O Canadá está “entre os piores” em termos de regras sobre agrotóxicos

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O Canadá fica atrás da União Europeia e de dezenas de outros países no que diz respeito à proibição de agrotóxicos perigosos. Ilustração de Ata Ojani.

https://www.nationalobserver.com/2023/11/16/news/why-canada-among-worst-pesticide-rules

Marc Fawcett-Atkinson

16 de novembro de 2023

[NOTA DO WEBSITE: Parece que o mundo todo, a começar pelos países que mais volume de produtos agrícolas geram, não está minimamente conectado de que na se produz alimentos e daí saúde para os seres vivos e não ‘saúde' para o lucro das corporações].

O Canadá fica atrás de quase 90% dos países do mundo no que diz respeito à proibição de agrotóxicos nocivos, incluindo a União Europeia e o (nt.: SERÁ???).

As proibições são decretadas através da identificação dos “princípios ativos” perigosos, as moléculas químicas que os tornam eficazes, e não de suas marcas específicas. Os princípios ativos dos agrotóxicos que contenham esses ingredientes podem ser proibidos de uso se forem considerados perigosos pela Agência Reguladora de Controle de Pragas do Canadá (nt.: PMRA/Pest Management Regulatory Agency).

A relutância do Canadá em proibir agrotóxicos nocivos coloca-nos muito atrás da maioria dos outros países do mundo.

“Gostamos de nos apresentar ao mundo como sendo ambientalmente sensíveis e realmente atentos, mas, na verdade, somos mais faladores do que executores”, disse o médico e ex-presidente fundador dos Médicos Canadenses pelo Meio Ambiente, Warren Bell.

Só a União Europeia proibiu ou não aprovou o uso de 383 ingredientes ativos, dos quais apenas 28 foram banidos ou proibidos no Canadá. Até as regras do Brasil são mais rigorosas (nt.: ainda nesse ano de 2023 o Congresso Nacional FEZ QUESTÃO DE RETROCEDER AO TEMPO DE GETÚLIO VARGAS, na década de 30, quando priorizava o registro de venenos ao Ministério da Agricultura quando nem tínhamos o Ministério da Saúde e nem se falava sobre a questão ambiental. POIS ESSE É O BRASIL DO BOLSONARISMO E DO AGRONEGÓCIO!!!) do que as do Canadá: o país proibiu 131 ingredientes ativos, quase cinco vezes mais do que o Canadá, de acordo com uma análise da professora Louise Vandelac da Université du Québec em Montréal.

Os agrotóxicos amplamente utilizados no Canadá e proibidos em outros países incluem a atrazina (nt.: ver no nosso website todos os materiais que tratam dessa molécula para se ver como ela é disruptora endócrina e afeta todos os batráquios), que afeta o sistema imunológico e os hormônios, que foi proibido na Europa desde 2004. O Canadá também ficou anos atrás da UE na proibição de inseticidas nocivos como os neonicotinoides, que devastam insetos. , e alguns outros tóxicos para os seres humanos, como o clorofosforado clorpirifós (nt.: ver o documentário nesse nosso website: ‘Amanhã, seremos todos cretinos?), que as autoridades só proibiram após anos de advertências dos seus próprios cientistas.

“Sistemas ruins geram resultados ruins – e o sistema de regulamentação de agrotóxicos no Canadá é um sistema ruim”, disse Bell.

O Canadá está “entre os piores” países quando se trata de regular eficazmente os agrotóxicos, disse Vandelac, acrescentando que está “surpresa” com a abordagem regulatória branda destacada pela posição do Canadá, muito atrás de outros países. O governo deveria considerar mais pesquisas independentes na sua avaliação, em vez do modelo atual, onde as autoridades dependem das empresas de agrotóxicos (nt.: exatamente como faz o Brasil) para fornecer dados de saúde e segurança, disse ela.

As autoridades canadenses assumem uma postura permissiva e permitem agrotóxicos, a menos que haja provas de que os produtos químicos causam danos ao meio ambiente ou à saúde humana, explicou a advogada da Ecojustice e especialista em agrotóxicos Laura Bowman.

O Canadá fica atrás de quase 90% dos países do mundo no que diz respeito à proibição de pesticidas nocivos, incluindo a União Europeia e o Brasil.

Em teoria, a Europa e o Canadá têm abordagens semelhantes. Ambas as jurisdições avaliam a toxicidade dos agrotóxicos em relação ao risco deles penetrarem no ambiente ou envenenarem as pessoas. Eles divergem quando se trata do limiar de risco quando decidem se um é demasiado perigoso: enquanto a Europa erraria por precaução, o Canadá não proibirá a menos que haja uma prova “sólida” de danos, disse ela.

Os dados medíocres do Canadá sobre a utilização de agrotóxicos tornam difícil avaliar onde e quando eles são utilizados e que danos podem estar causando ao ambiente e à saúde humana. O governo dispõe apenas de dados aproximados para avaliar quantos deles são vendidos no país todos os anos e não controla onde ou como os produtos químicos são utilizados. Sem esta informação, é difícil para os reguladores avaliar adequadamente seu risco.

As autoridades federais foram criticadas este ano por problemas crônicos de transparência e pela falta de independência das empresas de agrotóxicos. Em agosto, o professor da Universidade Simon Fraser e especialista em , Bruce Lanphear, demitiu-se de um cargo de prestígio que oferecia aconselhamento científico à PMRA, alegando dificuldades no acesso aos dados de saúde e ambiente da agência e a influência dos lobistas da indústria.

Na Primavera passada, o Observador Nacional do Canadá expôs os obstáculos que os canadenses enfrentam no acesso aos dados de saúde da agência sobre os agrotóxicos. Também revelou dois casos recentes em que as autoridades se recusaram a procurar ou avaliar dados de saúde sobre agrotóxicos perigosos que acabaram por ser proibidos.

A posição do Canadá tende a ser: “Não temos muita informação sobre a exposição, por isso podemos assumir que poucas pessoas estão expostas”, disse Bowman. “Isso é uma função da cultura institucional e também é impulsionado pela pressão comercial”.

Os estão com o Canadá no final da lista quando se trata de regulamentação de agrotóxicos, de acordo com Vandelac. Isso não é coincidência: o Canadá normalmente segue o exemplo dos EUA nas suas decisões regulamentares em torno dos venenos agrícolas, disse Bowman. Os reguladores estão sob “muita pressão” para serem tolerantes com as suas regras sobre agrotóxicos, a fim de ajudar a agricultura, a silvicultura e as indústrias dos venenos a permanecerem competitivas.

Um porta-voz da Health Canada disse em comunicado que o Canadá “continua sendo um líder mundial na regulamentação de agrotóxicos e seu processo de revisão é rigoroso e totalmente enraizado na ciência”. A organização trabalha em estreita colaboração com reguladores de outros países, disseram, e está atualmente num “processo de transformação” que irá “escanear a informação científica numa base contínua… para responder aos riscos em tempo útil”.

Bell continua não convencido. As autoridades canadenses têm uma cultura de afirmar que o país está “fazendo um ótimo trabalho” para manter os canadenses seguros, especialmente em comparação com os EUA, onde males sociais como tiroteios em massa são comuns. Mas embora “não atiremos nas pessoas”, os agrotóxicos e as regras do Canadá significam que os canadenses não “têm as informações (de segurança) necessárias para fazerem bons julgamentos sobre o que estão fazendo com as suas mentiras”, disse ele.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, dezembro de 2023.

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