Teflon, DuPont, A Mestre do Engodo

Teflon, DuPont, A Mestre do Engodo.

 

http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2015/10/21/pfoa-dupont-non-stick-cookware.aspx

 

By Dr. Mercola

Resumo da História

  • Teflon, DuPont, A Mestre do Engodo. A substância química PFOA (nt.: ácido perfluorooctanóico e em inglês PerFluoroOctanoic Acid) também conhecido como C8, foi durante décadas um ingrediente essencial para utensílios de cozinha antiaderentes da DuPont, usado para fazer o Teflon. Também utilizado em centenas de outros produtos resistentes a manchas e antiaderentes (nt.: como sacos de pipoca de micro-ondas, lubrificantes, ceras, revestimentos de papel e embalagens de alimentos do tipo caixa de de papelão com revestimento interno);
  • Esta molécula de PFOA agora é tema de cerca de 3.500 processos por lesões contra a DuPont, incluindo 37 considerados como homicídio culposo;
  • O primeiro caso apresentado já resultou em condenação; a DuPont foi obrigada a pagar $1.6 milhões de dólares por danos a uma mulher que desenvolveu câncer por contato com água tratada contaminada com PFOA.

 

 

Teflon, DuPont, A Mestre do Engodo. Estratégias de relações públicas enganosas e manipuladoras são o foco padrão da indústria química.

Poderíamos imaginar que as empresas químicas se esforçam em criar produtos químicos que são o menos danosos possíveis e forneçam instruções de segurança restritas ao seu uso quando não forem seguros. No entanto, a história tem demostrado ser bem outra.

Contrariamente, a indústria tem apresentado seus produtos químicos como inofensivos ainda que estejam muito conscientes de seus riscos.

E o que é pior: o dia a dia vem demonstrado que as empresas, repetidas vezes, estão mentido aos funcionários públicos, responsáveis pela regulamentação destes produtos, tanto federais como estaduais, além de seus consumidores e até mesmo de seus próprios empregados, quanto à toxicidade de diversos de seus produtos químicos.

Também estão ignorando deliberadamente os problemas de contaminação causados por suas atividades fabris.

Um exemplo clássico disso é o recente artigo que publiquei sobre o uso de chumbo pela indústria da gasolina que lançou milhões de toneladas desta substância química no ambiente, durante mais de 80 anos.

A DuPont é uma destas empresas.

Recentemente constatou-se grande quantidade de mídia negativa como consequência das milhares de demandas por lesões pessoais no que o  “The Intercept”1, 6, 7, 14 (nt.:  uma publicação on-line, lançada em fevereiro 2014, para servir como uma plataforma para informar sobre os documentos divulgados por Edward Snowden, no curto prazo, bem como “produzir jornalismo destemido e contraditório em uma ampla gama de questões”, no longo prazo), chama de uma “batalha legal épica” contra esta empresa–uma batalha que estava meio escondida, nos últimos 15 anos, por pouca cobertura dos meios de comunicação.

The Washington Works DuPont plant in Parkersburg, WV on Wednesday, August 5, 2015.

The Washington Works DuPont plant in Parkersburg, West Virginia, on Wednesday, August 5, 2015. Photo: Maddie McGarvey for The Intercept/Investigative Fund

De acordo com o ‘The Intercept‘:

“As preocupações sobre a segurança do Teflon, C8 e outras substâncias químicas perfluoradas de cadeia longa chamou a atenção do público pela primeira vez faz mais de uma década, mas a longa história de implicação da DuPont quanto ao C8 nunca se soube em sua totalidade… (nt.: ressalvas da tradução)

Uma longa lista de documentos resultou no esclarecimento de muitas coisas a respeito do C8, da DuPont e das ações intermitentes da Agência de Proteção Ambiental (nt.: EPA) de como abordar as ameaças à .

Esta história se baseia em muitos destes documentos que, até o momento em que se evidenciaram por estas pesquisas, haviam ficado escondidos nos arquivos da DuPont.

Entre eles encontram-se os textos dos experimentos em ratos, cachorros e coelhos, demonstrando que o C8 esteve relacionado a uma ampla gama de problemas de saúde que, às vezes, até mataram os animais de laboratório”.

O Legado Tóxico da DuPont: O PFOA

O ácido perfluorooctanóico (PFOA, também conhecido como C8) (perfluorooctanoic acid), foi durante décadas um componente essencial para os utensílios de cozinha antiaderentes da DuPont.

