100% dos vinhos da Califórnia envenenados

100% dos vinhos da Califórnia envenenados. O agente do agrotóxico ‘Roundup’ da Monsanto é detectado em todos os vinhos deste estado.

 

http://www.healthy-holistic-living.com/roundups-toxic-chemical-glyphosate-found-100-california-wines-tested.html

 

wine

 

O emprego do glifosato está fora de controle parecendo que já tem até vida própria. E agora aparece mesmo em produções de alimentos que não aplicaram diretamente este , notadamente as uvas empregadas para se fazer vinho orgânico.

O glifosato, ingrediente ativo do herbicida da Monsanto ‘Roundup‘, é o agrotóxico mais usado na história da . Este princípio ativo faz parte de uma série de diferente produtos/herbicidas comerciais (700 marcas de venenos no total), mas o ‘Roundup‘ é de longe o mais amplamente usado.

Desde que o glifosato foi introduzido em 1974, 1.8 milhões de toneladas foram aplicados nos campos norte americanos. Dois terços deste volume foi aspergido nos últimos 10 anos.

Análise recente mostrou que os produtores espalharam glifosato suficiente, em 2014, que conseguiram aplicar quase meio quilo (nt.: a quantidade do princípio ativo – glifosato – no produto comercial – Roundup – fica em torno de 500 a 400 gramas) do  princípio ativo por cada hectare  de área agrícola cultivada nos EUA e perto de 300 gramas de glifosato em todas as áreas cultivadas no mundo. [1]

Se formos comprar alimentos ou bebidas orgânicas, estaríamos, teoricamente, seguros da ausência de exposição ao glifosato, já que este veneno não é permitido em agricultura orgânica. No entanto, num nova análise revela glifosato tem agora se infiltrado não só na produção convencional de vinhos, mas também nos orgânicos.

10/10 vinhos analisados Continham Glifosato

Um apoiador anônimo do grupo de defesa da cidadania Moms Across America, enviou 10 amostras de vinho para serem analisados quanto à presença de glifosato. Todas as amostras testadas foram positivas quanto a ele — mesmo os vinhos orgânicos, mesmo que seus níveis fossem significativamente menores. [2]

O nível mais alto detectado foi de 18,74 partes por bilhão (ppb), encontrado em 2013 no vinho Cabernet Sauvignon de uma vinícola convencional. Este nível foi mais 28 vezes maior do que outras amostras.

O mais baixo foi de 0,659 ppb, detectado em um vinho Syrah de 2013, produzido por uma vinícola biodinâmica e orgânica. Outro vinho orgânico feito da safra de 2012 numa mistura de uvas rosé também deu positivo para glifosato com 0,913 ppb.

Como pode o glifosato terminar no vinho?

Já que o glifosato não pode ser aspergido diretamente sobre as uvas nas parreiras (ele iria matar os vinhos – pela presença de microrganismos na fermentação da uva), ele é muitas vezes usado no solo ou entre as fileiras dos vinhedos. A organização Moms Across America relatou: [3]

“Isso resulta  da aplicação de Roundup no solo na linha de 1,5 a 2 metros entre as videiras. De acordo com o Dr. Don Huber em uma conferência agrícola no Acres USA  em dezembro de 2011, os troncos da videiras são inevitavelmente atingidos pela aspersão neste processo, e o Roundup é provavelmente absorvido através das raízes e pela casca das plantas de onde é translocado para as folhas e as uvas.”

Quanto à forma de como os vinhos orgânicos ficaram contaminados, é possível que o glifosato tenha vindo por deriva para os parreirais orgânicos e biodinâmicos, de cultivos convencionais que estariam nas proximidades.

Também pode ser possível que a contaminação seja resultado do glifosato que possa estar sido retido nos solos depois da conversão de cultivo convencional para orgânico; assim o veneno poderia ter permanecido nos solos por mais de 20 anos. [4]

Glifosato Detectado em 14 cervejas alemãs

Uma pesquisa sobe resíduos de glifosato feito pelo Munich Environmental Institute também detectou este herbicida em 14  cervejas alemãs mas vendidas. [5] Todas que foram testadas tinham níveis deste herbicida acima do limite permitido de 0,1 micrograma em água potável.

