Química sintética: ONG associa grandes frigoríficos à ‘destruição química’ do Pantanal

Image

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2024/09/17/ong-associa-grandes-frigorificos-a-destruicao-quimica-do-pantanal.htm

raa/app/mr/jb/aa/jb/aa, © Agence France-Presse

17/09/2024

[NOTA DO WEBSITE: É espantoso como há ainda personalidades do mundo político, econômico e social brasileiro que ainda apoiam o chamado ‘‘ que deveria, como defendemos, ser chamado de ‘agronecrócio’. Ou seja, a morte que se faz no campo contra tudo e todos. É ela, a morte, que se mostra como sendo o grande objetivo desta prática nefasta de produção daquilo que pretendem chamar de ‘alimento’. A visão supremacista antropocêntrica que vai muito além do que se poderia classificar de um supremacismo branco eurocêntrico, atinge as raias de uma desfaçatez que deveria chocar qualquer pessoa que se diz conectada com a vida no Planeta. Vida que vai muito além somente dos seres humanos. Quem não sabe ainda o que é o agrotóxico 2,4-D, precisa acessar os links de nosso website que esclarecem o que esta molécula junto o outro membro da mesma família dos clorados, 2,4,5-T, representam na história da química sintética de guerra que se espraia pela agricultura industrial, dominada pelas transnacionais da morte. Sabendo disso e toda história que a dioxina tem gerado no planeta, somente poderá ser profundamente grato a estas organizações que estão alertas para os descalabros do mundo dos agrotóxicos e da química mortífera das moléculas sintéticas].

A ONG ambiental Mighty Earth associou, nesta terça-feira (17.09.24), os grandes frigoríficos JBS, Marfrig e Minerva à “destruição química” do Pantanal brasileiro, após um estabelecimento que a organização aponta como fornecedor ter pulverizado agrotóxicos em uma vasta área deste bioma para abrir espaço para a pecuária.

A Mighty Earth citou em um relatório uma operação policial realizada em abril no estado do Mato Grosso contra o “desmatamento químico” de mais de 81.200 hectares em onze propriedades situadas na maior área úmida do mundo.

A degradação deste santuário da biodiversidade ocorreu entre 2021 e 2023 com pulverizações aéreas de 25 tipos de “agrotóxicos”, incluindo o 2,4-D, componente do Agente Laranja, utilizado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso.

A Fazenda Soberana, uma das onze propriedades envolvidas no crime ambiental, está no “centro de uma cadeia de abastecimento de carne bovina que conecta os três maiores frigoríficos com quatro grandes redes de supermercados no Brasil: Carrefour, Casino/GPA, Grupo Mateus e Sendas/Assaí”, indicou a Mighty Earth, em um comunicado.

– Multa recorde –

O proprietário da fazenda foi multado em R$ 2,8 bilhões em abril por danos causados ao meio ambiente, uma cifra recorde para Mato Grosso em casos deste tipo, segundo a secretaria.

O órgão afirmou na época que a pulverização “irregular” também poderia ter contaminado a água na área alagada, colocando em risco a fauna, especialmente os peixes, e até mesmo os seres humanos.

Usando imagens de satélite, a investigação da Mighty Earth, realizada em parceria com as organizações Repórter Brasil e AidEnvironment, descobriu que 3.447 hectares foram desmatados na Fazenda Soberana após a operação policial.

“Já tinha sido identificado o uso desse agente laranja e de outros componentes químicos para a destruição da floresta, mas do tamanho que a gente viu nesse foi a primeira vez”, disse à AFP João Gonçalves, diretor da Mighty Earth no Brasil.

No total, incluindo o desmatamento atribuído à Fazenda Soberana, o estudo descobriu a destruição de 4.651 hectares em cinco propriedades pecuárias da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal, supostamente vinculadas direta ou indiretamente com JBS, Marfrig e Minerva.

– “Não toleram desmatamento ilegal” –

Em uma resposta enviada aos autores do relatório em maio passado, a JBS afirmou que os casos mencionados não aparecem nos sistemas de alerta de desmatamento que utiliza: o estatal Prodes e a rede MapBiomas.

Uma das propriedades, localizada no estado do Pará, não está registrada como fornecedora, e as compras de outras três, que a JBS não menciona, “foram feitas antes de serem identificadas possíveis irregularidades socioambientais”, assegurou.

As políticas de compra da empresa “não toleram desmatamento ilegal”, disse em uma nota enviada à AFP na segunda-feira. 

A Marfrig, por sua vez, afirmou à AFP que a Fazenda Soberana lhe “forneceu animais para abate” em setembro de 2018 e janeiro de 2019. 

“Na época do abate, a propriedade cumpria todos os critérios socioambientais”, afirmou. 

Em comunicado enviado à AFP, a Minerva indicou que, em relação à Fazenda Soberana, no município de Barão do Melgaço, “não há nenhuma comercialização”.

Já o Carrefour defendeu em sua resposta à ONG que, “após um estudo cuidadoso”, pode confirmar “que nenhuma das cinco propriedades mencionadas fornece ao grupo”. 

A Mighty Earth denunciou ainda que 27 matadouros da JBS que abastecem com produtos os supermercados Carrefour, Casino/GPA, Grupo Mateus e Sendas/Assaí estão “vinculados” à destruição de quase 470.000 hectares na Amazônia e no Cerrado entre 2009 e 2023.

Se incluídos nove frigoríficos “associados” à Marfrig e à Minerva, a área é de mais de 550.000 hectares, segundo seus cálculos, que são atualizados periodicamente. 

O estudo foi publicado no momento em que incêndios devastam o Pantanal.

Embora o fogo esteja associado a uma seca extrema agravada pelas mudanças climáticas, as autoridades afirmam que a maioria dos casos tem origem criminosa.

TEXTO ORIGINAL DA BRAZIL AT MIGHTY EARTH

João Gonçalves – publicado no Linkedln

Senior Director, Brazil at Mighty Earth

GUERRA CONTRA A NATUREZA

Em meio as queimadas sem precedentes que seguem atingido as florestas brasileiras, uma nova investigação da Mighty Earth traz indícios de ligação da JBS, Marfrig Global Foods e Minerva Foods com o desmatamento químico do Pantanal, com uso de componente utilizado no “Agente Laranja”. De acordo com operação policial da Delegacia Especializada do Meio Ambiente de Mato Grosso, o 2,4-D, um composto chave do desfolhante mortal, usado na Guerra do Vietnã, foi pulverizado por aviões para matar árvores deliberadamente. O envenenamento da vegetação contribuiu com o desmate de 81.200 hectares em uma fazenda no Pantanal, para dar lugar à pecuária. Mesmo depois de uma multa bilionária, aplicada ao dono da fazenda em abril, o programa de monitoramento de desmatamento Rapid Response da Mighty Earth, em parceria com a Repórter Brasil e a AidEnvironment, identificou o desmate recente de 4.005 hectares em duas fazendas de gado no Pantanal do mesmo fazendeiro. Além dos casos de desmatamento recente, foram encontrados mais de 550.000 hectares de desmatamento e conversão na Amazônia e no Cerrado entre 2009 e 2023. Esse número estrondoso é resultado da análise da cadeias de fornecimento direta e indireta de 1.641 produtos de carne bovina coletados em 120 supermercados das redes Carrefour, GPA, Grupo Mateus e Assaí Atacadista, em 52 cidades do Brasil.

Acesse o relatório completo aqui: https://lnkd.in/ew7yXia6

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagemFoto: Polícia Civil Mato Grosso/DEMA