Funcionários públicos ligados à área da saúde nos EUA estão começando a demonstrar maior interesse nas conexões que vêm sendo expostas entre a exposição a substâncias químicas ambientais, como o bisfenol A, e o desenvolvimento de diabetes e obesidade.
http://www.theecologist.org/News/news_analysis/816684/medical_profession_oblivious_to_role_of_chemicals_in_diabetes_and_obesity.html
William McLennan, 22 de março de 2011
Em 2008 quase 25% dos adultos no Reino Unido e 16% das crianças entre 2 e 15 anos foram classificados como obesos.
A profissão médica se mantém largamente “alheia” à conexões divulgadas entre a exposição à substâncias químicas sintéticas no nosso dia-a-dia e o desenvolvimento de diabetes e obesidade, disseram os maiores especialistas ao Ecologist.
As taxas de obesidade e diabetes em crianças e adultos vêm crescendo em muitos países ao redor do mundo. Em 2008 quase um quarto dos adultos no Reino Unido e 16% de crianças entre 2 e 15 anos foram classificados como obesos, enquanto 2,8 milhões da população vêm sendo tratados para diabetes. Custos médicos associados com essas condições também estão aumentando com o National Health Service/NHS (nt.: Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra) estimando ser gasto £9 bilhões de libras esterlinas/ano (nt.: valor da £ hoje, 15.01.12, é 2,73 reais) para tratar a diabetes e um tanto mais de £4.1 bilhões para tratar a obesidade.
A elevação destas condições médicas ao longo da última década levou muitos pesquisadores a procurarem a conexão com vários fatores externos. Embora mudanças na dieta e na atividade física são predominantemente responsáveis por estas elevações, pesquisa recente explorou a possibilidade da poluição ambiental poder causar tanto a diabetes como a obesidade.
Os prinicpais suspeitos destacados pelos pesquisadores incluem os poluentes orgânicos persistentes (POPs), como os agrotóxicos organoclorados, muitos deles já estão banidos, apesar de continuarem a ser detectados amplamente na população dos EUA. Estudos também encontraram evidências de que outros químicos, como o bisfenol A (BPA), associados tanto com a diabetes como com a obesidade, ainda estão sendo largamente produzidos e detectados em níveis perceptíveis no ambiente. O BPA em especial tem sido foco de campanhas exigindo que seja banido, embora continue sendo utilizado para revestir garrafões d’água e embalagens de alimentos.
Especialistas da área da saúde são insistentes de que há uma conexão e dizem que mais pesquisas são necessárias para averiguar esta complicada relação.
‘Não há mais dúvidas para mim de que a exposição a químicos ambientais está contribuindo para o aumento nas taxas de diabetes e obesidade, mas o entendimento desta relação é absolutamente delicado’, contou o Dr David Carpenter, Diretor do Instituto de Saúde e Ambiente da Universidade de Albany ao Ecologist. ‘E isso é especilamente verdadeiro para os médicos e é triste que no presente a profissão médica pareça estar alheia ao papel da contaminação química como fator de risco para todas as doenças da terceira idade, do câncer à obesidade e da diabetes às doenças cardiovasculares’, diz o Dr Carpenter.
A Health Protection Agency/HPA (nt.: a Agência de Proteção à Saúde da Inglaterra) ainda está para realizar alguma pesquisa e tomando uma posição mais neutra.
‘A HPA não está empreendendo nenhum trabalho específico nesta área. No entanto esta é uma área de pesquisa interessante e emergente. Como tal, a HPA aguarda com expectatia pela publicação de literatura futura e continuará a monitorar de perto os desenvolvimentos’, diz Ovnair Sepai, chefe geral do Centro de Radiação, Químicos e Riscos Ambientais da HPA.
Proecupação do governo dos EUA.
No entanto, funcionários da área de saúde do governo dos EUA têm se interessado muito deste tema. Em janeiro de 2011, o Departamento de Saúde norte-americano fez um encontro com oficinas para avaliar a pesquisa relacionada à exposição a químicos ambientais com relação ao desenvolvimento de diabetes e obesidade.
Só no ano passado, o National Cancer Institute, que assessora o presidente dos EUA, disse que a conexão entre a exposição diária a químicos e o risco de câncer tem sido “grosseiramente subestimado”.
Canditados nos EUA agora querem regulamentação mais resistente para parar o uso destes químicos. “Há evidências que sustentam a possibilidade de que menores níveis de exposição a químicos ambientais podem contribuir para o desenvolvimento de diabetes”, diz Sarah Howard do grupo de pressão Collaborative on Health and the Environment (nt.: Cooperação sobre Saúde e Ambiente). ‘Alguns destes químicos estão ainda em uso e nós queremos regulamentá-los. As regulamentações podem também auxiliar na identificação de substâncias químicas potencialmente problemáticas antes delas serem introduzidas no mercado e em nossos organismos”.
Grupos ligados à saúde no Reino Unido, permanecem indecisos: ‘A conexão entre poluição e diabetes precisa ser mais explorada com pesquisas mais sólidas antes de qualquer conclusão mais exata poder ser feita”, diz a Dra. Victoria King, Chefe de Pesquisa em Diabetes no Reino Unido.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, janeiro de 2012.
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