A variação dos níveis foi do mais alto, 29,74 microgramas por litro detectado na cerveja denominada Hasseroeder,  ao mais baixo com 0,46 microgramas por litro, na cerveja da marca Augustiner. [6] Mesmo que não tenha havido ainda análises conduzidas sobre as cervejas norte americanas, é bem possível que também estejam contaminadas com este herbicida.

De fato, as análises laboratoriais encomendadas pela Moms Across America  e pela Sustainable Pulse revelaram que o glifosato está agora presente em todos os lugares, incluindo em amostras de sangue e urina, leite materno, água potável e muitos outros locais. [7]

A descoberta sobre as cervejas pode ser um golpe para a indústria alemãs de cervejas, em particular. O país é o maior produtor europeu e tem um grande orgulho a respeito de seu processo cervejeiro produzir somente a mais pura.

Das Reinheitsgebot” é a lei da pureza e autenticidade do alimento alemão. É uma das leis mais antigas sobre segurança alimentar e limita os ingredientes na cerveja a serem somente: água, cevada e lúpulo (posteriormente também foi aprovado o fermento).

Agora as substâncias químicas da Monsanto estão ameaçando esta tradição alemã e sua reputação quanto à pureza da produção de cerveja. Como noticiou The Local (nt.: periódico em inglês publicado na Alemanha): [8]

“‘Em contraste com nossos colegas estrangeiros, as cervejarias alemãs não utilizam saborizantes/flavorizantes artificiais, enzimas ou conservantes,’ disse Hans-Georg Eils, presidente da German Brewers’ Federation, na feira agrícola Green Week em Berlin.

‘As cervejas do sistema ‘ keep-it-simple‘ na verdade seguem a tendência do alimento orgânico e saudável ,’ acrescenta Frank-Juergen Methner, um especialista do National Food Institute da Universidade Técnica da Berlin.

‘Nestes tempos de nutrição saudável, a demanda por cervejas que sejam produzidas conforme a Reinheitsgebot está em alta,’ diz ele.”

O Glifosato pode Causar Câncer e Outras preocupações de saúde

Muitos estão inconscientes do fato de que o glifosato está patenteado como um antibiótico. Foi desenvolvido para matar bactérias, que é uma das vias primárias que danificam tanto os solos como a saúde humana. Pesquisa recente concluiu que o Roundup (e outros agrotóxicos) promovem a resistência a antibióticos.

O cientista Anthony Samsel, Ph.D. (nt.: a autora deste site Healthy Holistic Living fez uma entrevista com ele) foi a pessoa que simplesmente destruiu as patentes do glifosato ao mostrar que ele é tanto um biocida como um antibiótico (nt.: ver sua epopeia no link – https://nossofuturoroubado.com.br/os-perigos-do-glifosato/). Uma pesquisa em aves detectou que este veneno destrói as bactérias benéficas do intestino e promove a propagação das bactérias patogênicas. [9]

Samsel também relatou que a exposição oral crônica a baixas doses ao glifosato gera desequilíbrio na flora microbiana do intestino, levando a uma super representação de patógenos, a um estado de inflamação crônica nos intestinos além de prejudicar a barreira intestinal.