O químico também é utilizado em centenas de outros produtos antiaderentes e resistentes a manchas, desde embalagens de pipocas de microondas, envoltórios de comida rápida como pizzas, até roupas impermeáveis bem como em tratamentos para móveis e tapetes repelentes de terra.

Também se encontra em substâncias químicas retardadores de chama (flame retardant chemicals) e como consequência em produtos de consumo tratados com retardadores de chama, que vão desde artigos para crianças como carrinhos de nenê até móveis e eletrônicos.

PFOA é uma substância química fluorada — são os átomos de flúor que proporcionam essa característica ‘escorregadia’ da antiaderência. A primeira vez que soube dos perigos dos recobrimentos antiaderentes impregnados com flúor foi em 2001 e desde então venho advertindo sobre o uso deste tipo de produtos.

De acordo com o “Quarto Informe Nacional sobre a Exposição Humana aos Químicos Ambientais”,2 publicado em 2009 pelos CDCs (nt.: equivalente ao Ministério da Saúde no Brasil), detectaram 12 diferentes compostos perfluorados (PFCs) nas pessoas incluindo o PFOA.

De acordo com a Agência para Substâncias Tóxicas e Registro de Enfermidades (ATSDR por sua sigla em inglês):3

“Uma vez no seu corpo, os perfluoralquil tendem a permanecer sem alterações durante longos períodos de tempo. Os perfluoroalquil mais utilizados (PFOA e PFOS) permanecem no corpo durante muitos anos. Seu corpo demora aproximadamente quatro anos para baixar o nível à metade, mesmo que já não o consuma mais”.

Mesmo que haja uma incrível variedades de nomes químicos neste grupo de produtos químicos, se um produto é antiaderente, impermeável ou resistente a manchas, terá algum tipo de recobrimento impregnado com flúor, o que o faz ser ‘escorregadio’, podendo-se supor que já será problemático.

Documentos Internos Sugerem que a DuPont Ocultou Danos Causados pelo PFOA

O PFOA agora é o foco de mais de 3.500 demandas por lesões pessoais contra a DuPont, incluindo 37 por homicídio culposo.

Este processo legal descobriu centenas de documentos internos da empresa que revelam que a DuPont sabia do perigo deste químico para o público e os empregados, provavelmente já pelo ano de 1961. Entretanto, continuou utilizando-o sem advertir seus riscos.

De fato, faz 10 anos, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) multou a DuPont em $16,5 milhões de dólares por reter durante décadas, valiosa informação sobre os riscos para a saúde relacionados ao PFOA. Nesse momento, esta multa foi a maior que a EPA havia emitido, contudo foi excessivamente pequena para ter um efeito dissuasório.

Como se indicou no informe 4 do Grupo de Trabalho Ambiental/EWG intitulado “Poisoned Legacy” :

” A DuPont durante muito tempo já sabia que o PFOA causa câncer e envenena a água potável no Vale do Rio do Meio-Ohio, além de ser um contaminante do sangre das pessoas e dos animais de todo o mundo. No entanto, nunca informou estes fatos aos seus trabalhadores, funcionários, residentes locais e aos reguladores estatais, nem mesma à EPA”.

Em 2005, um painel com três pesquisadores foi constituído como parte de um acordo para determinar os efeitos do químico nas pessoas. Depois de sete anos de investigação, os resultados foram detalhados em mais de três dezenas de artigos revisados por pares 5. O Painel Científico C8 vinculou o PFOA a:

  • Colite ulcerosa
  • Colesterol alto
  • Hipertensão induzida pela gravidez
  • Enfermidade da tiroide (Thyroid disease)
  • Câncer de rins e testicular.

Seus efeitos sobre a saúde foram considerados generalizados e se produziram inclusive em níveis muito baixos de exposição. De acordo com o ‘The Intercept‘, a DuPont tinha, sem dúvida, conhecimento de muitos destes riscos e manteve em segredo este informação, até de seus próprios trabalhadores. Eles, pelo ofício, entraram em contato direto e prolongado com este produto químico.

Documentos confidenciais de 1980 mostram que a companhia sabia que a dose oral letal do C8 em macacos ‘rhesus’ era 28 gramas por 68 quilos (nt.: no original – one ounce per 150 pounds). As provas também demonstraram que o químico era mais tóxico ao ser inalado, mesmo que os risco para os trabalhadores tenha se considerado inconclusivo.

