Por RFI (Radio France Internationale)
Publicado em 11-03-2019
O agricultor aposentado Marcel Geslin, que faleceu em 2018 aos 74 anos, obteve nesta segunda-feira (11) ganho de causa no processo em que pedia para que sua doença, o mal de Parkinson, fosse reconhecida como decorrente de seu trabalho com pesticidas (nt.: termo constitucional brasileiro: agrotóxico).
“Não é somente uma questão de honra. Nós queremos que essa vitória possa fazer evoluir a legislação sobre as doenças profissionais ligadas a produtos químicos, para que o que aconteceu com meu irmão não volte a acontecer”, afirmou Michel Geslin, irmão e representante legal de Marcel Geslin.
Empregado por uma empresa durante 37 anos, em Loiré, no Oeste da França, Marcel Geslin era responsável pela manutenção das plantações. “Ele não manipulava diretamente os pesticidas. Mas como todos os empregados da época, ele trabalhava no campo durante e após a aplicação dos produtos”, ressalta Michel Geslin.
Outros dois processos não tiveram o mesmo veredito
Os problemas de saúde de Marcel começaram em 2008, logo após ter dado entrada em sua aposentadoria. Inicialmente os sintomas foram diagnosticados como sendo de “tipo Alzheimer”, antes de serem requalificados de “mal de Parkinson” alguns anos depois. Com isso, Marcel e sua família deram entrada para que o Estado reconhecesse seu problema de saúde como sendo uma doença profissional provocada por pesticidas.
“Esse reconhecimento nos foi negado uma primeira vez em 2017 pois o certificado inicial de seu médico generalista fazia menção apenas a ‘problemas de memória’, apesar de todas as cartas escritas por especialistas”, lamenta Michel Geslin. Em 2018, outro parecer desfavorável foi emitido por uma questão burocrática de atraso na entrega de documentos. O reconhecimento saiu somente após o caso ter sido transferido ao Comitê Regional de Reconhecimento de Doenças profissionais da Bretanha.
Ainda não existem na França dados estatísticos sobre doenças profissionais ligadas ao uso de pesticidas. “Phyto-victimes”, uma associação de ajuda a vítimas profissionais, abriu 429 dossiês desde sua criação em 2011, sendo 92 para casos de mal de Parkinson.