Receitas ensinam a fazer até desodorante caseiro para evitar produtos tóxicos

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Por Lúcia Müzell

Publicado em 18-04-2019 


A presença de desreguladores hormonais e substâncias tóxicas nos cosméticos e produtos de higiene e limpeza leva muitos consumidores a duvidar das opções encontradas nas prateleiras dos supermercados. Diante da abundância de ingredientes duvidosos nas etiquetas dos produtos convencionais, a solução para evitar os riscos pode ser fazer tudo em casa, de maneira artesanal.

Na França, pipocam blogs e associações dispostos a dar todas as dicas para fazer essa transição ecológica. Eles prometem receitas simples e baratas, além de muito mais respeitosas do meio ambiente do que as alternativas vendidas no mercado.

A associação Pik Pik Environnement se especializou em aconselhar empresas, escolas e o público em geral a respeito da questão – sobre a qual muita gente jamais havia pensado. Julien Cauvière, do setor de desenvolvimento, aponta de prontidão o maior vilão em casa: “Os produtos de limpeza em geral. Alguns tem componentes bastante nocivos ao meio ambiente, e todos podem ser substituídos por simplesmente vinagre branco ou bicarbonato de sódio com água. São produtos simples e tão eficientes quanto”, explica.

Ele nota que uma aula sobre como substituir os produtos convencionais por opções caseiras vira também um convite para refletir sobre os componentes químicos habitualmente utilizados pelas fabricantes.

“A primeira coisa a fazer, quando vemos uma lista de ingredientes, é se perguntar se essa lista contém nomes que conhecemos, ou seja, produtos que podem ser encontrados na natureza. Outra dica é que se a lista é longa demais, podemos imaginar que está cheio de produtos químicos adicionados para que o resultado seja eficaz”, ensina.

Quase tudo pode ser feito em casa

Do sabão para as roupas ao de lavar a louça, e do creme dental ao demaquilante, há receitas alternativas para praticamente todos os produtos de higiene e limpeza. Na base, a maioria delas usa vinagre branco e bicarbonato de sódio para limpar a casa e óleos vegetais para os produtos de beleza.

A ideia, afirma Julien, não é jogar todos os produtos industrializados fora e passar a fabricá-los você mesmo – só quem tem muito tempo livre poderia fazer isso. Mas para que as receitas caseiras se tornem um hábito viável, a associação recomenda substituir alguns dos produtos mais poluentes e nocivos.

“Se você tem uma família com vários filhos, talvez seja muito difícil lavar toda a roupa com produtos feitos em casa. Você pode escolher um sabão com selo certificado orgânico, por exemplo”, aconselha. “Já o hidratante para a boca ou a loção para limpar o rosto são bem rápidos de fazer.”

Maioria dos cosméticos são supérfluos

Nos cosméticos, a primeira regra é limitar a quantidade de produtos em geral. A diretora da equipe de campanhas da associação, Naoual El Oulhani, sublinha que a indústria convenceu os consumidores a adotarem um produto diferente para cada parte do corpo, mas na realidade a maioria deles é supérflua. Quanto aos indispensáveis, ela explica que até o desodorante pode ser caseiro.

“O desodorante é muito fácil de fazer. Você mistura óleo de coco, bicarbonato de sódio e um pouco de óleos essenciais, que vão ajudar a disfarçar o mau cheiro”, ressalta. “A receita para demaquilante é ainda mais fácil: óleo vegetal com água de cal dá um demaquilante ótimo, que nos poupa de colocar produtos industrializados no rosto.”

O tema é ainda mais sério quando o assunto é a pele das crianças e bebês. Naoual lembra que os lenços humedecidos usados para a troca de fraldas são não apenas dispensáveis como podem conter químicos que interferem no sistema hormonal dos pequenos.

“É simples de substituir os lenços humedecidos por um produto natural que você passa com um pouco de algodão. Basta bater no liquidificador azeite de oliva e água de cal e você tem uma loção para limpar o bumbum do bebê com segurança”, destaca Naoual.

Nesta semana, a respeitada associação francesa 60 Milhões de Consumidores publicou um estudo sobre 60 produtos de limpeza comuns no mercado. Quase todos contêm substâncias poluentes ou tóxicas.