Sentado no veneno. A substância cloro-fosforada Clorada Tris é o aditivo usado como retardador de chamas, para tecidos sintéticos e espumas de estofamento, conforme lista no texto.
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updated by Maria Mergel (Jun 02, 2016)
Resumo
A substância química Tris Clorada = tris(1,3-dicloro-2-propil) fosfato/TDCPP (nt.: em inglês – Chlorinated Tris/TDCPP) é um retardador de chamas atualmente empregado em muitas aplicações incluindo a espuma da resina plástica Poliuretano detectado em mobiliário estofado (#1). Apesar de ser sido banido seu uso em pijamas de crianças nos anos 70s devido suas propriedades mutagênicas, a substância Chlorinated Tris ainda é mantido em mobiliário doméstico e em produtos infantis (#2, #3, #5). Ela pode se liberar da espuma de poliuretano e ficar fixada nas poerias das casas ou permanece na atmosfera doméstica. Nomes comerciais comuns inclui as marcas Fryol FR 2 e Antiblaze 195 (#4).
Efeitos sobre a Saúde Humana
Nenhum estudo humano tem sido conduzido, mas evidências sugerem que o TDCPP pode impactar a fertilidade pela influencia nos níveis hormonais e a qualidade dos espermatozoides em homens (#14). De acordo com estudos conduzidos em ratos, o Chlorinated Tris está associado com o incremento nas taxas de tumores nos rins e nos testículos, alguns deles eram cancerosos (#15). Um estudo recentemente publicado detectou que o TDCPP era neurotóxico às células cerebrais, e era apenas uma substância tóxica e em alguns caso mais tóxica do que o inseticida Chlorpyrifos (#16). Para uma avaliação conduzida pela Comissão de Segurança dos Produtos de Consumo (Consumer Product and Safety Commission), o Chlorinated Tris representa uma ameaça à saúde humana (#17).
Uso
O Chlorinated Tris é um aditivo usado em retardadores de chamas, significando que, quimicamente, não cria uma reação de ligação tal com os produtos, podendo assim ser liberado com o passar do tempo e atuar por si mesmo. O TDCPP é utilizado tanto em espuma de poliuretano rígida como macia. como também em plásticas, resinas sintéticas (nt.: provavelmente esteja se referindo à resina tipo epoxi que além deste veneno também vem da reação com o Bisfenol A/BPA) e alguns tecidos de forro (#4). Em um estudo conduzido em 2011, esta substância ‘Chlorinated Tris’ foi o retardador de chamas mais comum encontrado em produtos infantis com espuma. Os produtos dirigidos à criança com este aditivo incluíam as cadeirinhas de carros, trocadores de fraldas almofadados e carrinhos de nenês (#5).
Tipos de Produtos com Retardadores de Chama
NOTA DO SITE: esta listagem abaixo não faz parte do texto original, ao pesquisar na internet, encontrou-se esta listagem no link: https://sites.google.com/site/retardadoresdechamas/, e consideramos importante agregar à este texto como forma de ampliar o conhecimento do leito sobre a presença destas substâncias em nosso dia a dia.
