Mata Mato e Mata Gente?

O que não conhecemos pode estar nos matando! 

 

https://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2018/01/14/avoiding-pesticides-improve-health.aspx

 

 

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Resumo da história

  • O livro “Whitewash” conta a convincente história de como as corporações, tipo Monsanto, criaram a dependência global dos agrotóxicos, liderando o massivo aumento no uso do ‘Glifosato’ (nt.: marca comercial Roundup, conhecido entre nós como ‘Mata Mato) e outros herbicidas; 

Whitewash

  • Os produtores rurais agora aplicam mais ou menos em torno de 2 bilhões de quilos – 2 milhões de toneladas – (5 billion pounds) de glifosato sobre os cultivos agrícolas, a cada ano, em todo o planeta. Aproximadamente 100 mil toneladas são aplicados no processo agrícola dos EUA;
  • A exposição aos agrotóxicos têm, da mesma forma, aumentado exponencialmente. O resultado dos exames de urina quanto a glifosato, o princípio ativo do herbicida ‘Roundup’, disparou em mais do que 1.200% entre 1993 e 2016;
  • A parte inicial da palavra criada pela química, “gli” em glifosato, foi tirada de glicina, um amino ácido muito comum que nosso organismo utiliza para fazer proteínas. Nosso corpo pode substituir o glifosato em lugar da glicina o que resulta em proteínas danificadas frequentemente não funcionais; 
  • Em março de 2015, a International Agency for Research on Cancer (nt.: Agência Internacional para Pesquisa sobre o ), um ramo de pesquisa da World Health Organization/WHO (nt.: Organização Mundial da Saúde/OMS da ONU), reclassificou o glifosato como Classe 2A “provavelmente carcinogênico” (nt.: por questão ética, sempre virá a expressão ‘provavelmente‘, porque se fosse dito ‘efetivamente‘, ficaria implícito que teria sido pesquisado em seres humanos e não só animais).

 

 

By Dr. Mercola

A Monsanto tornou-se uma potência global capaz de alterar governos inteiros de acordo com sua vontade. Como resultado, a corporação inundou o ambiente global com seus químicos venenosos, em grande parte através de meios questionáveis se não absolutamente imorais e ilegais. Carey Gillam, uma jornalista investigativa, mergulhou fundo na história pregressa desta corporação e nas catastróficas consequências de sua influência sobre a cultura global em seu livro, “Whitewash: The Story of a Weed Killer, Cancer, and the Corruption of Science” (nt.: numa tradução livre – “Ocultação: A História do Mata Mato, Câncer e a Corrupção da Ciência”).

“Tenho sido uma jornalista toda a minha vida de adulta, mais de 25 anos,” diz Gillam. O maior tempo de sua carreira dispendeu como repórter junto à Agência Reuters (nt.: hoje Thomson Reuters), uma organização de notícias global, altamente respeitada. Nos anos 90, ela foi designada para se mudar para Kansas e encarregada de reportar fatos relacionados com alimentação e produção de alimentos.

“Fui para Kansas City e imediatamente comecei a esmiuçar e tentar aprender tudo sobre a Monsanto, que recém havia introduzido as culturas geneticamente modificadas (nt.: transgênicos – GM),” diz ela. “Sentia que esta tecnologia me soava legal… Inclusive usei Roundup; ele trabalha muito bem… Cheguei sem nenhum preconceito.

Como repórter, precisamos realmente aprender a deixar de lado todas as ideias preconcebidas porque senão não seremos juntos e não é o caminho para que possamos acuradamente aprender sobre os temas e mesmo reportar as informações. O livro é realmente a acumulação de 20 anos de estar profundamente envolvida neste mundo e despendendo um bocado de tempo com a Monsanto, a Dow, a  DuPont e os produtores rurais.

