Volume de microplásticos encontrados no fundo do oceano triplica em duas décadas, alertam cientistas

Microplásticos presentes no corpo de animais que vivem no mesmo ambiente que todos os seres humanos.

https://www.independent.co.uk/climate-change/news/microplastics-plastic-ocean-mediterranean-sea-b2255982.html

Mustafá Javid Qadri

04.01.2023

Durante décadas, os microplásticos se acomodaram e se acumularam no fundo do oceano

Os detritos microplásticos encontrados no fundo dos leitos oceânicos triplicaram nas últimas duas décadas, alertaram os cientistas.

Isso apesar das repetidas campanhas de conscientização e protestos pedindo a redução do plástico de uso único em todo o mundo.

O coautor do estudo, Michael Grelaud, disse que os sedimentos analisados ​​permaneceram inalterados no fundo do mar desde que foram depositados décadas atrás.

Os pesquisadores analisaram o material depositado no noroeste do Mediterrâneo para o estudo, cujas descobertas foram publicadas na revista Environmental Science and Technology.

A área foi escolhida, e o Delta do Ebro em particular, porque os rios são reconhecidos como ‘pontos críticos’ para vários poluentes e microplásticos.

A pesquisadora Laura Simon-Sánchez disse: “Desde 2000, a quantidade de partículas de plástico depositadas no fundo do mar triplicou e que, longe de diminuir, o acúmulo não parou de crescer imitando a produção e o uso global desses materiais”.

“Desde a década de 1980, mas especialmente nas últimas duas décadas, aumentou o acúmulo de partículas de polietileno e polipropileno de embalagens, garrafas e filmes de alimentos, assim como de poliéster de fibras sintéticas em tecidos de roupas.”

O estudo constatou que a quantidade de cada uma das três partículas atingiu o nível crítico de 1,5 mg por quilo de sedimento coletado, sendo o polipropileno o mais abundante, seguido do polietileno e do poliéster.

Foto de perto das mãos mostra resíduos de microplásticos contaminados com a areia do litoral(Getty Images/iStockphoto)

A equipe de pesquisa analisou o estado de degradação dos microplásticos enterrados e descobriu que eles não se degradam mais devido à falta de erosão, oxigênio ou luz.

A bióloga marinha Professora Patrizia Ziveri disse: “O processo de fragmentação ocorre principalmente nos sedimentos da praia, na superfície do mar ou na coluna de água.” “Uma vez depositados, a degradação é mínima, então os plásticos da década de 1960 permanecem no fundo do mar, deixando ali a marca da poluição humana” (nt.: destaque da tradução para se ver como as resinas são tão ‘eternas’ como os perfluorados, chamados ‘forever chemicals/químicos para sempre’).

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, janeiro de 2023.