uma grande região agrícola da região central da França (France).

“A situação é catastrófica,” diz Benoit Fontaine, biólogo conservacionista do National Museum of Natural History da França e co-autor de um dos estudos.

“Nossa área rural está num processo de se tornar uma região verdadeiramente desértica” (nt.: lembra a pesquisa da bióloga Rachel Carson, que gerou seu livro ‘Primavera Silenciosa‘, em 1962) disse ele em um comunicado divulgado pelo Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS/Centre National de la Recherche Scientifique), que também contribuiu para os resultados.

Os pássaros ‘white troat' comum (nt.: Sylvia communis – Papa amora em português), ‘ortolan bunting' (nt.: Emberiza hortulana – Sombria em português), ‘eurasian skylark' (nt.: Alauda arvensis – Cotovia eurasiana em português) e outras espécies, outrora onipresentes, caíram em pelo menos um terço, de acordo com um censo anual detalhado iniciado no início do século.

Um pássaro canoro migratório, ‘meadow pipit' (nt.: Anthus pratensis – Petinha-de-prados em português), diminuiu em quase 70%

O museu descreveu o ritmo e a extensão do apagão como “um nível que se aproxima de uma catástrofe ecológica”.

O principal culpado, especulam os pesquisadores, é o uso intensivo de agrotóxicos em vastas extensões de monoculturas, especialmente trigo e milho.

O problema não é que as aves estejam sendo envenenadas, mas que os insetos, de que dependem para sua alimentação, desapareceram.

“Quase não há mais insetos, esse é o problema número um”, disse Vincent Bretagnolle, ecologista do CNRS no Centro de Pesquisas Biológicas, em Chizé, no sudoeste francês.

Pesquisas recentes, observou ele, revelaram tendências similares em toda a Europa (Europe), estimando que os insetos voadores declinaram em 80% e as populações de aves caíram mais de 400 milhões em 30 anos.

Apesar de um plano governamental de redução no uso de agrotóxicos ser pela metade até 2020, as vendas na França subiram constantemente, atingindo mais de 75.000 toneladas de ingrediente ativo em 2014 (nt.: no , em 2016, a estimativa era perto de 550 mil toneladas de ingrediente ativo. França=31 milhões de hectares de , Brasil=63 milhões), segundo dados da União Europeia.

“O que é realmente alarmante é que todas as aves em um ambiente agrícola estão declinando na mesma velocidade, até mesmo ‘aves generalistas'”, que também prosperam em outros ambientes, como áreas arborizadas, disse Bretagnolle.

“Isso mostra que a qualidade geral do ecossistema agrícola está se deteriorando”.

Os números da pesquisa nacional – que conta com uma rede de centenas de ornitólogos voluntários – indicam um aceleramento no ritmo de morte em 2016 e 2017.

Os geradores da queda nas populações de aves vão além do esgotamento de sua principal fonte de , disseram os cientistas.

encolhendo, a ausência da prática que já foi comum, de deixar os campos em pousio e, especialmente, ocorrer a expansão rápida das extensões de monoculturas, estão cada uma delas desempenhando um importante papel.

“Se a situação ainda não se tornou irreversível, todos que estão envolvidos no setor agrícola devem trabalhar juntos, para que se alterem suas práticas”, disse Fontaine.

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, maio de 2019.

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