O glifosato — Roundup — é uma espécie de fio condutor para o meu livro. A Monsanto e a história de como eles empurraram este mata mato a ser o químico mais amplamente usado no mundo… [foi] estrategicamente planejado… O ponto que eu espero que o livro faça é se entender que tanto o glifosato como a Monsanto realmente criaram um trampolim para um problema muito maior — um impulso corporativo para geração de dependência aos agrotóxicos…”

Glifosato — O Agrotóxico mais Amplamente Usado na Terra

O glifosato é registrado em 130 países e seu uso vem aumentando exponencialmente desde a introdução dos cultivos transgênicos resistentes ao glifosato (glyphosate-resistant GE crops). Os produtores rurais estão aplicando atualmente perto de 2 milhões de toneladas (5 billion pounds) de glifosato, a cada ano, para o cultivo de plantas em todo o mundo. 1 Aproximadamente 100 a 150 mil toneladas são aplicados na agricultura dos EUA.

Desnecessário dizer que a exposição aos agrotóxicos também aumentou exponencialmente. O resultado dos exames de urina do glifosato, o princípio ativo do herbicida Roundup, disparou para mais de 1.200% entre 1993 e 2016. 2 O livro de Gillam revela como as culturas GM – geneticamente modificadas, foram as verdadeiras catalizadoras para esta tremenda explosão no uso do glifosato. Elas foram projetadas para de fato encorajar os produtores rurais a usarem este químico.

“Foi uma jogada brilhante da Monsanto,” diz ela. “Aplicamos em torno de 20 mil toneladas por ano para algo como 100 a 150 mil nos Estados Unidos. É empregado em… mais ou menos 70 cultivos diferentes comumente consumidas. Coisas como abacate, cerejas e amêndoas.” Importante, não é porque um alimento não seja geneticamente modificado que signifique livre de agrotóxicos.

“A Monsanto foi também esperta bastante para comercializar com os produtores [de] trigo, aveia e cevada… para espargirem diretamente sobre as culturas, pouco antes da colheita. Quando os grãos estão maduros, eles dizem que os agricultores podem então ir em frente e aplicarem diretamente sobre os cultivos. As plantas ficarão secas e… os produtores podem fazer a colheira de maneira mais uniforme e consistente.

[Isso] pode ser bom para os produtores e para as vendas — dos produtores do glifosato — mas ficam resíduos deste veneno no produto final de consumo.

Documentamos resíduos de glifosato em aveia, aveia que usamos como alimento de nossos nenês, bem como em trigo e produtos de pão. Também foi detectado em mel — mesmo sendo orgânico — isso ocorre mais [devido ao] tipo de trabalho de coleta das abelhas… do que pela aplicação do agrotóxico. De novo, ele é invasivo em nosso alimento, nossa água, nosso ar e inclusive em nossos próprios organismos”, diz Gillam.

 

O Glifosato É um Potente Tóxico

Glifosato é o principal princípio ativo do produto comercial Roundup, no entanto, enquanto ele é tóxico por si mesmo, o produto comercial como herbicida formulado, é muitíssimo mais prejudicial. Alguns acreditam que ele é significativamente mais tóxico já que certos surfactantes permitem que este princípio ativo seja mais efetivamente absorvido (nt.: este produto tem a capacidade de quebrar a tensão superficial da água e permite que o produto penetre mais facilmente nas folhas das plantas). Adiciona-se que o ‘gli’ em glifosato conecta com glicina, um amino ácido muito comum de nosso organismo que a emprega para produzir proteínas.

Como resultado, nosso corpo pode substituir o glifosato como se fosse glicina, resultando de que podem ser produzidas proteínas danificadas. O glifosato também afeta a via metabólica das plantas chamada ‘chiquimato’ (glyphosate also affects the shikimate pathway) e destrói nosso microbioma (nt.: formado essencialmente por bactérias e fungos que também têm a mesma via metabólica), graças à sua atividade antibiótica (antibiotic activity).

O Roundup também está conectado a certos cânceres. Em março de 2015, o International Agency for Research on Cancer/IARC (nt. Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer), um ramo de pesquisa da Organização Mundial da Saúde/OMS da ONU, reclassificou o glifosato (glyphosate) como um “provável carcinogênico” (Classe 2A),3 baseado sobre “evidências limitadas” mostrando que o ‘mata mato’ pode causar linfoma não-Hodgkin (non-Hodgkin lymphoma) e câncer de pulmões em humanos, juntamente com “evidência convincente” conectada ao câncer em animais.

