ERVAS-DANINHAS, NÃO! PLANTAS INDICADORAS!

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Ervas daninhas, não! Plantas indicadoras! Costumamos chamar alguns vegetais de ervas-daninhas ou plantas invasoras. Muitas são comestíveis, mas outras não.

 

http://teiaorganica.com.br/blog/ervas-daninhas-nao-plantas-indicadoras/

 

 

Oxalis_oregana

Trevo (Oxalis Oregana)
Por Guilherme Ranieri* / Blog Matos de Comer

Mais do que errado, o termo ervas daninhas é preconceituoso e baseado numa visão utilitarista. Repare, o termo daninhas já indica que elas são prejudiciais, perniciosas, que causam dano. Mas, elas causam mesmo? Na natureza não existe nada que cause dano. Felizmente só conseguimos falar de bem e mal, um discurso que envolve a moral, para questões humanas, e as plantas são vegetais. Nem bons, nem maus. Nunca daninhos, danosos. Só a partir desse raciocínio, o termo “erva daninha” já começa a parecer errado. Muitas são comestíveis (nossas queridas Pancs).

O termo ruderais é sinônimo de ervas-daninhas, mas sem esse juízo de valores em cima delas. Ruderal significa “planta que acompanha o homem”. Ou seja, onde o homem vai e desmata, queima, corta, lá vem as plantas ruderais para ocupar o solo. As plantas espontâneas, que nascem sozinhas.

Essas plantas têm a habilidade de deixar o ambiente sempre mais fértil, mais solto, mais úmido e mais rico em vida. Sempre. São aquelas que nascem onde nada mais nasce, e vão preparando terreno até que as plantas mais sensíveis possam nascer, seguidas de plantas maiores, até a reposição da vegetação.  Dessa forma, raramente você verá as plantas ruderais, “daninhas”, numa floresta com solo rico e fértil. Ali, elas não tem mais trabalho a fazer. Aliás, há sementes que ficam décadas no solo esperando o solo ficar compactado, seco, pobre e raso para brotarem. É o plano de saúde do solo. A esse “plano de saúde” natural damos o nome de banco de semente do solo. Se a terra fica doente, essas sementinhas entram em ação. E não, não estou inventando nada disso. Ana Primavesi já escreveu sobre isso.

Aí está a mágica! Certas plantas têm essa função na natureza, a de equilibrar, reetabelecer. Por exemplo, se o solo está muito compacto, a tendência é que nasçam plantas de raízes longas e profundas. Elas naturalmente descompactam o solo e o deixam fofinho, permitindo a entrada de água. Espécies não comestíveis como a vassourinha de botão e a guanxuma são terríveis de arrancar porque a raiz vai fundo na terra. Quando a planta morre, essas raízes viram túneis onde a água e a fertilidade penetram. E a terra vai afofando, afofando.

Ou, ainda, se o solo é rico em nitrogênio e pobre em outros nutrientes, plantas que toleram esses altos teores crescem rapidamente. Isso explica, por exemplo, a presença de picão e guasca em locais que se joga água de reúso, beira de calçada e até perto de ralos – porque são ricos nesse nutriente, que será reciclado por essas plantas. Calçadas onde cachorro faz xixi (xixi é rico em nitrogênio), também são infestadas por essas plantinhas.

Assista a esse vídeo super explicativo sobre as condições de germinação do solo e as funcionalidades das daninhas.

O texto acima foi editado. Veja a versão completa aqui*Guilherme Ranieri é cozinheiro amador, gestor ambiental de formação e palpiteiro profissional. Conheça também a página de Facebook do Matos de Comer.

Espécies de vegetação espontânea consideradas “plantas indicadoras”

 

Euphorbia_heterophylla

Amendoim bravo ou leiteira (Euphorbia heterophylla)

Desequilíbrio entre Nitrogênio e micronutrientes, sobretudo Molibdênio e Cobre.

 

azedinha

Azedinha ou Trevo-azedo (Oxalis articulata)

Terra argilosa, pH baixo, deficiência de Cálcio e de Molibdênio.

 

barba-de-bode

Barba-de-bode (Aristida pallens)

Solos de baixa fertilidade.

