Por g1
11/04/2022
[NOTA DO WEBSITE: por que interessa sabermos o que guarda essa informação? Quem teve o privilégio de ler o livro do geógrafo norueguês Torkjell Leira, ‘A luta pela floresta’, da Editora Rua do Sabão, com apoio da Norwegian Literature Abroad, lançado no Brasil em 2020, saberá da importância da ampliação dessa informação. Primeiro esclarecer que tanto essa bilionária como seu falecido marido, André Antônio Maggi, são gaúchos, bem como o conhecido filho, o agrônomo Blairo Maggi. A razão desse esclarecimento é por serem um exemplo típico da chamada ‘conquista do oeste‘, de acordo com a visão da mídia gaúcha, RBS. Essa jornada, ou saga como é tratada, se origina dos centros da colonização do sul do país oriunda da Europa, alemã e italiana, do século XIX. Sem questionar a capacidade e as habilidades do casal pioneiro e do filho, é fundamental que foi, destacadamente, o RS o grande celeiro dessa progressiva e avassaldora transmutação de todos os estados a oeste do Brasil. Para a grande maioria da população brasileira, incluindo a mídia nacional, todos esses fatos são louváveis e considerados dignos de admiração. No entanto, 50 ou 70 anos depois da intensificação dessa ‘invasão’ branca, feita pela ditadura militar, dessa apropriação de áreas públicas como mostra o que ocorre atualmente na Amazônia, já se vê o que essa devastação por alguns, do patrimônio nacional de todos os brasileiros, é a história não contada. A história desse casal já mostra que terem estado no Paraná antes de irem para o Mato Grosso, foi somente um ‘pulo’ dessa ‘conquista do oeste’, conforme sua própria mídia familiar informa. Realmente, ter sido o casal um ‘sem-nada’ e de poucas letras, como destaca a biografia do patriarca, já ressalta na capa do livro, ‘André Maggi-do cabo da enxada ao centro do agronegócio brasileiro’, esse fundamento. Da mesma forma, mostra o quanto é necessário se reconhecer o que o movimento patrocinado pela Ditadura Militar, ‘parece’ ter ‘acrescido’ ao ‘patrimônio’ nacional. O agronegócio. Não mais a agricultura, onde a expressão afirma que é uma atividade que ‘gera cultura no campo’, mas sim ‘o negócio no campo’. E todos conhecem o dito popular que afirma que ‘negócio é negócio’. Ou seja, o que é melhor negociar? Alimento para aqueles que ‘foram’ ‘donos’ das ex-terras públicas, privatizadas para alguns, ou ‘commodities’ que irão alimentar animais? Sabe-se lá onde. Até mesmo pode ser por aqui pelos que seguem a mesma doutrina, a mesma ideologia de que ‘todo negócio é negócio’. E o que isso tudo tem a ver com o livro do geógrafo norueguês? Porque com o ‘progresso’ da família Maggi, sem discutir nenhum mérito nem questionar todos seus atos negociais, hoje o complexo Amaggi, é o maior exportador de soja do Brasil para a Noruega e o maior importador norueguês de soja brasileira. Sim, a firma familiar ‘Denofa‘ é uma empresa, sediada na Noruega, que comecializa soja NÃO TRANSGÊNCIA, importada do Brasil e da América do Norte. No website da empresa está textualmente: ‘A Denofa é de propriedade da Amaggi, uma das principais exportadoras brasileiras de soja não transgênica.’ Por que não trangênicas se no Brasil, a soja transgênica é o ‘grande progresso científico’ na cultura na soja? Simplesmente porque a Noruegua tem uma lei que PROÍBE a importação e o uso no país de soja transgênica. Agora, por que o agrônomo Blairo Maggi, ex-ministro da agricultura brasileira, não disseminou essa vantagem agronômica de plantar soja ‘convencional’ como faz em todo o seu poderio agrícola? Sim, porque conforme afirma o geógrafo norueguês, a Denofa importa ‘das 35 fazendas da Amaggi em Mato Grosso’, muita da soja -‘NÃO TRANSGÊNCIA’- que exporta. Assim, o ‘negócio’ da Denofa são as importações das 400 mil toneladas anuais de soja também para outros países europeus como Suécia e Finlândia. E diz mais o autor norueguês, que dessas toneladas, 300 mil são do Brasil. Provavelmente como citado acima, das 35 fazendas da família. Ou terá outros fornecedores nacionais que também fazem o grande ‘negócio’ de plantar soja não transgênica para os europeus? Ou, conforme questiona de uma forma sutil, o geógrafo, por que não torna pública todas as suas negociações dessa soja convencional? Mas o que esse ‘negócio no campo’ interessaria tanto a Noruega e os outros países? Vamos reproduzir o quanto esse ‘negócio’ dos Maggi repecute no cidadão comum norueguês: ‘um quarto do salmão que compra no supermercado consiste de soja brasileira; de cada