“A Monsanto surtou como se pode imaginar e começou uma campanha para desacreditar o IARC desde então. [Mas] os documentos mostram… Eles já tinham conhecimento deste fato… [e esperavam] que a IARC [pudesse] considerar que ele fosse tanto possivelmente como provavelmente carcinogênico. Eles anteciparam isso e, internamente, se consideram vulneráveis tanto à epidemiologia como à toxicologia, em razão de terem visto também o corpo das evidência científicas crescerem, mostrando os problemas com o glifosato.

Mesmo assim, para o mundo, eles fizeram parecer publicamente como se estivessem chocados; no entanto estão é indignados. [Estão dizendo:] ‘Como a IARC pode achar que o [glifosato] é cancerígeno? [Falam às pessoas] que é loucura e [que] esses cientistas da IARC têm uma agenda política e estão usando de má ciência, ciência de araque”. [É assim a Monsanto] montou organizações e métodos diferentes para tentar desacreditar a IARC. Eles foram atrás dos cientistas da agência.

Eles realmente fizeram uma missão para que, nesses últimos dois anos e meio, pudessem conseguir ter essa classificação completamente descartada. Agora estão pressionando os republicanos no Congresso para retirarem o financiamento da IARC … [M]ais do que realmente olhar para a ciência , ouvir os especialistas, preocupados com a possibilidade de mitigar-se a exposição aos seres humanos e o riscos sobre eles … tentam, ao contrário, desacreditar esses cientistas da agência e torcem a verdade “.

Esta é uma estratégia clássica. A mesma coisa aconteceu na indústria do tabaco e o mesmo está acontecendo com as indústrias das telecomunicações e farmacêutica. Ao desacreditarem objetivamente cientistas que com integridade reportaram a verdade, eles retardam o inevitável colapso de seus negócios. Só confusões e dúvidas sozinhas já são suficientes para manterem seus negócios como sempre foram.

“Eles estão usando todas as diferentes estratégias para suprimirem a ciência, atormentarem os cientistas, desacreditarem os indivíduos, controlarem os reguladores, usam escritores fantasmas e manipulação dos fundamentos científicos — quando se coloca tudo aí junto, torna-se realmente uma história alarmante de como nós, o público, e os que fazem a política estamos sendo enganados e  colocados em perigo… a longo prazo, por esta corrupção da indústria [química],”diz Gillam.

 

Milhares de Ações Judiciais Estão Pendentes Contra o ‘Roundup‘ da Monsanto

Desde a classificação do glifosato pela IARC como sendo carcinogênico classe 2A, uma estimativa de 3.500 pessoas entraram com ações judiciais contra a Monsanto, alegando de que o “mata mato” é o causador de seus linfomas não-Hodgkin. Muitos dos casos neste litígio multidistrital foram conduzidos para a corte federal em San Francisco sob o julgamento de um só juiz. Documentos internos obtidos durante a descoberta foram liberados pelos advogados dos querelantes e tornaram-se conhecidos como ‘Documentos da Monsanto’ (“The Monsanto Papers”).

“É uma coisa assustadora quando se vê que o que eles dizem publicamente seja tão diferente do que dizem internamente e como eles funcionam,” diz Gillam. “Estava hoje olhando para um novo [documento no qual] um cientista da Monsanto faz referência aos trabalhos revisados aos pares publicados e que ele havia trabalhado em cima, mas não levam o seu nome. Isso tipo de situação mostra que há os escritores fantasmas (nt.: conhecidos nos EUA como ‘ghostwritingonde alguém escreve os textos, mas [os documentos] parecem ter sido feitos por indivíduos além de independentes, imparciais.”

Algumas das evidências também revelam que a U.S. Environmental Protection Agency (EPA) estava conivente com a Monsanto para proteger seus interesses pela manipulação e impedindo investigações chaves sobre o potencial do glifosato gerar câncer (glyphosate’s cancer-causing potential). Explica Gillam:

“Exista uma revisão do glifosato feito pelo departamento de saúde de serviços humanos que estava em andamento. A Monsanto queria que esta revisão desaparecesse. Falaram internamente sobre como estavam preocupados com ela. Foram ao mais alto escalão da EPA e pediram por socorro. Eles conseguiram porque o material foi descartado. Podemos ver tudo isso em e-mails internos e nos documentos acessados pelo direito à liberdade de informação.