A Contaminação por PFOA Poderá Ser Permanente

A explanação destes fatos em uma reportagem feita em três partes pelo ‘The Intercept‘ 6, intitulada: The Teflon Toxin: Dupont and the Chemistry of Deception” (A Toxicidade do Teflon: A Dupont e a Química do Engodo), detalha a longa e extensa história de enganação feita pela DuPont assinalando que:

“Outra revelação sobre o C8 que torna tudo isso mais inquietante, dando margem a futuros ensaios… sua significância mundial: este químico mortal que a DuPont continuou usando, bem depois de saber que estava vinculado a problemas de saúde, está agora praticamente em todos os lugares do planeta.

Um composto artificial que não existia há um século, o C8, está presente no sangre de uns 99,7% das pessoas. De acordo com uma análise de dados dos CDCs, de 2007, também está presente nos bebês recém nascidos, no leite materno e no sangue do cordão umbilical.

Um grupo crescente de pesquisadores esteve monitorando a propagação do químico através do meio ambiente, documentando sua presença na vida silvestre, incluindo tartarugas cabeçudas, golfinhos nariz-de-garrafa, focas, ursos polares, caribus, morsas, águias carecas, leões, tigres e aves árticas.

Mesmo que a DuPont nunca mais utilize o C8, eliminar completamente este químico de todos os corpos d’água e da corrente sanguínea de todos os seres que contaminou, agora é, definitivamente, impossível.

E em função de ser quimicamente tão estável — de fato, os pesquisadores reconhecem que ele nunca se degradará — a expectativa é que o C8 permanecerá em nosso planeta muito depois que os seres humanos venham a desaparecer da face da Terra”.

Segundo o artigo, se a DuPont e as outras sete companhias químicas (incluindo a 3M), responsáveis pela contaminação mundial de C8/PFOA, forem obrigadas, efetivamente, a limparem sua desordem, os custos seriam “astronômicos”.

O PFOA Alcunhado como o “Tabaco da Indústria Química”

Igualmente como foi com o tabaco, o litígio contra o C8 pode mudar, para sempre, a maneira de como as pessoas vêm estes produtos químicos. De fato, o PFOA está sendo chamado de “tabaco da indústria química” em razão do acobertamento corporativo, durante décadas, de seus efeitos sobre a saúde, pelas demandas judiciais e pela dificuldade que é responsabilizar estas empresas por produzirem produtos que causam enfermidades e lesões, mesmo depois que esta evidência seja clara e indiscutível.

No caso da DuPont, tinham a evidência dos danos aos animais — desde sua toxicidade ao fígado e o dano renal, levando até à morte — e, por décadas. No entanto, a empresa não informou aos reguladores sobre nenhum problema destas substâncias.

A seguir veio a situação das trabalhadoras da empresa. Algumas delas tiveram bebês com defeitos de nascimento depois de trabalharem na divisão de fabricação da substância PFOA, na companhia. A DuPont sabia dos problemas e estava monitorando os efeitos na saúde de suas trabalhadoras, mas de novo não informou aos reguladores sobre seus achados. Pior ainda, quando a 3M apresentou uma pesquisa problemática em ratas à EPA, sugerindo danos, a DuPont ignorou estes resultados e disse à EPA que acreditava ser falha esta pesquisa.

Conhecendo os Riscos, a DuPont Não Fez Nada para Frear as Emissões Aéreas

Espectadores sensíveis cuidado! Este vídeo contém imagens de animais doentes e mortas..

Embora continuasse estudando os efeitos do químico em seus trabalhadores, a DuPont também estava monitorando a propagação do químico nos mananciais hídricos no entorno da fábrica, assim como suas emissões aéreas expelidas de suas chaminés. A empresa sabia que o químico estava se espalhando amplamente pelo ambiente e por isso convoca uma junta de especialistas para tratar do tema. Mesmo assim, não chegaram a nenhum acordo. Conforme o ‘The Intercept‘: 7

“… A partir deste momento, a DuPont incrementou não só a continuação do uso dos produto, mas as emissões do químico… em 1984, ano da junta, a fábrica emitiu algo mais do que 8 toneladas de C8 na atmosfera. Para 1999, que foi o ano que mais emissões foram emitidas, a planta fabril de West Virginia emitiu mais de 39 toneladas de C8 tanto na atmosfera como nos mananciais d’água de seu entorno. Neste mesmo ano, a companhia lançou mais de 11 toneladas do químico tanto no ar como na água das redondezas de sua indústria em New Jersey

