15.junho.2023
Advertindo que as cidades estão ‘sufocando com a poluição tóxica do ar’, apesar dos movimentos da indústria em direção a cruzeiros com emissões mais baixas.
Os navios de cruzeiro foram responsáveis por mais de quatro vezes as emissões de enxofre na atmosfera da Europa do que todos os carros do continente no ano passado, de acordo com um novo relatório.
Isso ocorre apesar das repetidas promessas da indústria de avançar para um modelo operacional mais ecológico.
Uma pesquisa da Transport & Environment, que se descreve como um “grupo de campanha de transporte limpo”, mostra que 509 toneladas de óxidos de enxofre foram emitidas pelos 218 navios de cruzeiro que navegaram na Europa no ano passado. Isso está acima dos níveis pré-pandêmicos de 465 toneladas.
Embora um limite de enxofre em combustíveis navais, introduzido pela ONU em 2020, tenha reduzido as emissões por tonelada de combustível consumido, a adição de novos navios às frotas existentes significa que as emissões gerais aumentaram – embora os níveis de passageiros ainda não estejam nos níveis pré-pandêmicos na Europa.
Barcelona foi o porto mais poluído da Europa no ano passado, seguido por Civitavecchia, um porto costeiro a noroeste de Roma e o porto ateniense de Pireu.
Em uma notícia melhor, Veneza – o porto mais poluído por cruzeiros em 2019 – caiu para 41º na lista no ano passado, após a proibição de grandes navios de cruzeiro entrarem no porto que foi introduzida em 2021, levando a uma queda de 80% nas emissões do óxido de enxofre.
No Reino Unido, Southampton é classificado como o sétimo porto mais poluído da Europa em termos de poluição do ar por navios de cruzeiro, com apenas 45 navios responsáveis por quase 10 vezes mais poluentes nocivos do que todos os 93.000 carros da cidade.
Constance Dijkstra, ativista de transporte marítimo da Transport & Environment, disse: “A pandemia forneceu algum alívio para as cidades portuárias, mas isso agora acabou. Os cruzeiros estão de volta e pontos turísticos como Barcelona e Atenas estão novamente sufocando com a poluição tóxica do ar dos navios de cruzeiro.
“Veneza mostrou que combater a poluição dos navios de cruzeiro é possível, mas as proibições não são o único caminho. Os portos podem reduzir significativamente os níveis de poluição, forçando os navios a se conectarem à eletricidade no porto em vez de ligar seus motores e apoiando a adoção de combustíveis com emissão zero”.
Jon Hood, gerente de transporte sustentável da Transport & Environment no Reino Unido, disse: “Com o governo atualmente revisando seu principal plano de transporte ecológico, temos a oportunidade perfeita para finalmente levar a sério o tratamento da poluição marítima.
“Isso significa mudar de combustíveis fósseis imundos para combustíveis limpos e com emissão zero, como o hidrogênio verde, e estabelecer metas obrigatórias para os portos do Reino Unido para apoiar tecnologias de emissão zero”.
O óxido de enxofre predominante encontrado na baixa atmosfera é o dióxido de enxofre, que é um gás corrosivo e ácido. Segundo o governo do Reino Unido, a exposição direta ao SO2 está associada à asma e bronquite crônica e pode levar à irritação e constrição das vias aéreas, podendo também formar chuva ácida.
Juntamente com Veneza, que há muito está no centro do movimento anticruzeiro, outras cidades portuárias europeias também impuseram restrições a embarcações maiores, incluindo Santorini, Palma de Mallorca e Dubrovnik. O prefeito de Barcelona já havia pedido ao governo regional que reduzisse o número de navios permitidos no porto da cidade.
Andy Harmer, diretor administrativo da Cruise Lines International Association (CLIA) Reino Unido e Irlanda, disse ao The Independent que a indústria de cruzeiros está “fortemente comprometida em melhorar continuamente seus esforços de sustentabilidade, e as linhas de cruzeiro estão fazendo investimentos significativos para desenvolver novas tecnologias ambientais, combustíveis marítimos sustentáveis e equipar os navios de cruzeiro para se conectarem à eletricidade em terra, removendo as emissões enquanto estão atracados”.
“A frota global de cruzeiros, que totaliza cerca de 300 navios, é uma das mais tecnologicamente avançadas e energeticamente eficientes da história. Os navios lançados este ano são indicativos dos avanços que a Cruise está fazendo ao passar de uma indústria de combustível único para recursos de múltiplos combustíveis. Como parte dessa transformação, as linhas de cruzeiro estão buscando uma variedade de fontes de energia alternativas novas e mais sustentáveis, incluindo a preparação de seus navios para baterias elétricas, biocombustíveis avançados, células de combustível de hidrogênio e combustíveis sintéticos.
“Hoje, mais de 80 navios da frota de cruzeiros membros da CLIA, representando 40% da capacidade global, estão equipados com conexões de energia em terra e outros 83 navios estão planejados para retrofits. Prevê-se que cerca de 85% dos navios de cruzeiro que entrarão em operação entre agora e 2028 serão equipados com a capacidade de se conectar à eletricidade em terra”.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, junho de 2023.
