
Fotografia: Getty Images
29 set 2025
[Nota do Website: Mais um aspecto que demonstra como a introdução do plástico, depois da IIª Guerra Mundial, e que foi se espraiando por todos os recantos mais recônditos do Planeta, escracha uma de suas faces mais terríveis. E mais terrível é a violenta rejeição das corporações da Big Plastic e dos países produtores de petróleo, em se criar contenções desde a produção até a prática do descartável de forma inconsequente. A resposta está aí. Nua e crua! Voltamos a questionar: não são esses países e estas corporações criminosas e cruéis?].
A revisão de mais de 60 artigos científicos mostrou que os microplásticos, entre outros efeitos, podem estimular a formação de osteoclastos, células especializadas em degradar o tecido ósseo.
Os microplásticos podem ser um fator que aumenta os casos de osteoporose em todo o mundo, de acordo com uma pesquisa publicada recentemente. O estudo revela que, quando essas minúsculas partículas de plástico entram no corpo, elas interrompem o funcionamento das células-tronco da medula óssea, essenciais para a manutenção e o reparo do tecido ósseo.
Ao longo da vida, seus ossos são repostos. A osteoporose é uma condição em que esse processo não ocorre corretamente, com a degradação óssea ultrapassando a taxa de sua reposição. Isso leva ao enfraquecimento dos ossos ao longo do tempo e à maior probabilidade de fraturas. A condição tem muitos fatores de risco — idade, sexo, medicamentos, dieta, tabagismo, consumo de álcool e fatores genéticos —, com a doença se desenvolvendo lentamente ao longo do tempo. Muitas vezes, as pessoas só percebem que têm a doença quando quebram um osso.
Esta nova análise, publicada na revista Osteoporosis International, acrescenta a exposição a microplásticos como um potencial novo fator de risco. A pesquisa revisou 62 artigos científicos que realizaram diversos testes em laboratório e em animais sobre os possíveis efeitos de micro e nanoplásticos nos ossos. A análise de experimentos laboratoriais mostrou que os microplásticos estimulam a formação de osteoclastos, células criadas por células-tronco na medula óssea que degradam o tecido ósseo para promover a reabsorção, o processo no qual o corpo decompõe e elimina ossos velhos ou danificados.
O estudo também constatou que, em relação aos ossos, as partículas plásticas podem reduzir a viabilidade das células, induzir o envelhecimento celular prematuro, modificar a expressão genética e desencadear respostas inflamatórias. A combinação desses efeitos gera um desequilíbrio no qual os osteoclastos destroem mais tecido ósseo do que regeneram, causando um enfraquecimento acelerado da estrutura óssea.
Ao analisar estudos em animais, os pesquisadores descobriram que o acúmulo de microplásticos no corpo diminui a contagem de glóbulos brancos — o que sugere alterações na função da medula óssea. Além disso, esses estudos em animais sugeriram que o impacto dos microplásticos nos osteoclastos pode estar associado à deterioração da microestrutura óssea e à formação de estruturas celulares irregulares, aumentando o risco de fragilidade óssea, deformidades e fraturas.
“Neste estudo, os efeitos adversos observados culminaram, preocupantemente, na interrupção do crescimento esquelético dos animais”, afirmou o coautor Rodrigo Bueno de Oliveira em um comunicado à imprensa. “O potencial impacto dos microplásticos nos ossos é objeto de estudos científicos e não é desprezível.”
Oliveira, coordenador do Laboratório de Avaliação de Distúrbios Minerais e Ósseos em Nefrologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), está trabalhando com sua equipe para comprovar na prática a relação entre a exposição a microplásticos e a deterioração óssea. A pesquisa começará avaliando os efeitos das partículas microplásticas nos fêmures de roedores.
“Embora as doenças osteometabólicas sejam relativamente bem compreendidas, há uma lacuna em nosso conhecimento sobre a influência dos microplásticos no desenvolvimento dessas doenças. Portanto, um dos nossos objetivos é gerar evidências que sugiram que os microplásticos podem ser uma potencial causa ambiental controlável para explicar, por exemplo, o aumento no número projetado de fraturas ósseas”, disse Oliveira.
Microplásticos e nanoplásticos são pequenos fragmentos de plástico — alguns tão pequenos que são invisíveis a olho nu — que se desprendem de objetos do cotidiano quando a luz solar, o vento, a chuva, a água do mar ou a abrasão os degradam. A principal diferença entre os dois está no tamanho: os microplásticos medem de 1 micrômetro (milésimo de milímetro) a 5 milímetros, enquanto os nanoplásticos têm menos de 1 micrômetro. Essas partículas foram detectadas em todo o mundo em ambientes naturais, bem como em todo o corpo humano e em carne, água e diversos produtos agrícolas.
Estudos começaram a mostrar que esse tipo de contaminação por plástico pode ser prejudicial à saúde. Especialistas argumentam que isso significa que o mundo precisa reduzir urgentemente o uso de plástico. Todos os anos, mais de 500 milhões de toneladas desse material são produzidas em todo o mundo, mas apenas 9% são recicladas, com grande parte do restante se espalhando no meio ambiente e se degradando.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2025