A pesquisa de Samsel também revelou que a Monsanto sabia desde 1981 que este princípio ativo – glifosato – causava adenomas e carcinomas em ratos.

pesquisa da própria Monsanto dá sustentação para a determinação da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (International Agency for Research on Cancer/IARC da ONU) de que o glifosato é tido como substância química tipo Classe 2A, ou seja, “provavelmente carcinogênico humano” — uma constatação que a Monsanto tenta agora se retratar. Outra pesquisa mostra que este princípio ativo pode:

  • Estimular o crescimento de células de câncer mamário humano [10]
  • Ter efeitos de um disruptor endócrino (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/a-lista-suja-dos-doze-piores-disruptores-endocrinos/), afetando o sistema reprodutivo humano e o desenvolvimento fetal [11]
  • Induzir a danos oxidativos e neurotoxicidade ao cérebro [12]
  • Modifica o equilíbrio dos hormônios sexuais [13]
  • Causa defeitos de nascimento [14].

o Glifosato pode mesmo se tornar mais Tóxico Devido aos Surfactantes

A maioria das pesquisas que visam a toxicidade do glifosato tem estudado somente o “princípio ativo” – o próprio glifosato – e seu metabólito (no que se transforma), o ácido aminometilfosfônico/AMPA. No entanto, a presença dos assim chamados compostos inativos no produto comercial – herbicida – podem amplificar os efeitos tóxicos do glifosato.

Uma pesquisa feita em 2012 revelou que ingredientes inertes como os solventes, conservantes, surfactantes (nt.: é o mesmo que sabão quando natural ou tensoativo, normalmente quando artificial) e outras substâncias adicionadas são qualquer coisa, menos “inativas”. Elas podem, e muitas vezes contribuirem para a toxicidade do produto comercial de uma forma sinergética — mesmo se  isoladamente não sejam tóxicos.

Certos adjuvantes (nt.: substância que tem  função de colaborar com a ação do princípio ativo) em herbicidas à base de glifosato são também detectados serem “princípios ativos com toxicidade às células humanas”, adicionando mais perigos aos inerentes do próprio glifosato.

Vale a pena observar que, de acordo com os pesquisadores, este dano e/ou morte celular pode ocorrer nos níveis residuais detectados em culturas tratadas com o herbicida comercial ‘Roundup‘, como também em gramados e jardins onde este herbicida foi aplicado para controle de ervas nativas. [15] Como está manifestado no periódico International Journal of Environmental Research and Public Health: [16]

“As formulações dos agrotóxicos contêm ingredientes ativos e co-formulados presentes como inertes e compostos confidenciais. Testamos como disruptores endócrinos co-formulados de seis herbicidas à base de glifosato  … Todos os co-formulados e as formulações foram comparativamente citotóxicos [tóxico para as células vivas] bem abaixo da diluição agrícola de 1%  (18 a  2.000 vezes para co-formulados e de 8 a 141 vezes para as formulações).

… Isso demonstrou pela primeira vez que serem os seis herbicidas disruptores endócrinos pode não ser somente devido ao princípio ativo declarado, mas também aos co-formulados.

Estas respostas podem explicar numerosos resultados in vivo com estes herbicidas não vistos com o glifosato sozinho; além disso, eles desafiam a relevância da ingestão diária aceitável/IDA (nt.: em inglês acceptable daily intake/ADI) válida para exposições de herbicidas, atualmente calculada dos testes de toxicidade do princípio ativo declarado sozinho.”

como evitar o Glifosato no nosso alimento

Nossa melhor ação para minimizar os riscos sobre a saúde à exposição tanto a herbicidas como a outros agrotóxicos é evitá-los em primeiro lugar comendo alimentos orgânicos tanto quanto possível. A seguir investir num bom sistema de filtração das águas de uso comum (investing in a good water filtration system ) para nossa casa ou apartamento. Quando soubermos que fomos expostos tanto a um como ao outro, as bactérias do ácido láctico formado durante a fermentação do kimchi  (fermentation of kimchi) (nt.: receita do prato coreano – http://www.tudogostoso.com.br/receita/94153-kimchi-prato-tipico-coreano.html) podem auxiliar-nos a degradá-los.

Assim, incluindo alimentos fermentados como o kimchi em nossa dieta poderemos ter também uma sábia estratégia para auxiliar nosso organismo a desintoxicar destes venenos quando entram em nosso corpo. Um dos benefícios de comer orgânicos é que os alimentos são livres de e esta é uma atitude chave para evitar a exposição ao glifosato.

