A maior produtora de óleo de palma do mundo, a Wilmar International, anunciou na semana passada uma política de não desmatamento como resposta à pressão feita pelo Greenpeace, organizações parceiras e consumidores ao redor do mundo. A política tem o potencial para inspirar demais medidas semelhantes para proteger mais florestas e pessoas que vivem e dependem delas, também em outras regiões.
http://envolverde.com.br/noticias/oleo-de-palma-sem-desmatamento/
por Redação do Greenpeace
O coordenador da campanha de florestas da Indonésia Bustar Maitar, se manifestou:
“A Wilmar respondeu a anos de pressão feita pelo Greenpeace, por outras organizações e por um crescente movimento de consumidores ao redor do mundo que demandam por óleo de palma limpo e pelo fim da destruição das florestas. O compromisso assumido pela Wilmar, pelo não desmatamento, tem o potencial para transformar a controversa indústria da matéria-prima”.
“A política apresentada pela Wilmar mostra que o setor convive com problemas crônicos, e ainda que essa política seja uma bela notícia para as florestas e os já ameaçados tigres que a habitam, seu sucesso será medido pelas ações de implementação que a empresa realizar. Nossos desafios para a Wilmar são práticos, como: agora é possível parar imediatamente de comprar matéria-prima de companhias como Ganda Group, com quem possuem fortes laços comerciais e está diretamente envolvida em derrubada de florestas, áreas ilegais de cultivo e instigam conflitos sociais por consequência desse comportamento?”
Durante os últimos sete anos, o Greenpeace expôs repetidamente a participação da Wilmar em processos de desmatamento, uso de áreas compreendidas por parques nacionais, degradação de áreas que serviam tradicionalmente como habitat primário de espécies ameaçadas como o tigre de Sumatra, além de relações perigosas com fornecedores ‘sujos’, ligados a inúmeros casos de incêndio florestal e exploração predatória de espécies locais.
“Várias companhias, incluindo a Wilmar, utilizaram por anos de iniciativas e eventos que promovem a adoção de práticas sustentáveis no setor para esconder seus reais procedimentos. Por isso, o Greenpeace vai monitorar de perto como a empresa vai transformar as palavras do compromisso em ação no dia a dia, e também desafiar a Wilmar a encerrar todos os contratos com fornecedores envolvidos com ilegalidade e desmatamento. Este desafio já está estendido a outras gigantes que trabalham com óleo de palma, como Cargill, Musim Mas e Sime Darby, para que também apresentem políticas como a apresentada pela Wilmar”, acrescentou Bustar.
A indústria do óleo de palma é o maior vetor de desmatamento na Indonésia.
O ministério de mapas florestais mostra que a Indonésia está perdendo 620 mil hectares de floresta por ano, entre 2009-2011 (uma área maior que o tamanho de Brunei). A expansão do óleo de palma em Nova Guiné e África já está ameaçando as florestas, inflando polêmicas e espalhando conflitos entre as comunidades locais.
A Wilmar International é responsável por mais de um terço do comércio global de óleo de palma.
Se você quer produtos limpos, que não patrocinem a destruição de florestas e da biodiversidade, assine o manifesto e faça parte da campanha pela proteção do paraíso tropical da Indonésia, casa do Tigre de Sumatra e tantas outras espécies.
* Publicado originalmente no site Greenpeace.
Características nutricionais do óleo de palma, artigo de Fabio Cardoso de Carvalho
http://www.ecodebate.com.br/2013/12/10/caracteristicas-nutricionais-do-oleo-de-palma-artigo-de-fabio-cardoso-de-carvalho/
Tendo em vista as orientações atuais que recomendam a ausência de ácidos graxos trans (TFA) na dieta da população, o óleo de palma passa a ser um recurso ainda mais importante para as indústrias de alimentos (WHO,2008).
Além de ser livre de TFA, pois não necessita do processo de hidrogenação para obter viabilidade técnica, o óleo de palma possui um equilíbrio entre ácidos graxos saturados e insaturados, e apresenta conteúdo significativo de vitamina E, principalmente na forma de tocotrienóis (EDEM,2002).
As propriedades nutricionais dos tocotrienóis do óleo de palma têm sido exaustivamente estudadas, incluindo as atividades antioxidantes, efeitos antineoplásicos, redução do risco para aterosclerose e diminuição do colesterol total (SUNDRAM, 2003).
A existência de evidências que comprovam a associação da vitamina E ao menor risco para doenças inflamatórias, neurológicas (como Alzheimer e Parkinson) e diabetes.
Vale ressaltar que os tocotrienóis raramente são encontrados em produtos vegetais, com exceção dos óleos de palma e de arroz. A presença desses antioxidantes contribui para a estabilidade do óleo, tanto pela interrupção da oxidação lipídica (por meio da inibição da formação de hidroperóxidos) como pela suspensão do processo de decomposição (impedimento da formação de aldeídos) (SUNDRAM, 2003).
Com relação aos benefícios cardiovasculares, pode-se destacar a capacidade dos tocotrienóis na regulação da pressão arterial, no controle da glicemia e triglicérides, na elevação dos níveis plasmáticos de vitamina C e na diminuição dos níveis séricos do colesterol total devido à redução da síntese do LDL-colesterol e aumento do HDL-colesterol. Os tocotrienóis também têm a interessante propriedade de diminuir o volume das placas de ateroma na parede dos vasos, restringindo sua obstrução, bem como reduzir o estresse oxidativo.
Da mesma forma que ocorre com todos os tipos de óleos, os triacilgliceróis (TG) são os principais constituintes do óleo de palma. Os TG são componentes formados por uma molécula de glicerol esterificado com três moléculas de ácidos graxos (IOM, 2005).
O óleo de palma possui ácidos graxos saturados (SFA) e insaturados (UFA) em porções similares, sendo que os principais são palmítico e oleico, cerca de 43,5% e 39,8% respectivamente, como mostra a tabela 1:
Tabela 1: Composição típica de ácidos graxos do óleo de palma (%) Nomenclatura | Extensão da cadeia de ácido graxo | Média | Variação observada | Desvio Padrão |
Palmítico | 16:0 | 43,5 | 39,2 – 45,8 | 0,95 |
Oleico | 18:1 | 39,8 | 37,4 – 44,1 | 0,94 |
Linoleico | 18:2 | 10,2 | 8,7 – 12,5 | 0,56 |
Esteárico | 18:0 | 4,3 | 3,7 – 5,1 | 0,18 |
Mistírico | 14:0 | 1,1 | 0,9 – 1,5 | 0,08 |
Láurico | 12:0 | 0,3 | 0 – 1 | 0,12 |
Linolênico | 18:3 | 0,3 | 0 – 0,6 | 0,07 |
Palmitoleico | 16:1 | 0,2 | 0 – 0,4 | 0,05 |
Araquídico | 20:0 | 0,2 | 0 – 0,4 | 0,16 |
* Dr. Fabio Cardoso de Carvalho é cardiologista intervencionista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP). Possui título de especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação Médica Brasileira e título de especialista em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, conferido pela Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista e Associação Médica Brasileira.
Colaboração de Adriana Gemignani