Corporação: Ministério Público pede suspensão de licenças da mineradora Hydro em Barcarena, no Pará

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Imagem do googlemaps com um zoom feito de forma que se possa observar a dimensão da usina com as imagens que estão abaixo para se compreender o tamanho dos depósitos de lama tóxica que ficaremos para sempre.

https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2021/10/20/parecer-do-mppa-pede-suspensao-de-licencas-da-mineradora-hydro-em-barcarena-no-para.ghtml

Taymã Carneiro, g1 Pará — Belém

20/10/2021

[NOTA DOS WEBSITE: notícia muito importante quando se conhece, através da leitura do livro do geógrafo norueguês Torkjell Leira em seu livro “Luta pela floresta’, conforme capa abaixo, o quanto a Hydro ganha ao ser dona tanto da mina de bauxita de Paragominas, imagem abaixo no coração da Amazônia, como da usina que transforma a bauxita em alumina a centenas de quilômetros, em Barcarena, no Pará. É incrível como o discurso de privatização nada mais é do que a entrega definitiva dos bens que são de toda a população brasileira para alguns, destacadamente estrangeiros, tão defendida pela ideologia dos militares nacionais. Inacreditável que seja essa a defesa do território nacional!]

Para se ter uma ideia, a im agem abaixo é somente do espaço onde está a sinalização vermelha e assim se poderá ter uma ideia a dimensão da devastação que essa extração causa ao ambiente que foi devastado.

Justiça analisa pedidos feitos em processo movido pela Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama). Empresa é alvo de cinco ações judiciais envolvendo impactos socioambientais.

Um parecer do Ministério Público do Pará (MPPA) pede ao Governo do Pará o cancelamento das licenças concedidas às empresas Norsk Hydro, Albrás e Alunorte, todas ligadas ao grupo Hydro. Os empreendimentos atuam com mineração, utilizando bacias de rejeitos químicos em Barcarena, nordeste do Pará, e são investigados por contaminações na região. Cinco ações judiciais estão em curso.

No pedido, a promotora de Justiça Rosângela de Nazaré, da 5ª Promotoria de Justiça de Ações Constitucionais e Fazenda Pública, manifestou-se pela procedência parcial de ação civil pública, ajuizada pela Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), contra as três empresas e o Estado do Pará.

A ação pede ainda a declaração de nulidade dos licenciamentos de atividades industriais realizadas em área de reserva ecológica, solicitando recomposição dos danos, cancelamento de certificado ISO, e indenização a título de danos morais e materiais pelos danos ambientais e sociais causados.

Em nota, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) disse que não foi notificada sobre o pedido. A recomendação ainda deve ser analisada pela Justiça. O Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) não se manifestou.

Já as empresas disseram em nota que “já se manifestaram ao juízo da 5ª Vara da Fazenda Pública dos Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Capital, em junho, sobre o referido parecer do Ministério Público do Estado, emitido em maio deste ano” e que “o processo continua em andamento no Judiciário”.

Ainda em nota, as empresas afirmaram que “as atividades, devidamente licenciadas pela autoridade ambiental competente em zona industrial, seguem rígidos padrões internacionais de segurança operacional e sustentabilidade” e que, “portanto, discordam dos argumentos apresentados no parecer”.

Pedido do MPPA

No caso, o MPPA manifestou que as empresas devem ser condenadas a reflorestar, recuperar nascentes, recursos hídricos e geológicos e remediar passivos socioambientais na área descrita na escritura pública como de preservação ambiental.

A promotoria também pede à Justiça que o Estado do Pará cancele licenças concedidas na área referida, e fiscalize a recomposição do meio ambiente natural.

“(…) quanto à certificação, entende-se que até o momento as empresas exploravam economicamente a área com autorização do Poder Público, portanto, não há como afirmar que por esta razão as mesmas não preenchem os requisitos para certificação”, afirma o MPPA.