Comer alimentos orgânicos produzidos localmente não só trará saúde para toda nossa família, mas também será uma ação de proteção ambiental dos poluentes químicos danosos, das sementes geneticamente modificadas inadvertidamente espalhadas além das ervas nativas e insetos que tenham se tornado resistentes a estas substâncias químicas.

Fontes:

 

[1]  Benbrook, C. M. (2016, February 02). Trends in glyphosate herbicide use in the United States and globally. Retrieved from http://enveurope.springeropen.com/articles/10.1186/s12302-016-0070-0

[2, 3, 4] Honeycutt, Z. (2016, March 24). Widespread Contamination of Glyphosate Weedkiller in California Wine. Retrieved from https://d3n8a8pro7vhmx.cloudfront.net/yesmaam/pages/680/attachments/original/1458848651/3-24-16_GlyphosateContaminationinWineReport_(1).pdf?1458848651

[5] Martin, A., & Mulvany, L. (2016, March 10). Monsanto’s Roundup Could Get Whacked by European Regulators. Retrieved from http://www.bloomberg.com/news/articles/2016-03-10/monsanto-s-roundup-could-get-whacked-by-european-regulators

[6] Copley, C. (2016, February 25). German beer purity in question after environment group finds weed-killer traces. Retrieved from http://www.reuters.com/article/us-germany-beer-idUSKCN0VY222

[7] The Detox Project. (n.d.). Glyphosate is everywhere. Retrieved from http://detoxproject.org/glyphosate/glyphosate-is-everywhere/

[8] The Local. (2016, January 21). German brewers cheer 500th birthday of beer purity law. Retrieved from http://www.thelocal.de/20160121/german-brewers-cheer-500th-birthday-of-beer-purity-law

[9] Shehata, A. A., Schrödl, W., Aldin, A. A., Hafez, H. M., & Krüger, M. (2013, April). The effect of glyphosate on potential pathogens and beneficial members of poultry microbiota in vitro. Retrieved from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23224412

[10] Thongprakaisang, S., Thiantanawat, A., Rangkadilok, N., Suriyo, T., & Satayavivad, J. (2013, September). Retrieved from http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0278691513003633

[11] Benachour, N., Sipahutar, H., Moslemi, S., Gasnier, C., Travert, C., & Séralini, G. E. (2007, July). Time- and dose-dependent effects of roundup on human embryonic and placental cells. Retrieved from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17486286

[12] Cattani, D., De, V. L., Heinz, C. E., Domingues, J. T., Dal-Cim, T., Tasca, C. I., . . . Zamoner, A. (2014, June 05). Mechanisms underlying the neurotoxicity induced by glyphosate-based herbicide in immature rat hippocampus: Involvement of glutamate excitotoxicity. Retrieved from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24636977

[13] Séralini, G., Clair, E., Mesnage, R., Gress, S., Defarge, N., Malatesta, M., . . . Vendômois, J. S. (2014, June 24). Republished study: Long-term toxicity of a Roundup herbicide and a Roundup-tolerantgenetically modified maize. Retrieved from http://enveurope.springeropen.com/articles/10.1186/s12302-014-0014-5

[14] Krüger, M., W., S., Pedersen, I., & Shehata, A. A. (2012, December 19). Detection of Glyphosate in Malformed Piglets. Retrieved from http://www.omicsonline.org/open-access/detection-of-glyphosate-in-malformed-piglets-2161-0525.1000230.php?aid=27562

[15] Mesnage, R., Bernay, B., & Séralini, G. E. (2013, November 16). Ethoxylated adjuvants of glyphosate-based herbicides are active principles of human cell toxicity. Retrieved from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23000283

[16] Defarge, N., Takács, E., Lozano, V. L., Mesnage, R., Vendômois, J. S., Séralini, G., & Székács, A. (2016, February 26). Co-Formulants in Glyphosate-Based Herbicides Disrupt Aromatase Activity in Human Cells below Toxic Levels. Retrieved from http://www.mdpi.com/1660-4601/13/3/264

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, junho de 2017.