litro de leite, de 100 a 200 ml têm a mesma origem. O mesmo cálculo vale para os frangos, as costeletas de porco, a carne moída, os ovos, e o queijo’. e mais: 8 mil pessoas trabalham na indústria de salmão norueguesa, uma atividade que transformou em bilionários, dezenas de proprietários dessas empresas’ e conclui, ‘usufruem de uma área suficiente para a subsistância de 11 mil famílias brasileiras’. E ainda nos diz que: ‘um quarto da ração dos salmões consiste de soja brasileira, … implica dizer que, dos 400 milhões de salmãos dos cativeiros norueguêses, 100 milhões são, na prática, brasileiros’…’para os produtores de salmão, a soja foi nada menos que um milagre …a explosão nas importações de soja para fabricar rações, de zero em 2005 para 677 mil toneladas de grãos de soja, em 2015, a maioria do Brasil’. Não é irônico? E continua: ‘ hoje, a aquicultura (salmão) e a pecuária da Noruega são totalmente dependentes da soja de Mato Grosso, de uma indústria que se firma na queima de florestas tropicais e do Cerrado’. Observa-se que o autor fala ‘de uma indústria’ e não de uma agricultura, mostrando a verdadeira ideologia e doutrina que regem o ‘agronegócio’: de uma atividade que tem por ‘missão’ produzir alimentos para um processo onde o negócio está acima da vida. Por isso nos interessa reconhcer como, em cima do quê e de que forma, ‘alguns’ dos ‘sem-nada’ e de ‘poucas letras’ passaram a ser os ‘com-tudo’ e ‘sobre-todos’.]
Empresária de 89 anos lidera a lista das 8 bilionárias do país. Eles são donos de uma das maiores exportadoras de soja do mundo. O filho Blairo Maggi foi ministro da agricultura no governo Temer e alvo de críticas de ambientalistas.
A empresária Lucia Borges Maggi, de 89 anos, lidera a lista das 8 bilionárias brasileiras da revista Forbes deste ano, com uma fortuna estimada em US$ 6,9 bilhões (cerca de R$ 32,3 bilhões), à frente, inclusive da dona do Magalu, Luiza Trajano.
Na lista dos mais ricos do mundo, Lucia ocupa a 350ª posição.
O sobrenome dela se tornou notável no agronegócio brasileiro com a fundação do Grupo Amaggi, em 1977, em São Miguel do Iguaçu, no Paraná, primeiro com o nome de Sementes Maggi. Lucia e o marido, André, iniciaram juntos a empresa que se tornaria uma das maiores exportadoras de soja do mundo.
Dois anos depois, a companhia chegou ao Mato Grosso, que se tornou o estado-símbolo do cultivo do grão. Em 2001, com a morte de André, a viúva e mãe de cinco filhos, passou a ser a principal acionista da empresa.
O grupo expandiu do simples plantio para o processamento de grãos, comercialização de insumos agrícolas, geração de energia elétrica e operações logísticas.
Em janeiro deste ano, a Amaggi ocupava a 13ª posição na lista as 100 maiores empresas do agronegócio no Brasil, também segundo a Forbes, com uma receita de R$ 23,51 bilhões.
Atualmente, Lucia ocupa uma posição consultiva no Conselho de Administração da companhia.
Filho foi ministro
Na gestão dos negócios, destacou-se também seu filho: Blairo Maggi, que, além de ser um dos acionistas da empresa, foi governador de Mato Grosso por dois mandatos (2003 e 2007), senador e ministro da Agricultura no governo Michel Temer.
O prestígio no agronegócio fez com que Blairo ficasse conhecido como “rei da soja” e fosse considerado pela Forbes uma das pessoas mais influentes do mundo. Fez também com que virasse alvo de críticas de várias entidades ambientais.
Em 2005, o Greenpeace o contemplou com o prêmio Motosserra de Ouro. Anos depois, em 2013, mesmo após forte resistência de parlamentares ligados ao movimento ambientalista, Maggi assumiu a presidência da Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle do Senado.
Em 2016, foi escolhido por Temer para assumir o Ministério da Agricultura, após o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Ele foi investigado pela Procuradora-Geral da República (PGR) após delatores da Odebrecht afirmarem, em 2017, na Operação Lava Jato, que ele teria recebido R$ 12 milhões durante sua campanha à reeleição em 2006 em troca de apoio à construtora. O então ministro negou, à época, que tivesse qualquer relação com a empresa e seus dirigentes.
Lucia Maggi, cofundadora da Amaggi — Foto: Divulgação/Amaggi
Em 2018, o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o arquivamento do inquérito. Ele atendeu a um pedido feito pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que afirmou que a PGR não encontrou provas contra ele e o deputado Zeca do PT, também citado pelos delatores.