Em relação aos danos morais e materiais, citados na ação civil pública, isso dependeria de comprovação efetiva dos prejuízos associados à ação ou omissão das rés, ainda de acordo com o MP.

Autor da ação, o advogado Ismael Moraes comenta que a “é a segunda vez que o MP concorda com as ações da Cainquiama, sendo a primeira através de estudo que a Vara Agrária fez demonstrando ilegalidade e fraudes que permitiram a construção dessas bacias de rejeitos químicos industriais sobre a Reserva Ecológica projetada pra proteger as comunidades quilombolas e de ribeirinhos”.

“Acreditamos que será feita Justiça obrigando a Hydro a remediar 60 milhões de metros cúbicos de substâncias que contaminam as comunidades, a reflorestar dois mil hectares de mata e a recomposição de rios e igarapés que ela aterrou”, afirma.

Entenda o caso

A cidade de Barcarena é afetada por diversas atividades minerárias. Rios e igarapés se tornaram pontos de despejo irregular de rejeitos tóxicos e apresentam altos níveis de contaminação, afetando 40 mil pessoas, de acordo com ação levada à corte europeia. Comunidades ribeirinhas estão entre as mais afetadas pelas atividades.

O “caso Hydro”, como ficaram conhecidas as denúncias de contaminação, teve repercussão internacional depois do despejo de rejeitos tóxicos da refinaria da Norsk Hydro em Barcarena, no nordeste do Pará, em 2018. À época, a força das chuvas fez com que comunidades de Barcarena, no entorno da mineradora, e vilas de Abaetetuba fossem inundadas por águas avermelhadas, contaminadas com bauxita.

Rios, igarapés foram contaminados e comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas tiveram a saúde e o modo de vida afetados. As operações afetam comprovadamente o meio ambiente desde 2002, a partir dos incidentes como vazamentos da bacia de rejeitos da empresa. As ações são todas registradas e catalogadas pelo Ministério Público Federal (MPF).

A Hydro nega que tenha causado qualquer contaminação, resultante de alegados despejos de produtos tóxicos no Rio Murucupi. De acordo com a empresa, com base em inspeções realizadas por autoridades, não houve transbordo de suas áreas de disposição de resíduos sólidos.

Em nota, a Hydro informa que, em 2018, inspeções confirmaram que não houve vazamentos ou transbordamento dos depósitos de resíduos de bauxita da Alunorte, o que é confirmado pelos relatórios de mais de 90 inspeções feitas por autoridades ambientais. A empresa afirma que os problemas de saúde relatados após as enchentes de 2018 não estão relacionados a uma situação de transbordamento dos depósitos de resíduos de bauxita, já que as autoridades confirmaram que nenhum transbordamento ocorreu nos depósitos.

Hydro no Pará

No Pará, a Hydro possui três instalações, incluindo a mina de bauxita de Paragominas; a refinaria Alunorte em Barcarena, onde a bauxita é transformada em alumina; e a Albras, onde as fundições transformam alumina em alumínio.

Em 2018, a Hydro chegou a se desculpar pelo que chamou de “liberação completamente inaceitável” de água não tratada durante fortes chuvas na região da Alunorte, mas negou que isso tenha resultado na contaminação do meio ambiente local.

O Instituto Evandro Chagas realizou coletas de solo e água nas comunidades que ficam ao redor da Hydro e após análise em laboratório foi constatado alteração nos elementos químicos presentes no solo, além da presença de metais pesados e cancerígenos como chumbo.

liberação não autorizada de água fez com que autoridades e a Justiça a exigissem que a Hydro cortasse a produção de alumina da Alunorte, provocando o desligamento parcial da Albrás e resultando em interrupções que duraram mais de quinze meses.

Refinaria Hydro Alunorte é investigada por vazamento e despejos irregulares de rejeitos no Pará — Foto: Infográfico: Alexandre Mauro e Igos Estrella / G1

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