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14 mai 2025
[NOTA DO WEBSITE: Como nós, os adultos, podemos ser tão irresponsáveis e mesmo cruéis com nossas crianças! Por negligência e despreparo, simplesmente porque não nos informamos e também queremos displicentes e sermos ‘bonzinhos’, acabamos com isso comprometendo a alegria de uma vida saudável aos novos seres humanos sobre os quais deveríamos ser responsáveis].
Especialistas alertam que essas mudanças estruturais podem ter implicações de longo prazo para o desenvolvimento cognitivo.
Com mais de uma em cada três crianças americanas atualmente acima do peso ou obesas, pesquisadores descobriram uma conexão preocupante: a obesidade adolescente pode estar alterando o tamanho de regiões do cérebro cruciais para o aprendizado e o controle emocional, levantando preocupações sobre o desenvolvimento cognitivo e emocional a longo prazo (nt.: sem contar os dados trazidos pelo documentário ‘Amanhã, seremos todos cretinos?‘, do que certos químicos sintéticos e mesmo agrotóxicos afetam também o desenvolvimento tanto do sistema nervoso central dos embriões como das crianças, gerando o mesmo efeito aqui tratado).
Segundo os autores, tanto o crescimento reduzido quanto o aumentado podem ser prejudiciais.“Isso é particularmente alarmante, dado que a adolescência é uma época tão importante para o desenvolvimento do cérebro”, disse Augusto César F. De Moraes, da Escola de Saúde Pública da UTHealth Houston e principal autor do estudo, em um comunicado à imprensa .
A gordura abdominal afetou mais o cérebro
A pesquisa, apresentada recentemente no Congresso Europeu sobre Obesidade (ECO 2025), descobriu que adolescentes com obesidade abdominal tinham regiões do cérebro significativamente maiores, particularmente aquelas responsáveis pela memória, aprendizado e regulação emocional.
Pesquisadores usaram tomografias cerebrais para medir o tamanho de diversas regiões do cérebro em mais de 3.300 jovens com idade média de cerca de 10 anos, que foram acompanhados por quatro anos.
Os resultados mostraram que adolescentes com obesidade abdominal tinham um hipocampo aproximadamente 6,6% maior e uma amígdala cerca de 4,3% maior em comparação com seus pares sem obesidade. O hipocampo auxilia na memória e no aprendizado, enquanto a amígdala controla emoções como medo, felicidade e raiva.
Gillian Killiner, nutricionista especialista da 121 Dietitian, disse ao The Epoch Times que considera as descobertas “profundamente preocupantes”, enfatizando que essas mudanças cerebrais levantam preocupações significativas sobre o desenvolvimento cognitivo de longo prazo.
Os mecanismos exatos não são claros, mas uma possível maneira pela qual a obesidade afeta o cérebro é por meio da inflamação. O excesso de gordura corporal libera substâncias inflamatórias por todo o corpo. Essas substâncias químicas podem viajar pela corrente sanguínea e entrar no cérebro. Uma vez lá dentro, podem desencadear inflamação no tecido cerebral, potencialmente danificando as células cerebrais ao longo do tempo.
A relação entre obesidade e volume da amígdala foi particularmente pronunciada em indivíduos com níveis muito elevados de obesidade, sugerindo uma forte ligação entre gordura corporal e regulação emocional, segundo De Moraes. Outras regiões, como o tálamo e o núcleo caudado, também apresentaram alterações de volume, mas em menor grau. O tálamo atua como a estação central de retransmissão do cérebro, auxiliando no processamento e no direcionamento de informações para outras regiões. O núcleo caudado está envolvido no processamento de informações visuais e no controle do movimento.
Fatores socioeconômicos também surgiram como uma influência fundamental no desenvolvimento do cérebro.
Adolescentes que vivem em áreas com acesso limitado à educação de qualidade, parques seguros e alimentos saudáveis apresentaram menor crescimento em áreas importantes do cérebro, como o hipocampo, o putâmen e a amígdala.
1 em cada 3 adolescentes dos EUA será obeso até 2050 (nt.: SIMPLESMENTE ESCANDALOSO!!)
A pesquisa surge em meio a tendências alarmantes de obesidade infantil e adolescente.
A proporção de crianças e adolescentes de 5 a 19 anos com excesso de peso mais que dobrou globalmente, saltando de apenas 8% em 1990 para 20% em 2022 (nt.: o quanto dos ‘junk food/ultraprocessados’ não têm a ver com isso? Lembram do texto: ‘A extraordinária ciência de viciar em junk food‘?). Esse aumento afetou ambos os sexos quase igualmente, com 19% das meninas e 21% dos meninos agora classificados como acima do peso ou obesos.
Uma pesquisa publicada em dezembro na revista The Lancet constatou que a obesidade nos Estados Unidos aumentou muito mais rapidamente do que apenas o excesso de peso, especialmente entre os adolescentes. De 1990 a 2021, a porcentagem de adolescentes com obesidade cresceu cerca de 158% para meninos e 186% para meninas, superando significativamente o aumento da obesidade adulta.
Estratégias para um desenvolvimento cerebral mais saudável
Para apoiar o desenvolvimento saudável do cérebro e reduzir o risco de obesidade em adolescentes, Killiner recomenda várias abordagens baseadas em evidências:
- Priorize alimentos integrais: concentre-se em vegetais, frutas, grãos integrais, leguminosas, proteínas magras e gorduras saudáveis, especialmente ômega-3, que contribuem para a saúde do cérebro.
- Estabeleça padrões regulares de refeições: refeições consistentes ao longo do dia ajudam a manter os níveis de açúcar no sangue estáveis e a reduzir a compulsão alimentar.
- Reduza alimentos ultraprocessados: limite bebidas açucaradas, salgadinhos industrializados e alimentos para viagem, que geralmente contribuem para a inflamação e o ganho de peso.
- Compartilhe refeições em família: comer juntos incentiva hábitos saudáveis e comunicação aberta.
- Desenvolva a autonomia alimentar dos adolescentes: incentive os adolescentes a fazer escolhas alimentares e aprender habilidades básicas de culinária para desenvolver confiança na tomada de decisões saudáveis.
Certos padrões alimentares podem beneficiar especificamente a saúde cognitiva e emocional dos adolescentes.
“A dieta mediterrânea é uma boa opção para adolescentes, pois é rica em antioxidantes, fibras e gorduras insaturadas, reduzindo a inflamação, um fator-chave tanto na obesidade quanto no risco do neurodesenvolvimento”, disse Killiner, recomendando a dieta Mediterrânea-DASH Intervention for Neurodegenerative Delay (MIND) — um híbrido das dietas Mediterrânea e Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH).
“Este estudo é um lembrete claro de que a obesidade na adolescência não é apenas uma questão de peso, mas também pode influenciar a estrutura cerebral e a regulação emocional”, disse Killiner. “Devemos agir precocemente com intervenções de apoio e sem julgamentos, que se concentrem na nutrição em vez da restrição.”
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, maio de 2025