Podemos ver estas conversações se desdobrarem. Novamente, tudo a serviço da Monsanto. A agência não serve o público muito bem. O gabinete do inspetor geral está agora investigando o conluio entre a EPA e a Monsanto tanto por isso como por muitos outros exemplos do trabalho da agência em conivência com a corporação.”

Problema Central: Os Interesses Corporativos Permitiram Truncar Segurança Pública

Quando se trata de danos que a exposição ao glifosato pode causar, o câncer é realmente só a ponta do iceberg proverbial. Isso pode mesmo não ser o fato mais significativo. O glifosato tem a habilidade de causar danos sistêmicos e metabólicos generalizados capazes de causar ou piorar mesmo qualquer doença e isso é muito mais problemático do que a sua carcinogênese potencial. E, como Gillam frisa em seu livro, o fato realmente ainda maior é que nós estamos sendo também expostos a muitos outros agrotóxicos, muitas vezes em combinações.

O clorpirifós (nt.: um agrotóxico chamado de organofosforado, muitíssimo venenoso), de acordo com a US Food and Drug Administration/FDA é o agrotóxicos prevalente detectado em amostras de alimentos hoje em dia,” diz Gillam. “Ele é encontrado em mais ou menos 80% das frutas, por exemplo. Este veneno, um inseticida da Dow, vem mostrando causar problemas neurológicos no desenvolvimento em crianças [e] mulheres grávidas…

Foi banido seu uso doméstico porque é conhecido por ser muito perigoso. Estava agendado para ser banido da agricultura neste ano. Os químicos da Dow foram até a EPA e sentaram com o povo do Trump e deram um milhão de dólares para o fundo inaugural do presidente e conseguiram o quê? – que não fosse banido de jeito nenhum.

Este é o maior problema dos lucros corporativos que excedem a segurança pública. Nossos políticos, nossos funcionários das agências reguladoras, não estão protegendo o público. Eles estão só escutando as corporações… Esta é a maior mensagem que mostra o livro ‘Whitewash’.”

 

Testando Nossos Níveis de Glifosato

Embora tanto o USDA’s Pesticide Data Program como a FDA meçam resíduos de agrotóxicos em alimentos, nenhum deles inclui o glifosato em seus testes, ostensivamente, porque é muito caro e, em parte, porque o glifosato foi considerado com seguro (baseado em evidências da própria Monsanto).

O USDA prometeu começar a testar os resíduos de glifosato no último ano, mas poucos dias antes da agenda de testes começarem, foi cancelada. A razão nunca foi conhecida. A única vez que a USDA testou glifosato foi em 2011 quando 300 amostras de soja foram testadas e todas foram detectadas como contaminadas. A FDA também começou um programa limitado para glifosato em 2016, mas não o tornou público.

Eles tiveram um de seus principais químicos em Atlanta fazendo alguns testes,” diz Gillam. “Ele detectou produtos de aveia [e mel] com altos níveis de glifosato… e ele misteriosamente foi retirado dos testes de resíduos de agrotóxicos. Um memorando que ficou conhecido dizia basicamente isso: ‘por favor, não procure glifosato em mel, nunca mais’. Eles suspenderam o programa, mas agora eles dizem que vai voltar, no entanto ainda não tivemos acesso a nenhum dado sobre resíduos de glifosato em alimentos o que para mim realmente parece algo realmente suspeito.”

A boa notícia é que não precisaremos, daqui a pouco tempo, confiar no governo quando quisermos testar o glifosato. Poderemos nós mesmos testar nossos níveis, avaliando assim nossa exposição individual. Se nossos níveis forem altos, poderemos ser sábios e redirecionarmos nossa dieta e considerarmos a compra de mais alimentos orgânicos (organic foods). Os Laboratórios do Instituto de Pesquisa da Saúde (Health Research Institute Labs/HRI Labs), em Davenport, Iowa, desenvolveu um kit de testes domésticos tanto para se avaliar a água como a urina (water and urine).

