O único mercado de carbono global precisa ser radicalmente reformado.
por Redação da The Economist
O que você diria de um mercado que contribuipara a redução das emissões de carbono em um bilhão de toneladas em 7 anos, atraiu US$ 215 bilhões de investimentos verdes para países em desenvolvimento (mais do que qualquer fundo ambiental privado) e cortou o custo da redução da atenuação do aquecimento global em US$ 3,6 bilhões? A resposta, a julgar por uma comissão da ONU que investigou os atividades do Clean Development Mechanism (CDM) é: você diria se tratar de uma confusão.
O CDM foi criado de acordo com o Protocolo de Kyoto para fazer com que os países em desenvolvimento fizessem sua parte para reduzir as emissões de carbono. O mecanismo permite que projetos que reduzam a emissão de gases causadores do efeito estufa em países pobres recebam um crédito de carbono (uma “certificação de redução de emissão” ou CER) para cada tonelada de dióxido de carbono evitado. O crédito também pode ser vendido a empresas depaíses ricos que tem a obrigação, de acordo com o Protocolo de Kyoto, de reduzir suas emissões. A ideia era encorajar a economia de carbono onde a mesma fosse mais barata, (isto é, em países em desenvolvimento) , promovendo deste modo a eficiência.
O problema é que a oferta de créditos superou em muito a demanda. O CER de número um bilhão foi emitido em 7 de setembro. No entanto, os maiores emissores de gases causadores do efeito estufa ou não ratificaram o protocolo (EUA) ou não foram obrigados a reduzir o seu nível de emissões (China e Índia). Isso fez com que a Europa se tornasse a maior fonte de demanda por créditos e que o CDM se tornasse uma espécie de anexo do esquema de limites e trocas (cap-and-trade) europeu, o Sistema de Troca de Emissões. Mas a crise do euro reduziu a atividade industrial (reduzindo a poluição) e às empresas europeias, de todo modo, foram concedidas cotas de carbono excessivamente generosas sob o esquema de limites e trocas. Desse modo, o preço do carbono caiu sensivelmente, indo de US$ 20 por tonelada em agosto de 2008 para menos de US$ 5 agora.
Uma superoferta de permissões para poluir é um problema endêmico.
* Publicado originalmente na revista The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.