 

beldroega

Beldroega (Portulaca oleracea)

Solo fértil, não prejudica as lavouras, protege o solo e é planta alimentícia com elevado teor de proteína.

 

carex-sp

Cabelo-de-porco (Carex sp.)

Compactação e pouco Cálcio.

 

capim-amargoso

Capim-amargoso ou capim-açu (Digitaria insularis)

Aparece em lavouras abandonadas ou em pastagens úmidas, onde a água fica estagnada após as chuvas. Indica solos de baixa fertilidade.

 

capim-caninha

Capim-caninha ou capim-colorado (Andropogon lateralis)

Solos temporariamente encharcados, periodicamente queimados e com deficiência de Fósforo.

 

Cenchrus_echinatus

Capim-carrapicho (Cenchrus echinatus)

Indica solos muito decaídos, erodidos e compactados. Desaparece com a recuperação do solo.

 

capim-papuã

Capim-marmelada ou papuã (Brachiaria plantaginea)

Típico de solos constantemente arados, gradeados e com deficiência de Zinco; desaparece com o plantio de centeio, aveia preta e ervilhaca; diminui com a permanência da própria palhada sobre a superfície do solo; regride com a adubação corretiva de Fósforo e Cálcio e com a reestruturação do solo.

Capim rabo-de-burro (Andropogon sp.)

Típico de terras abandonadas e gastas – indica solos ácidos com baixo teor de Cálcio, impermeável entre 60 e 120 cm de profundidade.

 

carrapicho

Capim amoroso ou carrapicho (Cenchrus spp.)

Solo empobrecido e muito duro, deficiência de Cálcio.

Caraguatá (Erygium ciliatum), bananinha do mato

Húmus ácido, desaparece com a calagem e rotação de culturas; freqüente em solos onde se praticam queimadas.

 

carqueja

Carqueja (Bacharis articulata)

Pobreza do solo, compactação superficial, prefere solos com água estagnada na estação chuvosa.

 

carrapicho-de-carneiro

Carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidum)

Deficiência de Cálcio.

 

Equisetum_sp

Cavalinha (Equisetum sp.)

Indica solo com nível de acidez de médio a elevado.

 

Chirca (Eupatorium bunifolium)

Aparece nos solos ricos em Molibdênio.

 

dente-de-leao

Dente-de-leão (Taraxacum officinale)

Indica solo fértil.

 

Grama-seda (Cynodon dactylon)

Indica solo muito compactado.

 

sida-sp

Guanxuma (Sida sp.)

Solo compactado ou superficialmente erodido. Em solo fértil fica viçosa; em solo pobre fica pequena.

 

lingua-de-vaca

Língua-de-vaca (Rumex obtusifolius)

Solos compactados e úmidos. Ocorre freqüentemente após lavouras mecanizadas e em solos muito expostos ao pisoteio do gado.

 

maria-mole

Maria-mole (Senecio brasiliensis)

Solo adensado (40 a 120 cm). Regride com a aplicação de potássio e em áreas subsoladas.

Mio-mio (Baccharis coridifolia)

Ocorre em solos rasos e firmes, indica deficiência de Molibdênio.

 

raphanus_raphanistrum

Nabo (Raphanus raphanistrum)

Deficiência de Boro e Magnésio.

 

picao-preto

Picão preto (Bidens pilosa)

Solo com excesso de Nitrogênio e deficiente em micronutrientes, principalmente Cobre.

 

samambaia

Samambaia (Pteridium aquilinium)

Alto teor de alumínio. Sua presença reduz com a calagem. As queimadas fazem voltar o alumínio ao solo e proporcionam em retorno vigoroso da samambaia.

 

Sapé (Imperata exaltata)

Indica solos ácidos, adensados e temporariamente encharcados. Ocorre também em solos deficientes em Magnésio.

 

tansagem

Tansagem (Plantago maior)

Solos com pouca aeração, compactados ou adensados.

 

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Tiririca (Cyperus rotundus)

Solos ácidos, adensados, anaeróbicos, com carência de Magnésio.

 

urtiga

Urtiga (Urtica urens)

Excesso de Nitrogênio (matéria orgânica). Deficiência de Cobre.

Fontes: Matos de Comer e Embrapa.

Fotos: divulgação

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