Essencialmente, a DuPont decidiu duplicar a quantidade de C8, apostando de que, a qualquer momento, a empresa poderia,  de alguma maneira, “eliminar todas as emissões de C8 numa forma ainda desconhecida, desde que não penalizasse economicamente a indústria…

 Os executivos, embora tivessem conhecimento de uma provável futura responsabilização, não atuaram com grande urgência quanto à possível situação legal que enfrentavam. Se houvessem decidido diminuir as emissões ou paralisassem por completo o uso desta substância química, não haveria maneira de corrigir os danos que já haviam feito por anos a fio. Como indica o relatório da junta: “Já somos responsáveis pela  operação dos últimos 32 anos”

A DuPont Foi Considerada Culpada pelo Caso de Câncer em Ohio

Desde o meio dos anos 60, os resíduos de Teflon foram despejados rotineiramente nos esgotos. No passado, a DuPont também se desfez do químico perigoso, descartando barris cheios destes resíduos, nos oceanos — na realidade, isso era considerado legal nestes tempos. Além disso, unos 200 tambores de C8 também foram descartados perto da planta industrial nas margens do rio Ohio.

Este último aspecto foi o que resultou em uns 3.500 processos judiciais apresentadas contra a DuPont. O primeiro caso que chegou em juízo foi o de uma mulher de Ohio, chamada Carla Bartlett, que demonstrou que a água da torneira contaminada com C8 fez com que se desenvolvesse nela, câncer de rim.8 O caso passou em juízo em setembro último (nt.: de 2015).

Como reportou a agência de notícias Bloomberg:9

“A DuPont orientava a seus empregados que utilizassem máscaras de gás e luvas no momento que fossem trabalhar com o C-8. No entanto, ‘ninguém disse à senhora Bartlett que pusesse luvas e máscara de gás, antes de tomar seu banho’, disse ao jurado, Mike Papantonio, advogado da Sra. Bartlett, na sala do tribunal de Columbus, Ohio, no início de suas poderações…

Os danos seriam suportados pela corporação Chemours, uma indústria que surgiu em 1 de julho último, e que assumiu os negócios do Teflon e que havia concordado assumir muitas das obrigações legais da DuPont. Com base nas liquidações passadas por lesões pessoais e homicídio culposo, essa ação poderá ser de uns $ 498 milhões de dólares… Qualquer coisa além dos $ 500 milhões que levará a Chemours à falência… “

No dia 7 de outubro de 2015, a DuPont/Chemours foi declarada neste caso, culpada por negligência.10 Depois de menos de um dia de julgamento, o jurado concedeu à Sra. Bartlett um total de $1,6 milhões de dólares pelos danos: sendo $ 1,1 milhões por negligência e outros $ 500.000 pela angústia emocional. O veredito é uma mostra do que espera a DuPont já que os 3.500 casos pendentes estão avançando. Como reportou o ‘The Intercept‘:11

“A apresentação de documentos históricos (historical documentsfoi intencionada para ser o convencimento do jurado de que a empresa atuou com irresponsabilidade… Os advogados de Bartlett criaram um cronograma, que começa na década de 50 quando a DuPont soube, pela primeira vez, da possível toxicidade desta substância química.

Em 1966, alguns empregados da DuPont se deram conta de que o C8 se filtrava nas águas subterrâneas. Em 1980, depois que a companhia ordenou a realização de testes regulares em seus próprios empregados, fez com a DuPont tivesse provas de que o C8 estava presente no sangue dos trabalhadores — e dentro de dois anos já havia provas de que a contaminação persistia nos tecidos humanos.

Em 1984, segundo o testemunho, as mesmas provas da DuPont estabeleciam que  o C8 havia se infiltrado na água tratada local. Em 1989, a DuPont sabia que o C8 causava tumores testiculares em ratos — tendo inclusive classificado o C8 como um possível carcinogênico. Mas em lugar de reportar estes acontecimentos, Mike Papantonio informou ao jurado que: “Durante, pelo menos 16 anos, a DuPont escondeu do público esta informação.”

O PFOA É Perigoso em Níveis 1.300 Vezes Menor do que os Níveis Reconhecidos pela EPA

A ONG de Washington, Grupo de Trabalho Ambiental/EWG, recentemente publicou um relatório 12 sobre o Teflon, sugerindo que o PFOA na água tratada pode ser una ameaça significativa não só em Ohio como também em muitas outras áreas. Ao menos seis milhões de pessoas, em 27 estados de Estados Unidos, poderiam estar expostos a níveis potencialmente perigosos de PFOA no meio ambiente.