Quatro grandes áreas:
Eletrônica e dispositivos elétricos
· Televisão e outros invólucros de dispositivos eletrônicos
· Computadores e laptops, incluindo monitores, teclados e dispositivos digitais portáteis
· Telefones e celulares
· Frigoríficos
· Lavadoras e secadoras
· Aspiradores
· Placas de circuito eletrônico
· Fios e cabos elétricos e ópticos
· Pequenos electrodomésticos
· Carregadores de bateria
Construção e Materiais de Construção
· Fios e cabos elétricos, incluindo as paredes atrás
· Materiais de isolamento (por exemplo, poliestireno e espumas de isolamento de poliuretano)
· Tintas e revestimentos que são aplicados a uma variedade de materiais de construção, incluindo estruturas de aço, chapas de metal, madeira, gesso e cimento
· Produtos de madeira estruturais e decorativas
· Componentes para telhados
· Painéis compostos
· Luminárias decorativas
Móveis
· Materiais de enchimento naturais e sintéticos e fibras têxteis
· Estofamento da espuma
· Colchões de espuma
· Cortinas e persianas de tecido
· Tapetes
Transporte (aviões, trens, automóveis)
· Compartimentos superiores
· Tampas de assento e recheios
· Assentos, encostos de cabeça e braços
· Forros de telhado
· Tapetes têxteis
· Cortinas
· Parede lateral e painéis de teto
· Estruturas internas, incluindo painéis e painéis de instrumentos
· Painéis de isolamento
· Revestimentos de cabos elétricos e eletrônicos
· Equipamentos eléctricos e electrónicos
· Casos bateria e bandejas
· Carro pára-choques
· Componentes estéreo
· GPS e outros sistemas informáticos
Descrição Química
O Chlorinated Tris, ou [Tris (1,3-dicloro-2-propil) fosfato] é um éster cloro-fosforado (#1). É um líquido viscoso e incolor a temperaturas maiores do que 27° graus C (#4).
(#1)
História
Esta substância vem sendo utilizada desde os anos 60s, mas seu emprego aumentou em consequência do banimento, em 2006, do retardador de chamas mais comum na época, o PentaPBDE (#1). O Chlorinated Tris foi banido de seu uso em pijamas infantis em 1977 quando foi detectado como sendo mutagênico. No entanto, permanece sendo empregado como um aditivo em espumas. No mesmo ano de 1997, a produção global por ano de Chlorinated Tris foi de 8.000 toneladas (#4). Os retardadores de chamas de todos os tipos são usados normalmente nos EUA, em parte devido aos padrões estritos quanto à inflamabilidade do estado da Califórnia, descrito no TB 117 (nt.: em inglês – Technical Bulletin 117), que exige espumas resistam à chama direta por 12 segundos (#7). Recentemente, apareceram preocupações a respeito da segurança do Chlorinated Tris em razão de estar prevalente em mobiliário e especialmente em produtos infantis (#5). Em 2011, a Califórnia incluiu os TDCPPs à lista da Proposition 65 como carcinogênicos suspeitos (#6).
Rotas de Exposição e Metabolismo
Ao longo do tempo, o TDCPP escapa da espuma do mobiliário e se fixa na poeira das residências. A poeira se deposita nas superfícies dos espaços e dos utensílios domésticos incluindo brinquedos e alimentos, endo portanto facilmente ingerida. Nossas crianças pequenas são sem dúvida os mais expostos em razão de sua tendência de colocar tanto brinquedos como as mãos na boca, ingerindo a poeira (#17). Estudos vem mostrado que o TDCPP pode ser detectado tanto no ar como também ao se inalar ou respirar, considerada outra possível rota de exposição (#8, #9, #10, #17). Da mesma forma é possível estar-se exposto ao Chlorinated Tris, tocando a espuma exposta e é sabido que o TDCPP pode ser absorvido através da pele (#2, #11). O TDCPP é metabolizado pelos seres humanos através de uma série de metabólitos que podem ser detectados na urina e no sêmen/espermatozoide (#12, #13).
Efeitos Ambientais
O TDCPP tem sido detectado nos ambientes aquáticos (#18)
Referências
1. Faust JB, August LM. 2011. Evidence on the carcinogenicity of Tris (1,3-dichloro-2-propyl) phosphate.OEHHA. Accessed Dec 25, 2011http://oehha.ca.gov/prop65/hazard_ident/pdf_zip/TDCPP070811.pdf
2.Gold MD, Blum A, & Ames BN (1978) Another flame retardant, tris(1,3-dichloro-2-propyl) phosphate, and its expected metabolites are mutagens. Science, 200(4342): 785-787.
3. Stapleton HM, Klosterhaus S, Eagle S, Fuh J, Meeker JD, Blum A, Webster, TF. 2009. Detection of Organophosphate flame retardants in furniture foam and U.S. House Dust.Environmental Science and Technology. 43:7490-7495.