Os Médicos Precisam Aprender Mais Sobre a Exposição aos Agrotóxicos

O atual limite para o HRI que é o que se quer usar ou de um laboratório que usa esta sensibilidade, ser a metade de uma parte por bilhão/ppb ou 40 partes por trilhão/ppt. Se estivermos abaixo deste limite, nossa exposição é baixa e é improvável experimentar efeitos adversos. Infelizmente, nós ainda temos um longo caminho em termos de educação dos profissionais médicos sobre a importância dos testes de agrotóxicos. No ano passado, Gillam perguntou à sua médica sobre checar seu nível de glifosato. Ela responde de que jamais havia ouvido esta palavra.

Ela me disse: ‘não tenho ideia do que você está falando. Não posso requisitar este teste’,” diz Gillam. “Não faz parte da medicina convencional e deveria fazer, penso eu. Estive conversando com o pessoal dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (nt.: originalmente em inglês – Centers for Disease Control and Prevention/CDC) sobre este tema. Como poderemos sempre relacionar [exposição a agrotóxicos] e doenças… se nós não seguimos com isso?

Existem vários médicos integrativos integrados a laboratórios que requisitarão testes de glifosato, metais pesados e outros agrotóxicos. Enquanto isso, a medicina convencional não alcançou este patamar e mesmo está parecendo que não está se virando para esta direção.”

 

O Direito à Informação nos EUA — Lutando pela Verdade e pela Transparência

Depois de décadas trabalhando para a Reuters, Gillam deixou a organização de notícias em 2015 para aderir a uma organização sem fins lucrativos, U.S. Right to Know/USRTK, que trabalha pela transparência e pela acessibilidade ao sistema norte americano de alimentos. Pela solicitação dos arquivos facultada pela lei de livre informação (nt.: em inglês – freedom of information act/FOIA) junto às agências reguladoras e outras instituições, a ONG tem exposto um volumoso número de fraudes.

Nós somos muito pequenos e uma organização sem fins lucrativos pobre. O que temos feito, primordialmente, é requerer os arquivos de nossas agências reguladoras de governo, no âmbito federal, pela lei da livre informação. Acompanho a EPA, FDA e USDA. Nós também requeremos os arquivos estatuais das universidades financiadas com impostos para vermos onde todo este dinheiro das corporações está fluindo e como elas estão influenciando as pesquisas e o mais o que está realmente acontecendo. Tem sido bem alarmante porque se abriu uma janela para o interior deste mundo… da profunda influência corporativa sobre as pessoas – professores universitários, por exemplo.

Sabíamos sobre o conluio com os responsáveis pelas agências reguladoras, mas estes professores universitários que estão ensinando nossa juventude e ainda escrevendo ‘briefs’ para nossos políticos legisladores, bem como fazendo apresentações e conferências ao redor do mundo. Em muitos casos vimos a própria Monsanto fazendo as apresentações para eles; enviando a eles os materiais, os slides etc, para as apresentações e palestras, escrevendo os artigos para eles que por fim aparecem em websites com seus nomes como se fossem eles os autores.  

É incrível, toda a rede formada pela Monsanto e pelas indústrias químicas, ao redor do mundo, de indivíduos que parecem ser independentes e descomprometidos, mas que realmente colaboram com a indústria química. É espantoso…

[Um] exemplo recente [é] o caso de Henry Miller… Através de e-mails,  pudemos ver que a Monsanto estava nomeando-o e esboçando para ele, estes artigos que apareceram na Forbes Magazine. Muitas vezes, palavra por palavra… Escritos pela Monsanto e aparecendo na Forbes Magazine sob o nome de alguém que aparenta ser independente.

O periódico, depois que estes documentos vieram a público, rompeu seu relacionamento com ele, mas isso é novamente um caso individual. [Isso] vem acontecendo em todo lugar…

Tive que processar a EPA por causa das minhas mais recentes solicitações quanto ao glifosato e avaliação sobre câncer. Eles me entregaram alguns milhares de documentos depois que nós acionamos esta ação, assim isso foi útil. Certamente o governo não está a fim de cooperar como nem mesmo estas universidades.

