“A Terra é viva, ela não pode ter dono. Você consegue finalmente ver?”

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Claudia Andujar E Davi Kopenawa Em Weimar Na Alemanha 1543682007874 V2 956x500

Davi Kopanawa e Cláuida Andujar, fotógrafa que desvelou os Yanomami para o mundo.

https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/a-terra-e-viva-ela-nao-pode-ter-dono-voce-consegue-finalmente-ver

terça-feira, 17 de Novembro de 2020

Campanha #ForaGarimpoForaCovid lança filme “A Mensagem do Xamã” para alertar que, sozinhos, os povos indígenas não podem impedir a destruição das , o surgimento de novas pandemias e o colapso climático que ameaçam a vida de todos nós

Os xamãs do povo Yanomami são os guerreiros do mundo espiritual. Eles fazem a conexão entre o mundo visível e o mundo invisível, atuando como escudos contra os poderes maléficos oriundos dos humanos e dos não-humanos que ameaçam a vida de suas comunidades. Os xamãs se dedicam a domar as entidades e as forças que movem o universo. Eles “seguram o céu”. Em tempo de , pandemia e grandes incêndios florestais, pode valer a pena ouvir o que eles têm a nos dizer.

O mais conhecido xamã e liderança yanomami, Davi Kopenawa, é autor do livro “A queda do Céu – palavras de um xamã yanomami” (Companhia das Letras, 2015) junto com o antropólogo francês Bruce Albert. Inspirado nestas palavras e ensinamentos, o Fórum de Lideranças Yanomami e Ye'kwana lança nesta terça-feira (17/11) o filme “A Mensagem do Xamã”. Com duração de pouco mais de 2 minutos e narrado em Yanomami por Dario Kopenawa, filho de Davi, a produção condensa o pensamento xamânico expresso em “A Queda do Céu” e busca alertar a população brasileira e mundial que, sozinhos, os povos indígenas não vão conseguir impedir a destruição das florestas, o surgimento de novas doenças e o colapso climático que ameaçam a vida de todos nós.

Davi Kopenawa diz que o filme traz “um pensamento claro que passa pela cabeça como um raio, como peixes subindo a cachoeira”. A grande liderança de seu povo conta que tem trabalhado com outros pajés para “segurar o céu”, mas que agora quem precisa fazer o trabalho são os governos, as grandes corporações e o “homem da mercadoria”. “Vocês brancos precisam pensar e ver como que essa pandemia aconteceu. Agora todo mundo tem medo dessa xawara [epidemia] nova, do coronavírus, mas por que não tem medo quando matam milhões de árvores e peixes, quando reviram a terra e espalham por todo canto?”, pergunta Kopenawa.

O filme “A Mensagem do Xamã” compõe a campanha #ForaGarimpoForaCovid, lançada em junho pelo Fórum de Lideranças da Terra Indígena Yanomami e que pede a retirada urgente dos milhares de garimpeiros ilegais que atuam dentro do território indígena, localizado entre os estados do Amazonas e de Roraima, na brasileira. Desde os anos 1980, os garimpeiros vêm destruindo a floresta e os rios da região e levando toda sorte de às comunidades, além de doenças que dizimaram aldeias inteiras. Agora, os invasores disseminam a Covid-19 entre os Yanomami.

Até o final de outubro, a Rede de pesquisadores Pro-Yanomami e Ye'kwana registrou um total de 23 mortos e mais de 1.200 indígenas contaminados pela Covid-19 na Terra Yanomami.

A campanha #ForaGarimpoForaCovid é uma iniciativa do Fórum de Lideranças Yanomami e Ye'kwana e da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Associação Wanasseduume Ye'kwana (SEDUUME), Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), Texoli Associação Ninam do Estado de Roraima (TANER), Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA), Associação Kurikama Yanomami (AKY) e Hwenama Associação dos Povos Yanomami de Roraima (HAPYR). A campanha conta com o apoio das seguintes organizações: Articulação dos Povos Indígenas do (APIB), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Instituto Socioambiental (ISA), Amazon Watch, Survival International, Greenpeace Brasil, Conectas , Anistia Internacional, Rede de Cooperação Amazônica (RCA), Instituto Igarapé, Rainforest Foundation Norway e Rainforest Foundation US.

Lançada em junho e destinada a autoridades do governo federal, a campanha conta com mais de 410 mil assinaturas. O objetivo é atingir 500 mil assinaturas e reforçar o pedido de socorro dos Yanomami e dos Ye'kwana, bem como de todos os povos indígenas que sofrem com a invasão de seus territórios, cultura e modo de vida.

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