O uso frequente do celular pode estar afetando a qualidade dos espermatozoides?

 O uso frequente do celular pode estar afetando a qualidade do seu esperma? (Foto: iStock)

https://www.standardmedia.co.ke/health/article/2001485835/could-frequent-mobile-phone-use-be-affecting-your-sperm-quality

Nancy Nzau

29.11.23

[NOTA DO WEBSITE: Mesmo que a utilização constante dos possa não estar influenciando na queda vertiginosa da fertilidade masculina nas últimas décadas, há evidências de sua intervenção no aparecimento da doença de Alzheimer. E então? Na roleta da vida tecnocrática moderna, vamos à doença ou à saúde?].

Nas últimas cinco décadas, numerosos estudos relataram declínio na qualidade do sêmen. A contagem média de espermatozoides caiu pela metade nos homens, de 99 milhões de espermatozoides por mililitro para 47 milhões por mililitro.

Este número está prestes a atingir a medida de esperma de baixa qualidade da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 40 milhões por mililitro.

Os investigadores atribuem o declínio acentuado a uma combinação de fatores ambientais, incluindo os disruptores endócrinos, agrotóxicos e radiação, bem como hábitos de vida como dieta, consumo de álcool, stress e tabagismo.

Cientistas da UNIGE/Université de Genève e da Swiss TPH/Tropical and Public Health Institute investigaram se os celulares também desempenhariam um papel neste declínio. O estudo envolveu 2.886 homens suíços entre 18 e 22 anos, recrutados entre 2005 e 2018 em seis centros de recrutamento militar.

Os participantes preencheram questionários detalhados sobre seus hábitos de vida, saúde geral e frequência de uso de celular, bem como onde normalmente guardavam seus telefones quando não estavam em uso.

Os resultados revelaram uma associação entre o uso frequente deles e menor concentração de espermatozoides. Homens que usavam seus telefones mais de 20 vezes por dia tiveram uma diminuição de 21% na concentração de espermatozoides entre os usuários frequentes.

O uso constante do telefone reduziu a concentração média de espermatozoides para 44,5 milhões por mililitro, em comparação com 56,5 milhões por mililitro nos homens que o usavam menos de uma vez por semana.

O estudo também observou que esta associação foi mais pronunciada no período anterior do estudo (2005-2007) e diminuiu gradualmente com o tempo (2008-2011 e 2012-2018).

Os investigadores sugerem que esta tendência pode estar ligada à transição das redes móveis 2G para 3G e depois para 4G, o que resultou na redução da potência de transmissão dos telefones.

“Estudos anteriores que avaliaram a relação entre o uso de celulares e a qualidade do sêmen foram realizados num número relativamente pequeno de indivíduos, raramente considerando informações sobre estilo de vida, e foram sujeitos a viés de seleção, uma vez que foram recrutados em clínicas de fertilidade. Isto levou a resultados inconclusivos”, afirma a coautora do estudo Rita Rahban, investigadora sênior e professora assistente do Departamento de Medicina Genética e Desenvolvimento da Faculdade de Medicina da UNIGE e do Centro Suíço de Toxicologia Humana Aplicada, numa comunicação da universidade.

O estudo também explorou o posicionamento dos celulares, como carregá-los nos bolsos das calças, mas não encontrou uma associação clara com parâmetros de espermatozoides mais baixos. Os investigadores notaram, no entanto, que o número de participantes que não carregavam os seus telefones perto do corpo era demasiado pequeno para tirar conclusões sólidas sobre este aspecto específico.

Uma limitação do estudo foi o fato de se basear em dados auto-relatados, que nem sempre refletem com precisão a utilização real do celular. Para resolver esta limitação, um novo estudo financiado pelo Departamento Federal do Meio Ambiente (FOEN/FEDERAL OFFICE FOR THE ENVIRONMENT ) está previsto para ser lançado em 2023.

O objetivo é medir diretamente a exposição às ondas eletromagnéticas e aos diferentes tipos de utilização dos celulares (chamadas, navegação na Internet, envio de mensagens) para avaliar o seu impacto na saúde reprodutiva masculina e no potencial de fertilidade. 

Os investigadores pretendem também investigar mais aprofundadamente os mecanismos por detrás destas observações, incluindo se as micro-ondas emitidas pelos telefones têm um efeito direto ou indireto, se provocam um aumento significativo da temperatura testicular e se influenciam a regulação hormonal da produção de espermatozoides.

O estudo foi publicado na revista Fertility & Sterility. Estudos anteriores também descobriram que a radiação dos celulares causa picos acentuados na doença de Alzheimer.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, novembro de 2023.