Temos sido atacados e [sob] a alegação de que estamos tentando sufocar a ciência, vexar os cientistas e toda a sorte de falsidades como estas quando tudo o que queremos é a verdade e a transparência para o público e os contribuintes. Se estes professores universitários acreditassem realmente que os OGMs/transgênicos fossem maravilhosos e o glifosato seguro, além de que estas corporações químicas estariam salvando o mundo, até seria legal. Mas vai e divulgue os relacionamentos, revele os financiamentos e exponha as colaborações. Ai, as pessoas poderão tirar as suas próprias conclusões.”

 

Mais Informações

Para aprender mais sobre o impacto da Monsanto sobre o sistema alimentar, a exposição prejudicial aos agrotóxicos (dangers of pesticide exposure) e a corrupção da ciência, vá em busca de uma via do livro “Whitewash.” Por mais ou menos $20 (vinte dólares), pode-se ter acesso à experiência profissional de mais de vinte anos da jornalista Gillam, pesquisando e reportando estes fatos. Ela fornece percepções profundas do que está acontecendo com nosso alimento e que as soluções passam por comprar alimentos orgânicos e cultivar o que se puder por conta própria.

“É interessante observar que enquanto não analisamos [alimentos em relação ao glifosato] aqui nos Estados Unidos… analisamos todo grão e toda a alfafa além de outros produtos, que estiverem indo para o exterior. Temos no país uma agência de inspeção de grãos que faz análises de glifosato de diferentes grãos. Não aqueles destinados para a mesa dos norte-americanos, mas os destinados para a mesa dos estrangeiros. Por quê? Simplesmente porque muitos países ao redor do mundo não querem resíduos de glifosato em seus alimentos…

É tema importante e sério … mas é difícil fazer as pessoas se interessarem … Espero que todos possam [ler o livro e] entenderem que não é tanto sobre um produto químico, mas sobre o que vem sendo feito ao nosso sistema alimentar, à nossa saúde — e como uma empresa … [conseguiu] empurrar tudo isso para dentro de nosso mundo de uma forma tão destorcida e manipulada, que nos deixa no escuro, enquanto ela fica colhendo os lucros. Não é justo e é algo que todos precisamos estar cientes”.

 

Seja Parte da Solução

Há apenas seis anos catalisamos o projeto de rotulagem dos transgênicos/OGMs no estado da Califórnia. Embora tivéssemos perdido pelo voto, a campanha catapultou os transgênicos na consciência de milhões de norte americanos que nunca haviam antes ouvido este termo. A questão das exposições aos agrotóxicos, é o próximo nível que as pessoas precisam se conscientizar de alcançarem. Podemos auxiliar neste processo ao nos mantermos corretamente informados e compartilharmos nossas descobertas com todos aqueles que conhecemos.

Também conhecer de que embora a ignorância possa nos colocar num lugar difícil, saber sobre saúde deixa-nos mais livres. É mais fácil do que se possa imaginar tomar o controle sobre nossa própria saúde. Tudo o que precisamos fazer é realizar escolhas diferentes. Uma das estratégias mais básicas é comer alimento verdadeiro, real, organicamente produzido, sem agrotóxicos. Uma vez que tenhamos adquirido este hábito, examinarmos nossa urina quanto à presença do glifosato para avaliarmos nossos hábitos alimentares. Se nossos níveis estiverem ainda altos, continuamos sendo expostos, seja através da água, do alimento ou mesmo do ambiente.

Por último, mas não menos importante, “Necessitamos tomar decisões por nós mesmos para comermos de maneira mais saudável, mas eu [também] espero que as pessoas possam estar motivadas a buscarem influenciar a política pública e promover uma maior transparência e mais escolhas saudáveis,” diz Gillam. De fato, enfrentando de frente a corrupção governamental requererá que todos nós estejamos mais envolvidos no processo político.

 

Fontes e Referências

 

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, janeiro de 2018.