O EWG também destaca recente pesquisa que mostra que o PFOA é perigoso em níveis de 1.300 vezes menores do que os níveis previamente reconhecidos pela EPA. Segundo o informe:

“…Dois especialistas, líderes em saúde ambiental, publicaram pesquisa com implicações alarmantes: a contaminação de PFOA em água tratada é uma ameaça muito mais grave para a saúde, tanto no Vale do Meio-Ohio como em todo o país, do que anteriormente se pensava.

Sua pesquisa mostra que inclusive concentrações muito pequenas de PFOA — bem abaixo do limite requerido pela EPA para o suprimento público de água — são prejudiciais. Isto significa que a dose aceitável da EPA para a saúde é centenas ou milhares de vezes mais frágil para proteger plenamente a saúde humana, com uma margem adequada de segurança”.

Quatro Trabalhadores Morreram na Indústria da DuPont

Um acidente fatal numa planta fabril de inseticida da DuPont no Texas cobrou a vida de quatro empregados também está criando perguntas importantes de segurança. Como reportado pelo Chemical and Engineering News 13 em 5 de outubro passado, o Conselho de Segurança Química está solicitando uma revisão de uma metodologia “inerentemente mais segura em seus processos que utilizam produtos químicos tóxicos.” De acordo com o reporte:

“Uma torrente de erros de processo e garantias inadequadas provocou a morte de quatro trabalhadores em uma planta fabril de inseticida da DuPont em La Porte, Texas, disse um informe sobre o acidente temporal do Conselho de Investigação de Seguridade e Risco Químico (Chemical Safety & Hazard Investigation Board/CSB)O conselho publicou esse informe e um vídeo sobre seguridade em 30 de setembro de 2015. “A DuPont foi considerada, por muito tempo, como líder em seguridade entre as indústrias químicas”, disse a Presidente do Conselho, Vanessa Allen Sutherland, “mas esta investigação pôs a descoberto as debilidades ou falhas na planificação e nos procedimentos de seguridade da DuPont”.

Quando a Ciência Já Não É Um Indicador da Verdade…

A história da DuPont, que agora está sendo pública é fascinante, ainda que inquietante.  Sharon Lerner, que escreveu os textos da reportagem em três partes da agência de notícias ‘The Intercept‘, discute este caso em profundidade. Em uma nota, o legado tóxico da DuPont também inclui a gasolina com chumbo (leaded gasoline), um produto que causou danos graves à saúde humana e ao meio ambiente por quase 80 anos antes do chumbo ter sido retirado finalmente do combustível para os automóveis…

No final da jornada, neste caso, é um lembrete severo de que a ciência NÃO é utilizada corriqueiramente para nos ajudar a tomar decisões boas e sólidas. Em vez disso, estamos diante de um mundo repleto de problemas causados pelas próprias ciências que seriam supostamente para nos manter saudáveis, seguros e produtivos. Em certo sentido, o papel fundamental da própria ciência foi sequestrado pelo lucro devastador.

Fazendo-se uma retrospectiva, deixa bem claro que a indústria primeiro cria seus objetivos de negócios com pouca preocupação com os perigos para saúde, seguido da criação de “evidências científicas” que sustentam seu modelo de negócio estabelecido. Quando a ciência não sustenta os planos econômicos da empresa, ela é varrida para debaixo do tapete, mesmo que as pessoas estejam morrendo e o planeta se tornando irremediavelmente envenenado, como resultado esta sua prática.

Hoje vivemos em um mundo onde as empresas químicas e gigantes da biotecnologia podem facilmente comprar e pagar por seus próprios estudos e pesquisas, bem como exercerem um lobby para apoiar qualquer que seja a legislação que precisem que seja aprovada a seu favor. Os conflitos de interesse nas pesquisas tornaram-se norma dentro de praticamente todos os campos da ciência, criando uma situação completamente insustentável – além de perigosa -, no longo prazo.

É muitíssimo claro que estamos indo, todos, em direção a mais do que um moro de concreto, a menos que algumas mudanças dramáticas sejam feitas. Neste momento, dezenas de milhares de substâncias químicas, não regulamentadas, são sendo usadas nos EUA, e a maioria delas não foram testadas quanto à sua segurança. Isso efetivamente deve mudar.

Fontes e Referências