A roda dos produtos de uso corriqueiros em nossas vidas infectados pelos ‘forever chemicals’.
https://www.nytimes.com/2023/02/22/climate/PFAS-forever-chemicals-wildlife-animals.html
22 de fevereiro de 2023
Um aviso aos caçadores em Oscoda, Michigan.Crédito…Drew YoungeDyke/National Wildlife Federation, via Associated Press
[NOTA DO WEBSITE: INCRÍVEL! O CARTAZ DIZ: “Não coma carne de veados dentro dessa área demarcada. Altos níveis de PFAS podem ser detectados em veados e podem trazer danos para sua saúde.” Simplesmente aterrador que até a vida selvagem não pode ser caçada por estar altamente contaminada com esses ‘químicos para sempre/forever chemicals’. E isso é gerado pela irresponsabilidade humana e principalmente dessa civilização autofágica, cínica e criminosa.]
Ursos polares no Ártico e plâncton no Pacífico. Cardeais em Atlanta e crocodilos na África do Sul.
Embora a preocupação com os compostos PFAS, também conhecidos como “produtos químicos eternos” porque se decompõem muito lentamente, tenha se concentrado principalmente nas pessoas, os poluentes também foram detectados na vida selvagem. Agora, uma revisão da pesquisa divulgada na quarta-feira pelo Environmental Working Group, uma organização sem fins lucrativos que se concentra na segurança ambiental, mostra que o PFAS aparece em centenas de espécies de animais selvagens em todo o mundo.
Nas pessoas, alguns desses produtos químicos estão ligados a cânceres, problemas de desenvolvimento, redução da função imunológica, interferência hormonal e aumento do colesterol. No ano passado, a Agência de Proteção Ambiental descobriu que praticamente não havia nível seguro em humanos para dois dos produtos químicos PFAS mais amplamente usados e propôs designá-los como perigosos.
Para ter uma noção da contaminação da vida selvagem, os pesquisadores do Environmental Working Group revisaram mais de cem estudos e criaram um mapa a partir de sua pesquisa.
“Pensamos, ‘Caramba, isso é chocante’”, disse David Andrews, um cientista sênior da organização que trabalhou na revisão, lembrando a surpresa de sua equipe com o grande número e disseminação de estudos documentando a contaminação.
Com muitas espécies selvagens de animais e plantas já cambaleando sob o agravamento da crise de biodiversidade causada pela perda de habitat, caça e pesca, mudanças climáticas e outras pressões, os cientistas dizem que estão cada vez mais preocupados com o fardo adicional da contaminação por PFAS.
“Esses produtos químicos provavelmente estão servindo como um estressor adicional”, disse o Dr. Andrews.
Os cientistas estão apenas começando a entender essa dinâmica. Um estudo descobriu que as concentrações de PFAS em tartarugas marinhas ameaçadas de extinção estão correlacionadas com a redução da capacidade de eclodir. Outros encontraram níveis em golfinhos que se comparam aos de trabalhadores que foram expostos ocupacionalmente.
A maioria dos americanos tem PFAS no sangue, de acordo com o governo federal. Os produtos químicos são encontrados em uma variedade de produtos de consumo, incluindo panelas antiaderentes, roupas impermeáveis e tecidos resistentes a manchas. Eles estão sendo eliminados das embalagens de alimentos (nt.: NÃO É O CASO DOS ALIMENTOS QUE SÃO CONGELADOS OU DISPOSTOS PARA ‘VIAGEM’ OU ‘DELIVERY’. Se observar que a parte interna da embalagem, seja de pizza ou de congelados, tem um brilho ou a gordura não é absorvida pelo papelão tem essas moléculas venenosas. EVITE-AS, principalmente para suas crianças).
Formalmente chamados de substâncias perfluoroalquil e polifluoroalquil, os produtos químicos são criados pela fusão de átomos de flúor e carbono para criar um composto que não existe naturalmente. Como muitos desses produtos químicos se decompõem muito lentamente, eles tendem a se acumular na cadeia alimentar.
Os fabricantes respondem que nem todos os compostos PFAS são iguais.
“Não é cientificamente preciso ou apropriado agrupar esta vasta família de substâncias sólidas, líquidas e gasosas em uma classe de tamanho único”, disse Tom Flanagin, porta-voz do Conselho Americano de Química.
A Agência de Proteção Ambiental diz que a pesquisa continua para entender melhor o dano potencial de todos os tipos de compostos PFAS.
Pesquisadores que trabalham no campo já sabiam que eles eram comuns na vida selvagem.
“Os PFAS estão em toda parte e na maioria dos animais pesquisados”, disse Rainer Lohmann, professor de oceanografia da Universidade de Rhode Island que se concentra na contaminação por PFAS e não esteve envolvido na revisão do Grupo de Trabalho Ambiental. “Mas coletar essas informações e reuni-las é um esforço enorme. E não tenho certeza se o público em geral está totalmente ciente de quão completamente esses produtos químicos penetraram no meio ambiente”.
Dr. Lohmann observou que as áreas no mapa que parecem ter menos contaminação – África, América do Sul e grande parte da Ásia – provavelmente só aparecem assim por causa da falta de estudos realizados nesses lugares.
O mapa da contaminação global por PFAS seria ainda mais dramático e revelador, disse ele, se incluísse plantas e algas.
Catrin Einhorn relata sobre biodiversidade para a mesa de Clima e Meio Ambiente. Ela também trabalhou na mesa de Investigações, onde fez parte da equipe do Times que recebeu o Prêmio Pulitzer de Serviço Público de 2018 por suas reportagens sobre assédio sexual.@catrineinhorn.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, fevereiro de 2023.