https://www.thelancet.com/journals/landia/article/PIIS2213-8587(24)00105-0/fulltext?
The Lancet Diabetes e Endocrinologia
19 de abril de 2024 DOI: https://doi.org/10.1016/S2213-8587(24)00105-0
[NOTA DO WEBSITE: Conteúdo fundamental para se refletir e agir no chamado Dia da Terra. Vemos que a área da medicina que lida com a endocrinologia, ou seja, com o sistema hormonal, publica esse clamor. E está dirigido exatamente para os DISRUPTORES ENDÓCRINOS, tema que impulsionou esse nosso website e na tradução, já em 1996, do livro da Dra. Theo Colborn a quem honramos com o nosso nome, ‘Our Stolen Future‘='Nosso Futuro Roubado'. Em português a editora não entendeu a extensão do título e mudou para ‘O Futuro Roubado'. Mas o que importa é que temos uma fundamentação científica há quase 30 anos, em portugues, que poderia estar também sensibilizando os responsáveis brasileiros pela área da endocrinologia. E o destaque dessas moléculas está dirigida primordialmente para os PLÁSTICOS, ressaltando de que o tema desse ano em curso é diretamente o ‘Planeta versus Plásticos‘. Sendo assim que a tradução dessa publicação da Lancet, inquestionavelmente séria e comprometida com a verdade científica, venha inquietar as mentes e os corações brasileiros. E não é por falta de dados e pesquisas. Basta acessar esses temas em nosso website].
No dia 22 de abril, o 54º Dia da Terra anual continuará os esforços para “diversificar, educar e ativar o movimento ambientalista em todo o mundo”.
Parte do trabalho contínuo do Dia da Terra inclui ampliar a definição de questões ambientais para incluir a saúde de indivíduos e comunidades.
O tema deste ano, Planeta vs Plásticos, que resume uma das muitas formas como o ambiente molda a saúde humana, espera galvanizar empresas, governos, organizações não governamentais e indivíduos a comprometerem-se a apelar pelo fim dos plásticos. Embora o fim dos plásticos possa não ser uma meta realista a curto prazo, este apelo demonstra a extensão da mudança e da modificação do estilo de vida necessária para o bem do planeta e dos seus habitantes.
Os produtos químicos disruptores endócrinos (EDCs/endocrine disrupters compouds) podem imitar ou alterar os hormônios que ocorrem naturalmente no corpo, perturbando assim sistemas e vias hormonais bem equilibrados. O aumento dos esforços de investigação levou à identificação de centenas de EDCs, alguns encontrados em objetos comuns do quotidiano, como embalagens de alimentos, produtos de higiene pessoal, detergentes, eletrônica e produtos médicos e hospitalares. De forma alarmante, apesar de um número crescente de regulamentações criadas e implementadas tanto pela UE/União Europeia como pelos EUA, os EDCs ainda podem ser encontrados em vários brinquedos e produtos de cuidados para bebês. Em 2019, quase metade dos alertas sobre brinquedos do sistema de alerta de segurança de produtos da UE, denominado Safety Gate, sinalizaram um risco químico (nt.: E SEMPRE VALE DESTACAR QUE AS CORPORAÇÕES PETROAGROQUÍMICAS E AS INDÚTRIAS QUE USAM RESINAS PLÁSTICAS EM PRODUTOS FINAIS PARA CONSUMO, SEMPRE OMITEM INFORMAR QUAIS PLASTIFICANTES=ADITIVOS=DISRUPTORES ENDÓCRINOS, AGREGAM ÀS RESINAS).
Os EDCs têm sido motivo de preocupação devido à sua associação com vários cânceres relacionados com hormônios, infertilidade e doenças neurológicas e cardiovasculares. Eles também têm sido associados à obesidade e ao diabetes, e alguns EDCs são frequentemente chamados de obesogênicos. A exposição aos EDCs durante a infância também pode aumentar o risco de obesidade, interrompendo os processos mediados por hormônios envolvidos no crescimento e desenvolvimento bem como no metabolismo energético. Nesta edição da The Lancet Diabetes & Endocrinology, Tim Lobstein, Conselheiro Sênior da Federação Mundial de Obesidade, discute diferentes estratégias de gestão de risco para lidar com a contribuição contínua dos EDCs para a epidemia de obesidade. Uma estratégia potencial envolve intervenções a nível da população; no entanto, tais estratégias podem levar tempo e enfrentar resistência à implementação. A campanha Planeta vs Plásticos inclui a exigência de uma redução de 60% na produção de plásticos até 2040, mas reconhece que, para atingir este objectivo, um marco fundamental é uma sensibilização pública generalizada sobre os perigos que os plásticos representam para a saúde humana e animal, e para a biodiversidade.
Outros marcos importantes incluem a rápida eliminação progressiva de todos os plásticos de utilização única até 2030 e o investimento em materiais e tecnologias inovadores que possam fornecer uma alternativa ao plástico e levar a um mundo sem plástico.
Para além das intervenções a nível da população, as evidências mostram que os atributos do ambiente do bairro estão fortemente relacionados com os resultados da atividade física e com os níveis potenciais de excesso de peso e obesidade. Esses atributos incluem acesso a parques e espaços verdes, densidade populacional e conectividade de transporte público.
As áreas rurais com menos residências, supermercados, instalações clínicas e oportunidades recreativas estão frequentemente associadas a taxas mais elevadas de obesidade. No entanto, esta relação enfraquece depois de contabilizar o ambiente construído no bairro, juntamente com outros fatores, como a educação e o rendimento do agregado familiar.
Projetar cidades tendo a saúde dos seus residentes como prioridade pode levar a uma redução no número de fatores de risco modificáveis para a obesidade. Além disso, dar prioridade à saúde física e ao movimento também pode ajudar noutras áreas incluídas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Por exemplo, os sistemas de transporte que incentivam a atividade física, seja através de caminhadas ou de bicicleta, ajudam a reduzir as emissões dos automóveis e a melhorar a qualidade do ar.
Na maioria das vezes, nosso ambiente dita nosso comportamento. Embora a extensão desta contribuição tenha sido tradicionalmente ignorada em favor de fatores genéticos e outros fatores biológicos, há fortes evidências do seu amplo impacto na saúde e no bem-estar das pessoas. A obesidade e outras doenças não transmissíveis estão aumentando rapidamente e é necessária mais investigação, incluindo investigação sobre implementação, para determinar a extensão do impacto dos diferentes fatores ambientais e a melhor forma de criar ambientes mais saudáveis.
Em março de 2022, num momento histórico, 175 nações votaram a favor da elaboração de um projeto de tratado global que apela ao fim da poluição por plásticos até 2040. O tratado pretende mudar a forma como os plásticos são concebidos, produzidos e reciclados. No entanto, resta saber se o projeto final cumprirá as suas promessas. Os Dias da Terra são um lembrete de que é necessária uma ação com prazo definido em todos os níveis e que só através de uma abordagem coletiva de todas as partes interessadas haverá mudanças significativas.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, abril de 2024.