4. International Programme on Chemical Safety (IPCS) (1998) Flame Retardants: Tris(chloropropy1) Phosphate and Tris(2-chloroethyl) Phosphate. Environmental Health Criteria No. 209. World Health Organization, Geneva.
5. Stapleton HM, Klosterhaus S, Keller A, Ferguson PL, van Bergen S, Cooper E, Webster TF, Blum A. 2011. Identification of flame retardants in polyurethane foam collected from baby products. Environmental Science and Technology, 45(12), 5323-5331.
6. California Environmental Protection Agency. 2011. Chemicals Known to the State to Cause Cancer or Reproductive Toxicity.OEHHA. Accessed Oct 1, 2011.http://www.oehha.ca.gov/prop65/prop65_list/files/P65single072911.pdf.
7. State of California. 2000. Technical Bulletin 117: Requirements, test procedure and apparatus for testing the flame retardance of resilient filling materials used in upholstered furniture. Department of Consumer Affairs; Bureau of Home Furnishings and Thermal Insulation.
8. Marklund A, Andersson B, Haglund P. 2003. Screening of organophosphorus compounds and their distribution in various indoor environments.Chemosphere, 53: 1137-1146.
9. Stapleton HM, Klosterhaus S, Eagle S, Fuh J, Meeker JD, Blum A, Webster, TF. 2009. Detection of Organophosphate flame retardants in furniture foam and U.S. House Dust.Environmental Science and Technology. 43:7490-7495.
10. Hartman PC, Burgi D, Giger W. 2004. Organophosphate flame retardants and plasticizers in indoor air.Chemosphere57:781-787.
11. Hughes, MF, Edwards BC, Mitchell CT, Bhoosan B. 2001. In vitro Dermal Absorption of Flame Retardant Chemicals. Food and Chemical Toxicology. (39):1263-70.
12. Hudec T, Thean J, Kuehl D, Dougherty RC. Tris(dichloropropyl)phosphate, a mutagenic flame retardant: frequent cocurrence in human seminal plasma. Science. 1981 Feb 27;211(4485):951-2.
13. Cooper, EM, Covaci A, van Nuijs ALN, Webster TF, Stapleton HM. 2011. Analysis of the flame retardant metabolites bis(1,3-dichloro-2-propyl) phosphate (BDCPP) and diphenyl phosphate (DPP) in urine using liquid chromatography-tandem mass spectrometry.Analytical and Bioanalytical Chemistry. 401:2123-2132.
14. Meeker JD, Stapleton HM 2010. House Dust Concentrations of Organophosphate Flame Retardants in Relation to Hormone Levels and Semen Quality Parameters. Environ Health Perspect 118:318-323.http://dx.doi.org/10.1289/ehp.0901332.
15. Freudenthal RI, Henrich RT. 2000. Chronic toxicity and carcinogenic potential of tris-(1,3-dichloro-2-propyl) phosphate in Sprague-Dawley rat.International Journal of Toxicology.19(2): 119-125.
16. Dishaw LV, Powers CM, Ryde IT, Roberts SC, Seidler FJ, Slotkin TA, Stapleton HM. 2011. Is the PentaBDE Replacement, tris (1,3-dichloro-2-propyl) phosphate (TDCPP), a developmental neurotoxicant? Studies in PC12 cells. Toxicology and Applied Pharmacology.
17. Babich, MA. 2006. CPSC Staff Preliminary Risk Assessment of Flame Retardant (FR) Chemicals in Upholstered Furniture Foam. U.S. Consumer Product Safety Commission.
18. Kolpin DW, Furlong ET, Meyer MT, Thurman EM, Zaugg SD, Barber LB, Buxton HT. 2002. Pharmaceuticals, hormones and other organic wastewater contaminants in U.S. streams, 1999-2000: a national reconnaissance.Environmental Science and Technology, 36(6): 1202-11.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, janeiro de 2017.